Uma Santa equatoriana
desconhecida; a primeira a ser canonizada no Equador
Mariana era filha de Jerônimo de Paredes y Flores, Capitão espanhol, nascido em Toledo, e de Mariana de Granobles de Xamarillo. Sua mãe era descendente dos conquistadores espanhóis, católica convicta e mulher virtuosa. A Santa era de alta nobreza, pois descendia de “Grades de Espanha” (nobreza mais antiga que a da Família Real Espanhola), teve seu nome em consideração a Madre Mariana de Jesus Torres y Berriochoa (1563-1635), grande mística, sobrinha do Rei Felipe II da Espanha. Esta Madre chegou a Quito com 15 anos, acompanhando sua tia Madre Maria Taboada que fora incumbida pelo Soberano, a pedido das matronas de Quito, para fundar um monastério de Concepcionistas reclusas na capital equatoriana.
Com apenas quatro anos Santa Mariana ficou órfã de pai. Pouco tempo depois ela perdeu também sua mãe, que ficara muito entristecida pela morte do marido. Antes de morrer, a mãe de Mariana confiou-a a guarda de sua irmã mais velha. Esta já era casada com um capitão chamado Cosme de Casso, com o qual já tinha três filhas, com idades próximas às de Mariana.
O casal deu aos filhos e a Mariana uma educação humana e religiosa. Mariana sobressaiu-se logo pela inteligência nos estudos e na música, com uma bela voz. Mas cantava somente cânticos religiosos. E desde cedo manifestou grande piedade, espírito de sacrifício e oração. Com sete anos, salvou suas sobrinhas da morte, tirando-as de um lugar onde, logo em seguida, uma parede caiu.
A Maturidade espiritual
O cunhado e a irmã, percebendo que Mariana tinha uma espiritualidade precoce, quiseram que ela, aos sete anos, fizesse a Primeira Comunhão. O costume na época era aos 12 anos. Um padre jesuíta examinou-a e, surpreso com sua maturidade e virtude, ministrou-lhe a Primeira Comunhão, passando a ser seu diretor espiritual. Por essa ocasião ela quis passar a ser chamada de Mariana de Jesus, com a finalidade de mostrar a todos que ela pertencia somente a Ele. Desde menina, quis evangelizar os índios e ser eremita, mas ainda não era a hora.
Aos 12 anos, sua irmã e o cunhado quiseram levar Santa Mariana a um convento franciscano. Ela também queria, porém, fatos externos impediram que isso acontecesse. Então, Mariana compreendeu que sua vocação era viver recolhida, mas estando “no mundo”. O diretor espiritual aprovou e sua irmã destinou três aposentos da casa para que ali, ela vivesse sua vida “reclusa”. Mariana recusou móveis e luxos, escolhendo tudo muito simples e pobre.
Uma das salas tornou-se capela. Ao entrar para a sua “reclusão”, fez os votos de pobreza, castidade e obediência. De lá, só saía quando ia à igreja ou ajudar os pobres, aos quais muito amava. Sempre levava sua guitarra e cantava cânticos religiosos para consolo dos pobres. Vivia fazendo jejuns, passava dias à base de pão e água, outras vezes seu único alimento era a Eucaristia e a oração.
Levantava-se diariamente de madrugada para fazer suas orações. Todas as manhãs, das 8 às 9 horas, rezava pelas almas do purgatório. Fazia trabalhos manuais para dar aos pobres, servia refeições à família de sua irmã, lavava louças e objetos. Trabalhava como uma empregada e depois se recolhia novamente para orações e descanso noturno.
A Fraqueza física
Por causa dos jejuns e sacrifícios, ela adoecia. Por isso, como era costume na época, era submetida a “sangrias”. Uma empregada jogava o sangue tirado sempre no mesmo local. Após a morte de Santa Mariana, neste local nasceram lírios de beleza inigualável.
Profecias
Santa Mariana, como qualquer pessoa, sofreu tentações, principalmente a do desânimo e a do desespero. Porém, venceu através da Eucaristia, da oração, do jejum e da direção espiritual. Ela profetizou que a casa de seu cunhado e de sua irmã se transformaria num convento e que o lugar em que ela dormia seria o coro das irmãs. Isso, de fato, aconteceu alguns anos mais tarde, com as Irmãs carmelitas.
Milagres de Santa Mariana
A história de Santa Mariana de Jesus apresenta vários milagres e duas ressurreições acontecidas através de sua oração: uma de sua sobrinha e outra de uma índia assassinada pelo marido que julgou, injustamente, que a índia o traía. Ao voltar à vida, a índia revelou que, no meio de seus sofrimentos, antes de morrer, teve uma visão de Santa Mariana dizendo a ela: “coragem”.
Salvando a cidade de Quito
No ano 1645, quando Mariana tinha 26 anos, uma horrorosa epidemia caiu sobre a cidade de Quito. Muita gente morreu por causa dessa doença. Além disso, fortes terremotos ocorriam na região por causa de um vulcão próximo. Todos estavam alarmados e sem esperança.
Quando chegou o dia 25 de março, dia da Anunciação, Santa Mariana estava na missa. Ali ela ouviu o padre dizer que era preciso mais sacrifícios e penitências para suplicar a paz naqueles tempos de provação. Mariana quis, então, oferecer sua própria vida pela salvação do povo da cidade e orou a Deus para que assim acontecesse. Quando chegou o dia seguinte, ela começou a sofrer inúmeros males.
Ao mesmo tempo, porém, os tremores foram cessando e a peste foi terminando. Mas o povo de Quito ficou consternado ao saber do estado grave em que se encontrava aquela que tinham como verdadeira santa. A população se reuniu em frente à casa de seu cunhado, mas somente o Bispo pôde entrar.
O Bispo ministrou a ela os sacramentos e soube do oferecimento que ela fizera de sua vida. Sabendo de sua morte próxima, ela quis ser levada para a cama de sua sobrinha para que, na hora da morte, não tivesse mais nenhum pertence.
Devoção a Santa Mariana
Santa Mariana faleceu em 26 de maio do ano 1645, com apenas 26 anos de idade.
No sermão de seu enterro, realizado pelo Pe. Alonso de Rojas, S.J., este enfatizou que a sua mortificação corporal e renúncia da carne a colocou como um modelo para as mulheres de Quito, tanto que suas palavras foram: “Aprendam, mulheres de Quito, de sua compatriota, (a preferir) a santidade acima da beleza, as virtudes acima de ostentação”. E esse sermão se tornou o documento-chave no longo processo de estabelecer a sua santidade, beatificação (1853) e canonização (1950).
A peste e os terremotos passaram e a paz reinou por muito tempo em Quito. Logo todo o povo da cidade acorreu para chorar e prestar sua última homenagem àquela que tinha entregado sua própria vida por eles. Seus restos mortais foram colocados no altar da Igreja de Quito e permanecem lá até hoje. Por isso, ela chamada de a Heroína Nacional do Equador e padroeira de Quito. Após sua morte, várias graças e milagres foram alcançados através da intercessão de Santa Mariana.
Canonização
Do processo de beatificação, Monsenhor Alfonso dela Pegna deu início ao primeiro passo preliminar e instituiu o processo de inquirir e coletar evidências de santidade em sua vida, suas virtudes e milagres. Os Ritos das Sagradas Congregações discutiram e aprovaram o processo em favor de sua introdução formal e o Papa Bento XIV assinou a causa em 17/12/1757. O processo apostólico concerniu virtudes da Venerável Mariana das Paredes. Após todos os processos legais, na Basílica de São Pedro, no dia 10/11/1853, o resumo foi lido e a beatificação foi realizada.
Santa Mariana de Jesus foi beatificada pelo Papa Pio IX, no ano de 1850. Ela foi canonizada, em 1950, um século depois, pelo então Papa Pio XII.
Este quadro representa Santa Mariana de Jesus Paredes Flores Granobles y Jamarillo (1618-1645), leiga que viveu no Equador — o traje da época era de leigas — e que, por sua beleza, candura e pureza virginal, ficou para a história como a “Açucena de Quito”.
“Santa Mariana de Jesus, modelo de oração e de amor a Jesus, orai por nós, para que saibamos seguir vosso exemplo de dedicação a Deus e ao próximo. E que saibamos colocar sempre o Senhor em primeiro lugar em nossa vida”.
Santa Mariana de Jesus, Açucena de Quito, Heroína do Equador, Rogai por nós.
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S. Mariana de Jesus de Paredes, virgem | Salve Maria