sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Santa Margarida Ward, Mártir da Inglaterra - 30 de agosto


Estátua da nave Sta. Margaret Ward dentro da Igreja de Sta.
Etheldreda em Ely Place, Londres.
 
   Margarida Ward nasceu em Congleton, Cheshire, em torno de 1550, no seio de uma distinguidíssima família inglesa. Pouco se sabe de sua vida, somente que nos últimos anos viveu na casa da nobre senhora Whitall, da qual era dama de companhia.
     Margarida era católica, e soube que haviam prendido o sacerdote Guilherme Watson, que estava encarcerado e submetido a contínuos sofrimentos. Estava em curso a perseguição da sanguinária Isabel I contra os católicos, e a tortura era uma prática usual. Margarida decidiu visitá-lo repetidas vezes, para ajudá-lo e confortá-lo.
     Watson, que escreveu a obra conhecida como "Quodlibets", já tinha estado preso uma primeira vez, porém logo, em um momento de debilidade pelas torturas sofridas, tinha consentido participar do culto protestante, e por isso fora libertado. Porém amargamente arrependido desta ação, se retratou publicamente e declarou ser católico, e foi novamente preso e levado para a prisão de Bridewel.
     Depois de várias visitas, que suavizaram a vigilância do carcereiro, Margarida levou uma corda para ele poder escapar. Na hora fixada, o barqueiro que se havia comprometido a transportar o sacerdote rio abaixo, se negou a levar a cabo seu trabalho. Em sua angústia, Margarida confiou seu problema ao jovem John Roche (ou Neele), que se comprometeu a ajudá-la. Preparou um bote e trocou de roupa com Watson, que pode fugir. Porém a roupa traiu John Roche e a corda convenceu o carcereiro que Margarida Ward havia sido o instrumento da fuga do prisioneiro. Ambos foram detidos.
     O Venerável Robert Southwell escreveu ao Padre Acquaviva, S.J.: "Foi açoitada e suspensa pelos punhos, só tocava o solo com as pontas dos dedos de seus pés, durante tanto tempo, que ficou inválida e paralisada, porém estes sofrimentos reforçaram em grande medida a gloriosa mártir em sua luta final".
     A dama não só confirmou plenamente tudo quanto tinha feito, como negou revelar onde o fugitivo estava escondido; não quis pedir perdão à rainha Isabel, nem aderir ao culto protestante, condições que lhe eram impostas para obter a liberdade. Ela estava convencida de que não havia ofendido a soberana, e considerava coisa absolutamente contrária à sua genuína fé católica o assistir às funções de um culto herético.
Portão da  prisão de Newgate,
Londres
     
     Foi julgada e condenada à morte em Newgate por alta traição. Imolou sua vida pela fé católica que não quis abjurar, e caminhou para o patíbulo em Tyburn no dia 30 de agosto de 1588.
     Ricardo Leigh, sacerdote, e os leigos Eduardo Shelley, Ricardo Martin, ingleses, e John Roche, irlandês, e Ricardo Lloyd, galês, foram seus companheiros de martírio. O primeiro por ser sacerdote e os outros por terem dado hospitalidade a sacerdotes. Todos eles foram beatificados em 1929 pelo Papa Pio XI, e Margarida foi canonizada em 25 de outubro de 1970 pelo papa Paulo VI entre os 25 mártires da Inglaterra e Gales.



 
Fontes: www.santiebeati.it; Burton, Edwin. "Santa Margarida Ward" Enciclopedia Católica. Vol. 15. N. York: Robert Appleton Company 1912. 4 de febrero 2010
http://www.newadvent.org/cathen/15551b.htm
 
Etimologia: Margarida = pérola, do grego e latim

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Santa Mônica, Viúva, Mãe de Sto. Agostinho – 27 de agosto


 Nunca subestimeis as orações de uma mãe
 
     Viúva, nasceu de pais cristãos em Tagaste, Norte da África, em 333; morreu em Óstia, perto de Roma, em 387.
     Pouco nos é dito sobre sua infância. Ela se casou cedo com Patrício, que ocupava um cargo oficial em Tagaste. Ele era pagão, embora, como tantos naquele período, sua religião não fosse mais do que um nome; seu temperamento era violento e parece ter hábitos dissolutos. Consequentemente, a vida de casada de Mônica estava longe de ser feliz, mais especialmente porque a mãe de Patrício parece ter tido a mesma disposição que ele. Havia, é claro, um abismo entre marido e mulher; suas esmolas e seus hábitos de oração o incomodavam, mas diz-se que ele sempre a manteve em uma espécie de reverência. Mônica não foi a única matrona de Tagaste cuja vida conjugal foi infeliz, mas, por sua doçura e paciência, ela foi capaz de exercer um verdadeiro apostolado entre as esposas e mães de sua cidade natal, suas palavras e exemplo tiveram um efeito proporcional.
     Três filhos nasceram desse casamento, Agostinho, o mais velho, Navigius, o segundo, e uma filha, Perpétua. Mônica não conseguiu garantir o batismo para seus filhos, e sua dor foi grande quando Agostinho adoeceu; em sua angústia, ela implorou a Patrício que permitisse que ele fosse batizado; Ele concordou, mas quando o menino se recuperou retirou seu consentimento. Toda a ansiedade de Monica agora se concentrava em Agostinho; ele era rebelde e, como ele mesmo nos diz, preguiçoso.
     Ele foi enviado para Madaura para a escola e Monica parece ter literalmente lutado com Deus pela alma de seu filho. Um grande consolo foi concedido a ela - em compensação, talvez, por tudo o que ela experimentaria por meio de Agostinho: Patrício tornou-se cristão. Enquanto isso, Agostinho havia sido enviado a Cartago, para prosseguir seus estudos, e ali caiu em pecado grave. Patrício morreu pouco depois de sua recepção na Igreja e Mônica resolveu não se casar novamente.
Casamento de 
Santa Mônica
     Em Cartago, Agostinho tornou-se maniqueísta e, quando voltou para casa, ventilou certas proposições heréticas, ela o afastou de sua mesa, mas após uma visão estranha, chamou-o de volta. Foi nessa época que ela foi ver um certo santo bispo, cujo nome não é dado, mas que a consolou com as agora famosas palavras: "o filho dessas lágrimas nunca perecerá".
     Não há história mais patética nos anais dos santos do que a de Mônica perseguindo seu filho rebelde em Roma; quando ela chegou, ele já tinha ido para Milão, mas ela o seguiu. Ali ela encontrou Santo Ambrósio e, por meio dele, teve a alegria de ver Agostinho ceder, após dezessete anos de resistência.
     Mãe e filho passaram seis meses de verdadeira paz em Cassiacum, após os quais Agostinho foi batizado na igreja de São João Batista em Milão. A África os reivindicou, no entanto, e eles partiram em sua jornada, parando em Cività Vecchia e em Ostia. Aqui a morte alcançou Mônica e as melhores páginas de suas "Confissões" foram escritas como resultado da emoção que Agostinho experimentou.
     Santa Mônica foi enterrada em Óstia e, a princípio, parece ter sido quase esquecida, embora seu corpo tenha sido removido durante o século VI para uma cripta escondida na igreja de Santo Áureo. Por volta do século XIII, no entanto, o culto a Santa Mônica começou a se espalhar e uma festa em sua homenagem foi mantida em 4 de maio.
     Em 1430, Martinho V ordenou que as relíquias fossem trazidas para Roma. Muitos milagres ocorreram no caminho, e o culto de Santa Mônica foi definitivamente estabelecido. Mais tarde, o arcebispo de Rouen, cardeal d'Estouteville, construiu uma igreja em Roma em homenagem a Santo Agostinho e depositou as relíquias de Santa Mônica em uma capela à esquerda do altar-mor. O Ofício de Santa Mônica, no entanto, não parece ter encontrado um lugar no Breviário Romano antes do século XVI. 
   
Em 1850, foi estabelecida em Notre Dame de Sion em Paris uma Associação de mães cristãs sob o patrocínio de Santa Mônica; seu objetivo era a oração mútua por filhos e maridos que se desviaram. Esta Associação foi em 1856 elevada à categoria de arquiconfraria e se espalhou rapidamente por todo o mundo católico, com filiais sendo estabelecidas em Dublin, Londres, Liverpool, Sydney e Buenos Aires. Eugênio IV havia estabelecido uma Confraria semelhante muito antes.


 
Bibliografia. SANTO AGOSTINHO, Confissão, IX, reimpresso em SURIUS. GUALTERUS, cônego regular de Ostia, que foi especialmente encarregado do trabalho de remoção das relíquias de Ostia por Martinho V, escreveu uma vida do santo com um relato da tradução. Ele anexou à vida uma carta que costumava ser atribuída a Santo Agostinho, pretende ser escrita para sua irmã Perpétua e descreve a morte de sua mãe. Os bollandistas decidem pelo caráter contemporâneo da carta, negando-a a Santo Agostinho. BARONIUS, Ann. Eccl., ad an. 389; BOUGAUD, Histoire de S. Monique.
HUGH T. POPE (Enciclopédia Católica)
27 de agosto - Nunca subestime as orações de uma mãe - Nobreza e elites tradicionais análogas (nobility.org)
 
 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Venerável Hermínia, Venerada em Reims - 25 de agosto

   
    Em 1384, uma camponesa pobre e iletrada chamada Hermínia mudou-se para a cidade de Reims com seu esposo idoso. A época em que ela viveu era afligida por guerras, pragas e pelo cisma no interior da Igreja Católica, e a vida de Hermínia poderia facilmente não ser notada entre as rupturas da História.
     Porém, após a perda de seu esposo, as coisas tiveram uma reviravolta: nos últimos dez meses de sua vida, Hermínia foi atormentada por visões noturnas de anjos e demônios. Durante seus horrores noturnos ela era atacada por animais, surrada e sequestrada por demônios disfarçados, e exposta a espetáculos carnais; em outras noites, ela era abençoada por santos, visitada pela Virgem Maria. Ela confessou estas coisas estranhas a um frade agostiniano conhecido pelo nome de Jean le Graveur, que relatou tudo com detalhes vívidos.
     Em uma Vita escrita por Radulfo, vice-prior de um mosteiro próximo a Reims, é relatado que Hermínia era pobre de dinheiro, mas rica de paciência e de humildade.
     Hermínia faleceu no dia 25 de agosto de 1396. Foi sepultada na nave da Igreja de São Paulo, onde atualmente se vê o coro dos monges, sob uma pedra branca com sua imagem e uma breve inscrição. Uma relação das visões de Hermínia foi enviada por João Morelli para Paris, onde foi examinada por Pedro d’Ailly, superior da universidade de Navarra e por Gerson. Os dois concluíram que o culto a Hermínia poderia ser difundido.
     Sua festa é celebrada no dia 25 de agosto.
 
 
Etimologia: Hermínia, duas origens: 1) do latim Herminius, derivado de Hermes; 2) do alemão, Irmin, o deus Irmin, “o grande, o forte, o poderoso”. Em francês, Ermine. Também pode ser hipocorístico de Irmgard ou Irmingard: “bastão (gard) do deus Irmin (grande, forte, poderoso).

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Beata Vitória Rasoamanarive, Viúva e princesa de Madagáscar - 21 de agosto

     
A Beata Vitória Rasoamanarive, nasceu em 1848 na cidade de Tananarive na grande Ilha de Madagáscar (*), e pertencia a uma das mais poderosas famílias dos Hovas: seu avô materno foi primeiro ministro por vinte anos quando era rainha Ranavalona (1832-1852) e era irmã de Rainilaiarivony, que exerceu a mesma função por mais de 30 anos, de 1864 a 1895.
     Segundo o uso do país, foi adotada pelo irmão mais velho do pai, de quem se sabe pouco; o tio Rainimaharavo era comandante geral do exército malgaxe.
     Rasoamanarive (este era seu nome original) cresceu recebendo, principalmente da mãe, uma ótima educação moral e seguia a religião idolátrica dos seus ancestrais. Mas quando alguns missionários franceses chegaram a Madagáscar, e se estabeleceram em Tananarive, ela ingressou na escola das Irmãs de São José de Cluny, abraçou a fé católica e no dia de Todos os Santos de 1863 foi batizada, recebendo o nome de Vitória.
     Madagáscar sofria então influência colonial da França, o que resultava em descontentamentos e tumultos; quando o Rei Radana II, considerado demasiado amigo da França foi afastado, se desencadeou uma perseguição mais ou menos aberta contra a missão católica, pois a nacionalidade francesa dos missionários supunha um apoio aos interesses coloniais da França.
     Vitória teve que suportar a insistência de seu pai adotivo que procurava convencê-la a deixar a fé católica e retornar ao paganismo, ou abraçar a fé anglicana, que naquele tempo estava bem radicada em Madagáscar. Vitória resistiu com firmeza a todos os pedidos, ameaças e até castigos corporais. Pensou mesmo em ingressar num convento. Todavia os missionários foram de parecer que isso era uma imprudência e aconselharam-na a permanecer na família e a ser apóstola no mundo.
     Finalmente ela contraiu matrimônio em 13 de maio de 1864, perante um sacerdote católico, com o jovem Radriaka, filho do primeiro ministro e comandante do exército. O marido era um homem dissoluto, o que provocou tais sofrimentos à jovem esposa, que chegou a ser aconselhada pelos parentes a se divorciar. Ela, porém, cônscia da indissolubilidade do matrimônio e certa de que provocaria escândalo perante a opinião pública uma princesa católica se divorciar, preferiu aguentar a dolorosa situação até à morte de Radriaka, que ocorreu em 1887.
     Pelos seus magníficos exemplos de vida autenticamente cristã, conquistou a simpatia e o respeito de todos: povo e autoridades. Serviu-se desse prestígio para se tornar o sustentáculo da fé católica defendendo-a continuamente junto a rainha e ao poderoso primeiro ministro nos anos em que os missionários foram expulsos (1883-1886). Intervinha para que as igrejas e as escolas católicas permanecessem abertas, encorajava os católicos enviando mensageiros ou indo pessoalmente aos vilarejos vizinhos. Visitava os pobres, os presos e os leprosos, procurando socorrê-los na medida do possível.
     Segundo uma expressão malgaxe, tornou-se “Pai e Mãe” dos fieis e a coluna da Igreja, que ficou privada de seus pastores. Quando em 1886 os missionários puderam retornar, encontraram uma comunidade católica florescente e vigorosa, resultado de seu mérito.
     Sofreu várias enfermidades com grande paciência e faleceu no dia 21 de agosto de 1894, aos 46 anos. Foi grande o pesar do povo. Embora não desejasse, foi sepultada triunfalmente no mausoléu de seus antepassados em Tananarive.
     A causa de sua beatificação foi iniciada somente em 14 de janeiro de 1932. Depois do processo canônico e da comprovação de um milagre atribuído à sua valiosa intercessão, foi beatificada pelo papa João Paulo II em 29 de abril de 1989, em Antananarivo, Madagáscar.  
 
AAS 84 (1992) 493-6; L'OSS. ROM. 7.5.1989. 
 
(*) Madagascar é a quarta maior ilha do mundo, depois da Groenlândia, Nova Guiné e Bornéu. Situa-se a 200 milhas da costa da África, no Canal de Moçambique no sul do Oceano ìndico. A capital, Antananarivo, fica mais ou menos no meio da ilha. Madagascar é também chamada de “a grande ilha vermelha” por causa dos seus solos avermelhados, ruins para a agricultura.
     Os primeiros grupos humanos a chegarem à ilha foram os malaio-polinésios há dois mil anos. A partir do século X começam a migrar povos africanos e comerciantes árabes. Os árabes batizaram a ilha de "Jaziral al Gamar", que em português significa "Ilha da Lua". Nesse período algumas cidades malgaxes como Ilharana e Nosy-Manja já realizavam comércio com mercadores árabes e indianos.
     Os portugueses foram os primeiros europeus a chegarem à ilha, no século XV. Em 1500 o navegador Diogo Dias batizou a ilha de São Lourenço. Os franceses fundaram em 1643 Fort Dauphin, atual Toliara no extremo sul da ilha, que serve como base de proteção às possessões francesas nas Ilhas Reunião.
     A França estabeleceu o protetorado na ilha em 1885, com a derrota da rainha Ranavalona III, que dois anos mais tarde também foi exilada na Argélia, e Madagáscar passou a ser uma colônia. Em 1905 foi estabelecida a União Malgaxe, em que os merinos com ajuda francesa conquistaram definitivamente a ilha.


 

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Santa Helena, Imperatriz, mãe do Imperador Constantino - 18 de agosto


     Helena nasceu em meados do século III, provavelmente em Bitínia, região da Ásia Menor. Os autores britânicos afirmam que ela nasceu na Inglaterra, naquele tempo uma província romana. Segundo a tradição, Helena era muito bela e foi este o atributo que atraiu o famoso general romano Constâncio Cloro, quando a viu enquanto percorria a região. Constâncio Cloro, tribuno e mais tarde governador da ilha, enamorou-se dela e a tomou por esposa
     Por volta do ano 274 tiveram um filho a quem deram o nome de Constantino.
     Constâncio Cloro chegou a ser marechal de campo e o imperador Maximiano nomeou-o corregente e, portanto, seu sucessor no Império, mas com a condição de que repudiasse sua mulher e esposasse sua filha Flávia Maximiana Teodora.
     Tanto Helena quanto Constâncio Cloro eram pagãos. Levado pela ambição, Constâncio se separou dela e levou para Roma seu pequeno filho, Constantino. Por catorze anos Helena chorou sua desgraça, nos quais se converteu ao cristianismo.
     Depois da morte de Constâncio Cloro, Constantino foi proclamado imperador de Roma pelo exército. Constantino mandou vir sua mãe para viver na corte, conferindo-lhe o nome de Augusta e o título de Imperatriz. Embora fosse pagão como seu pai, o jovem tinha sido instruído por sua amada mãe nos fundamentos do cristianismo.
     Entretanto, converteu-se quando antes da batalha na região entre Saxa Rubra e Ponte Milvio, viu uma Cruz em seus sonhos com uma legenda que dizia: “Com este sinal vencerás”. No dia seguinte, o imperador levou uma Cruz ao combate e exclamou: “Confio no Cristo em quem minha mãe Helena crê”.
     Constantino amava muito sua mãe e, por volta do ano 325, outorgou-lhe o título de Augusta ou imperatriz. Além disso, mandou fazer moedas com a imagem dela e lhe deu plenos poderes para utilizar o dinheiro do governo nas boas obras que quisesse.
     Santo Ambrósio narrou que, apesar de ostentar tão alta dignidade, Santa Helena se vestia com simplicidade e ficava entre os pobres para ajudá-los. Também era conhecida por sua intensa vida de piedade.
     Helena recebeu o Batismo, provavelmente no ano 307, e foi uma cristã exemplar, testemunha da grande jornada em que Constantino colocou pela primeira vez a cruz nos estandartes de suas legiões para vencer em batalha o seu rival Maxêncio, no mês de outubro do ano 312.
     No início do ano 313 o imperador publicou o Édito Milão pelo qual permitia o cristianismo no Império. Seguindo o exemplo de sua mãe, converteu-se, sendo batizado pelo Papa São Silvestre. Depois de trezentos anos de perseguição, a Igreja de Cristo assentava-se triunfante sobre a terra. A piedosa imperatriz dedicou-se inteiramente a socorrer os pobres e aliviar as misérias de seus semelhantes.
     Quando já anciã - tinha então setenta e sete anos - visitou os santos lugares. Subiu ao topo do Gólgota onde havia sido erguido um templo à Vênus. Este templo fora construído por ordem do imperador Adriano, que odiava os cristãos, e certamente quis com isso evitar que aquele local fosse venerado pelos discípulos de Nosso Senhor.
     Conhecendo o costume judaico de enterrar no lugar da execução de um malfeitor os instrumentos que serviram para sua morte, Santa Helena mandou derrubar o templo e procurar a cruz onde padecera o Redentor.
     Tendo sido encontradas três cruzes, era difícil saber qual delas era a de Nosso Senhor. Uma antiga tradição narra o modo milagroso como se conseguiu identificar a que correspondia a Jesus: a cura de uma agonizante. Tradicionalmente esta descoberta tem data de 3 de maio de 326, e a festa da Exaltação da Santa Cruz acontece todo dia 3 de maio.
     A imperatriz encontrou outras relíquias de Jesus: os cravos que perfuraram suas mãos e pés, o “Titulus Crucis”, uma parte da túnica que usou antes de ser crucificado, um fragmento da manjedoura onde Ele repousou e a Escada Santa.
     Também recuperou as relíquias dos Reis Magos e descobriu o sepulcro onde Jesus Cristo foi enterrado.
     Na Terra Santa, Santa Helena mandou construir três templos: um no Calvário, outro no Horto das Oliveiras e o terceiro em Belém.
     Santa Helena estava com oitenta anos quando regressou de sua viagem. Faleceu pouco depois, provavelmente em Tréveris, por volta do ano 328 ou 330. Foi enterrada nos arredores de Roma e seu sarcófago foi transferido em 1777 para o Vaticano e restaurado.
     O sarcófago tem gravadas cenas de batalhas dos romanos contra os bárbaros e um par de leões. Pode ser visitado no Museu Pio Clementino, dentro dos Museus Vaticanos.
     O Martirológio Romano comemora sua festa em 18 de agosto. Uma capela dedicada a ela, em Roma, conserva algumas de suas relíquias.
"In hoc signo vinces"
     O historiador Eusébio de Cesaréia relata que o filho de Santa Helena era pagão, mas respeitava os cristãos. No ano 311, tendo que enfrentar terrível batalha contra o perseguidor Maxêncio, chefe de Roma, na noite anterior à batalha teve um sonho no qual viu uma cruz luminosa no ar e ouviu uma voz que lhe dizia: "Com este signo vencerás", e ao iniciar a batalha mandou colocar a cruz em várias bandeiras dos batalhões e exclamou: "Confio em Cristo em quem crê minha mãe Helena". A vitória foi total e Constantino chegou a ser Imperador. Logo decretou a liberdade para os cristãos, que por três séculos vinham sendo muito perseguidos pelos governantes pagãos.
A descoberta
     Escritores muito antigos como Rufino, Zozemeno, São Crisóstomo e Santo Ambrósio, contam que Santa Helena pediu permissão a seu filho para ir buscar em Jerusalém a cruz na qual morreu Jesus. Depois de muitas e profundas escavações três cruzes foram encontradas. Como não se podia distinguir qual era a cruz de Jesus, levaram-nas a uma mulher agonizante. Ao tocá-la com a primeira cruz, a enferma piorou; ao tocá-la com a segunda, continuou tão doente quanto antes; porém, ao tocá-la com a terceira cruz, a enferma recuperou instantaneamente a saúde.
     Então Santa Helena e o Bispo de Jerusalém, São Macário, e milhares de devotos levaram a cruz em piedosa procissão pelas ruas de Jerusalém. E pelo caminho se encontraram com uma mulher viúva que levava seu filho morto para ser enterrado. Ao aproximarem a Santa Cruz do morto este ressuscitou.
     Santa Helena fez com que se dividisse a cruz em três partes. Um dos pedaços foi entregue ao Bispo São Macário, para que o entronizasse na Igreja de Jerusalém; o segundo foi enviado para a Igreja de Constantinopla e o terceiro para Roma. A basílica que abrigou a relíquia chamou-se Santa Cruz de Jerusalém. Mandou também construir três edifícios: um junto ao monte Calvário, outro na cova de Belém e um terceiro no monte das Oliveiras.
     A imperatriz permaneceu algum tempo na Palestina, servindo ao Senhor com a oração e as obras de caridade. Cuidava dos doentes, libertava os cativos e dava alimento aos pobres, levando sempre em seu espírito, como exemplo, a imagem da Virgem Maria.
     Por muitos séculos a festa da descoberta da Santa Cruz foi celebrada em Jerusalém, e em muitos locais do mundo inteiro, no dia 3 de maio.
     Diz a tradição que, para proteger seu filho Constantino nas batalhas, Santa Helena colocou um dos cravos de Jesus em seu capacete e outro em seu cavalo.
     Santa Helena faleceu entre os anos 330 e 335. Foi enterrada nos arredores de Roma e seu sarcófago foi transferido em 1777 para o Vaticano e restaurado. 
    
O sarcófago tem gravadas cenas de batalhas dos romanos contra os bárbaros e um par de leões. Pode ser visitado no Museu Pio Clementino, dentro dos Museus Vaticanos.
Santa Helena, padroeira dos convertidos 
     Santa Helena converteu-se à fé católica, mostrou piedade aos mais frágeis e lutou muito pela liberdade religiosa.
     Uma grande figura materna, preocupou-se a vida toda com seu filho. Mesmo com toda a sua dedicação ao filho, não se descuidou do lado apostólico e dos mais necessitados.
     Iluminado pela oração da mãe e por um sonho, Constantino pintou cruzes nas bandeiras usadas em uma batalha e logrou a vitória. Assim, o imperador cessou a perseguição contra os cristãos, garantindo a liberdade religiosa. Constantino se converteu graças a fé de sua mãe.
     Helena dedicou-se à propagação do cristianismo em todo território romano. Ela defendeu a construção de templos e ajudou obras de assistência aos mais necessitados. Em idade avançada, saiu em peregrinação para a Palestina e ajudou o bispo Macário a identificar a verdadeira Cruz de Jesus.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Beata Isabel Renzi, Fundadora - 14 de agosto

Martirológio Romano: Em Coriano, na Emilia, Itália, Beata Isabel Renzi, virgem, que fundadora das Pias Mestras da Virgem Dolorosa, pôs todo seu empenho para que as meninas pobres recebessem na escola uma formação humana e catequética († 1859).
 
     Maria Isabel, a segunda filha de João Batista Boni Renzi e de Vitória, nasceu no dia 19 de novembro de 1786 em Saludecio, situado entre as verdes colinas de Rímini, Itália, com vistas para o mar Adriático. A família se trasladou para Mondaino, província de Rímini, em 1791. As razões deste traslado se podem encontrar nas funções de administração de seu pai e a conveniência para o melhor cumprimento da profissão de avaliador e diretor de seus ativos e dos bens do mosteiro das Clarissas, desta localidade.
     Aos nove anos mais ou menos, Isabel entrou no mosteiro das Clarissas, como uma estudante, e pouco depois recebeu sua Primeira Comunhão. Sua estadia como aluna, teve que deixar marcadas em seu espírito, e em particular mediante o ensino e o exemplo das monjas que participam diretamente na formação das jovens. Isabel começou a perceber a presença de Deus em sua vida, adornada com uma "doçura natural" e pela poderosa experiencia de vida cristã junto a seus pais.
     João Carlos Renzi, o irmão de Isabel testemunhou: “desde menina ela se forjou no silêncio e na oração; Isabel passou através das comodidades da casa onde a vira nascer, como um raio de luz que se estendeu sobre o ouro, não tocado pela beleza das coisas preciosas que o rodeavam, porém as coisas preciosas a fizeram bela a si mesma com sua grande bondade e doçura”.
     "Desde muito jovenzinha ela gostava de se recolher, para passar seu tempo com seu Amado Jesus, se empenhava em crescer na virtude, de modo, que se elegeu uma companheira com a qual competia para ver quem amava mais a Jesus”.
     Em 1807, aos 21 anos, desejosa de entregar-se completamente a Deus e aos irmãos, pediu que lhe fosse permitido fazer uma experiência no mosteiro agostiniano de Pietrarubbia, no condado de Carpegna, província de Pesaro e Urbino.
     O mosteiro gozava de grande fama pela profunda espiritualidade das monjas agostinianas: era muito pobre, situado em um lugar muito solitário, por isto, o Bispo de Montefeltro costumava dizer que se necessitava uma especial vocação pela soledade total que reinava ali, e pelas doenças causadas pelas fortes nevadas e o frio intenso.
     Isabel imediatamente sentiu toda a força de uma intensa vida de consagração ao Senhor, como se depreende da carta escrita a seu pai, que expressa o forte desejo de entregar-se à glória de Deus, na casa de Deus: "... Ó pai, me permita que eu espere aqui o prêmio das boas obras, dos bons pensamentos, dos bons desejos, posto que Deus, o único que é bom, também Ele leva em conta os bons desejos. Deus me faz tantas ofertas! Deseja, pois que não cuide de Sua amizade, que me importe bem pouco de Suas promessas? Pai veneradíssimo, lhe digo: tenho um grande desejo de fazer o bem, rezar muito pela glória de Deus, e na verdade, para a maior glória de Deus... na casa de Deus”.
     Em 1810, um decreto napoleônico que obrigava as religiosas a regressar à suas casas, impediu que fizesse o noviciado. Teve que voltar à vida em família; este momento foi muito doloroso para ela, porém a forjaria para as provas que teria que enfrentar.
     Abandonou seu primitivo fervor, porém continuou perguntando o Senhor na oração: “Senhor, que projeto tens sobre mim?”. Entretanto, novos acontecimentos tornaram mais difícil este tempo de espera dolorosa: em 1813, sua única irmã, Doroteia, morreu na idade de vinte anos. Um dia, quando cavalgava com uma criada, caiu do cavalo. A levantar-se interpretou esta queda como o sinal de um chamado por parte do Senhor. Aconselhou-se com seu diretor espiritual, Pe. Vital Corbucci, que lhe disse que sua missão era a de educadora.
     Em 29 de abril de 1824, a instâncias de seu diretor espiritual, foi para Coriano, a um centro de formação que o Estado Pontifício queria para eliminar a situação de ignorância e desordem moral frequentes. Naquela época se falava muito da fundação das Filhas da Caridade de Santa Madalena de Canossa; Isabel quis unir o centro de Coriano com aquela instituição. Ela se esforçou para unir o "Conservatório" de Coriano com o trabalho das Irmãs Canossianas.
     Santa Magdalena de Canossa visitou a pequena comunidade de Coriano, conheceu pessoalmente Isabel Renzi e disse sobre ela: "Entre o Senhor e Isabel há como uma efusão de amor mútuo, o amor mútuo é o presente perfeito para manter a certeza de que pôr um pé em Coriano seria desgarrar a relação entre a criatura e o Criador, esse nó que desata no Céu".
     Como as negociações para tal unificação se prolongaram durante anos sem resultado, Santa Madalena aconselhou que Isabel assumisse a liderança do Conservatório, e esta aceitou da mão de Deus a decisão do Bispo de Rimini, Mons. Otavio Zollio, a nomeação de superiora da pequena comunidade.
     Os sofrimentos, os imprevistos, não a detêm, inclusive a fizeram mais forte e mais valente. Em 1828 Isabel escreveu algumas regras da vida espiritual e da comunidade com a Regra do "Pobre do Crucifixo": insistia na separação do mundo para experimentar o espírito da cruz, essencial para "fazer a conversa mais carinhosa com o Esposo divino e sentir o amor de sua voz na solidão e no recolhimento do espírito”.
Logo da Congregação
     
     Em 29 de agosto de 1839, na igreja paroquial de Coriano, Isabel Renzi e suas dez companheiras entregaram suas vidas a Deus e aos demais com a profissão dos conselhos evangélicos e receberam o hábito religioso das Mestras da Dolorosa. A Mestras Pias da Bem-aventurada Virgem Maria Dolorosa teve a aprovação do Bispo de Rímini, Mons. Francisco Gentilini, Congregação que nascia para alcançar "uma vida religiosa feita de trabalho e de oração na paz doméstica e na caridade fraterna".
     Seu Instituto se propagou rapidamente. Depois de Coriano, Madre Isabel fundou as comunidades de Sogliano al Rubicone, Roncofreddo, Faenza, Cotignola, Savignano di Romagna, Mondaino.
     Madre Isabel Renzi viveu sempre na oração, na caridade e uma imensa confiança na Providência.
     Aos 72 anos enfrentou uma dor de garganta insuportável, que logo provou ser uma forma de tuberculose. Seu sofrimento foi imenso, mas até o final manteve sua clareza e energia, o que permitiu a ela, ao expirar, dizer o seu famoso "eu vejo, eu vejo, eu vejo!", que lindamente complementava o significado do inicial "Eu trago Aquele que me traz!" Era o dia 14 de agosto de 1859.
     Desde então, o milagre se repete todos os dias em milhares de locais onde os professores religiosos abrem os olhos das crianças em todo o mundo, da Europa à América, da África à Ásia, sempre com o objetivo de doar generosamente a verdade, em nome da Madre Isabel.
     A Madre Isabel foi beatificada por João Paulo II em 18 de junho de1989.
 
Panorama de Coriano


Fontes:
https://es.catholic.net/op/articulos/61650/isabel-renzi-beata.html#modal
Pe José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Ed. A.O. – Braga; www.santiebeati/it
 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Santa Maria da Cruz (Maria Helena MacKillop), Fundadora e 1ª Santa australiana – 8 de agosto

 
   
Maria Helena MacKillop nasceu em Fizroy, Melbourne (Austrália), em 15 de janeiro de 1842. Foi batizada seis semanas depois. Seu pai, Alexandre MacKillop, era escocês e havia sido educado no Colégio Escocês em Roma e na Faculdade Kincardineshire Blair para o sacerdócio, mas na idade de 29 anos, pouco antes de sua ordenação, deixou os estudos e decidiu emigrar para a Austrália. Chegou a Sidney em 1838. Sua mãe, Flora MacDonald, deixou a Escócia e chegou a Melbourne em 1840. Eles se casaram em Melbourne em 14 de julho de 1840 e tiveram oito filhos. Destes, Donald se tornou sacerdote Jesuíta e trabalhou entre os aborígines no Território do Norte. Maria, a mais velha, foi educada por seu pai e em escolas privadas. Ela recebeu sua Primeira Comunhão em 15 de agosto de 1850 com apenas 8 anos.
    Em fevereiro de 1851, Alexandre MacKillop hipotecou suas terras e suas ferramentas de trabalho e sustento para realizar uma viagem à Escócia, que durou uns 17 meses. Ele foi um pai e marido amoroso, porém não tinha habilidade para o campo, por isso nunca foi capaz de progredir. Durante muitas oportunidades a família teve que sobreviver com pequenos ganhos obtidos pelas crianças.
    Maria começou a trabalhar com a idade de catorze anos como escriturária em Melbourne e depois como professora em Portland. Em 1860, para manter a sua necessitada família, aceitou um trabalho como governanta em Penola no sul da Austrália. Seu trabalho consistia em cuidar e educar crianças.
    Sempre que lhe era possível ajudava os pobres, e começou a cuidar das crianças das outras fazendas do Estado de Cameron, entrando em contato com o Padre Julião Tenison Woods, que era o pároco do território sudeste desde sua ordenação sacerdotal em 1857, e se tornou seu diretor espiritual.
     Em 1864 abriu sua própria escola, Bay View House, Seminário para Moças, hoje Bayview College, e foi acompanhada pelo resto de sua família.
A Santa aos 17 anos
    O Padre Woods sempre se preocupara com a educação e particularmente com a formação católica deficiente no sul da Austrália. Em 1866 ele convidou Maria Helena e suas irmãs Annie e Lexie para irem a Penola para abrir uma escola católica. Essa escola foi inaugurada em um estábulo, adaptado pelos irmãos de Maria, e onde ela e as irmãs logo começaram a educar mais de cinquenta crianças.
     O Padre Woods foi nomeado Diretor de Educação, e, junto com Maria, tornou-se o fundador. Maria fez uma declaração de sua dedicação a Deus e começou a vestir-se de preto. Em 1867 a recém-formada Congregação das Irmãs de São José do Sagrado Coração de Jesus, para o ensino, tornou Maria a primeira Irmã e a superiora do instituto, tendo ela se mudado para o novo convento em Grote Street, Adelaide. Aos 25 anos ela adotou o nome religioso de Irmã Maria da Cruz.
    No ano seguinte, abriu uma segunda escola em Adelaide, a pedido do Bispo Laurence Boaventura Sheil, e as atividades se estenderam a assistência dos órfãos, dos pobres, dos velhos.
    A Regra da Congregação das Irmãs de São José do Sagrado Coração foi escrita pelo próprio Padre Woods, e foi aprovada pelo Bispo Sheil, em 1867. No final daquele ano outras dez Irmãs se uniram à Congregação. Era a primeira ordem religiosa fundada por uma australiana.
    Em 1872, o Bispo Sheil excomungou Madre Maria Helena devido a desentendimentos sobre matéria educativa, vistos por ele como desobediência, e dissolveu a Congregação. Cinco meses depois, no leito de morte, o bispo confessou seu erro e voltou atrás na sua decisão, diante da vida exemplar de Madre Maria.
    Em 1873, Madre Maria viajou para Roma e se entrevistou com o Papa Pio IX, a fim de obter aprovação para o Instituto, o qual deu o beneplácito para sua obra. Ela então refez a Regra original escrita pelo Padre Woods, que por isso se afastou da Congregação. Madre Maria visitou naquela ocasião a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda, onde recrutou novas Irmãs.
    A partir de então sua responsabilidade pela obra foi total, tendo que enfrentar duras lutas e sacrifícios percorrendo longas distâncias para visitar, apoiar, ajudar as suas Irmãs aonde quer que se encontrassem. Ao longo da década de 1880, a Congregação inaugurou escolas por todo país e na Nova Zelândia.
     Mas os conflitos com a hierarquia da Igreja australiana não tinham ainda terminado: nos anos 1880, enfrentou uma desavença com o então bispo Christopher Reynolds, que ordenou que ela deixasse a diocese de Adelaide devido a desentendimentos sobre a tutela de escolas e instituições de caridade.
    Em 1888, seria de novo um papa, Leão XIII, a tomar o partido de uma mulher descrita como carinhosa, mas determinada, com um enorme amor pelo próximo e grandes olhos azuis como traço físico marcante. Leão XIII aprovou a Congregação, com a disposição de haver uma Superiora Geral em Sidney.
    Dedicada à educação das crianças pobres, foi a primeira Congregação religiosa fundada por australianos. A Regra escrita pelo Padre Woods e por Madre Maria para as Irmãs enfatizava a pobreza, uma dependência total à Divina Providência - não podiam ter propriedades pessoais, confiando sempre que Deus proveria o necessário - e as Irmãs deveriam ir aonde se fizessem necessárias.
     A principal preocupação de Madre Maria da Cruz nesta época era com a formação espiritual e profissional das irmãs. Em 1900 foram inaugurados dois noviciados, em Adelaide e Sidnei. A Escola na qual as irmãs ganhavam prática como professoras, ao Norte de Sidnei, ainda hoje existe, sendo parte da Universidade Católica Australiana. 
Madre Maria com
a irmã e o irmão
sacerdote
     Também em 1900, as irmãs de Queensland, que haviam se separado por instigação do Bispo local, retornaram à Congregação. O novo Bispo Higgins não apenas incentivou como reabriu a diocese para o trabalho das irmãs. Também foi incorporado o Instituto da Irmãs de Wilcannia.
     Em 1903, foi aprovado o voto feminino no país. Madre Maria da Cruz escreveu para as irmãs incentivando que se alistassem e procurassem atentamente escolher candidatos de acordo com os ensinamentos da Igreja. 
     Madre Maria da Cruz padeceu de reumatismo durante anos, e em 1901 foi aconselhada a ir descansar nas águas termais em Roturoa, Nova Zelândia. Estando lá teve um derrame que deixou seu lado esquerdo paralisado, ficando presa a uma cadeira de rodas, apesar de ter conservado as faculdades mentais. Após retornar para a Austrália, ela procurou manter uma rotina de visitas às escolas e orfanatos próximos a Sidnei, além de escrever muitas cartas para as diversas casas. Mesmo com sua saúde frágil, foi reeleita em 1905, embora as tarefas administrativas diárias já estivessem sob responsabilidade da Irmã La Merci. 
     Madre Maria MacKillop faleceu no dia 8 de agosto de 1909 no convento josefita ao norte de Sidnei e foi enterrada no Cemitério Gore Hill. Depois de seu enterro as pessoas começaram a pegar terra ao redor de seu túmulo o que levou a que a exumassem e transferissem para a nova Capela em Mount Street, Sidney, em 27 de janeiro de 1914.
     Quando Madre Maria da Cruz faleceu a Congregação contava com 750 religiosas e tinha 117 escolas e centros de acolhimento para pobres. Sua ação contribuiu para a difusão do Catolicismo na Austrália e Nova Zelândia. Quase cem anos depois da morte de Madre Maria MacKillop, as Irmãs estão trabalhando em muitos povoados no Sul da Austrália, incluindo Aldgate em Adelaide Hills.
    Atualmente as Irmãs de São José do S. Coração de Jesus é o grupo mais numeroso de religiosas presente na Austrália, com difusão na Nova Zelândia, Peru, Brasil e Tailândia.
     Madre Maria foi beatificada por João Paulo II em 19 de janeiro de 1995. Em 19 de dezembro de 2009, Bento XVI autorizou a promulgação do decreto que reconheceu um milagre atribuído à intercessão da Beata Maria da Cruz. A canonização da primeira Santa australiana se realizou em 17 de outubro de 2010.

sábado, 3 de agosto de 2024

Santa Trea de Ardtrea, Virgem - 3 de agosto


3 de agosto é a festa de uma santa, Trea, que deu seu nome ao distrito de Ardtrea, no condado de Derry. Ela é uma das mencionadas como tendo recebido o véu das mãos do próprio São Patrício e, no caso dela, o véu foi entregue por um anjo. A maioria dos relatos de Santa Trea a descrevem como anacoreta ou reclusa, o Cônego O'Hanlon, no entanto, especula que ela provavelmente era a líder de uma comunidade religiosa.
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     Esta donzela piedosa floresceu após a época em que São Patrício iniciou sua grande missão no norte da Irlanda. Já vimos que uma Santa Trega ou Trea, Virgem, era venerada em Ardtrea, em um dia diferente do presente. Pode surgir uma questão sobre se houve um festival duplo instituído para homenagear a mesma santa. No entanto, no dia 8 de julho, há registro de uma festa para Santa Trega, virgem e padroeira da paróquia de Ardtrea, perto de Lough Neagh. Descobrimos, no entanto, que Santa Trea inghen Chairthind, ou "a filha de Carthenn", está registrada no Martirológio de Tallagh no dia 3 de agosto, sem declarar a localidade a que pertencia.
     Quando São Patricio entrou nas partes do norte da província de Ulster, ele encontrou oposição de uma dinastia na região de Hy Tuirtre. Ele havia viajado por Fersait Tuama, até descansar em uma localidade muito bonita chamada Finnabhuir. O lugar anteriormente chamado Fersait Tuama, agora é conhecido como Toome, perto de onde o rio Bann escapa de Lough Neagh e entra em Lough Beg, na linha divisória entre os atuais condados de Londonderry e de Antrim.
     O belo distrito aludido como Finnabhuir tinha o amplo Lough Neagh a leste e Slieve Gullin uma alta crista de montanha, no lado oeste. Aconteceu que dois irmãos, um chamado Carthenn, o Velho ou "maior", e o outro conhecido como Carthenn, o mais novo ou "menor", viveram neste distrito. O primeiro, um homem perverso e viciado nos erros do paganismo, baniu seu irmão mais novo daquele lugar, no qual exercia controle total. Deste distrito, ele desejou, da mesma forma, que São Patrício fosse expulso.
     O santo, como os apóstolos, quando perseguido em uma cidade partia para outra, e sacudindo a poeira de seus pés contra a dinastia tirânica, previu que esta deveria cair do poder e servir, com sua posteridade, sob o futuro governo do jovem Carthenn. Ele, ao contrário, era virtuoso, gentil e disposto a receber a doutrina de Cristo, de modo que São Patrício batizou-o e a sua esposa e família. Após esse tempo, a esposa de Carthenn, Mugania, parece ter dado à luz uma filha, destinada a uma vida de graça na profecia de São Patrício a respeito dela. Ela foi chamada de Trea ou Treha na pia batismal; mas não é declarado que ela tenha sido batizada por São Patrício.
     Através de seu pai, ela descendia da raça de Colla Uais, monarca de Erinn. Pelo que já foi dito, deve parecer, que ela nasceu em meados do século V. Que ela cresceu na graça e na prática de todas as virtudes, é geralmente concedido. Ela é classificada, entre as muitas virgens sagradas que São Patrício velou, durante o progresso de sua grande carreira missionária.
     De acordo com sua previsão, quando Santa Trea começou a crescer, desde a infância ela sentiu um forte desejo de escolher o Filho de Deus para seu futuro esposo. O apóstolo já havia declarado que ela deveria ser uma mulher de grande inocência de vida, e que sua vestimenta e dote deveriam vir a ela com o véu recebido de suas mãos. Portanto, quando ela procurou o ilustre santo para esse fim, e ficou diante dele, um anjo foi visto descendo do céu e colocando um véu em sua cabeça cobriu completamente seus olhos.
     São Patrício então tentou levantá-lo, para que ela pudesse ver melhor, mas a santa virgem exclamou: "Ó piedoso pai, por que o véu não pode permanecer como foi colocado, em sua posição correta?" Portanto, o santo homem respondeu: "Pode muito bem permanecer assim, e o modo de ser usado será agradável ao seu cônjuge". Como se o véu de cenobita estivesse colado no rosto da nobre dama, o escritor da Vida Tripartida e Jocelyn observam com mais poesia e aprovação, que cobriu seus olhos de pomba e suas bochechas macias, durante todo o período restante de sua vida. Assim, seus olhos e ouvidos eram notavelmente guardados, para que nenhuma ocasião perigosa de pecado pudesse trazer a morte à alma imortal.
     Não temos mais relatos do lugar onde ela morava no estado religioso, mas é mais provável que estivesse dentro de seu território ancestral e na altura do local que agora leva o nome dela. Este Ardtrea estava situado perto de Lough Neagh e Lough Beg. Em que condição particular Santa Trea viveu aqui não foi especificado, mas é bastante provável que ela era líder de uma comunidade religiosa.
     Nem a data de sua partida da vida aparece em nossos anais. No Martirológio de Donegal, neste mesmo dia, encontramos seu nome inscrito como Trea, Virgem, filha de Cairthenn, de Ard Trea. Santa Trea é comemorada nos antigos martirológios de Tallagh, Gorman e Donegal nos dias 8 de julho e 3 de agosto.

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