quinta-feira, 30 de maio de 2019

Ascensão do Senhor

    

     A observância desta festa é muito antiga. Embora não haja evidências documentais de sua existência anteriores ao século V, Santo Agostinho afirma que ela é de origem apostólica e de uma forma que deixa claro que ela já era observada universalmente por toda a Igreja antiga muito antes de seu tempo. Menções frequentes a ela aparecem nas obras de São João Crisóstomo, São Gregório de Nissa e na “Constituição dos Apóstolos”.
     “Peregrinação de Egéria” fala de uma vigília antes da festa e da festa em si, eventos que ela testemunhou na igreja construída sobre a gruta na qual os fiéis acreditam ter nascido Jesus em Belém. É possível que antes do século V, o evento narrado nos Evangelhos tenha sido comemorado em conjunto com a Páscoa ou o Pentecostes. Alguns acreditam que o controverso e muito debatido decreto 43 do Sínodo de Elvira (c. 300), condenando a prática de observar uma festa no quadragésimo dia depois da Páscoa e de esquecer de comemorar o Pentecostes no quinquagésimo, implica que a prática apropriada na época era comemorar a Ascensão junto com o Pentecostes.
     Representações artísticas do evento aparecem em dípticos e afrescos a partir do século V.
Ocidente
     Os termos em latim para a festa, "ascensio" e, ocasionalmente, "ascensa", significam que Cristo ascendeu através de seus próprios poderes e é destes termos que o dia santo derivou seu nome. Os três dias antes da quinta-feira da Ascensão são, às vezes, chamados de “Dias de rogação" e o domingo anterior, o sexto da Páscoa (ou quinto "depois" da Páscoa), “Domingo de rogação". A Ascensão prevê uma vigília e, desde o século XV, uma oitava, que já é uma novena preparatória para o Pentecostes conforme as instruções do Papa Leão XIII.
     No Cristianismo ocidental a data mais cedo possível para a festa é 30 de abril e a mais tarde, 3 de junho.
Observância dominical
     Como em diversos países não se observava a festa como feriado público, foi conseguida uma permissão do Vaticano para mudar a observância da Ascensão da quinta-feira para o domingo seguinte, o domingo antes do Pentecostes. Este relaxamento está de acordo com a tendência de mover os dias de obrigação de dias da semana para os domingos para encorajar mais católicos a observar as festas consideradas mais importantes. A decisão de mudar a data é tomada pelos bispos de uma província eclesiástica, ou seja, um arcebispo e seus bispos.
     A mudança para a observância dominical foi realizada em 1992 pelos católicos da Austrália; antes de 1996 em partes da Europa; em 1996 para os católicos da Irlanda; antes de 1998 para os do Canadá e de partes do oeste dos Estados Unidos; para os católicos de muitas outras partes dos Estados Unidos em 1999 e para os da Inglaterra e Gales a partir de 2007.

Ladainhas Maiores

    
     A Igreja romana conta ainda hoje com quatro dias de Rogações: as grandes Ladainhas, a 25 de abril (procissão de São Marcos) e as pequenas Ladainhas, nos três dias que precedem a Ascensão (as Rogações). São dias que a Igreja consagra à prece constante, a fim de implorar a misericórdia de Deus em todas as necessidades temporais e espirituais e particularmente para obter a bênção sobre os frutos da terra.
     Na antiga Igreja esses dias de orações eram muitas vezes prescritos. Ora eram regulares e se celebravam anualmente, ora eram extraordinários e prescritos em necessidades particulares como por exemplo para afastar a peste. As Ladainhas maiores datam da época que precedeu a S. Gregório I (cerca de 600). Este Papa fixou sua data em 25 de abril, dia em que, segundo a tradição, S. Pedro chegara pela primeira vez a Roma. Ele instituiu a igreja de S. Pedro como a igreja da estação.
     A Roma pagã celebrava nesse dia a “robigália”, procissão em honra de um deus pagão. As Ladainhas substituíram estas festas. A festa de S. Marcos não tem relação com as Ladainhas maiores e só foi marcada, muito depois, para 25 de abril. A procissão realiza-se por isso neste dia, mesmo quando a festa de S. Marcos é transferida para outro dia.
     A cerimônia consiste na procissão das Ladainhas e o ofício da estação que se segue. Na procissão temos um último vestígio das procissões de estação de que os Cristãos de outrora gostavam tanto e que faziam quase cotidianamente durante a Quaresma e a semana de Páscoa. Eles se reuniram em uma igreja chamada igreja da reunião (ecclesia collecta) de onde vem o nome da oração camada Coleta. Dali se dirigiam em procissão com o Bispo e o clero a uma outra igreja; no caminho os fiéis recitavam as ladainhas dos Santos com o Kyrie eleison. A segunda igreja se chamava: igreja da estação (statio). Celebrava-se nela a Santa Missa.
     Os quatro dias das Ladainhas nos conservaram esse uso venerando que nos é tão caro. Realmente não devemos somente orar com perseverança, mas orar em comum. A essa oração perseverante e em comum, Cristo prometeu a força e o sucesso. Na procissão cantam-se as antigas Ladainhas dos Santos nas quais imploramos para todas as nossas necessidades a intercessão de toda a Igreja triunfante. As Orações finais das Ladainhas são belíssimas e muito edificantes.

(Dom Pius Parsch, Testemunhas do Cristo, 1951)
https://pusillusgrex.org/2018/04/25/ladainhas-maiores/

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