segunda-feira, 31 de julho de 2017

Beata Maria Refúgio do Santo Anjo, Virgem e mártir - 31 de julho

Infância e vocação
     Maria Roqueta Serra nasceu no dia 20 de abril de 1878 em Gabarra, uma pequena cidade na província de Lérida, e foi batizado um dia após o nascimento. Seus pais, Maria Serra e Francisco Roqueta, eram pessoas de vida e de fé simples: morreram, respectivamente, quando ela tinha oito anos e quinze.
    Aos dezenove anos, em 1º de abril de 1897, entrou no noviciado das Irmãs Carmelitas Missionárias em Barcelona, congregação fundada pelo Beato Francisco Palau y Quer. Fez sua profissão em 20 de dezembro de 1898 e a profissão perpétua em 23 de abril de 1904. Seu nome religioso era Irmã Maria Refúgio do Santo Anjo.
     Foi designada à vários serviços braçais em várias casas da congregação, desempenhando-os sempre com o mesmo estilo: fervorosa e cuidadosa no trabalho, embora doente do coração. Ao fazer os trabalhos mais difíceis, ela rezava.
     Quando se tornou claro que o martírio estava próximo, ela disse que imediatamente começou a rezar assim que ouvia alguns disparos, porque o seu coração não iria aguentar. Apesar do medo, ela se preparava para o pior, o que também se refletia em seus sonhos: durante uma recreação da comunidade, disse que tinha sonhado ser morta junto com a superiora da casa, a Irmã Esperança da Cruz, da qual era vicária.
Na perseguição da guerra civil
     Em 20 de julho de 1936, dois dias após o início da Guerra Civil Espanhola, as Irmãs decidiram não abandonar a casa de Vilarrodona, enquanto as crianças da escola estavam em férias. No dia seguinte, sabendo que as Irmãs eram vigiadas por militantes revolucionários, Irmã Esperança as reuniu na capela e lhes deu a Comunhão, de modo a esvaziar o Tabernáculo.
     Em 22 de julho, as Irmãs tiveram que deixar o colégio e procurar refúgio com as famílias de conhecidos. Irmã Refúgio foi recebida pela família do Dr. José Gabalda, residente em frente à igreja paroquial.
     Na mesma casa estavam refugiados o pároco e o capelão da escola das freiras, Pe. José Maria Escoda, mais preocupado com a devastação da igreja do que por sua vida. Quando, na noite de 23, o edifício sagrado foi saqueado e o mobiliário da igreja, juntamente com as imagens, entregues às chamas, perdeu o controle de si mesmo. Ele procurou sair e se opor ao desastre, mas os donos da casa o impediram: ele chegou a forçar a porta, mas caiu no chão inconsciente. Mais tarde, em 25 de julho, foi executado.
     Irmã Refúgio, que havia escondido a chave da casa para evitar que o sacerdote saísse, viveu aqueles momentos tentando ficar tranquila, considerando-os uma preparação para a morte.
"Até logo, no céu!"
     Em 24 de julho, um grupo de milicianos aprisionou todas as Carmelitas Missionárias: reuniram-nas na praça e as colocaram em uma van, escoltada por dois automóveis em que estavam mais homens armados. Eles pararam momentaneamente para fingir um tiroteio, em seguida, continuaram a andar.
     Na noite seguinte, o Pe. Escoda e as Irmãs, graças à intervenção de uma amiga, se refugiaram em sua casa: seis dias se passaram na incerteza, mas cuidados com carinho pela proprietária da casa. O sacerdote foi, então, pego e fuzilado junto com seu coadjutor, ordenado apenas um mês antes.
     Em 31 de julho, as religiosas foram libertadas, com permissão para ir a Barcelona para se reunir com suas famílias. Ao se separar das coirmãs, junto com a madre superiora, Irmã Esperança da Cruz, Irmã Refúgio a ouviu saudar: "Até logo, no céu"
O martírio
     As duas foram para a casa da irmã de Irmã Refugio, mas ninguém abriu-lhes a porta. Depois de alguns momentos de desespero, elas foram novamente detidas e entregues ao Comitê Revolucionário do lugar, que as trancou em uma casa nas proximidades.
     Pouco tempo depois elas foram novamente retiradas e levadas para a sede do Comitê; de lá, elas foram conduzidas em uma caminhonete e levadas para fora da cidade. Fizeram-nas descer numa estrada de La Rabassada e ali as fuzilaram. Irmã Esperança tinha 61 anos de idade, dos quais quarenta de vida consagrada. Irmã Refúgio tinha 58 anos, 38 dos quais viveu entre as Carmelitas Missionárias.
     No dia seguinte, 1º de agosto, os corpos de Irmã Esperança e Irmã Refúgio foram recolhidos, junto com os de duas outras irmãs de sua própria congregação, da casa-mãe de Gracia, mortas no mesmo lugar: Irmã Daniela de São Barnabé e Irmã Gabriela de São João da Cruz. Após a autópsia, os quatro corpos foram enterrados em uma vala comum.
A causa de beatificação
    As quatro Carmelitas Missionárias foram incluídas num processo que abrangia um total de 64 mártires: além destas, 44 Irmãos das Escolas Cristãs, 14 Carmelitas Descalços, uma Irmã Carmelita da Caridade e um seminarista.
     Para todos eles se fez um único processo: obtida a autorização da Sagrada Congregação dos Ritos (que se ocupava então com as causas de beatificação e canonização), as sessões foram celebradas a partir de 13 de novembro de 1952 a 7 de junho de 1959.
     A investigação diocesana foi validada em 18 de outubro de 1991 e finalmente, em 22 de junho de 2004, o Papa João Paulo II autorizou a promulgação do decreto que declarava mártires também as Irmãs Daniela, Gabriela, Refúgio e Esperança.
     Os 64 mártires foram beatificados em 28 de outubro de 2007, em um rito que elevava aos altares um total de 498 religiosos e leigos reunidos no martírio havido durante a perseguição da guerra civil espanhola.



sexta-feira, 28 de julho de 2017

Santa Marta Wang Louzhi, Viúva, mártir - 29 de julho


Martirológio Romano: Na cidade de Qingyan na província de Guizhou, na China, os santos mártires José Zhang Wenlan, Paulo Chen Changping, seminaristas, João Batista Lou Tingyin, administrador do seminário, e Marta Wang Louzhi, viúva, que, reunidos em uma pedreira quente e úmida, sofreram torturas atrozes, morrendo, finalmente, decapitados pela fé de Cristo. 

     Marta nasceu por volta de 1802, na cidade de Zunyi, na província chinesa de Guizhou. Com o marido, já que ela não podia ter filhos, ela adotou dois sobrinhos; no entanto, à morte do cônjuge, viu seus bens escassos, que tinha ganhado com ele no cultivo de hortaliças, se dissiparem. Tendo ficado sem dinheiro, ela se mudou para fora da cidade, onde abriu uma pequena pousada e, em seu tempo livre, fazia sapatos de palha. Graças à sua natureza gentil, ela gozava da amizade e do respeito pelos vizinhos.
     Em 1852 ela foi visitada por um missionário itinerante que falou do Cristianismo. Desejando aprender mais, convidou um padre para jantar uma noite e foi por ele muito encorajada. Começou a ir à cidade vizinha de Yaojiaguan para estudar o Catecismo. Seus esforços foram recompensados ​​com o Batismo, recebido no dia de Natal daquele ano, quando ela assumiu o nome cristão de Marta ("Mande", outro nome pelo qual é conhecida, não é senão uma transliteração de "Marta" em mandarim). Desde então, nas solenidades mais importantes, ela ia para Guiyang, fazendo uma viagem de três dias.
     Aos cinquenta anos, ela se mudou para lá permanentemente, para trabalhar em uma casa de virgens consagradas. Ela ficava feliz em ajudar na cozinha e na lavanderia, mas a sua maior alegria era cuidar das crianças. Em 1857 o Seminário Maior de Yaojiaguan foi aberto e o Reitor, Padre Bai, levou-a para trabalhar como chefe de cozinha.
     Quatro anos depois, começou uma nova, terrível perseguição religiosa que obrigou os seminaristas a se deslocarem para Yangmeigao. A única pessoa capturada no seminário foi o administrador, o leigo João Batista Luo Tingyin. Dois seminaristas, Paulo Chen Changping e José Zhang Wenlan, foram presos quando voltavam de visitas pela cidade.
     Os três foram presos em um templo abandonado, que havia se tornado uma pedreira, sujeitos a numerosas torturas e mantidos em condições miseráveis, razão pela qual João Batista ficou doente. Embora ameaçada pelos guardas, Marta dava-lhes comida e levava roupas limpas. Ela também conseguiu entregar algumas cartas dos seminaristas ao seu bispo.
     Em 29 de julho de 1861, chegou a notícia de uma anistia por parte do imperador, mas o magistrado encarregado de monitorar o destino dos prisioneiros, ignorou o decreto e ordenou que eles fossem executados em segredo. Ao serem conduzidos, ao longo das estradas principais, para o local da execução, Marta os viu passar enquanto lavava roupa na margem do rio. Ela os seguiu e quando os soldados disseram que cortariam sua cabeça se continuasse a segui-los, ela respondeu: “Se eles podem morrer, então eu também posso!” Os quatro prisioneiros rezavam continuamente, com os rostos iluminados de santa alegria, até o local onde foram decapitados.
     Marta Wang Louzhi e seus três companheiros foram incluídos no grupo de 33 mártires dos Vicariatos Apostólicos de Guizhou, China Ocidental e China, cujo decreto sobre o martírio foi promulgado em 2 de agosto de 1908. A beatificação, obra de São Pio X, ocorreu em 2 de maio de 1909. Inseridos num grupo mais amplo de 120 mártires chineses, encabeçados por Agostinho Zhao Rong, foram finalmente inscritos no elenco dos santos em 1º de outubro de 2000 por João Paulo II.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Santa Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora - 26 de julho

   

     Os dados biográficos que sabemos sobre os pais de Maria foram legados pelo Proto-Evangelho de Tiago, obra citada em diversos estudos dos padres da Igreja Oriental, como Epifânio e São Gregório de Nissa.
     Sant'Ana, cujo nome em hebraico significa ‘graça’, pertencia à família do sacerdote Aarão e seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de David.
     São Joaquim, homem pio, fora censurado pelo sacerdote Ruben por não ter filhos. Mas Santa Ana já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se no deserto para rezar e fazer penitência. Ali um anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, algum tempo depois Santa Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade levaram-lhes ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus.
     Eles residiam em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basílica de Sant’Ana, e aí, num sábado, 8 de setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em hebraico significa "Senhora da Luz", passado para o latim como Maria. Maria foi oferecida ao Templo de Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os doze anos.
     Pelo texto Caverna dos Tesouros, atribuído a Efrem da Síria, Ana (Hannâ) era filha de Pâkôdh e seu marido se chamava Yônâkhîr. Yônâkhîr e Jacó eram filhos de Matã e Sabhrath. Jacó foi o pai de José, desta forma, José e Maria eram primos.
     São João Damasceno, ao escrever sobre o Natal, deixa claro que São Joaquim e Santa Ana são os pais de Maria.
     A devoção aos pais de Maria SSma. é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de nossa era, atingindo sua plenitude no século VI. Já no Ocidente, o culto de Sant’Ana remonta ao século VIII, quando, no ano de 710, suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, de onde foram distribuídas para muitas igrejas do Ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Renânia, Alemanha.
     Seu culto foi tornando-se muito popular na Idade Média, especialmente na Alemanha. Em 1378, o Papa Urbano IV oficializou seu culto. Em 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de julho, e o Papa Leão XIII a estendeu para toda a Igreja em 1879. Em França, o culto da Mãe de Nossa Senhora teve um impulso extraordinário depois das aparições da santa em Auray, em 1623.
     Tendo sido São Joaquim comemorado inicialmente em dia diverso ao de Sant’Ana, o Papa Paulo VI associou num único dia, 26 de julho, a celebração dos pais de Maria, Mãe de Jesus.
     No Brasil, os empregados que trabalham na produção de cédulas, moedas e outros produtos fabricados na Casa da Moeda do Brasil têm em Sant´Anna sua padroeira. A devoção a Sant'Ana obedece a uma tradição vinda de Portugal, onde os moedeiros de Lisboa administravam a Confraria de Sant'Ana da Sé. Era comum, naquela época, cada corporação administrar a Confraria de seu padroeiro.
     Os moedeiros e oficiais da Casa da Moeda desde os primeiros tempos da sua existência colocaram-se sob a proteção de Sant'Ana, celebrando anualmente, até os dias de hoje, o seu dia.
Aparição de Santa Ana em Auray, na França
    Contam os historiadores que Yves Nicolazic, camponês que vivia na aldeia de Ker Anna, Bretanha, França, foi o portador da mensagem de uma “majestosa senhora”. Na noite de 26 de julho de 1624, ele teve um sonho em que Sant’Ana lhe pedia a reconstrução de uma capela construída em sua honra no século VI. O fato, entretanto, não convenceu o Cura da aldeia.
     Na noite de 7 para 8 de março de 1625, Sant´Ana apareceu-lhe mais uma vez pedindo-lhe que fosse chamar os vizinhos e que todos seguissem a luz que os guiaria: "Leva-os contigo: esta luz vos conduzirá e vós encontrareis a imagem que vos protegerá de todos os males do mundo, e o mundo conhecerá, enfim, a verdade daquilo que prometi".
     Pouco depois, sob a luz das tochas os camponeses encontraram uma antiga imagem de Sant´Ana em madeira, já bem desgastada, com vestígios em tons brancos e azuis. Ao seu lado, a Virgem Maria com o Menino Jesus ao colo.
     Três dias depois os peregrinos começaram a chegar para rezar a Sant´Ana diante da imagem que serviria de sinal de conversão para o mundo. Era a realização da profecia: a partir de então as peregrinações tornaram-se constantes.
     Apesar da discrição e das restrições do Cura, que depois se desculpou, as pesquisas ordenadas por Monsenhor de Rosmadec, Bispo de Vannes, concluiriam sobre a veracidade dos fatos. A primeira Missa oficial foi celebrada por decisão sua no dia 26 de julho de 1625, diante de uma multidão estimada em cem mil pessoas.
     A partir daquele dia, Yves Nicolazic tornou-se construtor. Os senhores de Kermedio e de Kerloguen, este último proprietário do campo de Bocenno, prometeram-lhe apoio para a construção da capela. Ives passou a dirigir os trabalhos: conduzia as carroças, oferecidas pelo povo, cheias de pedras ou de ardósia, lenha do derrube das árvores, pagamento dos fornecedores e tudo com sabedoria e probidade de um homem que não sabia nem ler nem escrever, e que só falava bretão.
     Quando a capela ficou pronta, ele se eclipsou: deixou a aldeia e cedeu lugar a Sant´Ana e aos peregrinos, cada vez mais numerosos. Até hoje Sant´Ana é venerada na Basílica de Auray, dedicada à avó de Jesus.
     No século XIX, como a afluência de peregrinos era muito grande, tornou-se necessário que uma igreja maior fosse construída. A Basílica foi edificada entre os anos 1865 e 1872.
     Sant’Ana é padroeira dos Bretões deste 1914.
     Em 1996, João Paulo II fez uma visita ao local e na ocasião estiveram presentes cerca de 150 mil pessoas. Após sua visita, aumentou o número de peregrinos para cerca de 800 mil pessoas por ano, sendo que não há um dia sequer que não haja peregrinos.
Basílica de Sant' Ana em Auray, França
Santa Ana padroeira dos avós
     Sant’Ana é a padroeira das avós. Mas também é invocada pelas mulheres que não conseguem engravidar. Santana é também a padroeira da educação, tendo educado Nossa Senhora e influenciado profundamente na educação de Jesus.
     Santa Ana' sabe dar o carinho e atenção das avós. Ela conhece o aconchego que só as avós podem dar aos netos. Por isso, recorramos a Sant’ Ana com confiança. Com a mesma confiança que nos aproximamos de nossas tão queridas avós para pedir as graças que precisamos.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Santa Valentina, Mártir – 25 de julho


Martirológio Romano: Em Cesareia na Palestina, santos Valentina, Téa e Paulo, mártires na perseguição do imperador Maximiano, sob o governador Firmiliano. A virgem Valentina, que tinha emborcado aos pontapés um altar dedicado aos ídolos pagãos, depois de várias torturas cruéis, foi ao encontro do Esposo lançada no fogo, junto com a virgem Téa; Paulo, por sua vez, condenado à morte, depois de ter obtido um breve tempo para a oração e ter implorado a Deus de todo coração a salvação de todos, recebeu a coroa do martírio com a decapitação.

     Paulo, Valentina, Téa e companheiros, mártires de Cesaréia na Palestina em 309, cuja festa é celebrada no dia 25 de julho, são mencionadas em um documento: "Uma cristã ameaçada com a prostituição, não ficou calada e disse para o tirano como é que ele podia conferir tanto poder aos juízes implacáveis, foi então torturada” (aqui falamos de Téa).
     Enquanto os executores aplicavam com violência a ordem do juiz e a torturavam, outra mulher não pode suportar a crueldade e desumanidade do que eles estavam fazendo. Como a anteriormente mencionada, ela havia consagrado a Deus sua virgindade. Fisicamente nada perfeita e de aspecto desprezível, mas de espírito viril, ela havia tomado uma resolução superior às forças do seu corpo.
     "E até quando – gritou ela para o juiz no meio da multidão - torturareis minha irmã tão cruelmente?". Ele imediatamente mandou que a mulher fosse presa. Presa no meio do tribunal, e como recorresse o augusto nome de Nosso Salvador, primeiro foi instada com discursos brandos a sacrificar aos ídolos e, como ela rejeitasse fazê-lo, foi atirada ao altar com violência. Mas agindo com coerência e se mantendo em sua primeira valente determinação, deu um corajoso e ousado pontapé no altar e deitou abaixo tudo o que havia nele, inclusive o braseiro.
     O juiz, como um animal selvagem animado pela raiva, primeiro mandou aplicar torturas em seu flanco, tão cruéis, que nunca alguém tinha sofrido, de modo a parecer que desejava se saciar ansiosamente dessas carnes cruas. Mas quando sua loucura parecia ter sido saciada, ele juntou as duas e condenou-as à morte pelo fogo.
     Diz-se que uma dessas mulheres era oriunda do distrito de Gaza e a outra era proveniente de Cesareia, era muito conhecida e se chamava Valentina.



Etimologia: Valentina, diminutivo e feminino de Valente, primitiva alcunha; do latim Valens, Valentis: “valente, forte, corajoso”

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Santa Maria Madalena – 22 de julho

Maria Madalena, uma grande santa escondida sob lendas infundadas
Ela é uma das pessoas mais importantes da história do cristianismo, mas muitos cristãos só conhecem versões erradas a seu respeito
     [...] Maria Madalena fazia parte do grupo dos discípulos de Jesus, seguiu-o até a Cruz e, no jardim em que se encontrava o sepulcro, foi a primeira testemunha da ressurreição. O Evangelho de João a descreve chorando porque não tinha encontrado o corpo do Senhor no sepulcro. Ela procurou-o no jardim com angústia e sofrimento, com as lágrimas que Santo Anselmo definiu como “lágrimas da humildade”. São Tomás a chamou de “apóstola dos apóstolos” porque foi ela quem anunciou aos discípulos atemorizados e trancados no cenáculo o que eles teriam que anunciar por todo o mundo.
Confusões comuns em torno a Maria Madalena e outras mulheres
     O cardeal Gianfranco Ravasi escreveu a respeito dela:
     “A tradição, repetida mil vezes na história da arte e que perdura até os nossos dias, fez de Maria uma prostituta. Isto aconteceu somente porque na página evangélica precedente (o capítulo 7 de Lucas) é narrada a história da conversão de uma anônima ‘pecadora conhecida naquela cidade’, aquela que havia untado os pés de Jesus com óleo perfumado, quando hóspede na casa de um conhecido fariseu; molhou-os com suas lágrimas e secou-os com seus cabelos. E assim foi identificada Maria Madalena, sem nenhuma relação textual real, com aquela prostituta sem nome. Pois bem: este mesmo gesto de veneração será repetido com Jesus por outra Maria, a irmã de Marta e Lázaro, em outra ocasião (Jo 12, 1-8). E consumou-se com isto mais um equívoco em relação a Maria Madalena: algumas tradições populares a identificam com esta Maria de Betânia, depois de já ter sido confundida com a prostituta da Galileia”.
Relação entre Maria Madalena e Jesus: lendas sem base histórica
     A partir dos relatos do Evangelho, percebe-se que Maria Madalena sentia um grande amor por Jesus. Ela tinha sido livrada por Ele de sete demônios, seguia-O como discípula, assistia-O com seus bens (Lc 8, 2-3) e esteve com Maria, a Mãe de Jesus, e as outras mulheres quando Jesus foi crucificado (Mc 15, 40-41).
     Ela foi, segundo os Evangelhos, a primeira pessoa a quem Jesus apareceu após a Ressurreição, depois de buscá-lo entre lágrimas (Jo 20, 11-18). Daí a veneração que ela recebeu na Igreja como testemunha do Ressuscitado.   
    Dessas passagens não se pode deduzir nem que ela foi pecadora, nem muito menos que foi “a mulher de Jesus”, como diriam os fãs de “O Código Da Vinci“. Os que defendem que ela foi esposa de Jesus se baseiam no testemunho de alguns evangelhos apócrifos: todos eles, talvez com exceção apenas do evangelho de Tomé, são posteriores aos evangelhos canônicos e não têm caráter histórico, sendo, antes, instrumentos para transmitir ensinamentos gnósticos.
     Segundo estas obras que apesar do nome não são evangelhos propriamente, mas revelações particulares de Jesus aos seus discípulos após a Ressurreição, Maria Madalena é quem melhor entendeu tais revelações. Por isso, é a preferida de Jesus e a que recebeu uma revelação especial.
     Alguns textos (Evangelho de Tomé, Diálogos do Salvador, Pistis Sophia, Evangelho de Maria) mostram certa oposição dos apóstolos em relação a Maria Madalena pelo fato de ela ser mulher, e isso reflete a concepção negativa que alguns gnósticos tinham do feminino e da condição de Maria como discípula importante.
     No entanto, alguns pretendem ver nesta oposição um reflexo do que chamam de “postura oficial” da Igreja de então, que seria supostamente contra a liderança espiritual da mulher. Nada disso é demonstrável. Esta oposição poderia ser entendida como um conflito de doutrinas: a de Pedro e dos demais apóstolos diante da doutrina desses grupos gnósticos, expostas em nome de uma certa “Mariam”, que seria a Madalena.
     Em todo caso, o fato de recorrerem a Maria é uma tentativa de justificar sua abordagem gnóstica. Em outros evangelhos apócrifos, especialmente no de Felipe, “Mariam” é modelo do ser gnóstico, precisamente pela sua feminilidade. Ela é um símbolo espiritual do seguimento de Cristo e de união perfeita com Ele. Nesse contexto, tais escritos falam de um beijo entre Jesus e Maria, simbolizando uma espécie de sacramento superior ao Batismo e à Eucaristia.
     É muito relevante observar que nem sequer esses textos apócrifos atribuem conotações sexuais a tais símbolos, a ponto de que nenhum estudioso sério os interpreta como “testemunho histórico” de suposta relação sexual entre Jesus e Maria Madalena. Esta é uma suposição sem qualquer fundamento histórico: nem mesmo os cristãos da época se viram obrigados a polemizar a respeito, pois é uma tese relativamente recente – e que ganha força de tempos em tempos, em particular quando se pretende vender livros de ficção.
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Com informações históricas a partir de texto de Juan Chapa (cf. Aleteia, abril de 2014)

Jesus, casado com Maria Madalena?
Parte dessa lenda se escora num manuscrito apócrifo do ano 570
     Foi lançado em 2014 um dos vários livros que tratam da suposta relação amorosa entre Jesus e Maria Madalena e da família que eles teriam constituído. Os autores de “The Lost Gospel” disseram, na época, ter descoberto um documento do ano 570 segundo o qual Jesus teria se casado e tido filhos com Maria Madalena. Um dos filhos, grande seguidor de Cristo, teria presenciado os momentos da crucificação e da descoberta do sepulcro vazio. Esse manuscrito tinha sido composto em siríaco, língua usada no Oriente Médio entre os séculos IV e XVIII, com trechos em aramaico, a língua de Jesus.
José e Aseneth
     O livro, escrito por Barrie Wilson, professor canadense de estudos religiosos, e Simcha Jacobovici, escritor israelense, suscitou muitas polêmicas. Após anos de estudos, os autores afirmaram que existiria parte de verdade naquele manuscrito que, durante anos, ficou nos arquivos da British Library de Londres. Os dois personagens principais, José e Aseneth, seriam Jesus e Maria Madalena.
Dois filhos
     O texto descreve um casamento que durou sete dias e que teve a bênção do faraó do Egito. Olhando para Aseneth, o faraó teria declarado: “Bem-aventurada pelo Senhor Deus de José, porque ele é o primogênito de Deus, e serás chamada a Filha do Deus Altíssimo e a esposa de José, agora e para sempre”. Nos anos sucessivos, Aseneth teria concebido dois filhos: Manasseh e Ephraim. Segundo Jacobovici, depois que o imperador romano Constantino ordenou destruir todos os evangelhos, sobraram apenas os de Marcos, Lucas, Mateus e João. Dos demais que havia não se tem mais traços – e justamente nesses outros haveria relatos sobre Jesus e Maria Madalena.
O estado civil do Messias
     O padre Rinaldo Fabris, biblista, declarou a Aleteia que “a ausência de informações sobre a infância de Jesus e sobre o seu estado civil instigou a fantasia de muitos narradores cristãos e não cristãos. Esse mesmo vazio dá origem a todos os textos apócrifos”. Por “apócrifos”, a propósito, entende-se um grupo de textos de caráter religioso que se referem à figura de Jesus Cristo, mas que não foram reconhecidos como canônicos.
     “Na verdade – prossegue o padre Fabris – o problema da dificuldade em aceitar um casamento de Jesus não depende de motivos dogmáticos. Se Ele tivesse sido casado e tivesse tido dois filhos, não haveria nada de estranho à fé cristã: casar-se e ter filhos é a história da maior parte dos seres humanos”. E o casamento e a família estão entre os mais excelsos valores defendidos pelos cristãos. Se a Igreja não reconhece tal suposto casamento de Jesus, não é porque tenha algo contra o casamento: é simplesmente porque não existe fundamentação histórica alguma que possa ser levada a sério no sentido de embasar tal hipótese. O alegado “casamento de Jesus” nunca foi documentado, a não ser nesses textos que, segundo o biblista, até podem conservar alguns dados históricos, mas contam algo muito isolado e incompatível com a grande maioria dos relatos históricos mais amplamente aceitos sobre o estado civil do Messias. Além disso, o manuscrito do ano 570 apresenta consideráveis acrobacias fantasiosas ao tratar do relacionamento entre Jesus e Maria Madalena.
A verdadeira Madalena
     Um dos muitos equívocos que persistem no tocante a Maria Madalena é a interpretação de que ela tenha sido prostituta. “É um mito ocidental”, corrige o padre Fabris. “Quem decifra a história de maneira fiel são os textos gregos. Ela era uma pessoa próspera, que estava doente e foi curada por Jesus. Junto com outras mulheres prósperas, ela ‘financia’ Jesus em dados momentos, para ajudar os pobres, comprar um cordeiro para a Páscoa etc. O oitavo capítulo do Evangelho de Lucas menciona este assunto. Essas mulheres apoiavam os discípulos em suas obras”.

Gelsomino Del Guercio / Aleteia Brasil

Beata Joana de Orvieto, Dominicana - 23 de julho


Martirológio Romano: Em Orvieto, cidade da Toscana, Beata Joana, virgem, terciária dominicana, ilustre por sua caridade e paciência.

     Joana, mais conhecida como Vanna, nasceu em Carnaiola, próximo de Orvieto, em 1264. Como ficasse órfão aos cinco anos, suas companheiras de brincadeira procuraram assustá-la dizendo que não tinha quem olhasse por ela e que morreria de fome. Porém a menina respondeu sem se intimidar: “Eu tenho um pai melhor do que o vosso”. As crianças perguntaram o que significava isto e Joana levou-as até a igreja e lhes mostrou uma imagem do Anjo da Guarda: “Eis aqui o meu pai e a minha mãe, com ele estarei menos abandonada do que vocês. Ele velará por mim”.
     Sua confiança não foi frustrada, pois foi adotada por uma família de Orvieto, que se encarregou de educá-la e de arrumar-lhe casamento.
     Aos dez anos se consagrou a Jesus e já desejava uma vida de completa dedicação a Ele.  Trabalhou de modista em Orvieto; de forma silenciosa, seus protetores prepararam seu casamento e ela fugiu de casa, se refugiou na casa de uma amiga e se tornou Terciária Dominicana, rechaçando a vantajosa proposta matrimonial. Assim, aos 14 anos Joana recebeu o hábito branco daquela Ordem.
     A partir desse momento, se consagrou inteiramente ao serviço de Deus e dos pobres. Segundo a tradição, Joana se mostrava particularmente bondosa com aqueles que a aborreciam e fazia penitência por eles; esse era o motivo pelo qual se dizia em Orvieto que se alguém desejava que a beata rezasse por si, tinha que molestá-la.
     Joana viveu uma intensa devoção pela Paixão de Cristo, que foi acompanhada de fenômenos místicos; tinha uma castidade perfeita, que, segundo a legenda, a Providência a salvou duas vezes de ser violada. Joana teve também o dom de profecia e numerosas tentações que sobre enfrentar com a graça e o amor divino.
     O Beato Santiago de Mevania, que se encontrava então no convento dos dominicanos de Orvieto, foi seu diretor espiritual durante vários anos. Conta-se que Joana se confessou com ele em Orvieto, quando o cadáver do beato se achava em Mevania (atual Bevagna).
     Não lhe faltaram críticas e desprezos por parte de alguns de seus concidadãos que duvidavam de sua virtude. Ela suportou com paciência e humildade todas as dificuldades, inclusive as doenças que teve que suportar, que foram muitas e longas. Sob sua direção silenciosa formou pessoas no amor de Deus; conseguiu a conversão dos hereges patarinos de Orvieto, que negavam a Eucaristia, e a pacificação da cidade nas lutas entre guelfos e gibelinos.
     Joana predisse vários dos milagres que ocorreriam depois de sua morte, mas fez tudo quanto pode para esconder as graças extraordinárias que o céu lhe havia concedido. Não pode ocultar, entretanto, seu desapego do mundo, sua humildade e sua mansidão. Nos últimos dez anos de sua vida, todas as sextas-feiras, em êxtase, parecia um crucifixo vivo, e seus ossos se deslocavam com fragor.
     A beata professou sempre particular devoção pelos Anjos. Morreu em odor de santidade assistida por eles no dia 23 de julho de 1306, e sobre seu sepulcro ocorreram muitos milagres. Seu corpo repousa na igreja de São Domingos.
     Foi declarada beata em 1743 e seu culto foi aprovado em 11 de setembro de 1754 pelo Papa Bento XIV. Em 1926 foi declarada patrona das costureiras e dos alfaiates italianos.


Fontes: evangeliodeldia.org; www.santiebeati.it/

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Santa Práxeda de Roma, Virgem e mártir - 21 de julho

     
     Pouco se sabe de Santa Práxeda. Segundo a legenda, Práxeda foi uma virgem romana, filha de São Pudencio (que provavelmente foi batizado por São Pedro), «amiga dos Apóstolos» e irmã de Santa Pudenciana.
     Práxeda e Pudenciana, junto com o presbítero Pastor e o Papa Pio I (140-154), construíram um batistério na casa de seu pai e ali começaram a batizar os pagãos.
     Pudenciana morreu aos 16 anos, martirizada, e está enterrada junto a seu pai, São Pudencio, nas catacumbas de Priscila, na Via Salaria.
     Depois de muitos anos enterrando cristãos mutilados, visitando os prisioneiros e vendo o sofrimento daqueles que amava, Práxeda morreu no dia 21 de julho de 159.
     Santa Práxeda está incluída no santoral católico e sua festa é celebrada no dia 21 de julho.
     Aparentemente está sepultada junto a Pudenciana e Pudencio na Via Salaria, mas embora haja evidências da vida de São Pudencio, não há informações diretas de Práxeda e Pudenciana.
     Uma igreja foi construída em honra de Santa Práxeda no lugar onde supostamente se encontrava a sua casa. Suas relíquias foram levadas dali quando em 822 a igreja foi reconstruída pelo Papa Pascoal I, e é hoje a Basílica de Santa Práxeda,


Etimologia: Praxedes: do grego práxis = “o do trabalho, ativo, laborioso, prático”. Feminino: Práxeda.

Interior da Basílica de Sta Práxeda, Roma

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Santa Marina de Orense, Mártir - 18 de julho

     
         Sua vida está mesclada entre a realidade e a legenda.
     Nasceu em Balcagia, atual Bayona de Pontevedra na Galícia (Espanha), cerca do ano 119, sendo filha de Lucio Castelio Severo, governador romano de Gallaecia e Lusitania e de sua esposa Calsia, que deu à luz em um só parto a nove meninas enquanto seu esposo está fora, percorrendo seus domínios.
     Assustada com o fato, e temendo ser repudiada por infidelidade conjugal, Calsia decide desfazer-se das crianças e as entrega à sua fiel servidora Sila, ordenando que sob o maior segredo as atirasse no Rio Minho.
     Sila, cristã convicta, em vez de cometer crime tão horrível, as deixou em casas de famílias amigas e as crianças foram batizadas pelo bispo São Ovídio e criadas na fé católica.
     Chegou o momento em que elas tiveram que comparecer diante de seu próprio pai, acusadas de serem cristãs, o qual, ao saber que eram suas filhas, as convida a renunciar a Cristo para viver rodeada dos luxos e comodidades próprias ao seu nascimento.
     Ele as aprisionou tentando amedrontá-las, porém elas conseguem fugir do cárcere e se dispersam. Todas elas, entretanto, acabariam sendo mártires.
     A devoção popular situa Liberada e Marina (irmãs) mártires na idade de 20 anos no dia 18 de janeiro de 139.
     A festa de Santa Liberada se celebra no dia 20 de julho, por ser a data em que suas relíquias foram transladadas da cidade de Sigüenza à Bayona galega no ano 1515. A festa de Santa Marina se celebra no dia 18 de julho.
     No local onde ela foi martirizada surgiram três mananciais de água. Zurbarán a representou vestida como uma grande dama.

A igreja de Sta Marina em Águas Claras

Santa Marina de Orense, Virgem e Mártir de Águas Santas
     O acesso à localidade de Santa Marina de Águas Santas se pode efetuar desde Orense pela N525 ou pela A52.
     As origens desta igreja estão ligadas à vida enigmática e legendária de Santa Marina, mártir do século II d.C., cujos restos se conservam em seu interior.
     São várias as legendas com diferentes versões, porem todas coincidem em que Marina, desde pequena, foi entregue à uma mulher cristã para que esta a criasse e nessa fé a menina foi educada. Por isto foi repudiada por seu pai. Quando adulta, tornou-se uma jovem formosa que Olíbrio, de um alto cargo romano, tentou seduzi-la sem êxito e também não conseguiu que ela abjurasse sua religião.
     Indignado, encerrou-a em um calabouço; depois mandou açoitá-la; mais tarde tentaram queimá-la, mas de todos estes tormentos ela se livrava milagrosamente.
     Finalmente, Olíbrio mandou decapitá-la. O local onde sua cabeça caiu brotou um manancial com propriedades curativas: Águas Santas. Na tradicional romaria que se celebra cada 18 de julho, os romeiros visitam a fonte.
     A devoção popular erigiu sucessivamente vários santuários em honra da santa. Na época pós constantiniana foi erguida uma pequena igreja em torno dos lugares santificados no martírio. Nos inícios da Reconquista, uma igreja mais ampla foi construída. Posteriormente, em fins do século XII, os cônegos regulares de Santo Agostinho começaram a igreja atual, porém não a concluíram. Os templários o fizeram no século XIII.

sábado, 15 de julho de 2017

Nossa Senhora do Carmo – 16 de julho


     Segundo a tradição, no dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock, superior dos Carmelitas, encontrava-se em profunda oração rogando por seus religiosos perseguidos quando a Virgem lhe apareceu com o hábito da Ordem na mão e entregou-lhe o escapulário. Tempos depois a devoção a Nossa Senhora do Carmo foi florescendo e a espiritualidade carmelita se estendeu por vários lugares do mundo.
     A Festa de Nossa Senhora do Carmo, que se celebra a cada 16 de julho, é ainda símbolo do encontro entre a Antiga e a Nova Aliança porque foi no monte Carmelo (vocábulo hebreu que significa jardim) onde o profeta Elias defendeu a fé do povo escolhido contra os pagãos.
     Elias e Eliseu permaneceram no Monte Carmelo e com seus discípulos viveram de maneira contemplativa, como eremitas em oração. Em meados do século XII de nossa era, São Bertolo fundou a Ordem do Carmelo e vários sacerdotes foram viver no Carmelo como eremitas.
     Por volta de 1205 São Alberto, patriarca de Jerusalém, entregou aos eremitas do Carmelo uma regra de vida, que foi aprovada pelo Papa Honório III em 1226. Eles tinham a missão de viver como Elias e ter devoção a Maria Santíssima, a quem veneravam como a Virgem do Carmo.
     No século XIII, o Papa Inocêncio IV concedeu aos carmelitas o privilégio de serem incluídos entre as ordens mendicantes junto com os franciscanos e dominicanos. Os carmelitas passaram por algumas reformas, sendo a maior delas a realizada por Santa Teresa d´Ávila (Santa Teresa de Jesus) e São João da Cruz. Através dos séculos esta espiritualidade deu muitos santos à Igreja.
Milagres atribuídos a Nossa Senhora do Carmo
     Em Palmi, Itália, em 16 de novembro de cada ano é comemorado o terremoto de 1894, que teve o seu epicentro na cidade e no qual ocorreu um evento definido como o "milagre da Nossa Senhora do Carmo". Segundo a tradição, durante 17 dias os fiéis viram a imagem da Nossa Senhora do Carmo com movimento dos olhos e mudança da coloração da face. A imprensa local e nacional noticiou o evento e na noite de 16 de novembro, os fiéis improvisaram uma procissão pelas ruas. Quando a procissão chegou ao fim da cidade, um violento terremoto sacudiu todo o distrito de Palmi, arruinando a maioria das casas em seu caminho, mas apenas vitimou 9 pessoas, numa população de cerca de 15.000, isto porque quase toda a população estava na rua, assistindo ou participando da procissão. Anualmente, incluindo a queima de fogos de artifício, luzes e barracas, é celebrada a procissão da imagem de Nossa Senhora pelas mesmas ruas que andou em 1894. A Igreja Católica reconheceu oficialmente o milagre, coroando a estátua de 16 de novembro de 1896, como resultado do decreto emitido pelo Vaticano em 22 de setembro de 1895.
O Escapulário de Na Sra do Carmo
     Segundo a Doutrina Católica, a primeira veste de que se tenha notícia na História remonta ao Paraíso Terrestre. O Gênesis (3, 21), o primeiro livro da Bíblia, conta que após a queda dos primeiros pais da humanidade, Adão e Eva, o próprio Deus lhes confeccionou túnicas de pele e com elas os revestiu. Bem mais tarde, Jacob fez uma túnica de variadas cores para o uso de José, seu filho bem-amado (Gn 37, 3). E assim, as vestimentas vão sendo citadas nestas ou naquelas circunstâncias, ao longo das Escrituras (Gn 27, 15; 1 Sm 2, 19; etc.). Uma túnica, porém, ocupa lugar "princeps" entre as vestimentas: a túnica de Jesus Cristo sobre a qual os soldados deitaram sorte, por se tratar de uma peça de altíssimo valor, pelo facto de não possuir costura. Uma piedosa tradição atribui às mãos da Virgem Maria a arte empregada em sua confecção. Ao se darem conta, os soldados, da elevada qualidade daquela peça, tomaram a resolução de não rasgá-la.
     O Escapulário é um sinal de aliança com Nossa Senhora, e exprime a consagração de quem o usa a Ela. Segundo a devoção católica, assim como vestia Maria a seu Filho Jesus, da mesma forma Maria quer revestir também a nós, seus filhos adotivos. Pois, toda a humanidade, simbolizada por João Evangelista, foi entregue por Jesus aos cuidados de Maria, na mesma ocasião em que os soldados, pela sorte, decidiam sobre a propriedade da túnica de Jesus, ao dizer: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26).
     O Escapulário do Carmo, enquanto veste devocional, surgiu no século XII. Segundo a tradição católica, no dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a Nossa Senhora ajuda para resolver um problema da Ordem do Carmo, da qual era o Prior Geral. Enquanto ele rezava, a Virgem Maria apareceu-lhe, trazendo o Escapulário nas mãos, e disse essas confortadoras palavras: "Recebe, meu filho, este Escapulário da tua Ordem, como sinal distintivo da Minha confraria e selo do privilégio que obtive para ti e para todos os Carmelitas: o que com ele morrer, não padecerá o fogo eterno. Este é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos e prenda de paz e de aliança eternas".
     Ao longo do séculos, gerações e gerações de católicos, sobretudo os religiosos e leigos consagrados carmelitas, difundiram esta devoção mariana por todo o mundo, tornando-a numa das devoções católicas mais difundidas. Para os seus defensores, o Escapulário é uma poderosa ajuda espiritual, conferida através da Virgem Maria, para aqueles que vivem em estado de graça e um valioso instrumento para converter os pecadores.
Os Papas enaltecem o uso do Escapulário
     Em 1951, por ocasião da celebração do 700º aniversário da entrega do Escapulário, o Papa Pio XII disse em carta aos Superiores Gerais das duas Ordens carmelitas: "Porque o Santo Escapulário, que pode ser chamado de Hábito ou Traje de Maria, é um sinal e penhor de proteção da Mãe de Deus".
     Variadíssimas são as manifestações de apreço ao Escapulário feitas por vários Papas, tais como Bento XIII, Clemente VII, Bento XIV, Leão XIII, São Pio X e Bento XV. Bento XIII estendeu a toda a Igreja a celebração da festa de Nossa Senhora do Carmo, a 16 de julho.
Os grandes privilégios do Escapulário
     Uma das promessas de Nossa Senhora do Carmo a São Simão Stock se refere ao "privilégio sabatino", que consiste que aquele que morrer usando o escapulário, sairá do Purgatório no primeiro sábado após sua morte. Porém, a Igreja Católica, antes de mais, esclarece que o Escapulário não é um sinal "mágico" de salvação. Não é uma espécie de amuleto cujo uso dispensa os fiéis das exigências da vida cristã. Não basta, portanto, carregá-lo ao pescoço e dizer: "Estou salvo!" Apesar de, segundo a devoção católica, a Virgem Maria não pôs nenhuma condição ao conceder o "privilégio sabatino", afirmando simplesmente: “Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno", não obstante, para beneficiar-se deste privilégio, a Igreja ensina que é necessário usar o Escapulário com reta intenção. Neste caso, se na hora da morte a pessoa estiver em estado de pecado mortal, Nossa Senhora providenciará, de alguma forma, que essa pessoa moribunda se arrependa e receba os Sacramentos.
     Quem usa o Escapulário pode beneficiar-se também de indulgência plenária (remissão de todas as penas do Purgatório) no dia em que o recebe, na festa de Nossa Senhora do Carmo, 16 de julho; de Santo e Profeta Elias, 20 de julho; Santa Teresinha do Menino Jesus, 1º de outubro; dos santos carmelitas, 14 de novembro; São João da Cruz, 14 de dezembro; São Simão Stock, 16 de maio.


Fontes: