quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Nossa Senhora de Lichen: uma advertência para os dias de hoje - 15 de agosto

Difíceis de ser interpretadas com precisão, as profecias da Santíssima Virgem feitas em Lichen, na Polônia, avisam sobre mais provas e mais glórias para o futuro
Valdis Grinsteins
     A história da imagem de Lichen começa no longínquo ano de 1813. Napoleão e seus soldados levaram a Revolução a toda a Europa, e naquela época começava uma séria reação contra ele. Nesse ano trava-se a batalha de Leipzig, também chamada “batalha das nações”, na qual morreram ou ficaram feridos perto de 80.000 soldados. Entre eles estava Tomasz Klossowski, que pediu fervorosamente a Nossa Senhora para não morrer longe de seu país. O pedido não era insignificante, seja pela gravidade das feridas, seja porque, nas primitivas condições sanitárias da época, ser ferido gravemente era quase uma condenação à morte.
     Mas Nossa Senhora apareceu a Tomasz, portando um manto de ouro e uma águia branca na mão. Avisou que ele voltaria à sua região, onde deveria procurar uma imagem que fosse parecida com Ela, e cuja devoção deveria promover.
     Tomasz de fato se recuperou dos ferimentos e voltou à sua região. Mas a busca da imagem parecia não levar a nada. Ano após ano ele percorria a região, e nada encontrava. Em 1836, após 23 longos anos, ele conseguiu uma imagem adequada. No início colocou-a em sua casa, mas depois levou-a para uma pequena capela na floresta vizinha. Este é um costume ainda popular no país, onde pelos caminhos e encruzilhadas é frequente encontrar cruzes e imagens de Nossa Senhora.
     Mas a devoção não se difundiu, e a imagem ficou sozinha na floresta. Até o ano de 1850, quando o pastor de ovelhas Mikolaj Sikatka passou diante da imagem e teve uma visão de Nossa Senhora. A Virgem se queixou amargamente dos numerosos pecados que eram cometidos na região, e pediu para as pessoas rezarem o rosário. Igualmente solicitou que os sacerdotes celebrassem a missa com a devida reverência. Ela desejava que a imagem fosse colocada num local mais adequado, para tornar fácil às pessoas rezar diante dela, e assim escapar da epidemia que ia ser enviada por castigo dos pecados. Finalmente profetizou que iam ser construídos um mosteiro e um santuário a Ela dedicados em Lichen, onde faria conhecer suas glórias.
     O pastor começou a difundir a mensagem, mas as pessoas não acreditavam nele. Além disso, foi feito prisioneiro pelos russos que invadiram o país. Em 1852, quando estourou uma epidemia de cólera que dizimou os habitantes da região, afinal estes se lembraram do que tinha predito o pastor. Imediatamente as pessoas foram rezar diante da imagem, e uma comissão episcopal foi formada para verificar a veracidade da aparição. Essa comissão de fato recomendou remover a imagem para a igreja paroquial de Lichen, o que foi feito algum tempo depois. Ali ela ficou 149 anos, até ser levada para o enorme e suntuoso santuário que é a glória da região. De fato, é a sétima igreja maior da Europa.
     A imagem foi coroada canonicamente no dia 15 de agosto de 1967, apesar dos obstáculos opostos pelas autoridades comunistas.
     E foi assim, no meio de idas e vindas, que se firmou a devoção à Nossa Senhora de Lichen. Hoje o santuário, dedicado especialmente ao sacramento da Confissão, é visitado por um milhão de peregrinos anualmente.
A mensagem de Nossa Senhora
     Passamos agora a transcrever as partes essenciais da mensagem de Nossa Senhora ao pastor Mikolaj no dia 15 de agosto de 1850. Evidentemente, como toda revelação particular, ela não obriga à fé. Mas aqueles que piedosamente a considerarem podem tirar para si mesmos critérios para a análise do mundo contemporâneo, de grande utilidade espiritual.
     “As pessoas pecam continuamente, não pensam em fazer penitência e mudar de vida. Não passará muito tempo, e serão por isso severamente castigadas por Deus. Cairão mortas de repente e não haverá quem as enterre. Morrerão velhos, morrerão crianças no ato de serem alimentadas por suas mães. Rapazes e moças serão castigados, pequenos órfãos chorarão seus pais. (1) Depois virá uma longa e terrível guerra. (2)
     “A misericórdia do Pai Celestial é inesgotável, e tudo pode ser ainda mudado. Quando houver santos no país, este poderá ser salvo. O país precisa de santas mães. Eu amo vossas boas mães, sempre as ajudarei em cada necessidade. Eu as entendo: fui mãe, com muitas dores.
     “As mais pérfidas intenções dos opressores, vossas mães as quebram. Elas dão ao país numerosos e heroicos filhos. No período de um incêndio universal, esses filhos arrebatarão a pátria livre. (3)
     “Satanás semeará a discórdia entre os irmãos. Não estarão ainda cicatrizadas todas as feridas, e não crescerá uma geração até que a terra, o ar e os mares se tinjam de tanto sangue como até hoje não se viu. (4) Esta terra será impregnada de lágrimas, cinza e sangue de mártires da santa causa. No coração do país a juventude perecerá na fogueira do sacrifício. Crianças inocentes morrerão pela espada. Esses novos e incontáveis mártires suplicarão diante do trono da justiça de Deus por vós, quando se realizar a batalha final pela alma da nação, quando sereis julgados. No fogo de longas provações a fé será purificada, a esperança não desaparecerá, o amor não cessará. Andarei entre vós, vos defenderei, vos ajudarei, por vosso intermédio ajudarei o mundo.
     “Para surpresa de todas as nações, da Polônia surgirá a esperança para a humanidade atormentada. Então todos os corações se moverão de alegria, como há mil anos não houve. Este será o maior sinal dado à nação, para que caia em si e para que se reconforte. Ela vos unirá. Então, nesse país atormentado e humilhado descerão graças excepcionais como não houve há mil anos. Os corações jovens se moverão. Os seminários e conventos estarão cheios. Os corações poloneses expandirão a fé no oriente e no ocidente, no norte e no sul. A paz de Deus se estabelecera”.

Santuário de Nossa Senhora de Lichen, Polônia
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     Como se pode notar, não são de fácil interpretação essas profecias. Mas elas são conhecidas e aceitas na Polônia há muitos anos. Merece especial atenção o fato de Nossa Senhora ligar o castigo, que são a guerra e as epidemias, aos numerosos pecados existentes. Isto porque hoje está na moda uma teologia deformada, que insiste em que Deus não castiga. Como ensina São Paulo, devemos amar o pecador, mas odiar o pecado. E o pecado, pior ainda a empáfia em se mostrar pecador, atrai a cólera divina.
     Peçamos, pois, a Nossa Senhora a conversão dos pecadores, a maior misericórdia que podemos ter por eles.
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Notas :
1. Refere-se à epidemia de cólera que devastou a região em 1852.
2. Pode bem ser a Guerra da Criméia, em que se enfrentaram a Rússia (da qual a Polônia era parte), a França e Inglaterra.
3. Após a Primeira Guerra Mundial, a Polônia recuperou a independência.
4. A Segunda Guerra Mundial.

Fonte: www.catolicismo.com.br

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