sábado, 26 de outubro de 2019

Beata Emelina, Eremita e conversa cisterciense – 27 de outubro

    
     Esta beata francesa da Idade Média é considerada por alguns estudiosos como uma “solitária”, enquanto outros acreditam que ela era uma irmã conversa da Ordem Cisterciense. Provavelmente ela foi ambas as coisas.
     Emelina nasceu em 1115 na diocese de Troyes e viveu como eremita em um celeiro construído no terreno pertencente a Abadia de Nossa Senhora de Boulancourt, situada na atual comuna de Longeville-sur-Laines (Alto Marne), na França.
     A abadia fora fundada em 1095 na diocese de Troyes, hoje Langres, para os Cônegos Regulares de São Pedro do Monte. Tendo caído em um grande relaxamento, para reformá-la o bispo cisterciense de Troyes, Henrique de Corinzia, a deu a São Bernardo, fundador da Ordem, que mandou para ali um grupo de monges de Claraval.
     A partir do século XII, as propriedades das abadias cistercienses são divididas em grupos, cujo centro é um estabelecimento ou um edifício destinado à exploração agrícola a que se chamava celeiro. A maioria dos celeiros cistercienses explorados no século XII por irmãos leigos e irmãs leigas, eram pequenas abadias com capela, dormitório e refeitório. Com exceção: não podem celebrar missa lá. Todos os irmãos e irmãs têm que ir à abadia todos os domingos, e é onde eles eram enterrados. É por isso que os celeiros cistercienses, de acordo com o status de 1152, não devem estar a mais de um dia de caminhada da abadia.
     Quando os monges chegaram a Boulancourt, Emelina já estava vivendo ali como irmã conversa, no celeiro Perte-Sèche situado a alguns quilômetros da abadia. O monge Beato Gossuin de Claraval se refere a ela em uma breve biografia, revelando o seu modo de viver: jejuava três dias por semana, sem beber, nem comer, abstinha-se inteiramente de pão o tempo todo do Advento e da Quaresma, usava um cilício e uma corrente de ferro com pontas, andava descalça fosse inverno ou verão. Uma única túnica era-lhe suficiente sobre uma simples peça de roupa grossa e um casaco ruim.
     Sempre em oração ou no trabalho, mesmo enquanto fiava, ela ainda se ocupava meditando os salmos. "A maledicência e má fala eram sempre objeto de seu desprezo". A sua vida de grande penitência resultou na difusão da fama de sua santidade. Quando seu nome e reputação se espalharam por toda a província em que vivia, ela passou a receber presentes de comidas e bebidas, mas nunca as provava.
     De uma floresta vizinha, os corvos frequentemente a perturbavam durante sua oração com repetidos gritos e resmungos. Ela ordenava que eles fossem embora e deixassem-na servir a Deus em paz, o que acontecia
     Ela recebeu o dom de profecia. Quando monges ou irmãos leigos se envolviam no vício ou na vaidade, desejando fazer o mal, ou mesmo fazendo-o, ao aparecerem diante dela imediatamente os repreendia severamente e os admoestava a serem mais escrupulosos e a não "abrigar o demônio em suas almas".
     Os senhores e os monges que viviam na vizinhança a consultavam sobre o resultado de suas guerras e expedições, se eles teriam felicidade ou infortúnio, e ela lhes dava uma resposta. Assim, ela previu a um ilustre nobre, Simon de Beaufort, que partia para uma expedição, que ele perderia um de seus membros mais queridos. Na verdade, ele perdeu um olho!
     Ela morreu por volta de 1178 e, de acordo com os regulamentos de sua ordem, seu corpo foi transportado para Boulancourt, onde foi sepultado na capela dos religiosos.
     Ela está enterrada na igreja da abadia e dia e noite uma lâmpada queima em seu túmulo. Durante sua vida, mas principalmente após sua morte, a Beata Emelina foi objeto de veneração pública. Esta é, sem dúvida, a causa de que desde o século XII e ao longo do século XIII, um número muito grande de mulheres que faziam doações para a abadia levavam o nome de Emelina.
     A partir de 1182, vemos um sinal de culto prestado à nossa beata. Simon de Broyes (filho de Simon de Beaufort), deu à abadia de Boulancourt "20 sous de cens" pela manutenção de uma lâmpada.
     Em 1185, Manassés II de Pougy, Bispo de Troyes, fez a mesma doação para uma lâmpada que devia ser acesa diante dos restos mortais de Irmã Emelina.
     Hugo II, Conde de Rethel e Félicité de Broyes (filha de Simão), em 1210, financiam outra lâmpada para a capela das religiosas ao lado da abadia.
     O Beato Gossuin atesta, no final da vida da Beata, que ele viu essa lâmpada acesa dia e noite.
     Durante a Idade Média, o culto a Beata Emelina não pereceu. Em 1534, o Abade Picard de Hampigny mandou restaurar com grandes despesas o túmulo altar dedicado a ela na igreja da abadia.
     Ela foi inscrita como Beata no “Menológio Cisterciense” no dia 27 de outubro.
     Emelina deve ter sido uma das últimas irmãs conversas agregadas a um mosteiro de monges, porque em 12 de fevereiro de 1234 o papa Gregório IX, em uma carta ao abade de Boulancourt, pedia aos monges para não mais receberem em suas terras as irmãs conversas, o que confirma que cerca de 50 anos depois da morte da Beata ainda havia algumas irmãs conversas nos celeiros da abadia.
     A Beata Emelina representa para a Ordem Cisterciense o modelo de eremita da Idade Média e de todas as épocas.
 
Catedral de São Pedro e São Paulo em Troyes, França
http://www.santiebeati.it/dettaglio/92569

Postado neste blog em 26 de outubro de 2012

Etimologia: Emelina tem sua origem no nome germânico Amelina: aquela que nasceu para o trabalho. O antigo termo “amal” que compõe o nome Amelina significava “trabalho”.  Nomes próximos: Ermelina, Ermelinda, Emelia ou Emília.

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