Margarida nasceu em 1254 ou 1255, filha
de Odão Colonna, chefe do ramo primogênito dos Colonnas, casado com Madalena
Orsini. O nascimento deve ter sido em Palestrina, a antiga Preneste, a uns 40 quilômetros
de Roma, onde se encontrava o castelo paterno.
Descendente da célebre família Colonna, Margarida foi desde a mais tenra
idade educada cristãmente pela mãe, que tinha conhecido São Francisco em casa
de seu irmão Mateus. Tendo ficado órfã do pai poucos anos de nascer, e depois
também da mãe, quando tinha dez anos, foi confiada à tutela do irmão mais velho,
João, duas vezes senador de Roma (+ 1292).
Quando Margarida chegou aos 18 anos, João pensou que era tempo de
casá-la, mas Margarida recusou e foi defendida pelo irmão Tiago, que terminava
os estudos na Universidade de Bolonha. Margarida e Tiago estavam apaixonados
pelos ideais franciscanos.
Em 6 de março de 1273, animada no seu propósito por aparição de Maria
Santíssima, retirou-se para o convento de clarissas de Castelo de São Pedro. Ali
viveu e edificou o povo com uma vida em tudo exemplar, sobretudo na assiduidade
à oração e a caridade heróica. Distribuiu pelos pobres a sua rica herança e
recusou qualquer ajuda direta por parte dos irmãos; preferiu viver como
franciscana, recorrendo à “mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta”.
Não estando sujeita à clausura, Margarida pode entregar-se às obras de
caridade especialmente junto aos Irmãos Menores doentes de Zagarolo e das
leprosas de Póli. Por ocasião de uma epidemia, Margarida fez-se “toda para
todos”, assistindo maternalmente aos irmãos doentes. Uma vez acolheu em casa um
leproso, com ele comeu e bebeu, usando o mesmo prato e o mesmo copo, e num
ímpeto de amor beijou-lhe as repugnantes chagas.
Seria longo recordar todas as manifestações da intensa vida mística de
Margarida: a observância escrupulosa da regra de Santa Clara, o amor à pobreza,
a contínua união com Deus, os êxtases, as efusões de lágrimas, as frequentes
visões celestes, o casamento místico com o Senhor, que lhe apareceu e lhe colocou
um anel no dedo, lhe pôs na cabeça uma coroa de lírios e lhe imprimiu uma chaga
no coração.
Nos três últimos anos de vida Margarida sofreu de uma grave úlcera no
estômago. Na noite de Natal de 1280 apareceu-lhe Maria com o Menino nos braços
e deixou-a num estado de profunda exaltação. Foi atacada por uma febre de que
morreu no dia 30 de dezembro daquele ano.
A morte de Margarida foi em tudo digna duma perfeita filha de São
Francisco, que por amor da sua dama pobreza quis morrer nu sobre a terra nua. Na
madrugada de 30 de dezembro, depois de ter recebido o viático e a unção dos enfermos,
pediu ao seu irmão, o Cardeal Jaime, que a colocassem no chão, pois desejava
morrer pobre como Jesus e São Francisco. Fizeram-lhe a vontade, mas apenas por
pouco tempo, visto encontrar-se demasiado debilitada.
Por fim, pediu que lhe dessem um crucifixo. Depois de beijá-lo com muito
afeto, mostrou-o às irmãs, exortando-as a amá-Lo com todas as suas forças.
Adormeceu por uns momentos, e voltando a si exclamou com vigor: “Aí vem a
Santíssima Trindade! Adorai-a!”. Nesse instante cruzou os braços sobre o peito,
fixou os olhos no céu e expirou serenamente.
As exéquias tiveram lugar nesse mesmo dia na igreja de São Pedro no
Monte Prenestino, com enorme concorrência de povo e de todos os franciscanos da
região.
Em 24 de setembro de 1285, uma bula do papa Honório IV, obtida por Tiago
Colonna, cardeal desde 12 de março de 1278, dava às clarissas de Castelo São
Pedro o mosteiro de São Silvestre in
cápite em Roma, para onde levaram os restos mortais da falecida. Pio IX
confirmou o seu culto a 17 de setembro de 1847.
Margarida aparece como uma delicada figura de mulher em quem os dotes
naturais de inteligência, fascínio e sensibilidade, unidos à dignidade da sua
estirpe, se inserem na árvore robusta da espiritualidade franciscana. A sua
vida é como um arco-íris de paz e de esperança na tormentosa história do seu
tempo.
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