A solenidade de Nossa Senhora do SS. Sacramento celebra-se no dia 13 de maio.
Imagem à qual
São Pedro Julião Eymard (fundador dos Sacramentinos) tinha muita devoção.
Igreja de São Cláudio, Roma
Um pouco da História:
São Pedro Julião Eymard
nasceu no norte da França, em Esère, no dia 4 de fevereiro de 1811, primeiro
filho de um casal de simples comerciantes, profundamente religioso. Todos os
dias sua mãe levava-o à igreja para receber a bênção eucarística. Assim, aos
cinco anos de idade despontou sua vocação religiosa e sacerdotal.
Padre Pedro Julião Eymard
foi incansável, viajando por toda a França para levar sua mensagem eucarística.
Como seu legado, além da nova Congregação, deixou inúmeros escritos sobre a
espiritualidade eucarística.
Muito doente, ele faleceu
na sua cidade natal no dia 1º de agosto de 1868, com apenas cinquenta e sete
anos de idade. Beatificado pelo Papa Pio XI em 1925, foi canonizado pelo Papa
João XXIII em 1962. Na ocasião, foi designado que a memória litúrgica de São
Pedro Julião Eymard deve ser celebrada em 2 de agosto, um dia após o de sua
morte.
Maria, como mãe, foi o
tabernáculo vivo de Cristo Jesus, que Ela gerou, que Ela adorou, que Ela deu e
manifestou aos homens, portanto o primeiro sacrário a transportar Jesus
Eucarístico.
Com São Pedro Julião
Eymard, invoquemos com filial devoção: “Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,
Mãe e Modelo dos adoradores, rogai por nós”.
Em sua profundíssima penetração do Mistério
Eucarístico, São Pedro Julião Eymard intuiu também as íntimas relações entre
este Santíssimo Sacramento e a Virgem Maria, numa palavra característica, todos
os laços que unem Maria a seu Filho Sacramentado. Nas Santas Constituições da
nova Congregação por ele fundada, texto maravilhoso que São Pedro Julião Eymard
disse ter haurido no fundo do Sacrário, lemos nos números 37 e 38:
“Inspirar-se-ão na vida de Maria no
Cenáculo, onde Jesus instituíra a Eucaristia, inteiramente recolhida na
presença de Jesus no Santíssimo Sacramento, devotadíssima aos cuidados do Seu
Culto, toda abrasada no desejo de Sua glória e de Seu amor na terra”.
(Constituições nº 37)
“A fim de serem mais agradáveis a Nosso
Senhor em Seu serviço quotidiano, unir-se-ão à SSma. Virgem, como filhas à Sua
Mãe; ornadas com seus méritos e virtudes, farão com Maria suas adorações, e,
sobretudo, a preparação para a Sta. Comunhão e a Ação de Graças”.
(Constituições nº 38)
Para encontrar esta fórmula admirável, que
testemunha a perspicácia de seu espírito, ele deve ter vivido em estreita
amizade com Deus e ter perscrutado a fundo todas as razões, manifestas e
ocultas, que ligam a Virgem Maria ao Sacramento do Amor; e foi assim que ele
acrescentou, como uma pérola preciosa, um novo título de glória à coroa
mariana.
Pode-se acreditar que o Padre Eymard terá
raciocinado assim: “A Eucaristia não é chamada pela Igreja o ‘verdadeiro Corpo
nascido da Virgem Maria’? – Durante sua vida terrestre, a Virgem não foi o
Tabernáculo vivo do Cristo Jesus, que Ela gerou, que Ela adorou, que Ela deu e
manifestou aos homens? – Por conseguinte, não deve esta Virgem ser considerada
e invocada como o Modelo do Culto perfeito, por todos os adoradores e sobretudo
pelos Sacerdotes estabelecidos Ministros de um tão grande Sacramento?”
Oração
Virgem imaculada, Mãe do Salvador, cuja
carne e sangue tomados em vosso castíssimo seio nos alimentam na divina
Eucaristia, nós vos saudamos sob o título de Nossa Senhora do SS. Sacramento,
porque fostes a primeira a praticar os deveres da vida eucarística,
ensinando-nos, com o vosso exemplo, a assistir ao santo sacrifício da missa, a
comungar menos indignamente e a visitar frequentemente e com devoção o
augustíssimo sacramento do altar.
Ó Maria, fazei que, seguindo os vossos
passos, possamos cumprir sempre mais perfeitamente nossos sagrados deveres e
mereçamos assim a eterna recompensa.
Assim seja.
* * *
Texto do Servo
de Deus Pe. Júlio Maria De Lombaerde
O bom senso, a teologia e a piedade
proclamam a união necessária entre Jesus e Maria, no grande Sacramento do amor.
Mas não basta conhecer o fato, é preciso determinar-lhe exatamente o valor
doutrinal.
A Igreja aprovou a invocação: Nossa
Senhora do Santíssimo Sacramento, rogai por nós. É um passo decisivo!
Falta ainda estudar e determinar teologicamente a extensão dogmática dessa
invocação.
Por que esta invocação? Terá ela aplicação
prática nas necessidades da nossa época, nas exigências das almas e da
sociedade? – Perfeitamente!
Maria Santíssima, como introdutora de
Jesus no mundo, preparou as almas para que o seu divino Filho pudesse reinar
nelas como Mestre absoluto. Hoje, a comunhão frequente é uma realidade. É a
força viva da Igreja, no meio das lutas da hora presente.
Mas não basta comungar, é preciso comungar
bem. Se toda comunhão é uma consolação para o Coração Jesus, nem
sempre ela é uma força para nós.
A comunhão é um alimento. Deus suscitou o
apetite deste alimento. É preciso ainda assimilá-lo. A alimentação vale tanto
quando há assimilação.
A comunhão é sempre santa, divina, em si
mesma, mas para que seja proveitosa, é preciso preparação e ação de graças da
nossa parte. A Igreja nos ensina, sem dúvida, como devemos fazer isso. Porém, o
adágio popular é conhecido: “as palavras movem, mas os exemplos arrastam”.
Precisamos de um modelo. E para coisa tão sublime, não bastava um exemplo
qualquer.
Era mister um exemplo, um modelo tão alto,
que pudesse atrair as almas; tão suave, que ninguém ficasse
com receio; tão popular, que todos pudessem compreendê-lo; tão
irresistível, que vencesse todas as oposições.
E
este exemplo, nimbado de ternura, de amor, de maternal condescendência, cheio
de misericórdia, de irresistível atrativo, é a Virgem Santíssima – a Mãe de
Jesus, que é também a nossa Mãe.
Ei-la que aparece, bela, radiante, com o
Menino Jesus nos braços, e Ele, igualmente sorridente, apresenta-nos em sua
mãozinha acariciante o cálice e a hóstia sagrada. De seus lábios divinos, e
aqui ternamente infantis, caem estas palavras que os séculos repetem, mas não
compreendem bastante: “Vinde a mim, vós todos que trabalhais e estais
fatigados, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).
E olhando para a hóstia sagrada, a Virgem
Santa, numa adoração muda e como que extática, apresenta ao mundo seu Jesus,
invisivelmente presente na hóstia adorável, pedindo a todos que venham com Ela,
e por Ela, adorá-lo, e como Ela, recebe-lo na Comunhão sagrada. “Comei o Pão
divino e bebei o Vinho celeste que eu preparei em minhas entranhas, para a
salvação do mundo”.
Espetáculo divino… Convite irresistível. E
foi nessa hora que o Espírito Santo pôs nos lábios de um santo, depois de ter
infundido em seu coração, este brado de amor que se deverá repercutir até o fim
dos tempos: Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, Mãe e modelo dos
adoradores, rogai por nós que recorremos a vós!
E à vista desta nova estrela que ia
aureolar a fronte da Imaculada, inclinaram-se os anjos e saudaram em coro a sua
Rainha, a Mãe deste Deus que está glorioso no céu, e escondido nos Tabernáculos
da terra.
Maria é a Senhora da Encarnação, ela deve
ser também a Senhora da extensão da Encarnação que é a Eucaristia.
Aqui está o exemplo, o modelo perfeito,
suave, atraente, que os homens devem imitar e reproduzir, para se tornarem
dignos adoradores da divina Eucaristia, e dignos receptáculos da Hóstia
sagrada, pela Comunhão.
Este título é a expressão de uma verdade
absolutamente necessária em nossos dias, e admiravelmente adaptada às
necessidades da época. Há de ser a grande devoção destes tempos, a devoção
fecunda que atrairá as almas aos pés do Tabernáculo e inspirar-lhes-á o amor da
Sagrada Eucaristia.
Maria Santíssima não pode ser separada de
seu Filho, e Ela deve ser hoje a Senhora da Eucaristia, como outrora foi a
Senhora do Presépio e do Calvário. Ela está, pois, ali perto do Tabernáculo,
unida a seu Filho pelo laço do sangue, do amor e das funções divinas que deve
exercer perto dEle.
Não basta ver o Tabernáculo, ver a sua
glória, o seu brilho. É preciso participar dele, viver dele; em outros termos,
é preciso entrar em contato com Jesus sacramentado. Ora, Maria Santíssima é a
Introdutora da Eucaristia, como Ela é a distribuidora de suas graças.
São suas duas grandes funções.
Introduzir-nos aos pés de Jesus, aproximar-nos dEle, fazer-nos compreender, não
o mistério, mas o senso da Eucaristia. E depois de ter aberto
a porta do Tabernáculo para mostrar-nos o seu Jesus, Ela deve abrir os nossos
corações para que Jesus possa entrar neles.
[Fonte: Maria e a Eucaristia. Manhumirim-MG: O
Lutador, 1937. O presente texto foi integralmente copiado do livro, tomando
alguns trechos da Introdução e alguns trechos do Capítulo II. Os negritos são
do autor. Uma correção ortográfica foi feita de acordo com as normas atuais.]
Fontes:
https://ije.org.br/2017/05/solenidade-de-nossa-senhora-santissimo-sacramento/
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