A
festa litúrgica de “A Virgem Santa Maria, Rainha”, ou da realeza de Maria, foi
auspiciada por alguns congressos marianos a partir do ano de 1900. Em 1925, Pio
XI instituiu a festa de Cristo Rei. Em 1954, na conclusão do centenário da
proclamação do dogma da Imaculada Conceição, Pio XII anunciou esta festa para o
dia 31 de maio. Na reforma do calendário, promovida pelo Vaticano II, a festa
foi fixada na oitava da Assunção de Nossa Senhora, a 22 de agosto, para
manifestar a conexão que existe entre a realeza de Maria e a sua Assunção ao
céu.
Essa Realeza encontramos em vários
documentos pontifícios, quase de contínuo, na expressão de “Rainha da terra e
do céu”, atribuída à Virgem Santíssima, ou em expressões de todo equivalentes.
Recentemente ainda o imortal Pontífice Pio XI, não contente de bendizer e
aprovar o projeto de dedicar-se à Catedral de Port-Said a Maria, Rainha do
Universo, enviou a consagrá-la um Legado seu e ofereceu um preciosíssimo colar
de ouro, cheio de diamantes, para a imagem de Nossa Senhora. Além disso,
permitiu à diocese de Port-Said acrescentar à Ladainha Lauretana a invocação: Regina
mundi, ora pro nobis. Já antes de Pio XI, o Papa Leão XIII fizera
coroar em seu nome, em 1902, uma imagem de Maria, Rainha do Universo, venerada
em Friburgo, na Suíça.
A Igreja em sua liturgia nos faz
continuamente saudar a Virgem Santíssima com o título de Rainha: “Salve
Regina!”, “Ave, Regina caelorum!”, “Regina caeli, laetare!” Depois, mais de 800
Bispos, dispersos por todo o mundo, indulgenciavam em suas respectivas dioceses
uma prece dulcíssima à Realeza de Maria, a qual foi difundida por um grupo de
piedosas senhoritas romanas e publicada em várias centenas de revistas. A
realeza de Maria Santíssima é, portanto, uma daquelas verdades que estão
contidas na pregação quotidiana e universal da Igreja e, por isso mesmo, no
depósito da Revelação, isto é, na Escritura do Velho e do Novo Testamento, e na
Tradição.
Desde os primeiros séculos da Igreja
Católica, elevou o povo cristão orações e cânticos de louvor e de devoção à
Rainha do céu tanto nos momentos de alegria, como sobretudo quando se via
ameaçado por graves perigos; e nunca foi frustrada a esperança posta na Mãe do
Rei divino, Jesus Cristo, nem se enfraqueceu a fé, que nos ensina reinar com
materno coração no universo inteiro a Virgem Maria, Mãe de Deus, assim como
está coroada de glória na bem-aventurança celeste.
Um célebre Mariólogo do século XVII,
Marracci, em sua Polyantea Mariana, chegou a enumerar 135 escritores que
deram a Maria o título de Rainha, de Imperatriz, de Soberana ou Senhora.
Só a palavra Rainha ocupa 13 grandes páginas de citações.
Em uma pintura das Catacumbas de
Priscila, a qual monta ao início do II século, a Virgem Santíssima se acha
representada no ato de apresentar seu divino Filho à adoração dos Magos. Embora
a Virgem não esteja sentada, como nas pinturas dos séculos III e IV, traz,
contudo, atavios que recordam os das Imperatrizes da primeira metade do II
século, sem véu algum sobre si. No século IV, a Virgem é representada como uma
Rainha no mármore negro do Museu Kircheriano e nos fragmentos de
Damons-el-Karita. No século VI, encontramos Maria representada nas ambulas
conservadas em Modena. Aí se vê uma Rainha, cheia de sua majestade: o mesmo tipo
que se depara nos famosos mosaicos de Santo Apolinário, em Ravena, nos afrescos
de Santa Maria Antiga, junto ao Foro Romano e, mais tarde, nos portais de
várias igrejas do século XII.
A Virgem Santíssima, portanto, é e deve
ser chamada Rainha do universo não só em sentido metafórico, mas também em
sentido próprio. Como a de Cristo, a Realeza de Maria é, também, principal e
diretamente uma Realeza sobrenatural e espiritual; secundariamente, porém,
e indiretamente é também uma Realeza natural e temporal, isto é, se estende
também às coisas naturais e temporais, enquanto estas se referem ao fim
sobrenatural e espiritual.
Como a de Cristo, assim também a Realeza
de Maria não conhece limites de espaço, nem de tempo: estende-se a todos, a
tudo e sempre à terra, ao céu, ao Purgatório e ao Inferno.
Estende-se, antes de tudo, à terra, pois
que as graças que descem do céu sobre a terra passam, pela vontade de Deus,
através do coração e das mãos de Maria. Estende-se ao céu, sobre todos os
bem-aventurados, seja porque sua graça essencial é devida, além dos méritos de
Cristo, também aos de Maria; seja porque sua graça acidental precípua é causada
pela amabilíssima presença da Virgem. Estende-se ao Purgatório, levando os fiéis
da terra a sufragarem de muitos modos as almas que ali sofrem e aplicando a
estas, em nome do Senhor, os méritos e as satisfações de seu divino Filho, e os
seus próprios. Estende-se, por fim, ao Inferno, fazendo tremer os demônios,
tornando vãos seus assaltos para a perdição das almas. Não há, portanto, ponto
algum do universo sobre que a Virgem Santíssima não estenda sua Realeza.
Augusta Rainha dos céus, soberana mestra
dos Anjos, Vós que, desde o princípio, recebestes de Deus o poder e a missão de
esmagar a cabeça de Satanás, nós vo-lo pedimos humildemente, enviai vossas
legiões celestes para que, sob vossas ordens, e por vosso poder, Elas persigam
os demônios, combatendo-os por toda a parte, reprimindo-lhes a insolência, e
lançando-os no abismo.
- Quem é como Deus?
Ó Mãe de bondade e ternura, Vós sereis
sempre o nosso Amor e a nossa esperança. Ó Mãe Divina, enviai os Santos Anjos
para nos defenderem, e repeli para longe de nós o cruel inimigo. Santos Anjos e
Arcanjos, defendei-nos e guardai-nos. Amém.
Fonte:
ROSCHINI, G. Instruções Marianas. Tradução de José Vicente. São Paulo: Edições
Paulinas, 1960, p.111-114. http://mulhercatolica.com/as-provas-da-realeza-de-maria/
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