terça-feira, 29 de outubro de 2019

Beata Benvinda Boiani, Virgem dominicana – 30 de outubro

    
     Diz-se que a vida de Benvinda Boiani foi “um poema de louvor à Santíssima Virgem, um hino de luz, de pureza e de alegria, cantado, mais do que vivido, em honra de Nossa Senhora”.
     Era o mês de maio de 1254, na cidade de Cividale del Friuli, Itália. Um pai esperava ansioso que a sétima criança a nascer fosse um menino, pois já eram seis as filhas que tinha. Mas, diante da chegada de uma sétima menina, bom católico que era, exclamou: “Esta também é benvinda!”. E depois deste ato de fé decidiu que o nome da criança seria Benvinda.
     Este piedoso pai haveria de se alegrar sempre mais com esta filha que foi uma verdadeira bênção, pois parecia mais do céu do que da terra. Nada de transitório a atraia e as irmãs jamais conseguiram induzi-la às vaidades humanas.
     Desde muito pequena se distinguiu pela devoção a Maria; costumava repetir muitas vezes durante o dia a primeira parte da Ave Maria, como era uso então, e acompanhava cada invocação com uma genuflexão profunda, de conformidade com o que tinha visto fazer os dominicanos na igreja.
      Benvinda teve a graça de pertencer a uma família em que todos eram tão piedosos quanto ela e aprovavam suas práticas de devoção. Quando a jovem comunicou a seus pais que queria consagrar a Deus sua virgindade e fazer-se terceira de São Domingos, eles não fizeram nenhuma objeção.
     Após receber o hábito da Ordem Terceira da Penitência de São Domingos, imitou nas vigílias e nos jejuns os religiosos da Ordem. Guiada somente por seu fervor e pela inexperiência da juventude, entregou-se às penitências extraordinárias. Quando tinha apenas 12 anos, colocou na cintura “a corda de Santo Tomás” tão apertada, que esta penetrou na carne provocando um sofrimento intolerável. Julgavam que ia ser necessário fazer uma operação cirúrgica para tirá-la, mas um dia a corda se desprendeu milagrosamente de seu corpo, enquanto ela rezava.
     São Domingos lhe apareceu reprovando-a severamente por seus rigores indiscretos e lhe ordenando que se colocasse sob a régia via da obediência. Ele mesmo indicou o santo dominicano sob cuja direção ela deveria passar toda a vida. Frei Conrado mandou que ela mitigasse suas penitências e proibiu que ela as fizesse sem consultá-lo.
     Benvinda não tomou parte na vida pública de sua cidade natal, procurando cultivar o aspecto contemplativo do espírito dominicano. Ela permaneceu sempre em família, vivendo apartada e humilde.
     Durante cinco anos a Beata sofreu várias enfermidades. O demônio aproveitou esse período para tentá-la violentamente com a desesperação e outras formas, mas seu pior sofrimento era não poder assistir à Missa e às Completas, durante as quais se cantava a Salve Rainha. Deus devolveu a ela sua saúde mediante um milagre público no dia da festa da Anunciação, precisamente quando Benvinda acabara de prometer que faria uma peregrinação ao santuário de São Domingos se recuperasse a saúde. Sua irmã Maria e seu irmão mais novo a acompanharam naquela peregrinação.
     Deus premiou com numerosas graças, visões e êxtases a paciência com que a jovem havia suportado a doença e as tentações; gozou também de aparições de Nossa Senhora, belas e sempre ricas de símbolos.
     Aos confrades e às irmãs da Ordem Terceira, e sobretudo ao povo, a sua breve vida foi luz e exemplo admiráveis.
     Conta-se que sendo ainda jovem Benvinda foi um dia à igreja, pouco depois da morte de sua mãe. Ali encontrou um menino a quem disse: “Tu tens mamãe?” O menino respondeu que sim. “Eu já não tenho”, disse Benvinda. “Mas como tens a tua, talvez ela tenha te ensinado a rezar a Ave Maria”. O menino respondeu: “Eu a sei de cor. E tu?” “Eu também sei”, respondeu a jovem. “Diga para mim”, rogou o menino. Benvinda começou a rezar a Ave Maria em latim. Quando chegou à palavra “Jesus”, o menino disse a ela: “Eu sou Jesus!” e desapareceu.
     Embora a alegria e a confiança tenham sido as virtudes características da Beata, o demônio não deixava de induzi-la ao desespero e à infidelidade em seu leito de morte. A Beata triunfou dessas tentações e morreu pacificamente em 30 de outubro de 1292, na sua cidade natal de Cividale. Foi sepultada na igreja local dos dominicanos e seu corpo não foi encontrado. Logo foi objeto de veneração e de um culto popular.
     O Papa Clemente XIV confirmou seu culto e deu-lhe o título de Beata em 6 de fevereiro de 1763
 
Igreja da Assunção de Nossa Senhora em Cividale
Postado neste blog em 29 de outubro de 2011

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