quarta-feira, 19 de junho de 2019

Venerável Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico


  
     A venerável Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico encontra-se em processo de beatificação e canonização. Em abril de 2014, a fundadora da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada teve suas virtudes heroicas reconhecidas pelo Papa Francisco. Atualmente, um milagre atribuído à Madre está em análise no Vaticano. O próximo passo é a beatificação. Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico faleceu em 8 de janeiro de 1972, mas continua viva no coração das Irmãs Pequenas Missionárias, sendo a grande inspiração e a força que as move.

Quem foi Madre Teresa?
     Madre Maria Teresa nasceu na cidade de São Paulo, e seu nome de batismo era Dulce. Era filha de Helena Herold, filha de imigrantes alemães de Postdan, Alemanha, e de Brasílio Rodrigues dos Santos, advogado e professor Catedrático da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, político de formação abolicionista e republicana, tendo sido deputado federal e senador, nascido em São Paulo. Casaram-se em 1888 e tiveram sete filhos, sendo Dulce a caçula. Dulce nasceu a 20 de janeiro de 1901, e sessenta dias depois ficaria órfã de pai. Dona Helena ficou viúva aos 37 anos, foi forte e não teve medo de lançar-se ao trabalho, conseguindo formar todos os filhos: quatro professoras, um médico e um engenheiro.    
     A pequena Dulce desde os 8 anos estudando no Externato São José, das Irmãs de São José de Chambery, manifestou os raros dons de inteligência com que fora agraciada. No externato fez a sua primeira comunhão: no dia 1 de setembro de 1912, com 11 anos de idade, Dulce, compenetrada e muito feliz, recebeu o seu Jesus pelas mãos do Pe. Leninhani na Capela do Externato São José.

     Desde essa época, impressionava-se vivamente com a vida religiosa, mostrando desejo de segui-la. Foi muito marcante na sua formação esse contato com aquelas religiosas, fazendo despertar cedo em seu coração o gosto pela oração, o amor à Nossa Senhora e o culto à Eucaristia. Desde cedo aprendeu a amar a Maria com devoção filial. Aos 16 anos escreveu uma pequena oração que rezava após a comunhão: “Ó Jesus, tirai-me a faculdade de buscar fora de vós o afeto de que minha alma sente a sede ardente... Tomai-me toda para Vós e nada deixai de mim para as criaturas... Consumi-me inteiramente ao fogo de vosso amor...”
     Desde os 16 anos desejava fazer-se carmelita, mas sua mãe não o permitia. Formou-se professora aos 18 anos. Aos 21 anos teve que afastar-se das salas de aula, tendo adoecido de tuberculose pulmonar. Naquele tempo a medicina ainda não havia encontrado a cura para esse mal, o que comprometia os sonhos e projetos de Dulce. Com sua mãe deixou São Paulo por recomendação médica e foi para São José dos Campos, chamada, entre as décadas de 20 e 50, de “cidade da esperança”. Inúmeros sanatórios e pensões sanatoriais se instalaram na cidade devido ao seu clima favorável.
     Dr. Nelson Silveira d’Ávila se destacava como fisiólogo e Dulce passou a tratar-se com ele. Não obtendo melhoras, mudou-se para Campos do Jordão e sua mãe voltou para São Paulo. Após grandes provações, já mais recuperada, voltou para São José dos Campos. Entrementes, sua mãe adoeceu e teve que ser operada. Dulce a acompanhou com carinho até sua morte em 1926, e nisso manifestou-se claramente sua vocação de enfermeira.
Dulce e sua mãe
     Enfim Dulce recebeu a resposta tão esperada: o Carmelo aceitou a sua entrada. A tristeza caiu sobre o pensionato, que já ocupava uma casa maior na mesma rua. Mas Dulce ouviu o conselho de Pe. Henrique de Barros: “Seu lugar é aqui, junto das moças tuberculosas!” Era o recado do céu e Dulce o compreendeu. Decidiu-se: ficaria no Pensionato Maria Imaculada.
     Na Pensão de Da. Dulce, como era conhecida, faziam-se festinhas, criavam-se representações, buscando despertar a fé e a esperança em todos. Dulce se preocupava também com os doentes pobres que não podiam pagar pensão e moravam em casebres. Com as companheiras, entre elas a Santinha (Maria Conceição Portugal e Souza), visitava-os, levava-lhes auxílios, mas seu desejo era o de alugar uma casa para abrigá-los. Em 1931 realizou o seu intento: inaugurou-se o Asilo Santa Teresinha, com 5 moças pobres.
     Foi nessa necessidade de atender os doentes, que muitas vezes ela precisou recorrer ao Pe. Ascânio Brandão. Foi ele que, certa vez, levou ao conhecimento de D. Epaminondas Nunes d’Ávila e Silva, 1º Bispo de Taubaté, diocese a que então pertencia São José dos Campos, o trabalho silencioso e oculto dessa jovem, à qual já se havia unido outras moças, atraídas pelo mesmo ideal e reunidas em um pequeno pensionato.
     Em Taubaté, Dom Epaminondas preocupava-se com o abandono espiritual em que viviam os doentes. Sonhava com uma associação religiosa que o auxiliasse nesse trabalho, quando soube daquela jovem que, com algumas companheiras, realizava um trabalho tão precioso. Quis conhecê-la. Em companhia de Da. Elza Silveira d’Ávila, esposa de Dr. Nelson e a quem no pensionato chamavam de madrinha, foram ao velho palácio de Taubaté.
     Era julho de 1931. Uma nova perspectiva se abria no coração de Dulce. O encontro terminou com um pedido do Bispo para que Dulce colocasse por escrito o seu pensamento, o seu trabalho. Dom Epaminondas fez daquela obra uma associação religiosa em agosto de 1932, passando à congregação dois anos depois, e assim receberam autorização para usarem hábito e o nome religioso. Ele as batizou de Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, e Dulce recebeu o nome de Maria Teresa de Jesus Eucarístico. As constituições foram aprovadas e fez-se a ereção canônica da congregação em novembro de 1936.
Sanatório Maria Imaculada, de São José dos Campos
     Fundado em 1935 por Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico, o Sanatório Maria Imaculada recebe mensalmente a visita de milhares de pessoas. A maioria delas busca conforto espiritual ou apoio social.
    Em meio ao barulho dos carros, o movimento dos pedestres na rua, escondido atrás de prédios, existe um oásis de tranquilidade e espiritualidade em São José dos Campos. É o Sanatório Maria Imaculada, patrimônio histórico, cultural e religioso do município que completa 84 anos no dia 6 de outubro. A instituição pertence ao Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada.
      “O período sanatorial foi marcado por muito sofrimento. Foi a necessidade de ajudar e apoiar as mulheres tuberculosas que motivou Madre Teresa a construir o Sanatório. A partir desse trabalho, a obra se expandiu. Felizmente, muitas pessoas receberam ajuda e ainda continuam recebendo. Permaneceram a vida, a fé e a religiosidade no local”, explica a Irmã Sandra Maciel Notolini, superiora geral da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada.
     O Sanatório Maria Imaculada foi idealizado por Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico. Preocupada com o ambiente inadequado oferecido em várias pensões da cidade, Dulce intensificou o trabalho de assistência a mulheres tuberculosas.
     Junto com outras jovens, cuidou de muitas doentes mantendo casas e pensões na região central da cidade. “A Pensão da Dona Dulce” se tornou conhecida pelo trabalho caridoso junto às tuberculosas e por ser um dos melhores e mais sadios locais para o tratamento da doença.
     Preocupada com o aumento do número de doentes na cidade, Dulce, com poucos recursos financeiros, comprou uma chácara na Rua Major Antônio Domingues com a finalidade de construir um Sanatório. A pedra fundamental foi lançada em 25/3/1933.
     No dia 2/8/1935, Dulce transferiu cerca de 35 jovens doentes que atendia em uma pensão na Praça Afonso Pena para o então Sanatório Maria Imaculada. A inauguração aconteceu oficialmente no dia 6/10/1935.
     Com a ajuda de Dom Epaminondas, Madre Maria Teresa soube descobrir cada vez mais a vontade de Deus que a chamava a doar toda a sua vida ao serviço de Deus presente nos mais necessitados e sofredores.
     A vida de Madre Teresa foi uma busca constante da intimidade com Deus, principalmente na Adoração da Eucaristia, fonte de força para sua ação apostólica. Seu amor para com Nossa Senhora, Maria Imaculada, torna-a uma propagadora incansável da devoção à Mãe de Jesus e nossa Mãe.
     A espiritualidade de Madre Teresa, centrada no mistério Eucarístico, leva-a a ter um amor todo especial pelos sacerdotes, herança bem presente no coração de cada Pequena Missionária.
     A maior parte de sua vida transcorreu em São José dos Campos, onde deixou sementes de bondade e de amor, sendo a Mãe dos pobres, dos doentes e de todos os que recorriam à sua ajuda [1]. Cansada no corpo, cheia de entusiasmo no espírito, tendo dedicado toda sua vida à Igreja, à sua Congregação e ao anúncio do Evangelho, percorrendo a Pequena Via de Santa Teresinha, morreu no dia 8 de janeiro de 1972. Hoje uma legião de quase 400 irmãs busca viver esse mesmo ideal de amor a Deus e ao próximo.
Processo de Beatificação
     O processo de beatificação e canonização de Madre Teresa foi aberto na Diocese de São José dos Campos há 17 anos e entregue à Congregação para as Causas dos Santos, em Roma, em 2001. Em 2010, o Frei Cristóforo Bove, relator da causa de Madre Teresa, junto com duas Irmãs Pequenas Missionárias, entregaram à Congregação o Positio, documento que reúne evidências sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Serva de Deus. Em 2013, durante o Congresso Peculiar da Causa dos Santos, os 9 consultores teólogos que estudaram o Positio votaram a favor da vivência das virtudes heroicas e reconheceram a fama de santidade Madre Teresa.
Aposentos
     É possível conhecer um pouco sobre a vida e a obra de Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico e ainda pedir graças à religiosa visitando o Memorial e os aposentos de Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico, no Sanatório Maria Imaculada (Rua Major Antonio Domingues, 244 – Centro). Conservados intactos pelas Irmãs Pequenas Missionárias, os visitantes encontram expostos vários objetos pessoais e de escritório, como a escrivaninha onde a religiosa escrevia conferências com mensagens para as religiosas, vestes, sua cama, objetos curiosos como um revólver de brinquedo que a Madre usou para espantar um ladrão, além de objetos de enfermagem utilizados durante o período que ela esteve doente até sua morte em 1972.

[1] Entre outras obras, Madre Teresa e suas irmãs assumiram o sanatório para crianças carentes criado em 1941 pela família do menino Antoninho da Rocha Marmo (B.136), falecido em odor de santidade. Antoninho recebeu de presente de Dom Epaminondas um pequeno altar portátil e paramentos, onde ele ‘celebrava’ a missa e ‘pregava’ à gurizada que o acompanhava, seu passatempo predileto.

NOTA: Madre Maria Teresa é prima de Da. Lucília Rodrigues dos Santos Corrêa de Oliveira.

Fontes:
Frei Patrício Sciadini, ocd,  www.ipmmi.org.br/


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