Derek
Shuff, em seu livro "Evader" (2007), contou sobre três tripulantes
britânicos cujo bombardeiro fez um pouso forçado em 1941. Eles encontraram o
caminho para o metrô e foram abrigados em uma casa segura quando uma jovem
apareceu.
"Meu nome é Andrée", disse a
mulher de 24 anos, "mas gostaria que vocês me chamassem pelo meu codinome,
que é Dédée, que significa mãezinha. Daqui em diante serei sua pequena mãe, e
vocês serão meus filhinhos. Será meu trabalho levar meus filhos para a Espanha
e para a liberdade”.
Ela saiu e os três sentaram-se em silêncio,
atordoados. Um finalmente falou. "Nossas vidas vão depender de uma
colegial", disse ele.
Dois dos homens sobreviveram à cansativa
jornada ao longo do que ficou conhecido como a linha de fuga do Cometa, por
causa da velocidade com que os soldados foram empurrados ao longo dela.
A Sta. de Jongh acabou liderando de 24 a
33 expedições pela França ocupada, pelos Pirineus até Gibraltar. Ela mesma
escoltou 118 militares para um local seguro. Pelo menos mais 300 escaparam ao
longo da linha do cometa.
Quando os alemães a capturaram em 1943,
foi sua juventude que a salvou. Quando ela confessou sinceramente a
responsabilidade por todo o esquema, eles se recusaram a acreditar nela.
A citação de sua Medalha da Liberdade com
Palma de Ouro, o maior prêmio que os Estados Unidos concederam a estrangeiros
que ajudaram o esforço americano na Segunda Guerra Mundial, disse que a Sta. de
Jongh "escolheu uma das atribuições mais perigosas da guerra".
Imagem
Andrée de Jongh nasceu em 30 de novembro
de 1916, em Schaerbeek, Bélgica, filha mais nova de Frédéric de Jongh, um
professor. Ela foi criada para admirar Edith Cavell, baleada um ano antes de
Andrée nascer por ajudar soldados aliados a escapar da Bélgica durante a
Primeira Guerra Mundial.
Quando os alemães absorveram a Bélgica, tendo
recebido treinamento em primeiros socorros, ela começou a trabalhar como
enfermeira. Ela silenciosamente se debruçou sobre a miríade de regras alemãs
que regem o controle do movimento e conversou com confidentes sobre a fuga.
Sua tarefa era mais difícil do que a de
Cavell, que só tinha que mover homens através da fronteira holandesa. A Bélgica
estava cercada por países ocupados. Eventualmente, a Sta. de Jongh se
estabeleceu na longa rota para a Espanha.
Quando ela levou seus dois primeiros
aviadores ao Consulado Britânico em Bilbao, Espanha, ela pediu apoio para
outras missões. As autoridades estavam suficientemente convencidas de sua
integridade para superar o ceticismo entre os chefes da inteligência britânica
de que ela poderia fazer parte de um complô da Gestapo.
A missão de Jongh teve uma ressonância
mais ampla porque sinalizou às nações aliadas que os pilotos e tripulações que
caíam em território inimigo não estavam perdidos. Também conseguiu combinar
espionagem com fuga, enviando informações críticas para os canais aliados.
A operação Comet foi complexa: os
organizadores precisavam recuperar aviadores caídos, adquirir roupas civis e
documentos de identidade falsos, fornecer ajuda médica aos feridos e abrigar e
alimentar os homens enquanto eles se moviam ao longo de sua longa pista de
obstáculos.
Também era tão perigoso, que a Sta. de
Jongh alertou os recrutas que eles deveriam esperar estar mortos ou capturados
dentro de seis meses. Seu próprio pai foi capturado e executado, junto com
outras 22 pessoas.
Sua inspiração às vezes era tudo o que
mantinha os homens exaustos se arrastando. Bob Frost, um membro da tripulação de
bombardeiro, disse em uma entrevista a uma publicação de um grupo de veteranos
britânicos: "Eram os olhos dela, eles estavam absolutamente queimando e
havia um ar de suprema confiança nela".
Ela foi capturada escoltando um soldado
pelos Pirineus em janeiro de 1943, depois que um colaborador alemão a traiu.
Após 20 interrogatórios, os alemães ainda se recusaram a acreditar em sua
confissão e ela foi enviada para o campo de concentração de Ravensbruck. Lá,
entre formas esqueléticas ela estava tão irreconhecível que a Gestapo não
conseguiu identificá-la para um novo interrogatório.
*** Repetidas vezes, ela arriscou sua vida
para salvar militares britânicos e americanos que escaparam da Bélgica e da
França ocupadas pelos nazistas. Enquanto trabalhava como enfermeira em um
hospital belga durante a Segunda Guerra Mundial, Andrée colocou em movimento
sua ideia da Resistência. Ela criou a Comet Escape Line, uma rede secreta de
pessoas que arriscavam suas vidas para ajudar os militares aliados a encontrarem
o caminho de volta para suas próprias fileiras com segurança.
Suas linhas de fuga acabaram cruzando os
Pirineus e entrando na Espanha. Andrée liderou pessoalmente 33 viagens a pé
pelas montanhas com militares aliados. No total, sua Comet Line foi responsável
pelo retorno seguro para casa de 800 militares aliados.
Em 22 de abril de 1945, a guerra chegou ao
fim para ela quando foi libertada do campo de concentração de Mauthausen. Mas
parece que sua experiência heróica durante a guerra abriu horizontes de
sacrifício em sua alma. A segurança, o conforto e a mediocridade da vida
burguesa nos anos 50 não a atraíam e ela ansiava por algo diferente. Ela deixou
a Europa para trás e foi trabalhar como enfermeira entre leprosos no Congo
Belga. Mais tarde, ela fez o mesmo na Etiópia.
Ela terminou seus estudos de enfermagem e
viajou, trabalhando para a administração colonial, primeiro para o Congo, para
cuidar de pacientes com hanseníase, depois para um leprosário na selva em
Camarões, para Adis Abeba e, finalmente, para o Senegal. Na Clínica Gate em
Adis Abeba, ela trabalhou junto com a Sta. Thérèse de Wael, que cuidava da
saúde de Andrée, que havia sido severamente afetada por seu tempo nos campos de
prisioneiros. Lá, as duas mulheres ajudaram a cuidar dos mais de 4.000
pacientes com hanseníase que vagavam pela cidade e compareciam à Clínica para
serem tratados e enfaixar suas feridas.
Poucos que conheceram Andrée durante seus
anos de serviço aos pacientes com hanseníase na África sabiam de suas façanhas
extraordinárias e heroicas durante a guerra. Mas quando ela voltou para a
Bélgica, ela recebeu o título de Condessa do rei Balduíno por suas
contribuições dedicadas à Resistência e ao cuidado de pacientes com hanseníase.
Em 1985, ela foi enobrecida pelo rei dos belgas e tornou-se condessa.
Ela tinha 90 anos quando morreu em 13 de
outubro de 2007, o 90º aniversário da última aparição de Nossa Senhora em
Fátima e Milagre do Sol.
É bom lembrarmo-nos dela quando sondagens
revelam que um quarto da população alemã acha que Hitler, afinal, também tinha
o seu lado bom.
Fontes:
Contos sobre honra,
cavalaria e o mundo da nobreza - nº 444
Andrée de Jongh: feita condessa por seu heroísmo em
tempo de guerra - nobreza e elites tradicionais análogas
Andrée de Jongh, 90, lenda da resistência belga, morre
- The New York Times
Condessa Andrée de Jongh | | O guardião
Andree com seu pai
Maria Catarina Irigoyen Echegaray nasceu em pleno século XIX, em 25 de
novembro de 1848, em Pamplona, no coração da Navarra; era a última de oito
irmãos e gêmea do sétimo. Em 26 de novembro, festa dos Esponsais da Virgem, foi
batizada na Igreja Catedral de Pamplona e em 26 de novembro de 1860 Maria
Catarina recebeu a Primeira Comunhão.
A
sua família, aparentada com aquela de São Francisco Xavier, era fervorosa e
observante, e contribuiu de maneira decisiva na maturação da sua fé.
Ela
foi educada no Instituto das Irmãs Dominicanas, distinguindo-se por sua
particular devoção filial a Nossa Senhora. Eleita presidente da Congregação das
Filhas de Maria, nos momentos livres visitava o hospital da cidade para
assistir aos anciãos e as pessoas abandonadas, enquanto com algumas
companheiras mantinha em sua casa uma oficina para a confecção de roupas para
os necessitados.
Na
idade de 30 anos começou a colaborar com as religiosas Servas de Maria, que
estavam abrindo uma casa em Pamplona, cuja principal obra apostólica era o
tratamento gratuito dos doentes, um serviço diurno e noturno feito nos
domicílios, nas clínicas, nos hospitais, dispensários e ambulatórios (*)
Com
o passar do tempo o relacionamento entre Maria Catarina e a Congregação se
intensifica e se consolida, enquanto nela se delineia os contornos da chamada à
vida religiosa naquele Instituto. Assim sendo, solicitou à fundadora, Santa
Maria Soledade Torres Acosta, ser admitida na Congregação.
Tendo
entrado como Postulante em Pamplona em 31 de dezembro de 1881, foi transferida
para Madri para o noviciado. Emitiu sua Profissão Temporária em 14 de maio de
1883 e a Profissão Perpétua em 15 de julho de 1889. Permaneceria até sua morte
na capital da Espanha.
Se
entrega com dedicação ao serviço domiciliar dos doentes, operando com caridade,
paciência, determinação. Naquele período uma pandemia de cólera, influenza e
varíola fazia vítimas nas casas, provocando o abandono dos doentes por parte
dos familiares pelo medo do contágio.
Desprezando
o perigo, a religiosa os assiste incansavelmente. E a fama de suas
extraordinárias capacidades, alimentadas pelo inexaurível espírito de caridade,
se difunde rapidamente por toda Madri, a ponto de em algumas casas se colocarem
cartazes com a frase: “Se eu adoecer, que eu seja tratado pela Irmã Maria
Catarina”.
Após
23 anos de serviços junto aos enfermos, devido a uma grave forma de surdez teve
que renunciar à sua amada atividade; assumiu então o encargo de recolher as
ofertas que os benfeitores destinavam ao sustento da Congregação.
Seus
sofrimentos, entretanto, não terminaram. Em 1913, foi diagnosticada com uma
tuberculose óssea que lhe causavam dores tremendas. A doença bloqueia o físico,
mas não o coração e o espírito: a sua vida se torna uma oração contínua por
todas as intenções que lhe são confiadas por tantos que a consideravam “fonte
de força e porta para chegar até Deus”.
Irmã
Maria Catarina visitou mais de 400 casas de doentes, sem contar as visitas que
realizou no tempo da epidemia de cólera. As famílias admiravam sua dedicação e
entrega, especialmente nas epidemias de cólera, gripe e varíola. Havia ocasiões
em que Irmã Maria Catarina encontrava os doentes abandonados por seus
familiares para evitar contrair alguma daquelas enfermidades.
Madre
Alfonsa relatou que “Irmã Maria Catarina resistia sem medo do contágio,
atendendo incansavelmente aos infectados, dedicando seu tempo, sua vida e até o
sustento que lhe chegava de Chamberi. Dizem que essa dedicação e sua maneira
hábil de cuidar dos enfermos eram tão conhecidas, que nas fachadas de algumas
casas se podia ler o letreiro: ‘se adoeço, que Irmã Maria Catarina cuide de
mim’”.
“Com
tanta solicitude e bondade”, se lê entre os testemunhos do seu processo de
glorificação, “acorria aos pedidos e às necessidades dos doentes, que
muitos deles a consideravam como uma mãe amorosa e muitas famílias a
solicitavam como enfermeira ideal”.
Irmã
Maria Catarina faleceu no dia 10 de outubro de 1910, na casa-mãe da
Congregação, no quarteirão madrileno de Chamberi, onde hoje repousam os seus
despojos.
O milagre que possibilitou sua beatificação
aconteceu em La Paz, na Bolívia: graças à sua intercessão, um cirurgião
acometido de uma doença cerebral se recuperou e retornou ao trabalho.
Irmã
Maria Catarina foi beatificada em 29 de outubro de 2011.
(*) O Instituto conta
hoje com 1.600 religiosas distribuídas em 115 comunidades, e está presente em
22 países da Europa, América, África e Ásia.
Santa Catarina nasceu
no ano de 1447, na célebre família Fieschi de Gênova. Esta família deu à Igreja
dois Papas, nove cardeais e dois arcebispos, além de magistrados e capitães.
Seus pais eram fervorosos católicos e a educaram no santo temor de Deus.
Catarina foi objeto de copiosas bênçãos do Céu: aos oito anos, recebeu um dom
particular de oração e união com Deus; aos 12, já procurava renunciar à sua
vontade para só fazer a do Divino Redentor e meditava constantemente na Paixão
de Nosso Senhor; aos 13 anos, quis consagrar-se a Deus em um convento, mas
devido à pouca idade não foi admitida.
Gênova então era palco de guerras sangrentas
entre guelfos (partidários do poder temporal dos Papas)
e gibelinos (defendiam o poder do Imperador). Aproveitando-se da
situação caótica, o duque de Milão tomou a cidade.
Logo a paz foi restabelecida e os desentendimentos entre as famílias rivais se
acalmaram. Os Fieschi e os Adornos, que se reconciliaram a partir de então,
decidiram promover o casamento de Catarina Fieschi com Julião Adorno. Catarina,
então com 16 anos, em tudo via a mão de Deus e aceitou o matrimônio, algo tão
contrário às suas aspirações.
Mas, Julião, de temperamento colérico, volúvel e extravagante, tornou o
casamento infeliz. Ele amava as pompas e as vaidades, o luxo, os prazeres,
enquanto Catarina considerava tudo vaidade e aflição de espírito. Ele passou a
desprezá-la e a ultrajá-la de muitos modos. Além disso, sendo um jogador
contumaz, dilapidou sua fortuna, como também o dote de Catarina. Aos poucos o
casal ia caindo na pobreza.
Catarina, porém, procurava pela paciência e pela prática das virtudes
conquistar a alma do esposo para Deus. Por cinco anos ela sofreu aquela
situação, parecendo-lhe que Deus a deixara entregue à sua própria sorte.
Vendo-a tão provada, os parentes a aconselharam a retomar a vida social;
visitas a senhoras de sua categoria, diversões e festas de seu círculo,
entretanto não preenchiam os anseios de seu coração. Outros cinco anos se
passaram.
Em 1473, no dia de São Bento, foi aconselhada por sua irmã religiosa a
consultar o confessor do convento. Catarina, então com 26 anos, procurou o
sacerdote. Mais tarde ela contaria que assim que se ajoelhou no confessionário, "foi
objeto de uma das mais extraordinárias operações de Deus na alma humana, de que
tenhamos notícia. O resultado foi um maravilhoso estado de alma que durou até
sua morte. Nesse estado ela recebeu admiráveis revelações, às quais às vezes se
referiu aos que a rodeavam, e que estão sobretudo incorporadas em suas duas
celebradas obras – os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado
sobre o Purgatório". (1)
"O Senhor dignou-se iluminar sua mente com um raio tão claro e penetrante
de sua divina luz, e acender em seu coração uma chama tão ardente de seu divino
amor, que ela viu em um momento, e conheceu com muita clareza, quão grande é a
bondade de Deus, que merece infinito amor; além disso, viu quão grande é a
malícia e perversidade do pecado e da ofensa a Deus, quaisquer que sejam, mesmo
ligeiros e veniais".
Catarina sentiu uma contrição muito viva por seus pecados e um amor tão grande
a Deus, que fora de si exclamava: "Amor meu, nunca mais hei de
ofender-te!". O resultado deste amor foi um desejo insaciável da Santa
Comunhão. Obteve a graça de poder comungar diariamente, fato raríssimo naquele
tempo. Era tão grande a força transmitida pelo Pão dos Anjos, que ela passava
os 40 dias da Quaresma e os do Advento sem outro alimento além de um copo de
água misturada com vinagre e sal.
Catarina praticava severas austeridades: dormia sobre uma enxerga, tendo como
travesseiro um pedaço de madeira; disciplinava-se, usava cilícios e proibiu a
si própria de proferir palavras inúteis; rezava diariamente de joelhos durante
sete a oito horas.
Tendo Nosso Senhor lhe aparecido com sua cruz, cheio de sofrimento e irrisão,
tão profunda foi sua dor ao contemplar aquela imagem sofredora, que ela chorava
com frequência ao considerar a ingratidão dos homens depois dos benefícios da
Redenção.
Catarina conseguiu converter o marido após muitas orações, grande paciência e
submissão. Combinaram viver como irmãos e praticar boas obras. Em 1482, eles se
instalaram numa casa contígua a um hospital, onde cuidavam dos doentes. Julião
entrou para a Ordem Terceira de São Francisco; enfrentou uma enfermidade que o
levou à morte, em 1497, após receber os Sacramentos.
Catarina entrou na Sociedade da Misericórdia, que fora constituída pelos mais
distintos habitantes da cidade e por oito damas escolhidas entre as mais nobres
e ricas de Gênova, tendo como objetivo o socorro os pobres.
Ela foi encarregada da distribuição das esmolas angariadas pela associação;
socorria de preferência os leprosos ou portadores de úlceras gangrenosas,
procurava para eles moradia, cama, roupa e alimento. Conseguiu dominar a repugnância
natural que essas pessoas provocavam e prestava a elas os mais humildes
serviços, inclusive cuidar de suas chagas repugnantes.
Admirados com sua dedicação, os administradores do Hospital Pammatone, de
Gênova, entregaram a ela a sua administração, cargo que Catarina ocupou até a
morte.
A Santa sofreu, nos últimos nove anos de sua vida, uma doença que. segundo os
melhores médicos da Itália, não tinha causa natural: sua origem era
sobrenatural e não havia remédio para ela. Com frequência ela ficava às portas
da morte.
Obediente ao seu confessor, Catarina escreveu as duas mencionadas obras que
contêm doutrina e são inteiramente de acordo com as verdades de Fé: os Diálogos
da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório. No primeiro, Catarina descreve
os efeitos do amor divino em uma alma, a alegria que os acompanham. Quanto ao
segundo, tão grande era seu contato com as almas do Purgatório, que essa obra
valeu a ela o título de Doutora do Purgatório. Santa Catarina faleceu em Gênova, aos 63 anos, no dia 15 de setembro de 1510, e
foi sepultada na capela do Hospital. Seu corpo incorrupto foi removido para
outros lugares nos anos 1551, 1593 e 1642. Em 1694, ainda incorrupto, foi
colocado num relicário de prata e cristal, sob o altar-mor da igreja erigida em
sua honra no bairro de Portoria, em Gênova. Ali a Santa é venerada por muito
devotos.
Em 1837 e em 1960, o corpo incorrupto de Santa Catarina foi cuidadosamente
examinado por peritos. O médico chefe da última equipe declarou: "A
conservação é verdadeiramente excepcional e surpreendente, e merece uma análise
da causa. A surpresa dos fiéis é justificada quando atribuem a isso uma causa
sobrenatural". (3)
Catarina
foi canonizada pelo Papa Clemente XII em 1737, e pelo Papa Pio, no ano de 1943,
recebeu o título de Padroeira dos Hospitais Italianos.
Notas:
1. F. M. Capes, Saint Catherine of Genoa, in The Catholic Encyclopedia,
Online Edition Copyright © 2003 by Kevin Knight,
2. Edelvives, Santa
Catalina de Genova, in El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A.,
Saragoça, 1955, tomo V, p. 153.
3. Joan Carroll Cruz, Saint Catherine of Genoa, in The Incorruptibles,
Tan Books and Publishers, Inc., Rockford, USA, 1977, p. 160.
Rosália Sinibaldi viveu no período
feliz de renovamento católico que se restabelecera na Sicília após a expulsão
dos árabes, que haviam permanecido na região de 827 a 1072. Foi possível então
a difusão dos mosteiros Basilianos e Beneditinos. Naquela atmosfera de fervor e
renovação religiosa se inseriu a vocação eremítica desta Santa.
Rosália
nasceu no ano 1125 em Palermo, na Sicília, Itália. O nome Rosália resulta da
contração dos nomes "Rosa" e "Lilia" (Lilium). Era filha de
Sinibaldo, rico senhor de Quisquinia e das Rosas, na província de Agrigento,
então chamada Girgenti, e de Maria Guiscarda, sobrinha do rei
normando Rogério II. Segundo a tradição, ela pertencia a uma nobre família
normanda descendente de Carlos Magno.
Durante
a adolescência foi dama da corte da Rainha Margarida, esposa do Rei Guilherme I
da Sicília, que apreciava sua companhia amável e generosa. Porém, ela não se
sentia atraída por nada disso, pois sabia que sua vocação era servir a Deus e
ansiava pela vida monástica.
Aos
catorze anos, levando consigo apenas um crucifixo, Rosália abandonou de vez a
corte e se refugiou numa gruta que pertencia ao feudo paterno e era um local
ideal para a reclusão monástica, pois ficava próximo do convento dos
beneditinos que possuía uma pequena igreja anexa. Mesmo vivendo isolada,
Rosália podia receber orientação espiritual e seguir as funções litúrgicas.
Mais
tarde a ermitã se transferiu para uma gruta no alto do Monte Pelegrino, que lhe
fora doada pela amiga a Rainha Margarida. Ali já existia uma pequena capela
bizantina e nos arredores outro convento de beneditinos. Eles acompanharam,
testemunharam e documentaram a vida eremítica de Rosália, que viveu em oração,
solidão e penitência. Atraídos pela fama de santidade da ermitã, os habitantes
do povoado subiam o monte para vê-la.
Rosália
faleceu no dia 4 de setembro de 1160 na sua gruta no Monte Pellegrino, em
Palermo.
No
início de 1600, o seu culto havia caído quase no esquecimento, sendo ela
entretanto ainda venerada; no Monte Pelegrino, em grutas vizinhas a que ela,
segundo a tradição, habitara, alguns ermitões viviam e eram conhecidos como os
“solitários de Santa Rosália”.
Em
26 de maio de 1624, Jeronima Gatto, uma doente terminal, viu em sonho uma jovem
vestida de branco que lhe prometia a cura se fosse ao Monte Pelegrino para
agradecê-la. A mulher, ardendo de febre, foi ao monte acompanhada de duas
amigas. Após beber a água que escorria da gruta se sentiu curada e caiu em um
torpor repousante. A jovem de branco apareceu-lhe de novo dizendo-se ser Santa
Rosália e lhe indicou o local onde estavam sepultadas as suas relíquias.
O
fato foi referido aos frades franciscanos do convento vizinho, cujo superior
deles, São Benedito (1526-1589), já havia tentado encontrar as relíquias, sem
sucesso. Eles então retomaram as buscas, e em 15 de julho de 1624 encontraram,
a quatro metros de profundidade, uma urna de cristal de rocha de seis palmos de
comprimento por três de largura, na qual estavam aderidos ossos.
Levada
para a cidade, a urna foi examinada por teólogos e médicos que chegaram a
conclusão de que os ossos podiam pertencer a mais de uma pessoa. Não
convencido, uma segunda comissão foi nomeada pelo Cardeal Arcebispo de Palermo,
Giannettino Doria.
Entrementes
uma terrível epidemia grassou na cidade de Palermo fazendo milhares de vítimas.
O Cardeal reuniu na catedral povo e autoridades, e todos juntos pediram a ajuda
de Nossa Senhora, fazendo voto de defender o privilégio da Imaculada Conceição,
tema de debates na Igreja de então, e de declarar Santa Rosália padroeira
principal de Palermo, venerando suas relíquias quando elas fossem reconhecidas.
Após a promessa, a epidemia cessou.
Em 25 de agosto
de 1624, quarenta dias após a descoberta dos ossos, dois pedreiros, que
executavam trabalhos no convento dos dominicanos de Santo Estêvão de
Quisquinia, acharam numa gruta uma inscrição latina muito antiga que
dizia: Eu, Rosália Sinibaldi, filha das rosas do Senhor, pelo amor de meu
Senhor Jesus Cristo, decidi morar nesta gruta de Quisquinia. Confirmando,
assim, as tradições orais da época. Um santuário foi edificado na gruta onde
seus restos mortais foram encontrados.
Em
11 de fevereiro de 1625 uma comissão científica comprovou a autenticidade das
relíquias e da inscrição, e em 1630 o Papa Urbano VIII incluiu as duas datas no
Martirológio Romano. Estes fatos reacenderam o culto à Santa Rosália. Santa
Rosália é festejada em 15 de julho, data que suas relíquias foram encontradas,
e em 4 de setembro, data de seu falecimento. Anualmente acontece em Palermo, na
noite de 14 para 15 de julho, uma grande festa religiosa denominada Festino
di Santa Rusulia. A procissão das relíquias da Santa, de pompa extraordinária,
percorre as ruas da cidade entre orações, cânticos e aclamações. E a cada ano,
no dia 4 de setembro, renova-se a tradição de caminhar, com os pés descalços,
de Palermo até o Monte Pelegrino.
A
urna contendo os restos mortais de Santa Rosália pode ser venerada no Duomo de
Palermo. Os palermitanos a chamam de "a Santuzza" (a santinha). Santa
Rosália é venerada como padroeira de Palermo desde 1666 e é tida como protetora
contra doenças infecciosas.
São Paulo ele mesmo é a fonte, tão ilustre quanto lacônica, sobre esta Santa.
Dele ficamos sabendo que Febe (1) tinha uma incumbência eclesiástica junto
à comunidade cristã de Kenchris, pequena cidade portuária ao leste de Corinto,
no istmo do mesmo nome. Ela desempenhava o ofício de oráxovo (ministra),
termo que foi dado pela primeira vez a uma mulher na Igreja nascente.
De
tais mulheres parece São Paulo tratar em I Tim. 5, 9 sg, onde são
postas em relevo as qualidades familiares e morais necessárias às viúvas para
serem eleitas: “seja escolhida a viúva (para o serviço da Igreja) com
não menos de sessenta anos, que tenha sido mulher dum só marido, que tenha
reputação de boas obras: se educou bem os seus filhos, se praticou a
hospitalidade, se lavou os pés dos santos, se acudiu aos atribulados, se
praticou toda a obra boa”.
Santa
Febe, como tantas outras figuras femininas mencionadas no Novo Testamento,
refletem um dos trabalhos do Espírito Santo na Santa Igreja nascente: moldar o
papel da mulher na instituição. As viúvas, as esposas e mães, as virgens, cada
uma terá será sua função. As mães deveriam guardar os tesouros da Fé
deixando-os indeléveis nas almas dos filhos; as viúvas, como Santa Febe,
dedicando-se à comunidade cristã; as virgens, dedicando-se à vida de
contemplação e sacrifício, que logo nos séculos seguintes desabrochariam nos
primeiros conventos. Evidentemente, como tudo na Igreja, como todo o organismo
vivo e saudável, nada era tão esquemático: viúvas houve que fundaram mosteiros,
virgens que fundaram obras assistenciais, etc.
Podemos
deduzir que Santa Febe era viúva de uma certa idade e de boa condição social, o
que lhe permitia dedicar-se às boas obras mencionadas por São Paulo, em
particular a hospitalidade.
Talvez
São Paulo tenha aludido à hospitalidade ao elogiá-la por ter assistido a
muitos, inclusive ele próprio, o que, aliás, é bastante aceitável pela posição
geográfica de Kenchris, para onde convergia um importante tráfico com as ilhas
Egeu e com a Ásia Menor. O que devia dar ocasião a Febe de atender os viajantes
cristãos que vinham daquelas terras.
Ignora-se
o motivo de sua viagem a Roma, mas há uma tradição que a menciona como a
portadora da Epístola aos Romanos. Também é desconhecido o ano e o local de seu
falecimento. Se a Epístola aos Romanos foi escrita nos primeiros meses de 57,
como parece certo, Febe já então sexagenária pode ter morrido algum tempo
depois daquele ano.
No
Ocidente, o seu culto é bem documentado, atestado por vários martirologios,
inclusive o Martirologio Romano. É comemorada no dia 3 de setembro.
(1) Etimologia: Febe
deriva de Phoebe, do grego = radiante, brilhante, o sol
Fonte: www.santiebeati/it
Santa Colomba representada
junto a Nossa Senhora, tendo a esquerda seu irmão São Berardo
Muito impressiona aos hagiógrafos o elenco
de famílias inteiras de santos, desde o início da expansão do Cristianismo e
mais especialmente os nobres e os governantes no período glorioso da Idade
Média; o fenômeno é mais evidente nos países anglo-saxões, mas também na Itália
houve muitos casos.
Um
dos casos mais famosos é o da família dos condes de Pagliara, próximo de
Castelli, na província de Teramo. Eram desta família São Berardo, bispo de
Teramo e padroeiro da cidade, sua irmã é Santa Colomba e seus irmãos os santos
Nicolau e Egídio.
Os
Pagliara tinham o título de conde, talvez herdado dos antigos condes Marsi e
eram os senhores do Vale Siliciano, que abrangia um vasto território no Grand
Sasso, Itália.
Berardo,
já monge beneditino e sacerdote em Montecassino, se retirou no famoso Mosteiro
de São João em Venere, Abruzzo, e dali foi chamado para a sede episcopal de
Teramo.
De seus irmãos, Nicolau e Egídio, só se sabe que eles são mencionados em uma
breve citação, juntamente com Santa Colomba, por estudiosos hagiográficos, como
os Bollandistas, constituídos pelo jesuíta belga Jean Bolland (1596-1665) para
compilar o 'Acta Sanctorum'.
Na
mesma citação, no dia 1º de setembro, Santa Colomba é lembrada como uma jovem
condessa de Pagliara que nasceu em 1100; retirou-se jovem para viver como
ermitã nas encostas do Monte Infornace (Grand Sasso). A
caverna onde ela viveu e morreu está localizada a meio caminho de um penhasco,
no qual está esculpido um sinal dizendo "pente de Santa Colomba", em
memória do uso pela jovem de um pente para manter seus longos cabelos; nas
proximidades existe a impressão de uma mão na rocha, que recorda o fato da
Santa ter se apoiado ali ao escalar a montanha íngreme.
Os
dois "sinais" estão ligados ao culto das pedras, ainda florescente em
Abruzzo, incluindo a presença de um buraco milagroso, existente sob o altar da
igreja dedicada a Santa Colomba, construída pelo Bispo Berardo, seu irmão, após
sua morte ocorrida no inverno de 1116, então tinha apenas 16 anos; os devotos
acreditam que ao introduzir a cabeça no buraco podem ser curados de algumas
doenças.
A
capela foi abençoada em 1216 por Santo Atanásio, bispo de Penne. No dia 1º de
setembro comemora-se a sua festa. A
Ermida de Santa Colomba está situada a 1250 metros acima do nível do mar, no
sopé do Monte Infornace. Tem acesso por Pretara através de um bom caminho.
Segundo a tradição, neste lugar, no século XII, Santa Colomba, filha dos condes
de Pagliara e irmã de São Berardo, abandonando o conforto do castelo, se
retirou em oração e penitência.
Entre
as legendas que cercam a vida da santa, as mais comuns são as que falam da
impressão de sua mão em uma rocha, que pode ser encontrada no caminho até o
eremitério e o do chamado "pente de Santa Colomba" que, para alguns,
seria uma série de incisões paralelas (como os dentes de um pente) sobre uma
rocha plana na vizinhança da Ermida.
Santa Colomba morreu, amorosamente assistida por seu irmão, o futuro bispo de
Teramo. Em 1595 seus restos mortais foram transferidos para a Igreja de Santa
Lúcia e só em 1955 a imagem de Santa Colomba, e os seus restos sagrados, foram
transferidos para a capela de Pretara.
A
igreja, recentemente restaurada, possui uma alvenaria de pedra calcária coberta
com gesso cimentício de grão grande e uma torre sineira à vela posicionada na
linha do telhado de duas águas. Dentro da base do altar e do afresco com a
imagem da Madona e do Menino Deus devem ser observados.
O
interior é de forma trapezoidal, com o presbitério elevado em dois degraus. No
altar, está a imagem de Santa Colomba e ao lado dela está uma abertura que
abrigava as relíquias do Santa.
A igreja foi restaurada recentemente. Em uma placa colocada em uma parede,
lê-se "ANNO DOMINI MDCXXXXVII SACERDOS D. ROMANO DUS TATTONUS INSULANUS
CARITATE SUIS MANIBUS FECIT HOC OPUS. FR. IO. PATRIMÔNIO MINISTÉRIO”. Do lado
de fora, acima da porta da frente, outra placa diz: "À SANTA COLOMBA,
CONDESSA DE PAGLIARA E IRMÃ DE SÃO BERARDO BISPO DE TERAMO, O POVO DE PRETARA
EM RECORDAÇÃO DO CENTENÁRIO DO ENCONTRO DOS RESTOS MORTAIS DA SANTA RAINHA DAS
NOSSAS MONTANHAS. PRETARA 1º DE SETEMBRO DE 1992. H. MT.1234". Em
1º de setembro ocorre a festa da Santa e a igreja se torna um local de encontro
de muitos devotos que vêm homenageá-la. Muitos vêm para admirar, segundo uma
lenda antiga, a rocha onde está estampado o pente da Santa, outros para descansar
a cabeça no buraco que tira a dor de cabeça, outros para admirar as
maravilhosas e milagrosas cerejeiras que a Santa fez florescer em pleno inverno
para homenagear seu irmão São Berardo.
http://www.santiebeati.it/dettaglio/92314.
A
Santa nasceu em Abellin, pequeno povoado a meio caminho entre Haifa e Nazaré, a
5 de janeiro de 1846. Era filha do casal Jorge Baouardy e Mariam Chahyn,
fervorosos católicos palestinos. Eles haviam obtido a graça de seu nascimento
após uma peregrinação a pé, percorrendo uma distância de 170 km até
Belém, ao local onde nasceu o Menino Jesus. A menina foi batizada e crismada no
mesmo dia, segundo o rito católico melquita, recebendo o nome de Mariam. Um ano
depois nasceu-lhes um menino, Baulos (Paulo).
Em
1848, os pais de Mariam morrem um após o outro. Segundo o costume oriental, as
crianças foram repartidas entre os parentes. Baulos foi adotado por uma tia
materna de um povoado vizinho, e ela acolhida por um tio paterno abastado. Aos
8 anos faz sua primeira comunhão. Alguns anos depois ele se mudou para
Alexandria, Egito, levando-a consigo.
Conforme
o uso oriental, seu casamento foi ajustado e quando completou 13 anos lhe
disseram que chegara o momento do casamento. Porém, Mariam já sentia um chamado
de Deus e não desejava se casar, e comunicou isto aos tios. Nem as humilhações,
nem os maus tratos puderam fazê-la mudar sua decisão.
Após
três meses, ela visitou um velho criado da casa de seu tio para que este
enviasse uma carta a seu irmão, que vivia na Galileia, para que viesse
ajudá-la. Ouvindo a narração de seus sofrimentos, o criado, que era muçulmano,
exortou-a a converter-se ao Islã. Mariam respondeu com ênfase: "Muçulmana
eu? Jamais! Sou filha da Igreja Católica e espero permanecer assim por toda
vida!" Enfurecido, o homem deu-lhe um violento pontapé que a derrubou
ao chão, e, com uma cimitarra, deu-lhe um golpe na garganta. Crendo que ela
estava morta, envolveu-a num lençol e abandonou-a em uma rua escura. Era o dia
8 de setembro.
A
própria Mariam contaria muitos anos mais tarde que, como num sonho, lhe parecia
ter entrado no Paraíso onde viu a Virgem, os Santos e também os pais e a
Gloriosa Trindade. Ouviu então uma voz que lhe disse: "O teu livro
ainda não está todo escrito".
Acordando,
se encontrava numa gruta onde passou vários dias com febre, sendo assistida por
uma jovem senhora que parecia ser uma religiosa e que vestia um véu azul. Esta
a atendia, alimentava e fazia dormir. Depois de quatro semanas, aquela senhora
conduziu-a a igreja dos Franciscanos, deixando-a lá.
Curada,
mas só, pois não poderia voltar para sua família adotiva, com o ajuda de um
franciscano Mariam se colocou como doméstica a serviço de famílias não
abastadas em Alexandria, Beirute, Jerusalém. Nesta cidade fez o voto de
castidade perpétua no Santo Sepulcro. Em 1863, a família Nadjar, para
a qual trabalhava, se transferiu para Marselha, França, levando-a consigo.
Em
1865, Mariam entrou em contato com as Irmãs de São José de Marselha. Tinha 19
anos, mas só parecia ter 12 ou 13. Falava mal o francês e possuía uma saúde
frágil, mas foi admitida no noviciado.
Sempre
disposta aos trabalhos mais pesados, ela passava a maior parte do tempo lavando
ou na cozinha. Mas, dois dias por semanas revivia a Paixão de Jesus: Mariam
recebia os estigmas (que na sua simplicidade acreditava ser uma enfermidade) e
toda classe de graças extraordinárias começaram a manifestar-se. Algumas irmãs
ficaram desconcertadas com o que se passava com ela, e, ao final de dois anos
de noviciado, não é admitida na Congregação.
Em 14 de junho de 1867, Mariam entrou no
Carmelo de Pau (Baixo Pirineus), apresentada por sua antiga mestra de
noviciado, Irmã Verônica da Paixão, que declarou: "esta pequena árabe
é um milagre de obediência".
Em
27 de julho de 1867 tomou o hábito carmelitano adotando o nome de Maria de
Jesus Crucificado. A sua condição de analfabeta a colocava entre as conversas e
para ela, que aspirava somente servir, assim estava bem. Mas foi decidido
colocá-la entre as coristas, e a obrigaram a aprender a ler e a escrever, porém
sem sucesso. Em 1870 voltou a ser conversa.
Em
1870, com um pequeno grupo de Irmãs, Mariam parte para a Índia, para fundar o
primeiro mosteiro de carmelitas daquele país, em Mangalore. A viagem
de barco foi uma aventura e três religiosas morreram antes de chegarem.
Reforços são enviados e no final de 1870 a vida claustral pode ser
iniciada.
Os
fenômenos extraordinários, que ela procurava esconder, continuaram na terra de
missão. Ao mesmo tempo ela era a alma da fundação, enfrentando todos os
trabalhos pesados e dando atenção aos problemas inerentes a uma nova fundação.
Durante seus êxtases, as irmãs às vezes podiam ver seu rosto resplandecente na
cozinha ou em outro local. Mariam participava em espírito dos acontecimentos da
Igreja, por exemplo, nas perseguições na China. Parecia estar possuída
exteriormente pelo demônio, que a fazia viver terríveis tormentos e combates.
A
superiora e o bispo, porém, começam a duvidar da autenticidade das
manifestações extraordinárias, acusando-a de visionária, de ter uma imaginação
oriental muito ardente, etc. Apesar das tensões, ela emitiu os votos no término
de seu noviciado, em 21 de novembro de 1871. Como as tensões continuassem, ela
foi enviada de volta ao Carmelo de Pau em setembro de 1872. As Irmãs que a
perseguiram reconheceram mais tarde o seu erro e expressaram o seu
arrependimento.
Em
Pau ela retomou sua vida simples de Irmã conversa, feita de muito trabalho
entremeado de episódios prodigiosos. Dom de profecia, ataques do demônio ou
êxtases, entre todas essas graças divinas ela sabe, de maneira muito profunda,
ser ‘nada’ diante de Deus, e quando fala dela mesma se chama "o pequeno
nada", é realmente a expressão profunda de seu ser.
Iletrada
como era, encantada com a natureza, compunha belíssimas poesias e inventava
melodias para cantá-la. É bom frisar que todos os fatos extraordinários são
vividos por Irmã Maria com grande humildade e simplicidade. Muitas pessoas a
procuravam para serem reconfortadas, aconselhadas, e pedir orações.
Em
28 de junho de 1873, pela manhã, a Priora a encontrou sentada em um pequeno
banco diante de uma janela aberta: "Madre - ela disse - todos
dormem. E Deus, tão cheio de bondade, tão grande, tão digno de louvores, é
esquecido!... Ninguém pensa nEle!... Vede, a natureza O louva; o céu, as
estrelas, as árvores, as ervas, todas as criaturas O louvam; porém o homem, que
conhece seus benefícios, que deveria louvá-Lo, dorme!... Vamos, vamos,
despertemos o universo! Jesus não é conhecido, Jesus não é amado!"
A fundação do
Carmelo de Belém Nossa
Senhora havia predito que Irmã Maria seria a alma propulsora da fundação de
Carmelos na Palestina. A fundação em Belém era algo muito complicado por
motivos políticos. O Bispo de Biarritz escreveu uma carta ao Papa Pio IX
expondo o projeto das religiosas do Carmelo de Pau e pedindo sua autorização
para concretizar a fundação. O Papa apoiava o projeto e aprovou-o.
Depois
de uma peregrinação a Lourdes, no dia 20 de agosto de 1875 um pequeno grupo de
carmelitas embarcou para esta aventura. Irmã Maria de Jesus Crucificado zarpou
com elas para o Oriente Médio.
Os
locais sagrados já estavam nas mãos de muçulmanos e cismáticos. A alegria de
estar na Terra Santa foi totalmente ofuscada por esse fato. A alegria de Irmã
Maria esvaiu-se:
"Como
o Senhor permite semelhantes coisas? Ah, isto é demais! Se eu fosse Jesus
jamais suportaria semelhante profanação!" Mas, ela faz uma reflexão e
diz: "Isto é um castigo para a Cristandade, porque há uma coisa que é
muito pior. Ah, Senhor, quantas almas são mais abomináveis ainda do que o
Cenáculo estar nas mãos dos muçulmanos, e nessas almas Vós sois obrigado a
descer! Eu compreendo a profanação deste lugar Santo pensando em todas as
comunhões indignas e sacrílegas que acontecem na vossa Santa Igreja".
O
Senhor mesmo guiava Mariam na escolha do local e na forma de construção do novo
Carmelo. Como ela era a única que falava árabe, encarregava-se particularmente
de seguir os trabalhos “imersa na areia e na cal”. A comunidade instalou-se no
dia 21 de novembro de 1876, enquanto certos trabalhos continuaram.
Mariam
preparou também a fundação de um Carmelo em Nazaré, viajando até lá para
comprar o terreno, em agosto de 1878. Durante essa viagem Deus revelou a ela o
lugar de Emaús, o qual foi adquirido.
De
volta a Belém, retomou a vigilância dos trabalhos sob um calor sufocante.
Quando levava aos trabalhadores algo para beber, Mariam caiu de uma escada e
partiu um braço. A gangrena avançou muito rapidamente e ela morreu poucos dias
depois, em 26 de agosto de 1878, aos 32 anos.
Ela
foi beatificada pelo Papa João Paulo II a 13 de novembro de 1983 e canonizada
em 17 de maio de 2015.
Fontes:
www.carmelitas.pt
pt.m.wikipedia.org