terça-feira, 1 de outubro de 2019

Uma Santa Teresinha pouco conhecida - 1º de outubro

    
     Em 1º de outubro, a liturgia da Igreja celebra a memória de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, "a maior santa dos tempos modernos", nas palavras do Papa São Pio X. O encanto de sua "pequena via”, com toda a sua doçura e misericórdia, admiravelmente se harmoniza com as características de uma genuína guerreira: “Eu desejaria morrer no campo de batalha, com as armas na mão”, afirmou uma vez. 1
      Sua alma tinha aspirações infinitas: ela queria ser guerreira, sacerdote, apóstola, doutora da Igreja e mártir; ela sentia a coragem de um Cruzado, de um Zuavo papal; ela queria morrer no campo de batalha em defesa da Igreja; ela queria pregar o Evangelho nos quatro continentes e nas ilhas mais remotas. "Jesus, Jesus", dizia ela, "se eu escrevesse todos os meus desejos, teria que emprestar Teu livro da vida; eu desejaria conseguir realizar todas essas ações para Ti...'" 2
Uma admiradora de Santa Joana d'Arc
     Este aspecto guerreiro da alma de Santa Teresinha é dominante em seu perfil moral. No entanto, mesmo aqueles que mais a amam tendem a esquecer esta característica.
     “Na minha infância, eu sonhava em lutar no campo de batalha. Quando comecei a aprender a história da França, fiquei encantada com as obras de Joana D'Arc; senti em meu coração um desejo e uma coragem de imitá-la”. 3 
     Santa Teresa tornou-se cada vez mais consciente das profundas semelhanças entre sua vida e a da Virgem de Donrémy. Assim, em 21 de janeiro de 1894, 101º aniversário do martírio do infeliz rei Luís XVI, ela escreveu uma peça de teatro intitulada A Missão de Joana D'Arc.
     No ano seguinte, quando o Papa Leão XIII a declarou "Venerável", e a França comemorou sua santa mártir e guerreira, Santa Teresinha escreveu a peça Joana d'Arc Cumpre sua Missão, encenada por toda a comunidade religiosa. Santa Teresa desempenhou o papel de Joana d'Arc.
     A peça mostrava a conquista de Orleans, a coroação do rei Carlos VII, mas, acima de tudo, a queima de Santa Joana D'Arc na fogueira, o que para Santa Teresa significou o ápice da conquista da missão da heroína.
     Santa Teresa assinou seu Cântico para obter a canonização de Santa Joana d'Arc como “um soldado francês, defensor da Igreja e admirador de Joana d'Arc”.
     Santa Joana, a Virgem de Orleans, e Santa Teresa do Menino Jesus, a Virgem de Lisieux, são dois modelos de combatentes católicos militantes contra os inimigos da Igreja e da Civilização Cristã. Duas grandes santas que apesar de levarem vidas tão diferentes - uma vida estritamente militar e a outra contemplativa - ainda assim têm profundas afinidades entre si.
     Santa Teresa não viveu para ver a canonização de Santa Joana e estava longe de imaginar que, em 18 de maio de 1925, o Papa Pio XI apresentaria ela, Santa Teresa, ao mundo católico como "uma nova Joana d'Arc"; e que durante a Segunda Guerra Mundial, o papa Pio XII a declararia, como a Virgem de Orleans, "patrona secundária de toda a França!"
Uma alma de Cruzada; Aparições; o combatente
     A ideia de luta alimentava constantemente a alma forte da santa da “chuva de rosas”.
     "Adormeci por alguns momentos durante a oração", dizia ela a Madre Inês. “Sonhei que não havia soldados suficientes para uma guerra contra os prussianos. Você disse: Precisamos enviar a Irmã Teresa do Menino Jesus. Respondi que concordava, mas que preferiria lutar em uma guerra santa. Mas finalmente fui assim mesmo.
     “Oh não, eu não temeria ir a guerra. Com que alegria, por exemplo, na época das Cruzadas, eu teria ido combater os hereges. Sim! Eu não teria medo de levar um tiro; eu não teria medo do fogo! 4  "Quando eu penso que estou morrendo na cama! Eu gostaria de morrer em uma arena!” 5
     O mesmo espírito combativo a animava nas lutas da vida espiritual: “Santidade! Precisamos conquistá-la na ponta da espada... precisamos lutar!” 6
     Tal é o valor dessa alma guerreira extremamente ativa e enérgica, de acordo com os testemunhos daqueles que a conheceram: “Sob um aspecto suave e gracioso [ela] revelava a cada instante, em suas ações, um caráter forte e uma alma viril; ela não desanimava em sua dedicação aos interesses da Igreja”. 7 
     "Esta é uma alma viril, um grande homem", disse o Papa Pio XI mais tarde. Santa Teresa do Menino Jesus seguiu assim o conselho da grande Santa Teresa de Ávila para suas filhas: “Quero que não sejas mulher em nada, mas igual ao homem forte em tudo!”  8
     Assim escreveu o Cardeal Vico sobre a Virgem de Lisieux: “A virtude de Teresa se impõe com incrível majestade: a criança se torna um herói; uma virgem com as mãos cheias de flores causa espanto com sua coragem viril”. 9
     Uma análise do manuscrito do Ato de Profissão de Santa Teresa fornece este admirável testemunho: “Uma resolução revestida de ferro, uma grande vontade de lutar, uma energia indomável, são expressas aqui. Esses traços mostram ao mesmo tempo o medo de uma criança e a determinação de um guerreiro”. 10
     Em 1914, quando começa a Primeira Guerra Mundial, Santa Teresa aparece quarenta vezes em vários campos de batalha, às vezes segurando uma cruz na mão, às vezes um sabre! Os soldados a veem; ela fala com eles com naturalidade, resolve suas dúvidas, supera suas tentações e acalma seus medos. Ela os protege, os consola e os converte.
     Os soldados franceses a invocavam como "minha irmãzinha das trincheiras", "minha padroeira da guerra", "o escudo dos soldados", "o anjo das batalhas" e "minha querida pequena capitã". Um soldado escreveu: "De fato, aquela santa gentil seria a grande heroína desta guerra”. Outro comentou: “Penso nela quando o canhão troveja com grande rugido”.
     Incontáveis ​​foram as peças de artilharia e aviões com o nome de Irmã Thérèse; regimentos inteiros foram consagrados a ela. Incontáveis ​​relíquias da santa que milagrosamente pararam balas de espingarda como escudos reais, salvando a vida dos soldados que as carregavam, estão em seu convento de Lisieux, um testemunho dos grandes prodígios de quem, de fato, “morreu com as armas em suas mãos”. 11
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NOTAS:
1. Poésies de Sainte Thérese de l’Enfant-Jésus, “Mes armes,” March 25, 1897, Office Central de Lisieux, 1951.
2. Manuscrits Autobiographiques, dedicated to Mother Mary of the Sacred Heart, Office Central de Lisieux, 1956, folio 4 t’.
3. Lettres de Sainte Thérese de l’Enfant-Jésus, Letter to Father Belliere, Office Central de Lisieux, 1948.
4. Carnet Jaune, 4.8.6 in Demiers entretiens, Éditions du Centenaire, Desclée de Brouwer ­Éditions du Cerf, Paris, 1971.
5. Summarium of the Process of Beatification and Canonization 1, testimony of Celine, 2753.
6. Correspondance Générale, Éditions du Cerf-Desclée de Brouwer, Paris, 1972, t. I (1877–1890), Letter (no. 89) Celine, April 26, 1889; Letter to Leonie, May 20, 1894.
7. Summarium of the Process of Beatification and Canonization 1, testimony of Mother Agnes, 706, and of Mother Therese of Saint Augustine, 1072.
8. Lettres de Sainte Thérese de l’Enfant-Jésus, as quoted by Saint Therese of Avila in a letter to Father Rouland, November 10, 1896, Office Central de Lisieux, 1948.
9. L’Esprit de Ia Bienheureuse Thérese de l’Enfant-Jésus d’après ses écrits et des témoins occulaires de sa vie. Office Central de Lisieux, 1924, Preface, at VIII.
10. Father François de Sainte-Marie, OCDP, Manuscrits Autobiographiques, Office Central de Lisieux, 1956, vol. II, 53.
11. Cf. Interventions de Sr. Thérèse de l’Enfant-Jésus pendant la guerre, Pluie de Roses, Lisieux, 1920; and Ch. Gabriel Sarraute, Un soldat français: sainte Thérèse de l’Enfant-Jésus, Imprimerie Morière, 1970.

Fonte: artigo de Luis C. Azevedo
https://www.americaneedsfatima.org/

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