quinta-feira, 30 de julho de 2015

Beata Maria Vicenta de Sta. Doroteia, Fundadora - 30 de julho

    
     Madre Maria Vicenta nasceu no Estado de Cotija, Michoacán, México, terra de santos, filha de Luís Chávez e de Benigna de Jesus Orozco, no dia 6 de fevereiro de 1867; aos dois meses recebeu na pia batismal o nome de Doroteia, que significa “presente de Deus”.
     Nos primeiros anos de sua vida trabalhou como pastora e antes da 1ª Comunhão lhe deram um Menino Jesus de porcelana que seria seu companheiro por toda a vida. Todos os anos a família deixava a ela o encargo de preparar o presépio para os festejos de Natal, e muitos vizinhos vinham vê-lo, pois havia um encanto na forma como ela colocava as figuras, a cada ano de um modo diferente.
     Após uma terrível inundação, a família ficou ainda mais pobre do que antes e o pai decidiu mudar-se para Cocula, Jalisco, Guadalajara, e passou a morar no bairro pobre de migrantes chamado Mexicaltzingo.
     No bairro de Mexicaltzingo a umidade e a falta de alimentação fizeram Doroteia adoecer gravemente dos pulmões; ela foi atendida no Hospital da Santíssima Trindade da Confraria de São Vicente de Paula. Era o ano 1892, Doroteia tinha 24 anos.
     As Filhas da Caridade haviam sido expulsas de Guadalajara no ano em que Doroteia nasceu; as asas brancas de seus véus não eram vistas no Hospício Cabañas e nos hospitais de Belém e de São Felipe. Mas senhoras católicas tinham providenciado a construção do pequeno Hospital da Santíssima Trindade junto à igreja paroquial.
     E foi neste hospital que a Providência dispôs que Doroteia fosse internada e “por uma graça especial de Deus, no mesmo dia em que ingressei no hospital concebi a ideia e tomei a resolução de consagrar-me ao serviço de Deus Nosso Senhor e Salvador na pessoa dos pobrezinhos doentes”, conforme narra a própria Beata.
     Quando Doroteia recebeu alta, foi para sua casa para despedir-se de seus familiares e voltou para ficar definitivamente a serviço do hospital. A partir de 19 de julho de 1892 o hospital e os doentes seriam seus pais e seus irmãos: Doroteia Chávez se uniu às duas Vicentinas que atendiam o centro de saúde.
     Em 1896, como a nova diretora do hospital, Margarida Gómez, desse um regulamento sumamente estrito às religiosas que ali trabalhavam, as companheiras de Doroteia saíram e ela ficou sozinha no grande edifício cheio de misérias. Naquela época ela estudava anatomia e outras matérias para dar um melhor atendimento aos doentes que acolhiam.
     Então, com a ajuda do Cônego Miguel Cano Gutiérrez, no dia 15 de agosto de 1910, Doroteia e outras seis postulantes emitiram os primeiros votos como Servas da Santíssima Trindade e dos Pobres. Ao professar, tomou o nome de Maria Vicenta de Santa Doroteia.
     Naquele mesmo ano fundaram um hospital em Zapotlán el Grande. As erupções do vulcão de Colima foram o batismo de sangue da obra, pois todo o povoado se converteu em um hospital para atender e dar de comer, assistir e ajudar a morrer bem.
     Em 1913 a Congregação foi formalizada; o primeiro capítulo geral a escolheu como Superiora geral. Outro hospital foi fundado em Lagos de Moreno e San Juan de los Lagos, e outros pequenos hospitais e asilos para anciãos foram aparecendo, poque a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo lhes pedia isto.
     As guerras externas (perseguição callista) e as guerras internas (desejos de reforma da Congregação) resultaram na retirada do cargo de Madre Vicenta e ela foi enviada para Zapotlán. Em 1929, o novo capítulo geral a recolocou no cargo de Superiora geral.
     Entre doentes e mil pequenos serviços Madre Vicentita, como era conhecida, chegou à idade de 82 anos, quando faleceu, no dia 29 de julho de 1949.
     Madre Vicentita passou para a história por sua grande bondade, doçura e caridade. Havia servido Aquele que estando sozinho, doente e velho, pobre e desvalido fora acolhido nos hospitais e asilos que seu imenso amor a Ele havia construído.
     Foi proclamada Beata pelo Papa João Paulo II em 9 de novembro de 1997, em Roma. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Beata Lúcia Bufalari, Agostiniana - 27 de julho

Martirológio Romano: Em Amélia, na Úmbria, Beata Lúcia Bufalari, virgem, irmã do Beato João de Rieti, das Oblatas da Ordem de Santo Agostinho, insigne por seu espírito de penitência e zelo pelas almas.
     Uma tradição secular, embora não baseada em documentos, diz que a Beata nasceu em Porchiano del Monte, uma aldeia a poucos quilômetros de Amélia, na Úmbria, Itália, onde, em meados do século XIII, fora construído o convento dos Agostinianos, cuja espiritualidade certamente atraiu a jovem Lúcia e também seu irmão, João. Este ingressou no convento e logo se mudou para Rieti, onde morreu muito jovem, e é conhecido com o nome de Beato João de Rieti (festa em 1º de agosto).
     As mais antigas fontes históricas à disposição para traçar um esboço biográfico da vida da Beata Lúcia são “Os Séculos Agostinianos” de Luís Torelli, usado mais tarde por Ludovico Jacobilli, mas ambos parecem se alimentar mais de estereótipos do que de eventos históricos.
     Torelli fala do pedido feito pela jovem Lúcia à seus pais para poder entrar nas Terciárias Agostinianas "na clausura que em Amélia tinha nossas religiosas", mas nenhuma documentação relativa a algum convento feminino que seguisse a regra agostiniana  no século XIV em Amélia chegou até nós.
     A conclusão lógica é que Torelli para aprofundar a sua história da Ordem, procura tornar menos escassa as poucas informações que se tem sobre a Beata, que já há séculos gozava de um culto popular generalizado, isto também só certificado por documentos do século XVII e numerosos ex-votos conservados na Igreja de Santo Agostinho.
     É o que diz também o Pe. João Lupidi em um livro de memórias históricas que apareceu na transladação do corpo para a Igreja de Santa Monica.
     Torelli descreve mortificações e penitências que a Beata se submetia, um lugar-comum em muitas vidas de santos. O cronista agostiniano continua a falar da afabilidade da Beata, de suas virtudes que convenceram as coirmãs a elegê-la sua prioresa, apesar de ser uma das mais jovens. Entretanto, não temos nenhum documento contemporâneo atestando a presença de uma comunidade estruturada de religiosas Agostinianas. Mas podemos presumir que algum grupo de "terciárias" realmente viveu à sombra do mosteiro masculino, pois, bem no canto do agora antigo mosteiro de Santa Monica, sempre foi indicada pela piedade popular a cela onde a Beata Lúcia teria vivido e morrido, e dentro da qual foi colocado um quadro de Jacinto Gimignani que a retrata.
     Sua morte teria ocorrido em 27 de julho de 1350. A Beata foi enterrada na sacristia de Santo Agostinho, em um túmulo único e bem reconhecível, um sinal claro da devoção que cercava Lúcia. E diante do túmulo logo começaram a florescer milagres, especialmente em favor das crianças "enfeitiçadas”, isto é, vítimas da ação do demônio. No quadro a Beata Lúcia expulsa o demoníaco mestre do mal.
     Os registros históricos sobre a Beata aparecem somente em 1614, quando os Anciãos da Cidade de Amélia certificaram com um ato público que o corpo incorrupto da Beata "foi mantido na sacristia da igreja de Santo Agostinho e foi considerado e reverenciado por todos os habitantes da cidade como de uma santa".
     Nos anos seguintes seu corpo foi exumado da sepultura primitiva, posto em uma urna de madeira dourada e exposto sobre um altar da igreja, onde permaneceu até 24 de abril de 1925 quando, em uma cerimônia solene, foi colocado em uma urna nova e recolocado sob um altar da igreja do mosteiro de Santa Monica. Ali permaneceu até maio de 2011. Então, devido à saída das monjas e da recente indisponibilidade da igreja, foi recolocado sob o altar da Catedral de Amélia.
     O culto da Beata Lucia foi confirmado pelo Papa Gregório XVI em 3 de agosto de 1832. A sua festa é celebrada em 27 de julho. Ela é invocada contra a possessão diabólica.
 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Santa Cristina de Bolsena, Mártir - 24 de julho

    
     A arqueologia não serve apenas para descobrir faraós enterrados em suas pirâmides; ela também pode confirmar a existência de santos mártires que deram suas vidas pela fé em Deus. Foi o que aconteceu com Santa Cristina, que teve sua tradição comprovada somente no século XIX, com as descobertas científicas de pesquisadores.
     Segundo os mosaicos descobertos na Igreja de Santo Apolinário, em Ravena, construída no século VI, Cristina era realmente uma das virgens cristãs mártires das antigas perseguições. E, portanto, já naquele século era venerada como santa, como se pode observar pela descoberta de sua sepultura, que também possibilitou a descoberta de um cemitério subterrâneo.
    A arte também corroborou com seu testemunho através dos tempos. O martírio da jovem virgem Cristina foi representado pelas mãos de famosos pintores, como João Della Robbias, Lucas Signorelli, Paulo Veronese e Lucas Cranach, entre outros. Além disso, textos escritos em latim e grego relatam seu suplício e morte, que só discordam quanto à cidade de sua origem.
    Os registros gregos mostram como sua terra natal Tiro, enquanto os latinos citam Bolsena, na Toscana, Itália.
     Esses relatos contam que o pai de Cristina, Urbano, era pagão e um oficial do Império Romano, que, ao saber da conversão da filha, queria obrigá-la a renunciar ao Cristianismo. Por isso decidiu trancar a filha numa torre na companhia de doze servas pagãs. Para mostrar que não abdicava da fé em Cristo, Cristina despedaçou as estátuas dos deuses pagãos existentes na torre e jogou, janela abaixo, as joias que as adornavam, para que os pobres pudessem pegá-las. Quando tomou conhecimento do feito, Urbano mandou chicoteá-la e prendê-la num cárcere. Como não conseguisse a rendição da filha, entregou-a aos juízes.
    Cristina foi torturada terrivelmente e depois jogada numa cela, onde três anjos celestes limparam e curaram suas feridas. Finalmente o governante pagão mandou que lhe amarrassem uma pedra ao pescoço e a jogassem num lago. Novamente anjos intervieram, sustentaram a pedra, que ficou boiando na superfície da água, e levaram a jovem até a margem do lago.
    As torturas continuaram, mesmo depois de seu pai ser castigado por Deus e morrer de forma terrível. Cristina ainda foi novamente flagelada, depois amarrada a uma grade de ferro quente e colocada numa fornalha superaquecida, mordida por cobras venenosas e teve os seios cortados, antes de, finalmente, ser morta com duas lanças transpassando seu corpo virgem. Assim o seu martírio foi divulgado pelo povo cristão desde o ano 287.
     O verbete sobre ela no Martirológio Romano é bem curto: "Em Bolsena, na Toscana, Santa Cristina, Virgem e Mártir". No passado esta santa esteve incluída no Calendário dos santos ser comemorada universalmente onde quer que o rito romano fosse celebrado, mas, ainda que a sua devoção continue aprovada, ela foi retirada da lista em 1969 "por que nada se sabe sobre esta virgem e mártir, com exceção de seu nome e o local onde está enterrada em Bolsena”.
     [O calendário tridentino deu-lhe uma comemoração dentro da Missa da Vigília de São Tiago. Quando, em 1955, Pio XII suprimiu essa vigília, a celebração de Santa Cristina se tornou um "simples" e, em 1962, uma "comemoração". De acordo com as regras nas edições posteriores do missal romano, Santa Cristina pode agora ser celebrada com um "memorial" em toda parte no dia de sua festa, exceto no caso de haver alguma celebração obrigatória designada para este dia no local.
     Toffia, na Província de Rieti, guarda as relíquias da santa e as mantém em exposição numa urna transparente. Palermo, uma cidade da qual Cristina é uma das quatro padroeiras, também alega ter as relíquias.
     A Catedral de São João Evangelista em Cleveland, Ohio, EUA, alega que "na capela da Ressurreição, abaixo do altar, está o relicário de Santa Cristina, incluindo seu esqueleto completo e um pequeno frasco com seu sangue. As relíquias foram presenteadas ao Arcebispo Schrembs em 1928 pelo papa Pio XI. A tradição diz que Cristina era uma jovem de 13 ou 14 anos que morrera por sua fé por volta do ano 300 d.C.”.

Fontes:
http://www.diariocatolico.com.br/2014/07/o-martirio-de-santa-cristina.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristina_de_Bolsena

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Beata Rita Dolores Pujalte Sanchez, religiosa, mártir na Espanha - 20 de julho

    
     A Beata Rita Dolores Pujalte Sánchez nasceu em Aspe (Alicante), no dia 18 de fevereiro de 1853, filha de Antônio Pujalte Anton e de Luísa Sanchez Almodóvar, uma família cristã e abastada. Seus anos de infância e adolescência foram marcados por forte religiosidade, dedicava-se à catequese e às obras de caridade.
     Em 1888 ingressou no Instituto das Irmãs da Caridade do Sagrado Coração de Jesus, fundado em 1877 por Madre Isabel Larrañaga, no qual desempenhou os cargos de mestra de noviças e de segunda superiora, depois da Venerável fundadora. Fez sua profissão religiosa em 21 de junho de 1890; tempos depois emitiu seus votos perpétuos.
     Destacou-se pela solidez de sua fé, caridade, espírito de oração e no trato humano. Com paciência suportou uma doença no ocaso de sua vida e a cegueira, tendo sido ajudada até o fim pela Beata Francisca Aldea Araujo, também ela religiosa da mesma Congregação, que fora discípula de Madre Rita quando esta era mestra de noviças.
     A Beata Francisca nasceu em 17 de dezembro de 1881 em Somolinos, província de Guadalajara. Atuou em diversos cargos no conselho geral, fiel observante da regra, humilde, prudente, entregue ao trabalho e à oração.
     Durante a perseguição religiosa levada a cabo na guerra civil espanhola de 1936-1939, as duas foram presas no dia 20 de julho de 1936 e fuziladas às 3 ½ h da tarde. Naquele período a Igreja pagou um enorme tributo: foram assassinados sete mil entre religiosos, religiosas e sacerdotes.
     As duas religiosas tinham passado parte de suas vidas no Colégio de Santa Susana e juntas saíram dele para percorrer um caminho que as converteria em testemunhas de sua fé. O colégio ficava no Bairro das Ventas, então uma das zonas suburbanas de Madrid. Este colégio acolhia, além das religiosas, meninas pobres e órfãs. Embora a situação fosse extremamente perigosa em meio a um ambiente geral de tensão, a comunidade optou por permanecer no colégio para atender as meninas.
     Madre Rita Dolores em várias ocasiões fora convidada a deixar o colégio e procurar por um lugar mais seguro, mas segundo sua lógica, ela perdia mais que ganhava e sempre recusava. Madre Francisca, movida por sua caridade, se comprometeu a não abandoná-la, estando consciente do risco que assumia.
     No dia 20 de julho de 1936 o colégio foi assaltado e alvo de tiroteio. Segundo testemunhas, tanto Rita Dolores como Francisca, quando souberam que a chegada dos milicianos era eminente, se dirigiram para a capela para preparar-se para o martírio; perdoaram antecipada e generosamente seus verdugos e se dispuseram para a morte, que pressentiam certa, se colocando nas mãos de Deus. “Coloquemo-nos em seus braços e que seja feita a sua santíssima vontade”, disse Madre Rita Dolores.
     Na portaria, momentos antes de sair, recitaram o Credo na presença dos milicianos, que as acompanharam até a casa de uma família conhecida. Por volta do meio-dia foram conduzidas violentamente para o interior de uma camioneta. Elas foram levadas para Canillejas, um subúrbio da capital, e ali foram fuziladas no mesmo dia, às 3 ½ h da tarde. Madre Rita tinha 83 anos e Madre Francisca 55 anos.
     Logo a fama de seu martírio foi divulgada. Testemunhas presenciais se maravilharam com a serenidade de seus rostos e do perfume que se desprendia de seus restos mortais. Por toda parte deixaram a marca de santidade e de humildade. Foram coerentes até o fim no caminho escolhido para fazer o bem ao próximo. Em 1940 seus corpos incorruptos foram encontrados e exumados.
     As Beatas Rita Dolores Pujalte Sánchez e Francisca Aldea Araujo, foram beatificadas em 10 de maio de 1998 no Vaticano pelo Papa João Paulo II. Vários habitantes de Aspes se encontravam presentes, inclusive parentes da Madre Rita Dolores, como, por exemplo, Angel Maria Boronat Calatayed, que havia intervindo no ato de beatificação.

sábado, 18 de julho de 2015

Santa Sinforosa e sete filhos, Mártires - 18 de julho

    
     Na Via Tiburtina, vivia uma senhora chamada Sinforosa com os seus 7 filhos chamados Crescêncio, Julião, Nemésio, Primitivo, Justino, Estácio e Eugênio. Ela vivia perto da majestosa vila do imperador Adriano, o qual havia ordenado a morte de seu marido, o tribuno Getúlio, do cunhado Amâncio e do amigo deles, Primitivo.
     Após ter terminado a construção de sua grandiosa vila, o imperador Adriano antes de inaugurá-la desejou consultar os deuses, os quais lhe disseram: A viúva Sinforosa e seus filhos nos atormentam diariamente invocando seu Deus. Se ela e os filhos oferecerem sacrifício, prometemos dar-lhe tudo o que pedir. Adriano chamou então o prefeito Licínio e ordenou que Sinforosa fosse presa e conduzida com seus filhos ao templo de Hércules.
     Depois, com lisonjas, ameaças e chantagens, procurou fazê-la desistir de sua Fé e a sacrificar aos ídolos, mas a Santa com nobre ânimo seguia o exemplo de Getúlio e dos companheiros de martírio de seu esposo.  Vendo que a mulher não se submetia aos seus desejos, o imperador renovou a ordem de junto com seus filhos ela sacrificar aos deuses pagãos, senão todos seriam condenados à morte, mas Sinforosa foi irremovível, como também seus sete filhos.
     Visto serem vãs todas as tentativas, o imperador ordenou que Sinforosa fosse torturada. Finalmente, ele deu ordem aos guardas para amarrarem uma grande pedra ao pescoço de Sinforosa e para lançá-la no Rio Anjo (Aniene).
     Chegou a vez de seus filhos. O imperador ordenou que fossem conduzidos ao templo onde tentaram convencê-los a aceitarem os ídolos, mas como se negassem a fazê-lo, os sete foram torturados e, em seguida, cada um deles sofreu um tipo de martírio diferente: Crescêncio foi esfaqueado na garganta, Julião, no peito, Nemésio, no coração, Primitivo foi ferido no umbigo, Justino, nas costas, Estácio, no flanco e Eugênio foi cortado em dois, de cima a baixo. Os corpos foram atirados numa vala comum no lugar que os sacerdotes pagãos passaram a chamar de "Ad septem Biothanatos" (palavra grega antiga utilizada para suicidas e, no caso dos pagãos, para denominar os cristãos que sofriam o martírio).
     Dois anos depois, tendo acalmado o furor dos perseguidores contra os cristãos, seu irmão Eugênio, que era membro do conselho de Tibur (Tiburtino = Tivoli), recolheu os corpos e os sepultou nos arredores da cidade.
     No século XVII, Antônio Bosio descobriu as ruínas de uma basílica num lugar popularmente chamado de "le sette fratte" (uma corruptela de "os sete irmãos") na Via Tiburtina, a quatorze quilômetros de Roma. Os "Atos" e o martirológio concordam que este era o local do túmulo de Sinforosa e seus filhos. Descobertas posteriores, que não deixam dúvidas de que a basílica foi construída sobre o túmulo deles, foram feitas por Stevenson. As relíquias foram transladadas para Sant’Angelo in Pescheria, em Roma, por ordem do Papa Estêvão II em 752. Um sarcófago foi descoberto no local em 1610 com a seguinte inscrição: “Aqui jazem os corpos dos santos mártires Sinforosa, seu marido Zótio (Getúlio) e seus filhos, transferidos pelo papa Estêvão”.
     Nos dias atuais há uma igreja dedicada a Santa perto de Bagni di Tivoli.
 
Etimologia: Sinforosa, do latim, provavelmente Symphorosa, derivado do grego symphorá: “sucesso, fortuna, sorte, destino”.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Beata Ermengarda de Chiemsee, Abadessa de Frauenwörth - 16 de julho

    
Martirológio Romano: No mosteiro de Frauenwörth, junto ao lago Chiemsee, na Bavária, Beata Ermengarda, abadessa, que desde sua tenra infância, desprezando o esplendor da corte imperial, escolheu servir a Deus, conseguindo que muitas outras virgens seguissem o Cordeiro (866).
 
     Hoje, dia de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja também recorda a Beata Ermengarda (Irmengarda), fundadora do mosteiro de Frauenwörth, junto ao lago Chiemsee, nasceu em Ratisbona (Regensburg) no ano 833 e morreu aos 33 anos de idade, em 866. Foi filha de Luís II "o Germânico" († 876) e de Ema von Altdorf. São seus bisavôs: Carlos Magno, Hildegarda de Vintzgau, o Duque Ingerman de Hesbaye, o Duque Isembart II von Altdorf, Ermengarda de França (irmã de Carlos Magno), o Duque Widukind "o Grande" da Saxônia e Svetana da Saxônia.
     Ermengarda teve três irmãs e dois irmãos. Junto com suas irmãs, foi educada no mosteiro de Buchau (Suábia). Mais tarde se tornou beneditina e foi-lhe confiada a abadia beneditina de Frauenwörth, localizada em uma ilha do Lago Chiemsee na Bavária, da qual ela se tornou a primeira abadessa e foi notável por sua de piedade.
     Gisela, uma de suas irmãs, se casou com o Duque Bertoldo da Suábia e teve duas filhas: Bertilda da Suábia e Cunegunda da Suábia.
     É de notar que ao contrário do que muitas vezes aconteceu nas famílias nobres da época, quando soberanas, princesas e damas da nobreza, depois de uma experiência como governantes, esposas, mães, ao enviuvarem deixavam o reino e a família para se retirarem em mosteiros, muitas vezes fundados por elas mesmas, onde começavam uma nova vida espiritual tornando-se frequentemente abadessas, a Beata Ermengarda era uma jovem virgem que desde a mais tenra infância desejou uma vida de clausura, evitando os prazeres da corte imperial.
     Ela morreu com apenas 33 anos, em 16 de julho em 866, em Frauenwörth, e repousa na capela do mosteiro. Na primeira elevação de suas relíquias lhe foi reconhecido o título e o culto de Beata. O decreto de confirmação de seu culto ocorreu em 19 de dezembro de 1928, pelo Papa Pio XI.
     A Beata Ermengarda deixou uma esteira contínua que as trevas das épocas não puderam apagar. Durante a secularização, quando as portas dos conventos se fecharam, os habitantes de Chiemgau viram luzes que se moviam pelas imediações do lugar. Diziam que era uma procissão da Beata Ermengarda.
     Atualmente somente se conserva uma parte da dupla portada do convento, contendo ao fundo as pinturas de anjos e os ossos da Beata. Essas duas coisas que restaram nos dizem muitas coisas.
     Ao fundar o convento, Ermengarda o dispôs para o serviço da Fé, queria que o reino de Deus se estendesse pelo mundo. Os afrescos dos anjos nos recordam que desde as suas mais remotas origens a vida monástica tinha os anjos como modelo: olhar a face de Deus, estar em diálogo com Ele e glorificá-Lo com cantos harmoniosos de louvor. Os anjos se distinguem porque voam e porque cantam. Voam porque são ágeis e podem alçar-se às alturas porque estão esquecidos de seu peso e de sua importância. 
     E quanto aos restos mortais de Ermengarda, segundo especialistas declararam ao analisarem seus ossos, ela morreu aos 34 anos e padecia de artrite, apesar de sua juventude, como a maioria de seus parentes. Ao tomar conhecimento de sua morte tão prematura, e daquela doença que havia suportado, podemos ter uma ideia de sua vida, seus cansaços, suas dores. Quanto ela deve ter sofrido entre os muros tão frios e no coro durante as orações das horas noturnas nos longos invernos!
     Suas dores também foram morais: soube da sublevação de seu irmão Carlo contra seu pai, (Luís o Germânico) em 862, unindo-se ao duque eslavo Ratislav (846-869), chefe de checos e morávios, e construtor do grande império eslavo.
     Ermengarda portanto foi uma mulher de amor e ao mesmo tempo de sofrimento. Nossa época ignora a ideia do sofrimento, queremos “fazer”, mas não queremos “sofrer”.
     Cento e cinquenta anos depois da morte de Ermengarda, o Abade Gerhard von Seeon colocou uma legenda em umas tabuletas de jumbo: "virgo beata nimis, ora pro nobis". Ermengarda continuava próxima para escutá-los e ajudá-los. Nas tabuletas aparecem outras palavras, um texto da Escritura que nos é bem conhecido devido à liturgia do Advento: “Alegrai-vos sempre no Senhor, vos repito, alegrai-vos. Que os homens conheçam vossa amabilidade. O Senhor está perto” (Fil 4,4).
     A faixa de terra chamada Fraueninsel ("A Ilha das Mulheres") ainda é meta de peregrinação de toda a Alemanha. Ermengarda é invocada contra a infertilidade e como protetora nos nascimentos múltiplos.
 
Fontes:  www.santiebeati.it; J. Ratzinger, De la mano de Cristo. Homilías sobre la Virgen y algunos Santos, Eunsa, Pamplona 1997, pp. 69-76.
http://es.catholic.net/op/articulos/36203/ermengarda-irmengard-beata.html

terça-feira, 14 de julho de 2015

Santa Lupercila - 14 de julho



     A partir das análises de seus ossos, se pode concluir que Santa Lupercila era uma menina de cerca de 7 ou 8 anos e devia pertencer à nobre família do Cônsul Pammacchio, que com toda a família (42 pessoas) foi martirizado sob o império de Alexandre Severo no ano 233.
     Os espólios da Santa repousaram no cemitério de São Calisto, na Via Ápia, Roma, até 1819; foram então trasladados e depositados na Igreja Paroquial de Santo Estevão em Crodo [1].
     Em 1744 o Papa Bento XIV soltou a autêntica onde se lê: “uma menina revestida de roupas preciosas como uma criança romana, tendo aos pés um vasinho de sangue”.
     Todos os anos, o segundo domingo de julho é reservado para uma antiga tradição muito cara aos moradores de Crodo: a celebração em honra da Pequena Mártir, sempre invocada com muita confiança. 
Etimologia: Lupercila, talvez seja o diminutivo feminino de Lupércio, do latim Lupercius, “relativo ao nascimento”.
 
[1] Crodo:  uma comuna italiana da região do Piemonte, província do Verbano Cusio Ossola, com cerca de 1.490 habitantes.

Igreja de Sto. Estevão, em Crodo, onde se encontra sepultada Sta. Lupercila
 

domingo, 12 de julho de 2015

Beata Zélia Guérin, mãe de Santa Teresa do Menino Jesus - 12 de julho

    
 
     Isidoro Guérin, antigo soldado do império, e recruta  da polícia, que aos 39 anos decidiu casar-se com Louise-Jeanne Macè, dezesseis anos mais jovem que ele, era o pai de Azélie-Marie Guérin (chamada  apenas Zélia) que nasceu no dia 23 de dezembro de 1831 em Gandelain, departamento de Orne (Normandia), França.
     Ela foi batizada o dia seguinte ao seu nascimento na Igreja de St.Denis-sur-Sarthon. Uma irmã, Maria Luísa a precedia de dois anos; tornar-se-á religiosa da Visitação de Mans. Um irmão, Isidoro, virá dez anos mais tarde e será o filho mimado da família. 
     Para os pais de Zélia a vida havia sido dura, o que repercutia em sua maneira de ser: eram rudes, autoritários e exigentes, se bem que tivessem uma fé firme. Zélia, inteligente e comunicativa por natureza, define sua infância e sua juventude em uma carta ao seu irmão: “tristes como um sudário, porque se a minha mãe te mimava, comigo, tu sabes, ela era muito severa; no entanto tão boa não sabia como prender-me, assim eu sofri muito do coração”.
     Apesar disto, quando seu pai, viúvo e doente, manifestou o desejo de ir morar com ela, o acolheu e cuidou dele com devoção até seu falecimento em 1868. Felizmente encontrou em sua irmã Maria Luísa uma alma gêmea e uma segunda mãe.
     Após estudos nas "Irmãs da Adoração Perpétua" de Alençon, ela sentiu-se chamada à vida religiosa, mas diante da recusa da superiora das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, ela orientou-se para uma formação profissional, se inscreveu na "École dentellière", e iniciou com sucesso a fabricação do famoso Ponto de Alençon.
     No final de 1853 instalou-se como “fabricante de Ponto de Alençon” na Rua Saint Blaise, 36. A qualidade do seu trabalho fez a fama do seu atelier. Ela foi recompensada com uma medalha de prata por ocasião da Exposição de 1858 em Alençon. Nas relações que mantém com as suas operárias, ela diz que é necessário amá-las como os membros da sua própria família.
     No mês de abril de 1858, ao cruzar com um jovem de nobre fisionomia, semblante reservado e modos dignos, se sentiu fortemente impressionada e ouviu interiormente que esse era o homem eleito para ela. Era Luís Martin, relojoeiro.  Em pouco tempo os dois jovens chegaram a um entendimento. Três meses mais tarde, no dia 13 de julho, eles se casaram na Igreja de Nossa Senhora. Eles foram  abençoados pelo Padre Hurel, Pró-Reitor da Igreja de São Leonardo.  
     O  amor que ela tem por  seu marido é expresso em suas cartas: "Tua mulher que te ama mais do que a vida", "Eu te abraço como eu te amo"... Estas não são apenas palavras: sua alegria é de estarem juntos e compartilharem tudo o que fazem na vida diária sob o olhar de Deus.
     De 1860 a 1873, nove crianças nasceram no lar Martin das quais 4 morreram pequenas. Zélia experimentava alegrias e sofrimentos no ritmo destes nascimentos e destas mortes. Assim, podemos ler na sua correspondência: "Eu gosto das crianças à loucura, eu nasci para tê-los...".
     Depois do nascimento de Teresa, em 1873, ela escrevia: "Eu já sofri muito na minha vida”. A educação de suas filhas consumia toda energia de seu coração. A confiança foi a alma dessa educação. Para suas filhas ela deseja o melhor, se tornarem santas! Isso não a impede de organizar festas, jogos... E como se diverte nesta família! Eram divertimentos castos que davam a verdadeira felicidade.
     Desde 1865 uma glândula no seio direito, que degenerara em câncer, fazia Zélia sofrer muito. "Se o Bom Deus quer curar-me, eu ficarei muito contente, porque no fundo eu desejo viver, custa-me deixar meu marido e minhas filhas. Mas, por outro lado, digo a mim mesma: se eu não for curada, pode ser que seja mais útil que eu parta”.
     No dia 28 de agosto de 1877, à meia-noite e meia, Zélia morreu na presença de seu marido e de seu irmão. 
     Deixemos as últimas palavras à Teresinha:  "De mamãe, eu amava o sorriso, seu olhar profundo parecia dizer: ‘a eternidade me encanta e me atrai, eu quero ir para o céu azul ver Deus!’”. 

* * *

     Seu esposo passa então a ocupar-se sozinho da família. Teresa tinha nesta época pouco mais de quatro anos, a filha mais velha tinha 17 anos. Ele se transfere para Lisieux, onde morava o cunhado, deste modo a Tia Celina poderia cuidar das filhas. Lá ele vê três de suas filhas entrarem para o Carmelo. Teresa também ingressa ali aos 15 anos. Luís faleceu após perder as faculdades mentais e esteve internado no sanatório de Caen.
     O casal foi beatificado pela Igreja Católica em 19 de outubro de 2008, em cerimônia realizada na basílica de Lisieux dedicada à sua filha Teresa e presidida pelo cardeal José Saraiva Martins.
     Zélia é celebrada pelo Carmelo e pela Diocese de Bayeux no dia 12 de julho.
 
 
 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Santa Amalberga de Maubeuge, Viúva e monja - 10 de julho

Esposa, mãe, viúva e religiosa: Uma santa lendária que viveu no século VII.
 
     Hoje a Igreja celebra Santa Amalberga de Maubeuge, também conhecida pelo nome de Madelberga, Amalburga, Amélia e Amália. Ela não deve ser confundida com Santa Amélia, mártir de Tavio que viveu no século III, mas, acima de tudo, com sua homônima e contemporânea, Santa Amalberga de Temse, ela também comemorada em 10 de julho.
     Santa Amalberga de Maubeuge nasceu em Saintes, na Valônia, Brabante, atualmente Bélgica, de uma família de ascendência nobre e cresceu na riqueza que convém a sua classe social.
     Desposou Witger [2], Duque de Lotaríngia e Conde de Brabante, de cuja união nasceram três filhos: Santo Emeberto [3], que foi bispo de Cambrai, Santa Reinalda [4]  mártir, que morreu decapitada em mãos dos hunos, e Santa Gúdula [5], abadessa proclamada Padroeira da Bélgica e Bruxelas. Alguns falam de quatro filhos, porque a Vita Gudilae, escrita por um monge beneditino entre 1048 e 1051, conta a história de uma certa Santa Farailde, irmã de Gúdula, que como ela fora educada no mosteiro de Nivelles, da prima Santa Gertrudes, embora na Vita Pharaildis não se faça menção deste parentesco.
     Esta santa mulher que viveu no século VII, original da Lotaríngia [1] e pertencente a uma família que conta com nada menos do que santas como Begga e Gertrudes de Nivelles, filhas dos santos Pepino de Landen e Ida de Nivelles, nos dias atuais passa quase despercebida, mas permanece até hoje um dos maiores exemplos de esposa, mãe, viúva e monja.
     Dela é dito ter sido uma mulher de rara beleza, graciosa e de modos refinados e, ao mesmo tempo simples, humilde, dedicada e zelosa com os necessitados. Seu estilo de vida sóbrio e sua caridade foi certamente um exemplo para os filhos, mas também para o seu marido que em algum momento da vida decidiu tornar-se monge.
     Foi depois do nascimento de sua última filha, Gúdula, e da morte de seu marido, Santo Witger, que se tornara monge beneditino, que ela decidiu consagrar sua vida inteiramente a Deus, recebendo o véu monástico das mãos de Santo Oberto. Entrou no Mosteiro de Maubeuge, do qual se tornou abadessa, permanecendo lá até o fim de seus dias.
     Ela morreu em 690, e pouco tempo depois seus restos mortais foram transferidos para Binche, na Abadia de Lobbes, (Hainaut) hoje Bélgica, onde ainda são mantidos.
     Um monge da Abadia Beneditina de Lobbes elaborou sua história entre 1033 e 1048; a ele devemos o que se sabe sobre ela e sua vida. Embora este escrito não seja considerado fiável ​​e sua vida parece pouco mais do que uma legenda, deve-se ressaltar que como nos mitos, ou nos contos de fadas narrados às crianças, juntamente com aqueles elementos da história que nós definimos como fantásticos estão presentes verdades.
     Em particular, na vida desta santa emerge uma verdade acima de todas: a verdade que está em Cristo, Aquele que na cruz subverteu toda a lógica e o pensamento humano, "Aquele que morrendo destruiu a morte" e redimiu o mundo. É por isso que a história, ou se quisermos, a legenda de Santa Amalberga de Maubeuge, como a de muitos outros santos e beatos antes e depois dela, é "algo que tem de ser lido”.
     Ela é lembrada por proteger as pessoas contra a dor no braço, contusões e febre. É representada segurando uma palma e um livro aberto com uma coroa a seus pés, de pé sobre um grande esturjão. 
 
Notas:
[1] A Lotaríngia foi um reino da Europa ocidental resultante da divisão do Império Carolíngio no Tratado de Verdun, e que consistia numa estreita faixa de terra ao longo dos rios Reno e Ródano. Este reino compreendia as regiões que hoje são a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, a Renânia do Norte-Vestefália, a Renânia-Palatinado e o Sarre (estados da Alemanha), e ainda a Alsácia e a Lorena – que herdou o nome do antigo reino (em alemão, o nome desta região de França atualmente é Lothringen). 
[2] Quase nada se sabe de Santo Witger de Hammes, a não ser que foi esposo de Santa Amalberga e pai dos três filhos também santos, e que se tornou monge em Hainaut.
[3] Santo Emeberto, ou Ableberto foi Bispo de Cambrai, em Flandres, na Bélgica e teria morrido em 710. De acordo com o Gesta Episcoporum Cameracensis (Atos dos Bispos de Cambrai), ele foi enterrado em um lugar chamado Hammes, localizado nas imediações de Cambrai. Seu corpo foi depois levado para a Abadia de Maubeuge, onde sua mãe havia se tornado abadessa. Memória litúrgica: 15 de janeiro.
[4] Reinalda ou Reinilde de Saintes (630 - 700), duquesa lotaríngia que dedicou sua vida inteiramente aos pobres e sofreu o martírio nas mãos dos Hunos, sendo decapitada junto com o diácono Grimoaldo e o seu servo Gondolfo. É padroeira de Saintes, onde é particularmente venerada. Lá há uma fonte chamada "poço de Santa Reinalda", que registra inúmeras curas de doenças da visão, tendo surgido um Patronato de Santa Reinalda por causa disso. Na iconografia é representada como princesa, ou por vezes como peregrina com o cajado, ou como mártir com a espada. Memória litúrgica: dia 16 de julho.
[5] Gódula ou Gúdula (646 - 680/714), é padroeira da Bélgica e da cidade de Bruxelas. Vide sua vida no dia 8 de janeiro de 2012 neste site.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Beata Maria Rosa (Suzanne Agathe Deloye), mártir - 6 de julho

Capela dos mártires, Catedral de Orange
Religiosa beneditina do convento de Caderousse
     Suzana Ágata Deloye nasceu em Sérignan, cidade limítrofe com Orange, no dia 4 de fevereiro de 1741, filha de José Alexis Deloye e Suzana Jean-Clerc. Depois de uma infância inteira passada nas práticas mais fervorosas de piedade, tendo um pouco mais de vinte anos de idade, ela pediu e obteve o seu ingresso no mosteiro beneditino de Caderousse, sob a invocação da Assunção de Nossa Senhora.
     Ali viveu Irmã Maria Rosa, ali ela fez sua profissão, ali, por fim, por mais de trinta anos, ela se preparou, por sua fidelidade aos deveres diários de sua vocação, para a glória do martírio.
     Ela deveria abrir caminho para suas companheiras de prisão, e de ser a primeira a se apresentar para as bodas do Cordeiro.
     A supressão das Ordens religiosas a fez voltar para sua família por algum tempo. Retirada em Sérignan, ela permaneceu ali até 10 de maio de 1794, edificando os seus familiares por sua piedade, e levando no mundo uma vida de santa monja. Porque as religiosas que pela malícia dos acontecimentos retornavam para a vida secular, não se acreditavam livres de suas obrigações monásticas. Um pequeno livro de poucas páginas que se fazia circular entre elas, lembrava os votos que as ligavam e as características da vida monástica que tinham de manter no século.
     Sob o título de As regras para a conduta das religiosas dispersas pela Revolução, elas aí encontravam as instruções mais sábias. Maria Rosa deve ter lido o livro. A casa onde ela encontrou refúgio era de seu próprio irmão, Pedro Alexis. Bom cristão, ele educou seus filhos na piedade e estrita observância das leis da Igreja. Duas de suas filhas deixaram a casa paterna para se consagrar a Deus a serviço dos pobres no Hospital Santa Marta de Avignon; uma terceira, Teresa Rosália Deloye, tendo entrado no Santíssimo Sacramento de Bollène, seria a última a vestir o hábito em 23 de novembro de 1790.
     Além disso, embora sabendo que estava pondo sua cabeça em risco, ele escondeu no sótão, nos piores dias do Terror, um padre não juramentado de Saint-Paul-Trois-Châteaux. Por sua audácia e sangue frio ele se impôs aos revolucionários, foi capaz de evitar suas perseguições e graças a ele os fiéis da região puderam às vezes assistir a missa e receber os sacramentos.
     Em 2 de março de 1794, a bem-aventurada beneditina foi convocada pela municipalidade de Sérignan, em companhia de Henriete Faurie e Andreia Minutte, para prestar juramento de acordo com a lei. "Todas se recusaram a fazer o juramento, apesar de tudo o que foi feito pelo prefeito para fazê-las aceitar".
     O fracasso desta primeira tentativa não desanimou os municipais. Um período de dez dias "para que elas refletissem sobre uma recusa que não devia existir” foi dado às três religiosas, mas no sétimo dia foram convocadas novamente, e Irmã Maria Rosa persistiu na recusa, bem como suas duas companheiras.
     O Comitê de Supervisão de sua região a colocou na prisão, e a conduziu a Orange, com as duas religiosas do Santíssimo Sacramento de Bollène, Henriete Faurie e Andreia Minutte, e um padre, o Cônego Lusignan. A partir desse momento a causa de sua prisão pareceu óbvia. "Enviamos”, escreve o Comité de Sérignan ao de Orange, “as três religiosas não juramentadas que temos aqui". Nenhum outro delito era imputado a Irmã Maria Rosa, a não ser sua recusa em prestar um juramento que sua consciência rejeitava. E que culpa seriam capazes de descobrir na vida desta beneditina cujas ações e palavras eram edificantes e puras?
     Deus quis que a partir daquele momento a Irmã Maria Rosa conhecesse a amargura específica a determinados mártires. A municipalidade de Sérignan a conduziu a Orange na carroça de seu irmão Alexis, dirigida por seu empregado acompanhado de dois Guardas Nacionais.
     Na prisão da Cure, onde a Irmã Maria Rosa ficou presa desde o dia de sua chegada, 10 de maio, estavam presas há oito dias as religiosas aprisionadas no final de março.
     A presença e o fervor destas santas mulheres já tinham dado à escura prisão a aparência de um convento. Lá elas seguiam uma regra e praticavam seus exercícios regulares, e até mesmo se engajavam em algumas austeridades compatíveis com a sua situação. Irmã Maria Rosa encontrou ali, sob uma forma ligeiramente diferente, mas no seu essencial, suas práticas beneditinas. E alegremente tomou seu lugar entre as prisioneiras e participou das suas orações e penitências.
     Quase dois meses se passaram assim. Em 5 de julho, ela foi chamada ao tribunal da Comissão do Povo. Os juízes esperavam que tendo sido chamada a primeira e única de suas companheiras, ela enfraqueceria e reconsiderando sua intransigência prestaria enfim o juramento prescrito. Além disso, o presidente Fauvéty imediatamente trouxe o interrogatório em seu verdadeiro ponto, e lhe propôs jurar imediatamente, como diziam então, e obedecer à lei. Irmã Maria Rosa recusou com firmeza, declarando que ela sobretudo via o juramento como uma verdadeira apostasia.
     O acusador público Viot tinha uma tarefa fácil. Sobre a cabeça desta primeira vítima, condenada já por sua confissão corajosa a uma morte próxima, ele acumulou palavras retumbantes, mas assassinas, com que ele condenaria todas as suas companheiras. "Muito inimiga da liberdade, esta jovem tem tentado de tudo para destruir a república pelo fanatismo e pela superstição. Ela recusou o juramento que foi exigido dela, ela queria acender a guerra civil... etc.".
     “O fanatismo, a superstição”, aquilo significava na linguagem revolucionária a fidelidade à Igreja, seus sacramentos, seu culto, seus sacerdotes. Ninguém naquela época se enganava com isso e teria sido difícil manter a este respeito as menores ilusões. Fouquier-Tinville ele próprio tinha precisado o significado destas palavras encontradas em todos os indiciamentos de nossos veneráveis. Em 17 de julho 1794, uma carmelita de Compiègne acusada de fanatismo perguntou o que significava. O procurador-geral respondeu entre as mais horríveis blasfêmias: "Por fanatismo, eu entendo o seu apego às práticas pueris e às suas crenças tolas".
     Condenada à morte em 6 de julho, a Irmã Maria Rosa foi executada no mesmo dia às 18:00. Com ela morreu pela mesma causa um sacerdote santo, o Cônego Antoine Lusignan. Sua emulação para morrer como dignos mártires, diz um de seus historiadores, foi tal que não podemos dizer se foi a religiosa que sustentou a coragem do sacerdote, ou o padre que apoiou a da religiosa. O que é certo é que eles foram para a morte com uma santa alegria. Irmã Maria Rosa mostrou às suas companheiras o caminho da verdadeira vida. Elas não tardariam a palmilhá-lo.
     Foi beatificada pelo Papa Pio XI em 10 de maio de 1925.