quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Santas Ripsima, Gaiana e comp., Mártires na Armênia – 29 de setembro

     

     A Vita destas Santas, bem como a de São Gregório o Iluminador, também chamado São Gregório Armênio (1), são recordadas nas fontes da tradição armênia. As Actas destas virgens apresentam pormenores extravagantes, mas não há dúvida de que a veneração a estas virgens e mártires existe desde tempos imemoriais na Armênia. Ripsima é venerada no Egito com o nome de "Arepsima" (ver Analecta Bollandiana, vol. XIV (1927), pp. 157 e 395), como também nos textos em árabe e no Martirológio Sírio de Rabban Silba.
     Segundo o testemunho dos historiadores armênios Fausto e Lázaro, podemos dizer que as mártires começaram a ser veneradas desde meados do século quinto (ver Tournebize, na Histoire politique et religieuse d´Armenie, pp. 452 e ss.). A versão grega das suas Actas, atribuída a Agatângelo, foi impressa na Acta Sanctorum sept. vol. VIII, junto com as de São Gregório, em 30 de setembro.
     Todos os pesquisadores dessas legendas concordam em dizer que a parte atribuída a Ripsima é pura fábula, conforme também S. Weber, em Die katholiche Kirche in Armenien (1903), p. 117 e a Analecta Bollandiana, vol. LX (1942), pp. 102-114.
     Mas, segundo a opinião do Pe. Paul Peeters "seria um atrevimento negar a existência destas mártires...".
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     Em 306, em Roma, o imperador Maxêncio (278-312) tomou o poder e de acordo com o historiador Eusébio, a princípio, usando de moderação, ordenou o fim da perseguição aos cristãos, mas com o passar do tempo, seguindo sua natureza perversa, começou a usar seu poder para roubar as esposas de seus maridos, especialmente dos patrícios e senadores.
     As senhoras nobres de Roma passaram tempos difíceis e então Ripsima, que pertencia à nobreza imperial, mas vivia a vida monástica com outras companheiras sob a orientação de Gaiana, decidiu deixar a cidade para escapar a esta infâmia.
     O grupo de mulheres decidiu mudar-se para o Oriente. A origem romana destas santas parece provável examinando seus nomes armênios: Gaiana certamente é o diminutivo de Gaia; Nune, nome de uma das companheiras, lembra o nome latino de Nona e o nome armênio de Hripsime parece ser uma alteração do nome latino Crispina.
     Na Armênia os fatos ocorridos com Ripsima, Gaiana (priora) e as suas companheiras estão interligados com os de São Gregório o Iluminador, o apóstolo da Armênia.
     O rei da Armênia, Tiridates III (+ 330), era inicialmente inimigo do Cristianismo e perseguia os cristãos. De acordo com o biógrafo, Ripsima e 33 companheiras foram decapitadas em 26 Hori (correspondente a 4 de novembro de 313) e Gaiana e duas virgens em 27 Hori (5 de novembro de 313).
     Outra versão das Actas indica que ao descobrir o paradeiro de Ripsima, Diocleciano enviou uma carta a Tiridates insistindo para que ele a mandasse de volta ou a tomasse para si mesmo. Os servos do rei a encontraram entre suas companheiras, aqui descritas como freiras, e pediram que ela atendesse seus desejos. Ela respondeu que não podia se casar, pois estava noiva de Jesus Cristo, assim como as outras. Com isso, uma voz do céu foi ouvida, dizendo: "Seja corajoso e não tema, pois estou com você".
     Diante disso, Tiridates ordenou que Ripsima fosse torturada e seu corpo foi cortado em pedaços. Inspirada por seu exemplo, Gaiana e duas outras freiras sofreram tratamento semelhante antes de serem decapitadas. O resto da comunidade foi morta pela espada, seus corpos jogados nos animais para serem comidos. Supostamente, Tiridates e seus soldados foram então punidos por Deus por suas ações: os soldados foram assolados por demônios e começaram a agir como animais selvagens, atravessar as florestas, roer a si mesmos e rasgar suas roupas, e o rei adoeceu.
     A única coisa certa sobre a história de Ripsima é que ela e suas companheiros foram de fato martirizados na Armênia por volta de 290.
     Poucos dias após o martírio das santas virgens São Gregório foi libertado da prisão. Depois da cura do rei, alcançada pela intercessão de São Gregório, e de sua posterior conversão, o santo bispo pegou as relíquias das mártires e construiu três capelas no local do martírio para guardar os túmulos das santas.
     Estas capelas foram completamente restauradas no século VII e naquela época as relíquias foram redescobertas. No século XVII, os missionários tentaram, sem sucesso, levar as relíquias para o Ocidente; elas permaneceram na Armênia e as três capelas, joias da arquitetura armênia, são objeto de um cuidado especial do governo.
     A Igreja Armênia celebra as mártires em dois dias: na segunda e na terça-feira após a festa da SSma. Trindade. Como o martírio destas virgens está na origem da conversão da Armênia, grande é a popularidade delas naquela Nação. Elas são consideradas as primeiras mártires da Igreja Armênia.
     Na tradição Católica estas mártires são comemoradas no dia 29 de setembro.
 
 
(1) São Gregório o Iluminador é o apóstolo dos Armênios, Nação que se converteu ao Cristianismo em 301. Gregório nasceu em 260 e foi educado na fé cristã por sua ama de leite. Recusou-se a sacrificar aos deuses pagãos, como desejava o Rei Tiridates, e foi aprisionado. Depois, Tiridates adoeceu e foi curado pelo Santo, que foi então libertado. São Gregório converteu a família real, o que resultou na conversão de toda a Nação ao Cristianismo. São Gregório morreu em 328. Algumas de suas relíquias estão na igreja de São Gregório Armênio em Nápoles, na homônima rua, célebre por seus presépios. Outras se encontram em Nardò e Constantinopla. A mais importante é o braço direito, com a qual se benze o novo Katholikos (bispo) na Armênia.
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     A Igreja dedicada à Santa Hripsimé em Echmiadzin é do século VII. A atual estrutura foi consagrada em 618 d.C. Muito bonita a fachada, o interior e a cripta onde encontram-se diversas escrituras em pedras e o túmulo com as relíquias desta Santa. Em um nicho na parede e protegidas por um vidro, estão as pedras que provocaram a morte desta noviça que teve que fugir de Roma por ter rejeitado o imperador Diocleciano e depois encontrou o seu fim na
Armênia após ter rejeitado também o rei Tiritastes III. Segundo a nossa guia o local do martírio fica atrás da igreja.
 
Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/92729
 
Postado neste blog em 30 de setembro de 2013

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Walsingham, a Loreto Inglesa - Nossa Senhora de Walsingham – 24 de setebro

     
Na Sra de Walsingham

     
     Walsingham é o principal título com que Nossa Senhora há cerca de mil anos vem aspergindo suas graças no Reino Unido, a partir do priorado agostiniano situado na região de mesmo nome, fundado em 1016. 
     Localiza-se o santuário a poucos quilômetros do Mar do Norte, numa das renomadas campinas verdejantes e ajardinadas da Inglaterra, no território de Norfolk, cujos Duques constituíram uma grande estirpe que manteve a fidelidade a Roma, em meio à generalizada apostasia anglicana. Em 1016 já vivia Santo Eduardo I o Confessor, e poucos anos antes havia reinado seu tio, Santo Eduardo o Mártir.
     Desde o início, os insignes favores concedidos por Nossa Senhora naquele santuário tornaram-no objeto de frequentes peregrinações, que partiam de toda a Inglaterra e até do Continente europeu. Ainda no século atual é conhecido como Palmers’Way (Via dos Peregrinos) o principal caminho que conduz a Walsingham, através de Newmarket, Brandon e Fakenham.
      Muitas foram as dádivas de terras, prebendas e igrejas obsequiadas aos cônegos agostinianos de Walsingham em virtude da grande devoção mariana arraigada na população britânica, e dos muitos milagres alcançados através das súplicas dirijas a Nossa Senhora de Walsingham. O Rei Henrique III para lá peregrinou em 1241; Eduardo I, em 1280e 1296; Eduardo 11, em 1315; e Henrique VI, em 1455.
     Eduardo I nutria grande devoção a Nossa Senhora de Walsingham. Atribuiu a Ela o fato de se ter salvado de um desastre. Certo dia, num intervalo entre suas ocupações, jogava xadrez quando subitamente lhe veio a ideia de se levantar do assento, sem explicar por que lhe ocorria tal impulso. Um instante depois grande pedra desprendeu-se da abóbada da sala onde estava o Rei e caiu sobre o lugar que acabava de deixar. Tal fato fez com que redobrasse o amor que votava à Virgem.
Santuário de Walsingham
     Henrique VIII, em 1513, muito antes de sua apostasia, chegou a peregrinar descalço a Walsingham. Em 1511, por exemplo, tal era o prestígio do santuário mariano que o ímpio humanista Erasmo de Rotterdam foi visitá-lo, partindo de Cambridge, em cumprimento de um voto. Terá sido um resíduo de fé nele existente ou uma jogada para prestigiar-se junto aos católicos ingleses? Qualquer que tenha sido a causa da peregrinação, não impediu que o humanista deixasse como oferenda a Nossa Senhora louvores escritos em versos gregos. Anos depois, num opúsculo, Erasmo comentou a riqueza e a magnificência de Walsingham.
     De modo trágico (embora coerente com seus pérfidos princípios) a Revolução protestante não poupou o santuário: seus tesouros foram espoliados, destruiu-se o priorado, foi desmantelada a igreja. Hoje, felizmente, está ela restaurada atraindo um fluxo considerável de fiéis.
     Qual a origem dessa admirável devoção? Nossa Senhora apareceu à nobre Lady Richeldis de Faverches, mostrando-lhe misticamente a Santa Casa de Nazaré, para que, tomando-lhe as medidas exatas, edificasse uma igual em Walsingham. Como tem ocorrido em outros países e épocas, a vidente ofereceu certa resistência para acreditar em algo tão extraordinário, como seja uma inesperada incumbência vinda diretamente do Céu. Assim, Nossa Senhora teve que repetir o pedido em três ocasiões diferentes, a fim de que Richeldis pusesse mãos à obra. Seu filho, Geoffrey, e o sucessor deste, Richard, Duque de Gloucester, solicitaram e obtiveram que a Ordem de Santo Agostinho definitivamente cuidasse do culto da Santíssima Virgem no lugar por Ela escolhido.
     Quando Lady Richeldis começou a construção da capela, observou certa manhã, com espanto, olhando para o prado, dois trechos planos do terreno misteriosamente não atingidos pelo orvalho. Aquelas duas partes correspondiam exatamente às dimensões da planta da Santa Casa de Nazaré, que Lady Richeldis havia medido durante sua visão.
Interior do Santuário
     É digna de nota a semelhança do fato prodigioso presenciado por Lady Richeldis com a demarcação do terreno da Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e mais ainda com o milagre do véu de Gedeão, relatado no Antigo Testamento.
     Em 2011 o Santuário comemorou 950 anos e recebeu peregrinos do mundo inteiro. A festa de Nossa Senhora de Walsingham é comemorada no dia 24 de setembro.
     Peçamos a Ela que derrame suas bênçãos sobre o Reino Unido e, como vem ocorrendo atualmente com alguns bispos e leigos anglicanos, Ela alcance a inteira conversão daquelas nações à Fé Católica.

                                        
Nossa Senhora de Walsingham


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FONTES:
1. The Catholic Encyclopaedia, Londres, 1912, t. XV, p. 543.
2. Calendrier Marial, Constantinopla, 1935, p. 362.
3. Edésia Aducci, Maria e seus gloriosos títulos, Florianópolis, 1958, 1ª ed., Editora “Lar católico”, pp. 97-99.
4. Chamber’s Encyclopaedia, William & Robert Chambers, Limited, Londres e Edimburgo, 1895, p. 540.
5. Wilhelmine Harrod, Norfolk A. Shell Guide Londres, 1982,4ed., p. 168.
6 . Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Senor Jesucristo según los Evangelios. Editorial Difusión, S. A., Tucumán, 1859, pp. 145-147
 
Revista Catolicismo http://www.catolicismo.com.br/
 
Postado neste blog em 28 de novembro de 2011

Beata Crescência Valls Espi, Virgem e mártir – 26 de setembro

     
     Crescência nasceu em Onteniente, Espanha, filho de Joaquín Valls e Francisca Espí, e foi batizada em 10 de junho de 1863 na igreja paroquial de Santa Maria. Recebeu a educação básica na escola das Filhas da Caridade de San Vicente de Paulo em Onteniente. Católica devota, tornou-se bordadeira, trabalhando em casa para ajudar no sustento da família. Ela pertencia a várias associações católicas de caridade: Mulheres de São Vicente de Paulo, o Apostolado da Oração e a Ordem Terceira da Virgem del Carmen.
     Em seus documentos de apoio à beatificação, a arquidiocese de Valência qualificou Crescência de "Serva de Deus" e "apóstola social" e descreveu sua obra caritativa.
     Apóstola social, exerceu a caridade visitando os enfermos. Ela pediu ajuda financeira às pessoas ricas para atender às necessidades dos pobres. Da mesma forma, imensamente caridosa, ela se comoveu e sofreu com as dores das pessoas. Para as famílias que tinham uma pessoa falecida, ela os ajudou a pagar as despesas do enterro e os consolou em sua dor.
     Com o início da Guerra Civil Espanhola em 1936, ocorreram numerosos massacres e, segundo documentos da Arquidiocese de Valência, Crescência sabia o que esperar: “A Serva de Deus, nos dias anteriores à revolução estava ciente da situação que ela estava prestes a enfrentar: perseguição religiosa e provável martírio".
     Logo Crescência foi oficialmente rotulada de "católica fervorosa" pelo prefeito de Onteniente, que a denunciou ao governador de Valência. Em 26 de setembro de 1936, citando suas colaborações com organizações religiosas e defesa do catolicismo, milicianos invadiram sua casa pouco antes do meio-dia e a prenderam junto com suas três irmãs Concepción, Carmen e Patrocinio. Elas foram levadas para o porto de Canals e, finalmente, após cerca de 12 horas de prisão, as quatro irmãs foram assassinadas com um tiro no pescoço.
     No início, seu corpo foi depositado com outros mártires em uma vala comum no cemitério dos Canais, mas seus restos mortais foram posteriormente exumados e enterrados na igreja de sua cidade natal, a Asunción de Nuestra Señora de Onteniente
    Autoridades da Arquidiocese de Valência promoveram a beatificação de Crescência por causa de sua dedicação à fé. Ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 11 de março de 2001 junto com os 232 mártires espanhóis.
 

Martirológio: Em Puerto de Canals, na província de Valência, Beata Crescência Valls Espí, virgem e mártir por Cristo na perseguição religiosa de 1936.
 
Fontes:
www.archivalencia.org (em espanhol). Consultado em 14 de março de 2021
Office of the Liturgical Celebrations of the high Pontiff (2001). «52. Servant of God, Crescence Valis Espí.». www.vatican.va. Consultado em 14 de março de 2021
https://pt.wikipedia.org/

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Beata Helena Duglioli Dall’Olio Viúva - 23 de setembro

     
     A Santa Igreja apresenta um modelo admirável de viuvez católica passada na oração fervorosa e nas obras de caridade ao conceder a beatificação a Helena Dall'Olio.
     Helena nasceu em Bolonha (Itália) no ano de 1472, filha de Silvério Duglioli, notário, e de Pentesilea Boccaferri.católica e manifestou uma precoce propensão para a vida oculta, a oração, o empenho nas obras de caridade. Embora aos 15 anos tivesse manifestado o propósito de emitir o voto de virgindade e desejasse entrar no mosteiro das Clarissas de Corpus Domini, por imposição da mãe foi dada por esposa ao notário Benedito Dall'Olio, de 40 anos. Aos 17 anos casou-se e com ele viveu santamente e em profunda sintonia espiritual.
     Afirma-se que na vida matrimonial viveu sempre em absoluta virgindade, mas este fato não é documentado por fontes seguras. Depois da morte do esposo, passou o resto da vida de modo exemplar.
     Dotada de um discernimento de espírito fora do comum, tornou-se conselheira dos humildes e dos poderosos. Foram à procura de sua sabedoria e de suas orações de intercessão personalidades insignes como Júlio II e Leão X.
     Helena predisse o dia de seu falecimento, ocorrido em Bolonha no dia de Santa Tecla, virgem, 23 de setembro de 1520.
     O seu corpo incorrupto é venerado em São João no Monte, na capela de Santa Cecília, mandada construir pelo Bispo de Pistoia por inspiração da própria Beata.
Capela onde seu
corpo é venerado
     
     A fama de sua santidade propagou-se na população que tributa a ela um culto solene todos os anos no dia 23 de setembro. Este culto é recordado por Pedro Aretino, que fala dos ex-votos de todos os tipos vistos ao redor do túmulo da "Santa Beata Helena Dall'Olio em Bolonha". Bento XIV se referiu a este testemunho de Aretino quando se ocupou do culto imemorável de Helena. Leão XII confirmou o seu culto em 1828.

Etimologia: Elena = a luz, tocha, do grego
 
Martirológio Romano: Em Bolonha, a Beata Helena Duglioli Dall'Olio, que após o casamento viveu em admirável harmonia com o marido, viúva levou uma vida exemplar.
 
Postado neste blog em 23 de setembro de 2012 
 
Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/71650

 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Santa Susana de Eleuterópolis, Monja e mártir - 20 de setembro

     
A vida e o martírio de Santa Susana, que é mencionada em uma passio em língua grega, relatada na “Bibliotheca Hagiografica Graeca”, são colocados no século IV.
     Nativa da Palestina, Susana era a filha de um sacerdote pagão chamado Artêmis; a mãe, Marta, era judia. Órfã de ambos, ela foi educada e convertida por um certo Padre Silvano e depois batizada. Mais tarde, ela doou todos os seus bens aos pobres e sob disfarce masculino, entrou em um mosteiro para levar uma vida ascética com o nome fictício de João.
     Em 'Vidas' de santas, especialmente naquele período histórico em que ainda não havia um monaquismo feminino, podemos encontrar santas que com este estratagema muitas vezes viveram até sua morte em mosteiros sem que ninguém percebesse, porque a vida em comum dos primeiros monges era reduzida, todos tinham uma cela ou uma ermida, e somente se reuniam para as cerimônias comuns.
     Este método foi usado por muitas santas, pela austeridade de vida que tinham escolhido. Damos os nomes de algumas, além de Santa Susana: Santa Marina/Marino do Líbano, Santa Anastásia, Santa Atanais, mulher de Andrônico, Santa Apolinária, Santa Eufrásia, Santa Eugênia, Santa Teodora de Alexandria.
     Susana (João) continuou assim por um longo tempo levando uma vida de perfeita asceta, até que foi acusada por uma mulher de ter tido relações sexuais com ela quando, para provar a mentira, ela teve que revelar seu sexo verdadeiro.
     Susana então deixou o mosteiro, foi para Eleuterópolis (Grécia), onde se tornou diaconisa. A história relata que sendo então época de perseguição de cristãos, pois o imperador Juliano, o Apóstata, tentou reverter a adoção do Cristianismo pelo Império Romano, Susana foi presa devido ao seu zelo em proclamar Jesus Cristo e levada ao governador Alexandre; sofreu vários tormentos, sendo depois aprisionada, onde morreu. Foi martirizada em 362.
     Nos Sinassarios bizantinos ela é celebrada no dia 19 de setembro; Cesar Barônio, que compilou o primeiro Martirológio Romano no século XVI, a colocou no dia 20 de setembro.
 
Etimologia: Susana = do hebraico, lírio, a mulher pura
Nota: A gravura não representa Santa Susana, mas pode ter sido assim o seu martírio.
 
 Postado neste blog em 20 de setembro de 2016

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Santa Edith de Wilton, Princesa e Abadessa - 16 de setembro

     Muito do que sabemos sobre a vida de Edith foi documentado por seu hagiógrafo, Goscelin, quase um século após sua morte. Goscelin de Saint-Bertin foi um monge beneditino de origem flamenga e, por volta de 1080, escreveu a hagiografia de Edith. Sua 'Legend of Edith' consistia em duas partes: a Vita Edithe (sobre a vida de Edith) e a Translatio, que tratava dos eventos após sua morte. Diz-se que grande parte da informação na hagiografia de Edith foi obtida por Goscelin de histórias orais transmitidas pelas freiras da Abadia de Wilton.
     Os conventos anglo-saxões eram importantes centros de educação feminina que davam a suas habitantes – tanto as freiras quanto as leigas que lá foram educadas antes de se casarem – acesso a oportunidades de aprendizado. Isto é particularmente verdadeiro na Abadia de Wilton; o fato de Goscelin ter sido seu capelão e ter escrito obras em latim para elas, provavelmente por iniciativa das próprias freiras, atesta seu interesse pela história e sua participação ativa na produção de textos literários.
     Segundo seu biógrafo, Edith tinha um grande interesse pela moda e era conhecida por suas roupas finas. Goscelin escreveu sobre como Edith respondeu quando foi castigada pelo bispo por usar roupas elaboradas na igreja. As roupas também sobreviveram a um incêndio no mosteiro.
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     Edith de Wilton (também conhecida como Eadgyth, seu nome em inglês antigo, ou como Editha ou Ediva, a forma latina de seu nome), uma das santas mais veneradas da Inglaterra, era filha ilegítima do Rei Edgar da Inglaterra, o Pacífico, com Wulfrida, uma dama de nobre nascimento que o rei forçara a sair da Abadia de Wilton. Ele levou-a para Kemsing, próximo de Sevenoaks, onde Edith nasceu c. 961. Sob a direção de São Dunstan, Edgar fez penitência por este crime não usando sua coroa por sete anos.
     Assim que Wulfrida pode escapar de Edgar retornou para a Abadia de Wilton, levando consigo a pequena Edith, que foi educada pelas monjas da abadia; sua mãe se tornou religiosa e posteriormente abadessa. Na época, como parte da abadia, funcionava, em dependências anexas, uma escola para jovens.
     A jovem princesa aproveitou tão bem os exemplos e instruções dados por sua mãe que também se tornou religiosa no mesmo mosteiro. Ela realizava as tarefas de Marta aos olhos de todas as religiosas e externas, e as funções de Maira aos olhos de Nosso Senhor; pois, sem levar em conta a sua origem, Edith se dedicava aos mais humildes serviços da casa, assistia aos doentes e se fazia a serva dos estrangeiros e dos pobres. Para eles Edith fundou um hospital, perto de seu mosteiro, que sempre poderia acolher treze pessoas. Socorrendo com seus recursos e seus cuidados aqueles que ela sabia serem indigentes, ela procurava os aflitos para consolá-los e preferia conversar com os leprosos, abandonados por todo mundo, a conversar com os grandes príncipes do reino. Mais as pessoas eram enxotadas pelos outros devido às suas enfermidades, mais elas eram bem-vindas junto a Edith; numa palavra, ela era incomparável no seu zelo em prestar serviço ao próximo. Reprimia imediatamente todas as tentações de luxo e de grandeza. Tal foi a vida desta jovem princesa até a idade de quinze anos.
     Edith se tornou monja aos quinze anos, com o consentimento de seu pai. Ele ofereceu a ela o tornar-se abadessa de três importantes comunidades, mas ela preferiu permanecer com sua mãe em Wilton. Seu pai faleceu em 975.
     Em 978, Edith sonhou que havia perdido seu olho direito e acreditou que era um aviso sobre a morte de seu meio irmão o Rei Eduardo, o Mártir, que de fato foi assassinado naquela ocasião, quando visitava sua madrasta, a Rainha Alfreda, no Castelo de Corfe, em Dorset (*).
     Sua humildade apareceu muito mais quando Edith recusou a coroa da Inglaterra, pois após a morte de Santo Eduardo, que a Igreja honra como mártir, os senhores foram encontrá-la para apresentar-lhe o cetro, e deram-lhe todas as razões possíveis, tentando mesmo por meio de violência, obrigá-la a aceitá-lo. Ela resistiu-lhe o tempo todo generosamente, e teria sido mais fácil transformar os metais, diz seu historiador, a tirá-la de seu claustro, a fazê-la deixar a decisão que havia tomado de devotar toda a sua vida a Deus.
     Apesar de sua recusa a honras e poder, ela sempre se vestiu com magnificência. Quando censurada pelo bispo Etelwold de Winchester, ela respondeu que somente o julgamento de Deus era verdadeiro e infalível, Ele que vê através das aparências externas, acrescentando: “Porque o orgulho pode existir sob o manto da miséria, e uma mente pode ser tão pura sob estas vestimentas como sob suas peles esfarrapadas”.
     Ela construiu uma igreja em Wilton dedicada a São Dionísio. São Dunstan foi convidado para a sua dedicação e chorou muito durante a Missa. Quando lhe foi perguntado qual a razão, ele disse que era porque Edith iria morrer dentro de três semanas. Isto ficou provado quando ela faleceu em 15 de setembro de 984, e sugere que Edith sofria de uma doença fatal. Ela foi sepultada em Wilton, na nova igreja de São Dionísio.
     Edith era muito célebre por sua erudição, beleza e santidade, e alguns milagres foram constatados logo após a sua morte. Uma semana depois de sua morte, Edith apareceu gloriosa para sua mãe e disse-lhe que o demônio tentara acusá-la, mas que ela quebrara sua cabeça.
     Goscelin, monge beneditino que nos transmitiu a biografia de Santa Edith, relata que treze anos depois ela apareceu em visões a São Dunstan e outros, para contar-lhes que o seu corpo estava incorrupto no sepulcro. Ele conta que quando São Dunstan abriu o túmulo, na presença de sua mãe, seu corpo “exalava perfumes do Paraiso”. Entretanto, a data do evento é duvidosa, pois São Dunstan morreu somente quatro anos após Edith. Foi sugerido que Goscelin escolheu escrever a história de Edith associando São Dunstan à transladação de seus despojos.
     Após a exumação e o novo sepultamento, o túmulo de Edith tornou-se um importante relicário. Ela foi canonizada por iniciativa de seu irmão Etelred, e sua causa foi também apoiada por seu sobrinho Edmundo.
     Existem vários milagres associados a Edith após sua morte, incluindo a cura da condição ocular da abadessa Elgiva de Wilton (por volta de 1066) e a proteção milagrosa de Santa Edith do convento e suas posses contra intrusos. Também se diz que o rei Canuto duvidou que Edith fosse uma santa e exigiu que seu túmulo fosse aberto para que ele pudesse decidir por si mesmo. Para sua surpresa, o corpo de Edith se levantou e o atingiu. Ele ficou tão humilhado que generosamente dotou o convento com um santuário, que visitou ao passar por Wilton.
     Canuto, o Grande, era conhecido por sua devoção a ela. Goscelin relata que em uma ocasião, ao atravessar o Mar do Norte da Inglaterra para a Dinamarca com sua frota, Canuto foi surpreendido por uma terrível tempestade, e, temendo por sua vida, apelou para Edith. A tempestade acalmou e ao retornar para a Inglaterra Canuto visitou a Abadia de Wilton para agradecer seu salvamento “com presentes, e publicando este grande milagre com várias testemunhas”, encomendando um relicário de ouro para a Santa.
     Santa Edith tornou-se centro de culto em Wilton e também um importante santuário nacional. A comunidade de Wilton tomou-a como sua patrona, lembrando-se dela como uma nobre dama que se dedicou à sua proteção. Em seu livro Liber Confortatorius, Goscelin escreveu que frequentemente ele pensava em Edith e sentia sua presença.
     Tem-se a certeza da existência de três igrejas dedicadas a Santa Edith: uma em Baverstock, próximo de Wilton, outra em Bishop Wilton, Yorkshire, e a terceira em Limpley Stoke, Wiltshite.
     O selo de Edith sobrevive. Datado do período 975-984, ele contém um retrato dela de pé, com uma das mãos elevada e a outra segurando um livro. A inscrição a identifica como regalis adelpha, ou “irmã real”, uma referência ao seu status de monja e de irmã dos Reis Eduardo e Etelred. 
    
Várias igrejas foram dedicadas a Edith, incluindo a Igreja de Sta. Editha em Baverstock e a Igreja de Sta. Edith, Bishop Wilton (Yorkshire). Até onde sabemos, existem cerca de dezoito outras igrejas que também podem ter sido dedicadas a Santa Edith de Wilton, embora o número exato seja difícil de verificar. Além disso, em setembro de 2021, uma nova rota de peregrinação, St Edith of Wilton Way, foi lançada em sua homenagem. Ela se estende por 40 milhas de Wilton a Bath, e há várias igrejas com o nome dela na rota. Esta é talvez a melhor ilustração de como a memória de Edith vive no tempo e no lugar.
     Sua festa é celebrada no dia 16 de setembro.
 
Fontes: Goscelin, Life of St Edith (of Wilton), ed. Stephanie Hollis, Writing the Wilton Women: Goscelin’s Legend of Edith and Liber Confortatorius (Medieval Women Texts and Contexts 9; Turnhout: Brepols, 2004) O. S. B., St Editha of Wilton (Catholic Truth Society, 1903, 6th edition, 24 pp.)

(*) Após a morte do pai, Eduardo tornou-se historicamente Rei. Então com apenas 15 anos de idade, o jovem monarca continuou as políticas de seu pai, confiando em São Dunstan como conselheiro e dando-lhe total apoio em seus esforços para restaurar os mosteiros ingleses e a vida religiosa do povo em geral.
     Todavia, sua madrasta, Alfreda, desejosa de ver seu filho Etelred assumir o trono inglês, forjou uma aliança com membros da nobreza contrários às reformas religiosas e monásticas de São Dunstan. Portanto, de um lado encontravam-se a ex-rainha e seus aliados e, do outro, Rei Eduardo e seus conselheiros, entre os quais não somente São Dunstan mas também Oswaldo, Arcebispo de York e Bryhnoth, um nobre de Essex.
     No dia 18 de março de 979, os partidários do Príncipe Etelred finalmente decidiram agir. Convidado para a residência oficial do castelo de Corfe, em Dorset, onde o Príncipe Etelred e sua madrasta já se encontravam hospedados, o Rei Eduardo aproximou-se dos serviçais de Alfreda, que vieram recebê-lo alguns serviçais sacaram suas armas e um deles enterrou uma adaga no peito de Eduardo. Caindo da sela de seu cavalo, mas com o pé ainda preso ao estribo, o animal assustado, galopando em direção à floresta do castelo, arrastando pelo chão um rei mortalmente ferido a sangrar pelo caminho. Quando os homens do Rei finalmente conseguiram parar o cavalo, Eduardo já estava morto.
     Embora ninguém tenha sido declarado culpado pelo crime, o regicídio foi levado a público de uma maneira bem diferente. Pois naquele mesmo instante, os milagres começaram.
     Já naquela noite, uma senhora cega em cuja cabana o corpo do Rei Eduardo fora temporariamente depositado até ser movido para Wareham, de repente passou a enxergar. Em seguida, uma fonte começou a jorrar no túmulo do Rei Eduardo em Wareham, e inúmeros relatos dão conta de pessoas que foram milagrosamente curadas quando ali rezaram e se banharam. Como a santidade de Eduardo estava se tornando cada vez mais evidente, seu corpo foi transladado para o convento de Shaftesbury em 981. As curas continuaram mesmo durante a procissão.
     Nos 20 anos que se seguiram, o túmulo do Rei Eduardo foi objeto de intensas venerações e peregrinações. No dia 20 de junho de 1001, o Rei Etelred, ordenou que o corpo de Eduardo fosse transferido para um santuário no Mosteiro de Shaftesbury. No ano 1008, Alfege, Arcebispo de Canterbury, canonizou oficialmente Santo Eduardo, Rei e Mártir. De toda a Inglaterra, e até mesmo de outros países da Europa, peregrinos vinham venerar as relíquias de Santo Eduardo.
 
Postado neste blog em 15 de setembro de 2012
 
Fontes:
https://es.wikipedia.org/wiki/Edith_de_Wilton
http://hagiosdatrindade.blogspot.com/2010/09/santa-edite-de-wilton-religiosa.html
http://avidaintelectual.blogspot.com/2007/11/santo-eduardo-rei-e-mrtir.html

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Beata Maria de Jesus López de Rivas, Carmelita Descalça -13 de setembro

 
    A Reforma Teresiana do Carmelo se difundiu da Espanha para toda a Europa e depois para o mundo todo, graças a numerosas personalidades, algumas injustamente pouco conhecidas. É o caso da Beata Maria de Jesus, que Santa Teresa definiu como o seu "pequeno teólogo".
     Durante os oitenta anos de sua longa vida, a Espanha conheceu poder e esplendor, mas também a decadência. Maria, do convento de Toledo, do qual não se afastou, viveu os vários acontecimentos à luz da Fé, que olha além da realidade terrena. Algumas autobiografias falam dela, bem como de seus escritos, e o testemunho de contemporâneos e de santos que mantiveram com ela relacionamento, bem como a própria Santa Teresa de Jesus.
     Maria López de Rivas nasceu numa nobre família de Tartanedo (Guadalajara) no dia 18 de agosto de 1560. Seu pai morreu quando ela tinha somente quatro anos e como era a única filha, herdou um patrimônio considerável. A mãe muito jovem tornou a se casar e a pequena ficou com os avós e tios paternos em Molina de Argon, onde foi educada nos princípios católicos.
     De "rara beleza", dos catorze aos dezessete anos travou uma luta consigo mesma e com os familiares por causa do desejo que sentia de consagrar-se ao Senhor na Ordem Carmelita, há pouco reformada.
     Deixando bem-estar e riqueza, entrou no convento de Toledo, introduzida pelo jesuíta Padre Castro, em 12 de agosto de 1577. Ela foi recebida por Santa Teresa, que nove anos antes havia fundado aquele convento. A Madre prognosticou a futura santidade da postulante e às hesitações em aceitá-la devido à saúde precária respondeu: "Deixemo-la professar, ainda que tivesse que ficar de cama todos os dias da sua vida. Esta é a vontade de Deus".
     Santa Teresa propunha uma doação total de si ao Senhor o que correspondia ao desejo de Maria, apesar de sua timidez se manifestar às vezes de modo "sanguíneo e colérico".
     Professou dia 8 de setembro de 1578. Os primeiros anos foram dedicados principalmente à oração, começando a se manifestar os dons místicos como os estigmas nas mãos, nos pés e na cabeça.
     Com 24 anos foi nomeada mestra de noviças, cargo que ocupou por oito vezes, alternado com o de sacristã, enfermeira e sub-priora. Ausentou-se de Toledo por cinco meses em 1585, para a fundação de um novo convento em Cuerva. Pela primeira vez, aos 31 anos, foi nomeada priora.
     Em 1600, quando faltava um ano para o término do segundo triênio de priorado, durante uma visita canônica, o superior, dando crédito às acusações infundadas de uma religiosa, depôs a Beata do cargo. Irmã Maria aceitou a prova sem ressentimento, conservando o bom humor inalterado. Por 20 anos suportou humildemente as calúnias, algumas doenças e aflições espirituais com as quais o Senhor provou a sua santidade.
     Um ano depois da morte da acusadora, pela qual Maria rezou intensamente para obter uma morte serena, foi publicamente reabilitada pelo mesmo superior, que diante da comunidade lhe pediu perdão. Foi unanimemente reeleita priora em 25 de junho de 1624. Por causa da saúde ruim, pediu e obteve autorização para ser apenas conselheira e mestra de noviças, cargo que exerceu até a morte.
     No dia da Epifania de 1629, o Senhor lhe disse: "Maria, tu me pedes para ser libertada da prisão do corpo; saibas que ainda não é hora, porque se até agora tu viveste para ti, agora deves viver para outros; para o teu repouso uma eternidade se espera". E ela verdadeiramente se deu toda para o bem da comunidade e do próximo.
     Naqueles anos a nova capela do convento estava sendo construída e ela se dedicou ao bom êxito da obra, valendo-se até das boas amizades para recolher os fundos necessários. Apesar de muito idosa e com diversas enfermidades causadas em parte pelas penitências, participava da vida de oração da comunidade, causando admiração dos fiéis que frequentavam a igreja aos quais ela acolhia no parlatório.
     No dia 13 de setembro de 1640, no extremo das forças, pediu à superiora a permissão para morrer. Após ter recebido Jesus Eucarístico, expirou. Eram as 10 h da manhã; tinha oitenta anos, dos quais sessenta e três consagrados ao Senhor. Circundava-a uma aura de santidade. Irmã Maria tinha respondido plenamente ao que o Senhor havia pedido: "Filha, o teu amor é tão veemente, que ninguém o merece além de Mim".
     O melhor elogio é dado a ela por Santa Madre Teresa, que a teve por colaboradora também na feitura dos seus escritos. Maria, por sua vez, foi importante testemunha no processo de canonização de Teresa, que aconteceu, para sua grande alegria, em 1622.
     A Beata conheceu São João da Cruz (o primeiro encontro foi em 17 de agosto de 1578) e quando o Santo escapou da prisão e se refugiou no convento de Toledo, Maria foi uma das suas mais atentas ouvintes. A confiança entre os dois durou muitos anos e o místico doutor teve sempre por ela uma grande consideração
     O primeiro Provincial do Carmelo Reformado, Padre Jerônimo Gracian da Mãe de Deus, refere haver constatado os estigmas da Paixão do Senhor em Maria, misticamente impressos em seu corpo. 
     Ela manteve relacionamento com a Beata Ana de São Bartolomeu e com o Venerável Domingos de Jesus e encontrou o Rei da Espanha, Felipe III, que lhe pediu orações. Como todas as grandes místicas, Maria tinha os pés no chão. Compreendia bem as necessidades do próximo sofredor e eram muitas as pessoas que a procuravam para serem confortadas, tanto no parlatório como por meio de carta.
     Suas grandes devoções eram: o Menino Jesus, que definia "doutor da enfermidade de amor"; o Sagrado Coração de Jesus, Maria Santíssima e a Eucaristia. Repetia para as Irmãs: "Só aquele que tem a grande sorte de tornar Cristo senhor do seu próprio ser sabe conhecer a Deus Divino e Humano; só ele envereda por caminho seguro".
     Às suas religiosas repetia com um tom que tocava o coração: "Filhas, sabem que somos de casa com o Ssmo. Sacramento, que vivemos com sua Majestade sob o mesmo teto? Se os religiosos fossem conscientes de tal privilégio, nenhum julgaria adquiri-lo a preço demasiado caro, ainda que fosse à custa de lágrimas e de sangue".
     Beatificada no dia 14 de novembro de 1976 por Paulo VI, a sua festa é celebrada dia 13 de setembro.
 
Fonte:http://www.carmelitasmensageiras.com.br/index.php/2013-05-03-00-58-34/especiais/santa-teresa-de-jesus?layout=edit&id=284

Postado neste blog em 12 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Beata Lúcia de Omura, Mártir japonesa - 8 de setembro

     
     O xogunato e governo imperial tolerou inicialmente o estabelecimento de missões católicas e dos missionários, pensando aproveitar o fato de a presença dos cristãos vir a enfraquecer o poder dos monges budistas e ajudar no comércio com Espanha e Portugal. Porém, vendo que as Filipinas tinham sido tomadas pelos espanhóis após a conversão da população, o governo xogum viu o cristianismo como uma ameaça e começou a perseguir os cristãos. A religião foi banida e os que recusassem renegá-la eram executados.
     Lúcia de Freitas ou Fletes nasceu em Nagasaki em 1542 de família nobre, e contraiu matrimônio com o rico comerciante português Felipe de Fletes. Dela disse o Pe. Diego de São Francisco, missionário do Japão naquele tempo: “O Senhor a havia dotado de muitas virtudes e devoção, e particularmente luziram nela a hospitalidade e o desejo do martírio”.
     Viúva, terceira dominicana, quando em 1614, o fundador da dinastia de Tokugawa, promulgou um decreto que proibia praticar a religião católica e ordenava, sob pena de morte, que os missionários abandonassem o país, hospedou generosamente o Padre dominicano Beato Domingos Castellet.
     Porém, foram descobertos em 15 de julho de 1628 e conduzidos junto com alguns catequistas ao cárcere de Omura. Depois de alguns meses de prisão, no dia 8 de setembro de 1628, foi conduzida a Nagasaki. Ali a condenaram a morrer queimada viva. Tinha oitenta anos.
     Naquele dia vinte e dois cristãos, japoneses e europeus, receberam a glória de morrer dando testemunho da sua fé e de seu amor a Jesus Cristo.
     Lúcia de Omura foi beatificada junto com os Beatos Mártires do Japão, grupo que engloba 205 mártires que deram a vida pela fé entre 1617 e 1632, na terrível perseguição movida por Hidetada e Iemitsu, em Nagasaki e Tóquio. Esta perseguição durou 15 anos. Foram beatificados por Pio IX a 7 de julho de 1867. Ao todo são 166 cristãos leigos (quase todos japoneses) e 39 sacerdotes. Dentre os sacerdotes, treze são jesuítas, doze são dominicanos, oito franciscanos, cinco agostinianos e um sacerdote diocesano japonês.
     Não se deve confundir estes beatos mártires com os Santos Mártires do Japão, que foram já canonizados e são 26, que sofreram o martírio todos no mesmo dia: 6 de fevereiro de 1597.
     Há ainda os 188 mártires beatificados no dia 24 de novembro de 2008, que foram martirizados em 1603, quando o governo de Tokugawa começou uma forte perseguição contra os cristãos custando a vida de milhares deles, entre eles 4 sacerdotes e 184 leigos, mulheres, crianças, samurais, servos e inclusive pessoas deficientes.
 
http://vidas-santas.blogspot.com/2013/09/beata-lucia-de-freitas-martir-en-japon.html

domingo, 4 de setembro de 2022

Santa Rosália de Palermo, Virgem e eremita - 4 de agosto

 
   
Rosália Sinibaldi viveu no período feliz de renovamento católico que se restabelecera na Sicília após a expulsão dos árabes, que haviam permanecido na região de 827 a 1072. Foi possível então a difusão dos mosteiros Basilianos e Beneditinos. Naquela atmosfera de fervor e renovação religiosa se inseriu a vocação eremítica desta Santa.
     Rosália nasceu no ano 1125 em Palermo, na Sicília, Itália. O nome Rosália resulta da contração dos nomes "Rosa" e "Lilia" (Lilium). Era filha de Sinibaldo, rico senhor de Quisquinia e das Rosas, na província de Agrigento, então chamada Girgenti, e de Maria Guiscarda, sobrinha do rei normando Rogério II. Segundo a tradição, ela pertencia a uma nobre família normanda descendente de Carlos Magno.
     Durante a adolescência foi dama da corte da Rainha Margarida, esposa do Rei Guilherme I da Sicília, que apreciava sua companhia amável e generosa. Porém, ela não se sentia atraída por nada disso, pois sabia que sua vocação era servir a Deus e ansiava pela vida monástica.
     Aos catorze anos, levando consigo apenas um crucifixo, Rosália abandonou de vez a corte e se refugiou numa gruta que pertencia ao feudo paterno e era um local ideal para a reclusão monástica, pois ficava próximo do convento dos beneditinos que possuía uma pequena igreja anexa. Mesmo vivendo isolada, Rosália podia receber orientação espiritual e seguir as funções litúrgicas.
     Mais tarde a ermitã se transferiu para uma gruta no alto do Monte Pelegrino, que lhe fora doada pela amiga a Rainha Margarida. Ali já existia uma pequena capela bizantina e nos arredores outro convento de beneditinos. Eles acompanharam, testemunharam e documentaram a vida eremítica de Rosália, que viveu em oração, solidão e penitência. Atraídos pela fama de santidade da ermitã, os habitantes do povoado subiam o monte para vê-la.
2 anjos conduzem 
Sta Rosália à gruta
     Rosália faleceu no dia 4 de setembro de 1160 na sua gruta no Monte Pellegrino, em Palermo.
     No início de 1600, o seu culto havia caído quase no esquecimento, sendo ela, entretanto, ainda venerada; no Monte Pelegrino, em grutas vizinhas a que ela, segundo a tradição, habitara, alguns ermitões viviam e eram conhecidos como os “solitários de Santa Rosália”.
     Em 26 de maio de 1624, Jeronima Gatto, uma doente terminal, viu em sonho uma jovem vestida de branco que lhe prometia a cura se fosse ao Monte Pelegrino para agradecê-la. A mulher, ardendo de febre, foi ao monte acompanhada de duas amigas. Após beber a água que escorria da gruta se sentiu curada e caiu em um torpor repousante. A jovem de branco apareceu-lhe de novo dizendo-se ser Santa Rosália e lhe indicou o local onde estavam sepultadas as suas relíquias.
     O fato foi referido aos frades franciscanos do convento vizinho, cujo superior deles, São Benedito (1526-1589), já havia tentado encontrar as relíquias, sem sucesso. Eles então retomaram as buscas, e em 15 de julho de 1624 encontraram, a quatro metros de profundidade, uma urna de cristal de rocha de seis palmos de comprimento por três de largura, na qual estavam aderidos ossos.
     Levada para a cidade, a urna foi examinada por teólogos e médicos que chegaram à conclusão de que os ossos podiam pertencer a mais de uma pessoa. Não convencido, uma segunda comissão foi nomeada pelo Cardeal Arcebispo de Palermo, Giannettino Doria.
     Entrementes uma terrível epidemia grassou na cidade de Palermo fazendo milhares de vítimas. O Cardeal reuniu na catedral povo e autoridades, e todos juntos pediram a ajuda de Nossa Senhora, fazendo voto de defender o privilégio da Imaculada Conceição, tema de debates na Igreja de então, e de declarar Santa Rosália padroeira principal de Palermo, venerando suas relíquias quando elas fossem reconhecidas. Após a promessa, a epidemia cessou.
     Em 25 de agosto de 1624, quarenta dias após a descoberta dos ossos, dois pedreiros, que executavam trabalhos no convento dos dominicanos de Santo Estêvão de Quisquinia, acharam numa gruta uma inscrição latina muito antiga que dizia: Eu, Rosália Sinibaldi, filha das rosas do Senhor, pelo amor de meu Senhor Jesus Cristo, decidi morar nesta gruta de Quisquinia. Confirmando, assim, as tradições orais da época. Um santuário foi edificado na gruta onde seus restos mortais foram encontrados.
     Em 11 de fevereiro de 1625 uma comissão científica comprovou a autenticidade das relíquias e da inscrição, e em 1630 o Papa Urbano VIII incluiu as duas datas no Martirológio Romano. Estes fatos reacenderam o culto à Santa Rosália.
Túmulo da Santa no
Monte Pelegrino
(1841)
     Santa Rosália é festejada em 15 de julho, data que suas relíquias foram encontradas, e em 4 de setembro, data de seu falecimento. Anualmente acontece em Palermo, na noite de 14 para 15 de julho, uma grande festa religiosa denominada Festino di Santa Rusulia. A procissão das relíquias da Santa, de pompa extraordinária, percorre as ruas da cidade entre orações, cânticos e aclamações. E a cada ano, no dia 4 de setembro, renova-se a tradição de caminhar, com os pés descalços, de Palermo até o Monte Pelegrino.
     A urna contendo os restos mortais de Santa Rosália pode ser venerada no Duomo de Palermo. Os palermitanos a chamam de "a Santuzza" (a santinha). Santa Rosália é venerada como padroeira de Palermo desde 1666 e é tida como protetora contra doenças infecciosas.
 
Postado neste blog em 3 de setembro de 2012
 
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2015/09/santa-rosalia-de-palermo-virgem-e.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ros%C3%A1lia_de_Palermo