Tarsila e Emiliana são virgens do século
VI, tias de São Gregório Magno, Papa entre 590 a 604. Tarsila é mencionada no
Martirológio Romano no dia 24 de dezembro e Emiliana em 5 de janeiro.
São Gregório Magno relata em uma homilia que seu pai, o senador Jordão,
tivera três irmãs que se consagraram a Deus e se dedicaram a uma vida de jejuns
e orações em sua própria casa em Roma. (Hom. XXXVIII, 15, sobre o Evangelho de
S. Mateus, Lib. Dial., IV, 16).
A família romana Anícia teve a graça de dar à Igreja um dos grandes
doutores da Igreja do Ocidente, o papa São Gregório Magno. Era um homem de
estatura pequena e de saúde frágil, mas um gigante na administração e uma
fortaleza espiritual. Entre seus antepassados paternos estão o imperador
Olívio, o papa São Félix III e o senador Jordão, seu pai.
Gregório perdeu o pai muito pequeno e sua mãe, Santa Sílvia, bem como
suas tias, Tarsila, Emiliana e Jordana, irmãs de seu pai, cuidaram de sua
formação intelectual, religiosa e moral. Gregório, ainda jovem, se tornou chefe
da administração civil de Roma. Mais tarde, se tornou embaixador do Papa
Pelágio II e ao mesmo tempo monge, guia de uma pequena comunidade religiosa,
recolhida em sua residência. Dali ele saiu para se tornar papa.
Tarsila, Emiliana e Jordana eram muito unidas pelo fervor na fé em
Cristo e pela caridade. As três viviam juntas na casa herdada do pai, no monte Célio,
como se estivessem num mosteiro. Tarsila orientava o pequeno grupo inspirada no
Evangelho e dava exemplo na caridade e na castidade. As irmãs progrediram
incessantemente na vida espiritual.
Jordana decidiu seguir a vida matrimonial casando-se com um bom cristão,
o administrador dos bens da sua família.
Emiliana seguia a linha das religiosas ocidentais, ou seja, não isolada
na reclusão, mas dedicada à vida comunitária de ajuda aos doentes e
necessitados, voltada para a castidade e as orações contínuas.
No terrível século VI, cheio de sobressaltos como terremotos, pestes,
guerras, invasões e um contínuo afluir de miseráveis a Roma, a caridade se
tornava tarefa habitual também para as irmãs. Elas trabalhavam em dupla:
Tarsila reclusa guiando e comandando, enquanto Emiliana atuava junto à
população pobre e aos doentes.
Emiliana, segundo registrou São Gregório Magno, foi uma das mais
atuantes religiosas e seus exemplos de dedicação a Nosso Senhor Jesus Cristo
deviam servir de inspiração, pois ela amava o próximo verdadeiramente e tinha
Jesus como seu eterno esposo.
Tarsila permaneceu na vida religiosa que havia escolhido, entregue ao
seu amor a Deus, até que foi ao seu encontro na glória de Cristo. São Gregório
relatou que Tarsila tivera uma visão de seu bisavô, o papa São Félix III, que
lhe teria mostrado o lugar que ocuparia no céu dizendo estas palavras: "Vem, que eu haverei de te receber nestas
moradas de luz".
Depois dessa visão, Tarsila ficou gravemente enferma. No seu leito de
morte, ao lado da irmã Emiliana e dos parentes, pediu a todos que se afastassem
dizendo: "Está chegando Jesus, meu
Salvador!" Com essas palavras e sorrindo, entregou sua alma a Deus. Ao
ser preparada para o sepultamento, encontraram calos duros e grossos em seus
joelhos e cotovelos causados pelas contínuas penitências. Ela fazia suas
orações, que duravam muitas horas, ajoelhada e apoiada diante de Jesus
Crucificado.
Poucos dias depois de sua morte, Tarsila apareceu em sonho à Emiliana
convidando-a a celebrarem a festa da Epifania juntas no céu. E foi isso o que
aconteceu: Emiliana faleceu na véspera do dia dos Reis.
O culto a Santa Tarsila, mesmo não sendo acompanhado de fatos
prodigiosos, se manteve discreto e persistente ao longo do tempo, provavelmente
estimulado pelos exemplos singulares narrados pelo sobrinho, São Gregório
Magno, que nunca citou o ano do seu falecimento no século VI.
Etimologia: Tarsila do grego tharsaléos: “corajosa”.
Emiliana, do latim Aemilianus; derivado de Emilia, do latim Aemilius, derivado de Aemulus:
“êmulo, rival, zeloso, diligentes, solícito”.
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