A Beata Hosana de Kotor foi uma
alma contemplativa que, como toda dominicana, se nutriu da Sagrada Escritura.
Deus lhe concedeu o dom do conselho para guiar muitas almas para Ele. Nasceu e
cresceu na Igreja Ortodoxa Grega e se converteu ao Catolicismo. Considerada em
sua cidade patrona do movimento ecumênico, ela pode nos ajudar a encontrar os
caminhos da unidade querida por Jesus para os seguirmos.
Montenegro é um Estado situado nos Balcãs,
às margens do Mar Adriático. No ano 2003 formou com a Sérvia a Federação de
Sérvia-Montenegro e em 2006 foi declarada a independência de Montenegro, votada
num plebiscito popular.
Deve seu nome a Lobcen, a “montanha
negra”, assim chamada devido a tonalidade dos bosques que cobrem seu cume. A
montanha faz parte dos Alpes Dináricos.
Podgorica, hoje capital da República de
Montenegro, de 1466 a 1878 fez parte do império otomano e a partir de então
pertenceu a Montenegro.
Kotor, importante cidade portuária de
Montenegro, é circundada por uma impressionante muralha. De 1420 a 1797 a
cidade e seus arredores pertenciam à República de Veneza. Este território
veneziano foi um baluarte contra a expansão dos turcos otomanos nos Balcãs.
É uma das cidades medievais mais
preservadas nesta parte do Mediterrâneo. Típica cidade dos séculos XII e XIV,
sua configuração original se conservou bastante até nossos dias.
A estrutura simétrica de suas ruas
estreitas, praças, numerosos e valiosos monumentos da arquitetura medieval,
contribuíram para que Kotor fosse colocada numa lista de “Patrimônio Cultural
da Humanidade” da UNESCO. O sistema de fortificação de Kotor, que a protege do
mar, é um paredão de 4.5 km de comprimento, 20 m de altura e 15 de largura, e é
considerado um tesouro histórico.
*
Catarina Kosic nasceu em 25 de novembro de
1493 em Relezi, aldeia nas montanhas que pode ser vista a partir de Kotor. Hoje
pertence à província de Podgorica. Seus pais, muito humildes, eram ortodoxos
gregos e nesta fé Catarina foi batizada
Durante sua infância e adolescência
Catarina foi pastora de ovelhas. Com sua inclinação contemplativa soube
descobrir, nas magníficas paisagens de sua formosa Montenegro, a beleza do
Criador. Se enamorou do Autor de tantas maravilhas. Na solidão do monte, Deus
se lhe mostrava e imprimia em seu coração uma atração irresistível.
Catarina adolescente pensava que na cidade
de Kotor, tendo ela tantas igrejas, poderia ter mais oportunidade de rezar, e
convenceu sua mãe para ir para Kotor. Sua mãe conseguiu trabalho em Kotor: foi
servir como criada numa casa de família de um senador, muito rico, ótimo
católico.
A família Bucá permitia que a jovem
Catarina frequentasse a igreja, onde passava horas, que eram sua alegria. Em
Kotor Catarina se converteu ao Catolicismo romano, se confessou e recebeu sua
primeira Comunhão.
Ela aprendeu a ler e a escrever durante
seu tempo livre. Era de uma inteligência privilegiada. Leu livros religiosos em
latim e italiano, e muito especialmente as Sagradas Escrituras.
Em sua última adolescência Catarina se
sentiu chamada a viver como anacoreta. Embora a considerassem muito jovem para
tal vocação, seu diretor espiritual a aceitou e a fez emparedar em uma cela
construída próximo da igreja de São Bartolomeu, em Kotor. Ela assim se retirou
numa vida de ascetismo e de reclusão.
Por uma janela Catarina podia assistir a
Santa Missa e por outra as pessoas podiam se aproximar dela para pedir-lhe
orações ou dar-lhe algum alimento. Catarina fez as promessas de costume de
estabilidade e a porta foi selada.
Entregue à contemplação dos mistérios
divinos e à uma contínua oração, não se preocupou somente com sua salvação
pessoal, mas colaborou eficazmente na dos demais, sendo-lhe atribuídas
numerosas graças para sua cidade.
A jovem desejava uma vida de total
identificação com Cristo. Então, em 25 de janeiro de 1515, ingressou na Ordem
Secular de São Domingos, tomando o hábito e mudando seu nome para Hosana, em
honra a outra ilustre terciária: a Beata Hosana de Mântua, que havia falecido
com fama de santidade em 1505. Seu confessor era o dominicano Frei Tomas Bosco.
Depois de um terremoto que destruiu sua
primeira ermida, se transladou, em 1521, para uma cela junto à igreja de São
Paulo.
Viveria como dominicana os 52 anos
seguintes de sua vida, dedicada à contemplação da Paixão de Cristo, à
penitência e às boas obras.
Um grupo de irmãs dominicanas que surgiu
em Kotor colocou sua residência próximo dela, a consultavam, ela as dirigia
pelos caminhos da perfeição cristã. A consideravam sua fundadora, embora ela
nunca tenha visto o local do convento.
Em sua pequena cela, Hosana teve muitas
visões. Via o Menino Deus, a Virgem Maria e vários santos. Viveu uma elevada
união mística com Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por sua vida santa, em Kotor a chamavam “a
trombeta do Espírito Santo” e “mestra mística”. Pessoas de todas as partes
vinham até ela em busca de conselho. Ela recebia as pessoas do povo que se
aproximavam dela com grande alegria e levava todos a viver uma vida cristã
autêntica.
Hosana intercedeu particularmente pela paz
na cidade e entre as famílias e por isso também era chamada de “virgem
reconciliadora” e “anjo da paz”. Foi realmente um anjo tutelar para Kotor.
Quando em 9 de agosto de 1539 a cidade foi
atacada pelos turcos e Kotor se viu ameaçada, os cidadãos recorreram a Hosana
para pedir-lhe ajuda. O povo atribuiu o triunfo a sua orações e conselhos.
Em outra ocasião intercedeu para livrar
Kotor de uma praga.
A Beata Hosana faleceu no dia 27 de abril
de 1565, na idade de setenta e dois anos. O seu corpo incorrupto ficou
enterrado na igreja de São Paulo até 1807, quando o exército francês invasor
converteu a igreja em um armazém, então seu corpo foi transladado para a igreja
de Santa Maria, convento dos franciscanos.
Em 1905 o processo para sua beatificação
foi iniciado em Montenegro e terminou com êxito em Roma. Seu culto foi
confirmado por Pio XI em 21 de dezembro de 1927, que a invocou como
intercessora para a unidade da Igreja; foi beatificada em 1934. Sua festa é 27
de abril. É patrona da cidade de Kotor.
Fuente: dominicasorihuela.org
Etimologia: Hosana ou Hosaná, de
origem cristã, do latim hosanna, do
grego hosanná, derivado do aramaico hoshi’ahna: “salva, peço-te!” Vale o
mesmo que salve!, viva!
Nenhum comentário:
Postar um comentário