domingo, 12 de maio de 2019

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento – 13 de maio

     A solenidade de Nossa Senhora do SS. Sacramento celebra-se no dia 13 de maio.

Imagem à qual São Pedro Julião Eymard (fundador dos Sacramentinos) tinha muita devoção. Igreja de São Cláudio, Roma

Um pouco da História:
     São Pedro Julião Eymard nasceu no norte da França, em Esère, no dia 4 de fevereiro de 1811, primeiro filho de um casal de simples comerciantes, profundamente religioso. Todos os dias sua mãe levava-o à igreja para receber a bênção eucarística. Assim, aos cinco anos de idade despontou sua vocação religiosa e sacerdotal.
     Padre Pedro Julião Eymard foi incansável, viajando por toda a França para levar sua mensagem eucarística. Como seu legado, além da nova Congregação, deixou inúmeros escritos sobre a espiritualidade eucarística.
     Muito doente, ele faleceu na sua cidade natal no dia 1º de agosto de 1868, com apenas cinquenta e sete anos de idade. Beatificado pelo Papa Pio XI em 1925, foi canonizado pelo Papa João XXIII em 1962. Na ocasião, foi designado que a memória litúrgica de São Pedro Julião Eymard deve ser celebrada em 2 de agosto, um dia após o de sua morte.
     Maria, como mãe, foi o tabernáculo vivo de Cristo Jesus, que Ela gerou, que Ela adorou, que Ela deu e manifestou aos homens, portanto o primeiro sacrário a transportar Jesus Eucarístico.
     Com São Pedro Julião Eymard, invoquemos com filial devoção: “Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, Mãe e Modelo dos adoradores, rogai por nós”.
    Em sua profundíssima penetração do Mistério Eucarístico, São Pedro Julião Eymard intuiu também as íntimas relações entre este Santíssimo Sacramento e a Virgem Maria, numa palavra característica, todos os laços que unem Maria a seu Filho Sacramentado. Nas Santas Constituições da nova Congregação por ele fundada, texto maravilhoso que São Pedro Julião Eymard disse ter haurido no fundo do Sacrário, lemos nos números 37 e 38:
     “Inspirar-se-ão na vida de Maria no Cenáculo, onde Jesus instituíra a Eucaristia, inteiramente recolhida na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento, devotadíssima aos cuidados do Seu Culto, toda abrasada no desejo de Sua glória e de Seu amor na terra”. (Constituições nº 37)
     “A fim de serem mais agradáveis a Nosso Senhor em Seu serviço quotidiano, unir-se-ão à SSma. Virgem, como filhas à Sua Mãe; ornadas com seus méritos e virtudes, farão com Maria suas adorações, e, sobretudo, a preparação para a Sta. Comunhão e a Ação de Graças”. (Constituições nº 38)
     Para encontrar esta fórmula admirável, que testemunha a perspicácia de seu espírito, ele deve ter vivido em estreita amizade com Deus e ter perscrutado a fundo todas as razões, manifestas e ocultas, que ligam a Virgem Maria ao Sacramento do Amor; e foi assim que ele acrescentou, como uma pérola preciosa, um novo título de glória à coroa mariana.
     Pode-se acreditar que o Padre Eymard terá raciocinado assim: “A Eucaristia não é chamada pela Igreja o ‘verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria’? – Durante sua vida terrestre, a Virgem não foi o Tabernáculo vivo do Cristo Jesus, que Ela gerou, que Ela adorou, que Ela deu e manifestou aos homens? – Por conseguinte, não deve esta Virgem ser considerada e invocada como o Modelo do Culto perfeito, por todos os adoradores e sobretudo pelos Sacerdotes estabelecidos Ministros de um tão grande Sacramento?”

Oração
     Virgem imaculada, Mãe do Salvador, cuja carne e sangue tomados em vosso castíssimo seio nos alimentam na divina Eucaristia, nós vos saudamos sob o título de Nossa Senhora do SS. Sacramento, porque fostes a primeira a praticar os deveres da vida eucarística, ensinando-nos, com o vosso exemplo, a assistir ao santo sacrifício da missa, a comungar menos indignamente e a visitar frequentemente e com devoção o augustíssimo sacramento do altar.
     Ó Maria, fazei que, seguindo os vossos passos, possamos cumprir sempre mais perfeitamente nossos sagrados deveres e mereçamos assim a eterna recompensa.
     Assim seja.
* * *

Texto do Servo de Deus Pe. Júlio Maria De Lombaerde
     O bom senso, a teologia e a piedade proclamam a união necessária entre Jesus e Maria, no grande Sacramento do amor. Mas não basta conhecer o fato, é preciso determinar-lhe exatamente o valor doutrinal.
     A Igreja aprovou a invocação: Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, rogai por nós. É um passo decisivo! Falta ainda estudar e determinar teologicamente a extensão dogmática dessa invocação.
     Por que esta invocação? Terá ela aplicação prática nas necessidades da nossa época, nas exigências das almas e da sociedade? – Perfeitamente!
     Maria Santíssima, como introdutora de Jesus no mundo, preparou as almas para que o seu divino Filho pudesse reinar nelas como Mestre absoluto. Hoje, a comunhão frequente é uma realidade. É a força viva da Igreja, no meio das lutas da hora presente.
     Mas não basta comungar, é preciso comungar bem. Se toda comunhão é uma consolação para o Coração Jesus, nem sempre ela é uma força para nós.
     A comunhão é um alimento. Deus suscitou o apetite deste alimento. É preciso ainda assimilá-lo. A alimentação vale tanto quando há assimilação.
     A comunhão é sempre santa, divina, em si mesma, mas para que seja proveitosa, é preciso preparação e ação de graças da nossa parte. A Igreja nos ensina, sem dúvida, como devemos fazer isso. Porém, o adágio popular é conhecido: “as palavras movem, mas os exemplos arrastam”. Precisamos de um modelo. E para coisa tão sublime, não bastava um exemplo qualquer.
     Era mister um exemplo, um modelo tão alto, que pudesse atrair as almas; tão suave, que ninguém ficasse com receio; tão popular, que todos pudessem compreendê-lo; tão irresistível, que vencesse todas as oposições.
     E este exemplo, nimbado de ternura, de amor, de maternal condescendência, cheio de misericórdia, de irresistível atrativo, é a Virgem Santíssima – a Mãe de Jesus, que é também a nossa Mãe.
     Ei-la que aparece, bela, radiante, com o Menino Jesus nos braços, e Ele, igualmente sorridente, apresenta-nos em sua mãozinha acariciante o cálice e a hóstia sagrada. De seus lábios divinos, e aqui ternamente infantis, caem estas palavras que os séculos repetem, mas não compreendem bastante: “Vinde a mim, vós todos que trabalhais e estais fatigados, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).
     E olhando para a hóstia sagrada, a Virgem Santa, numa adoração muda e como que extática, apresenta ao mundo seu Jesus, invisivelmente presente na hóstia adorável, pedindo a todos que venham com Ela, e por Ela, adorá-lo, e como Ela, recebe-lo na Comunhão sagrada. “Comei o Pão divino e bebei o Vinho celeste que eu preparei em minhas entranhas, para a salvação do mundo”.
     Espetáculo divino… Convite irresistível. E foi nessa hora que o Espírito Santo pôs nos lábios de um santo, depois de ter infundido em seu coração, este brado de amor que se deverá repercutir até o fim dos tempos: Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, Mãe e modelo dos adoradores, rogai por nós que recorremos a vós!
     E à vista desta nova estrela que ia aureolar a fronte da Imaculada, inclinaram-se os anjos e saudaram em coro a sua Rainha, a Mãe deste Deus que está glorioso no céu, e escondido nos Tabernáculos da terra.
      Maria é a Senhora da Encarnação, ela deve ser também a Senhora da extensão da Encarnação que é a Eucaristia.
      Aqui está o exemplo, o modelo perfeito, suave, atraente, que os homens devem imitar e reproduzir, para se tornarem dignos adoradores da divina Eucaristia, e dignos receptáculos da Hóstia sagrada, pela Comunhão.
     Este título é a expressão de uma verdade absolutamente necessária em nossos dias, e admiravelmente adaptada às necessidades da época. Há de ser a grande devoção destes tempos, a devoção fecunda que atrairá as almas aos pés do Tabernáculo e inspirar-lhes-á o amor da Sagrada Eucaristia.
     Maria Santíssima não pode ser separada de seu Filho, e Ela deve ser hoje a Senhora da Eucaristia, como outrora foi a Senhora do Presépio e do Calvário. Ela está, pois, ali perto do Tabernáculo, unida a seu Filho pelo laço do sangue, do amor e das funções divinas que deve exercer perto dEle.
     Não basta ver o Tabernáculo, ver a sua glória, o seu brilho. É preciso participar dele, viver dele; em outros termos, é preciso entrar em contato com Jesus sacramentado. Ora, Maria Santíssima é a Introdutora da Eucaristia, como Ela é a distribuidora de suas graças.
     São suas duas grandes funções. Introduzir-nos aos pés de Jesus, aproximar-nos dEle, fazer-nos compreender, não o mistério, mas o senso da Eucaristia. E depois de ter aberto a porta do Tabernáculo para mostrar-nos o seu Jesus, Ela deve abrir os nossos corações para que Jesus possa entrar neles.

[Fonte: Maria e a Eucaristia. Manhumirim-MG: O Lutador, 1937. O presente texto foi integralmente copiado do livro, tomando alguns trechos da Introdução e alguns trechos do Capítulo II. Os negritos são do autor. Uma correção ortográfica foi feita de acordo com as normas atuais.]

Fontes:
https://ije.org.br/2017/05/solenidade-de-nossa-senhora-santissimo-sacramento/

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