Felipa nasceu no final do século XII, cerca do ano 1195, da nobre
família dos Mareri, no castelo de sua propriedade situado em San Pietro de Molito,
hoje Borgo San Pietro, província de Rieti.
O fundador da baronia da família Mareri foi Felipe, que teve pelo menos
quatro filhos: Tomás, Gentil, Felipa e outra filha cujo nome se desconhece. O
maior incremento da fama e fortuna da família se deveu a Tomás, que foi um alto
funcionário do imperador Frederico II.
Felipa começou já na infância a dar mostras de virtude pouco comum e de
aptidão excepcional para os estudos. Era-lhe familiar a língua latina o que a
ajudou na leitura das Escrituras.
Orientada para a vida de perfeição por São Francisco de Assis nos anos
1221-1225, quando o Santo, peregrinando pelo Vale de Rieti, se hospedava na
casa de seus pais, Felipa tomou ainda jovem a decisão de consagrar-se a Deus, e
se manteve com tal firmeza em seu propósito, que não conseguiram dobrar sua
vontade nem as pressões dos parentes, nem as ameaças de seu irmão Tomás, nem as
ofertas e pedidos de seus pretendentes.
Diante da atitude de seus familiares, Felipa, como anos antes Santa
Clara de Assis, cortou por si própria o cabelo, vestiu hábito pobre e, junto
com sua irmã e algumas companheiras, se refugiou em uma gruta nas montanhas
próximas de seu castelo, desde então chamada “Gruta de Santa Felipa”.
Ela a adaptou com austeridades para seus fins e ali permaneceu até que
seus irmãos Tomás e Gentil subiram ao monte para solicitar-lhe o perdão e
ofereceram às servas de Deus uma igreja dedicada a São Pedro e, com uma ata
notarial datada de 18 de setembro de 1228, lhe deram o castelo de sua propriedade
em San Pietro de Molito e a antiga igreja beneditina anexa.
A "Gruta de Sta. Felipa" |
Para ali se trasladaram Felipa e suas seguidoras, e em seguida começaram
a organizar sua vida claustral seguindo a forma de vida e as normas que São
Francisco havia dado a Santa Clara e a suas irmãs do mosteiro de São Damião em
Assis.
São Francisco indicou um de seus primeiros companheiros, o Beato Rogério
de Todi, para dirigir espiritualmente a Beata e as Clarissas do mosteiro por
ela fundado. Para tanto, Rogério se trasladou para o Vale de Rieti, e ali
permaneceu cumprindo sua missão até a morte da Beata em 1236.
O Beato Rogério de Todi, por seu equilíbrio, associado ao mais fervoroso
zelo missionário, fora enviado por São Francisco à Espanha para implantar ali a
Ordem Franciscana. Erigiu conventos, acolheu religiosos que soube formar no
espírito seráfico e os organizou como Província religiosa. Terminada sua
missão, regressou à Itália.
Com os sábios conselhos do Beato Rogério, homem de grande fervor e não
menor prudência, a comunidade de Felipa Mareri, se firmou exemplarmente na
Regra da Ordem Segunda. Felipa se ligou com afetuosa devoção ao franciscano de
Todi, sob cuja direção a comunidade por ela querida progredia na perfeição.
O mosteiro logo se converteu em uma escola de santidade. A ocupação
principal da comunidade monástica era o culto e o louvor de Deus, a vida
litúrgica, a leitura e o estudo da Sagrada Escritura, a oração e a
contemplação. Porém, ao mesmo tempo, o trabalho era tido em grande consideração,
como também o atendimento dos pobres e o apostolado.
No mosteiro eram preparados remédios que eram distribuídos gratuitamente
aos doentes pobres. O fervor da caridade nas palavras e nas obras, bem como o
estilo de vida daquelas Clarissas, com Felipa à frente e todas seguindo o Santo
de Assis, fizeram reviver a vida evangélica no Vale de Rieti, como antes havia
acontecido no Vale de Espoleto.
Quando Felipa se sentiu próxima da morte, pediu a presença do Beato
Rogério. Ela morreu no seu mosteiro no dia 16 de fevereiro de 1236. Nas orações
fúnebres o Beato Rogério a invocou como se faz aos santos.
O Beato Rogério de Todi sobreviveu pouco a sua filha espiritual: faleceu
em 1237 e Bento XIV aprovou o seu culto em 24
de abril de 1751.
O novo santuário |
Logo o túmulo de Felipa se converteu em meta
de peregrinações e as graças e os favores extraordinários alcançados de Deus por
sua intercessão se multiplicaram.
Em 1706 foi feito um reconhecimento de seus restos mortais e se
constatou que seu coração permanecia incorrupto e é ainda hoje conservado em um
relicário de prata.
O Papa Inocêncio IV deu o título de “santa” a Felipa em uma bula de
1247, mas foi o Pio VII quem, em 30 de abril de 1806, confirmou seu culto
imemorial e aprovou a missa e o ofício em sua honra.
Em 1940, o antigo Borgo San Pietro e o mosteiro de Clarissas fundado por
Santa Felipa ficaram submersos sob as águas de um novo lago artificial, às
margens do qual foi reconstruído tanto o mosteiro como o povoado. A capela do
século XIII, onde eram venerados os restos mortais da Santa, foi restaurada na
nova igreja com as mesmas pedras medievais, e foi decorada com os afrescos que
a adornavam no antigo mosteiro.
No Borgo de San Pietro a Santa é comemorada no dia 16 de fevereiro, data
de seu nascimento para o céu.
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