terça-feira, 17 de setembro de 2024

Santa Hildegarda von Bingen, Mística, Profetiza e Escritora – 17 de setembro

     
     Hildegarda von Bingen nasceu no Condado de Spanhein, Diocese de Maicus, no ano de 1098. Seus pais, Hildeberto e Matilde, provavelmente originários de Bermerschein, no Condado de Spanheim, pertenciam à nobreza do Palatinado.
     Conforme prática comum naquela época, com a idade de oito anos ela foi levada ao Mosteiro de Disibodensberg, ou do monte de Santo Disibode, onde foi colocada sob a direção de Jutta, filha do Conde de Spanheim, que tomou a si o encargo de cuidar dessa menina que dava sinais de grande vocação. Sua virtude sobressaiu de tal modo que, aos 39 anos, quando morre Jutta, as religiosas elegeram Hildegarda como Abadessa.
     Sabe-se que Hildegarda tinha uma saúde muito frágil e que sempre era favorecida por visões, além de ter intuições sobrenaturais de coisas por suceder. Todas essas manifestações sobrenaturais eram por ela narradas com simplicidade a sua tutora e a um dos monges do mosteiro de Santo Disibode, chamado Volmar, que posteriormente exercerá o ofício de seu secretário durante 30 anos.
     Como ela mesma conta em seus escritos: "Aos meus 40 anos, tive uma visão onde uma voz dizia: ‘Diga o que viste e entendeste, não à maneira de outro homem, mas segundo a vontade dAquele que sabe, vê e dispõe todas as coisas no segredo de seus mistérios’". 
A Santa menina sendo
entregue a Sta. Jutta
     Era uma ordem decisiva que indicava a vocação de Hildegarda, semelhante à dos profetas do Antigo Testamento, os quais eram as bocas de Deus. Sobre esta vocação, Hildegarda insistirá dizendo que "uma voz do Céu mandava-me tudo dizer e escrever, tal qual ouvia e era-me ensinado". Esta voz apresentou-se a ela como “a Luz viva que ilumina o que é obscuro”
     Durante muito tempo ela resistiu por humildade e desconfiança. Mais por temor do que por desobediência, continuava a recusar a escrever. Foi então que caiu doente. Confiou sua preocupação ao seu diretor espiritual. Depois de aconselhar-se com os religiosos mais sábios da comunidade e de interrogar Hildegarda, o Prior ordenou-lhe que escrevesse. Assim que ela começou a escrever, imediatamente se viu curada e levantou-se da cama.
     Ajudada pelo monge Volmar, escreveu, entre 1141 e 1151, a sua grande obra Scivias (Conhece as vias do Senhor), uma espécie de Apocalipse sobretudo dogmático e um pouco moral.
     Em 1147, o prior, desconfiando do seu próprio critério, apresentou os escritos de Hildegarda ao Arcebispo Henri, de Mainz, Diocese onde se localizava o Mosteiro de Disibodensberg. Aproveitando a presença do Papa Eugênio III em Trier, onde iria reunir-se um Sínodo preparatório do Concílio de Reims, o arcebispo consultou o Papa.
     Trier é a cidade do Imperador Constantino, que ali residiu com sua mãe Santa Helena até o ano 316. O Papa Eugênio III era um cisterciense formado por São Bernardo. Ele reuniu Cardeais, Bispos e Abades para um alto tema: confirmar mais uma vez as reformas empreendidas pelo Papa São Gregório VII.
     O Papa, desejoso de conhecer melhor o assunto, enviou o Bispo de Verdum, Alberon, ao Mosteiro de Hildegarda, que respondeu com simplicidade às perguntas que lhe foram feitas. Os escritos feitos até então por Hildegarda foram entregues a ele e lidos em voz alta na presença do Arcebispo, dos Cardeais e de todo o clero reunido. Entre os ouvintes estava a maior figura da Cristandade: São Bernardo de Claraval.
     A conclusão da assembleia é atribuída a São Bernardo: "É preciso impedir que se apague uma tão admirável luz animada pela inspiração divina". Este Santo conhecera Hildegarda e pediu que o Papa divulgasse tão grande graça concedida por Deus à Igreja no seu pontificado, e a confirmasse com sua autoridade.
     O Papa seguiu seu conselho, escreveu a Hildegarda: "Nós ficamos admirados, minha filha, que Deus mostre em nosso tempo novos milagres. Nós te felicitamos pela graça de Deus. Conserve e guarde esta graça" (*). Pediu ele ainda que ela relatasse com frequência tudo que lhe fosse revelado por intermédio do Espírito Santo.
     A santa relatou ao Papa Eugênio III, em carta bastante longa, tudo quanto ouvira da voz celeste relativamente ao pontífice. Anunciava uma época difícil, cujos primeiros sinais já se manifestavam:
     “As próprias montanhas, que são os prelados, em lugar de se elevarem continuamente a comunicações íntimas com Deus, a fim de cada vez mais se transformarem na luz do mundo, descuidam-se e obscurecem-se. Daí a sombra e a perturbação que reina nas ordens superiores. E porque vós, grande Pastor e Vigário de Cristo, deveis buscar luz para as montanhas e conter os vales, dai preceitos aos senhores e disciplinas aos súditos. O Soberano Juiz recomenda-vos que condenais e repilais de junto de vós os tiranos importunos e ímpios, no temor de que, para vossa grande confusão, eles se imiscuam na vossa sociedade, mas sede compassivo com as desgraças públicas e particulares, pois Deus não desdenha as chagas e as dores daqueles que O temem”.
     Começou assim uma nova vida para Hildegarda. Sua fama, não só devido a seus escritos, mas também aos milagres, difundiu-se além do Reno. Muitos vinham visitá-la. Ela penetrava nos pensamentos dos peregrinos e afasta-se dos que se aproximam com más intenções ou para provar sua virtude. Exortava à conversão à Fé verdadeira os judeus que vinham ouvi-la. Hildegarda livrou do demônio uma possessa de Colônia, que os sacerdotes da Abadia de Brauweisler não tinham conseguido expulsar. 
A Santa com
seu secretário
    Santa Hildegarda mantinha correspondência com Papas, Bispos e altas autoridades temporais, como, por exemplo, os Imperadores Conrado III e Frederico Barbaruiva, da Alemanha.
     Frederico Barbaruiva pediu que a Santa o visitasse em seu palácio de Ingelheim, perto de Mainz. Os detalhes desse encontro são conhecidos pelas cartas do Imperador e das respostas de Santa Hildegarda. Ela não se intimida diante de tão ilustre destinatário e o adverte em termos proféticos e pede que o Imperador "vele pelos costumes dos Prelados que caíram na abjeção", exortando-o a que "tome cuidado para que o Supremo Rei não te lance por terra por culpa da cegueira de teus olhos. Seja tal, que a graça de Deus não te falte".
     O Imperador lutou contra o Papado, destituiu o Arcebispo de Mainz, fiel a Roma, mandou suas tropas arrasarem Milão e nomeou nada menos do que quatro antipapas apenas durante o pontificado de Alexandre III.  Ficou surdo às exortações da Santa!
     Correspondia-se ela com São Bernardo de Claraval, que lhe escreveu em termos elogiosos e sobrenaturais: "Agradeço a graça de Deus que está em ti. Eu te suplico de lembrar-te de mim diante de Deus..."
     Ela recebera a vocação de aconselhar, segundo os caminhos de Deus, não só as mais altas autoridades da época, mas também pessoas simples que a ela recorriam pedindo um conselho. A todos Hildegarda respondia com o tom que caracterizava o seu estilo, isto é, com solenidade, humildade e severidade.
     Santa Hildegarda anunciou a eclosão de uma terrível heresia que ergueria o povo contra o Clero, porque este "tinha uma voz e não ousou levantá-la", o que permitiu ao inimigo "oferecer os seus próprios bens, enchendo os olhos, as orelhas e o ventre de todos os vícios!" Pouco tempo depois, explodiu a heresia dos cátaros, descrita por ela com detalhes que surpreendem os historiadores. Ela vai além, prevendo a vitória da Igreja sobre essa heresia.
     Santa Hildegarda é mística, profetiza, escritora, pregadora, conselheira, médica e compositora. Seus outros dois livros que compõem a trilogia hildegardina são: o Líber vitae meritorum ou Livro dos Méritos, onde são apresentados os grandes dados da moral do século II; e o Líber divinorum operum ou Livro das obras divinas, de caráter científico, contendo ilustrações de grande precisão e originalidade. Ela compôs ainda diversas obras de menor importância sobre assuntos variados, como o Tratado de Medicina. Compôs também 77 sinfonias em um estilo similar ao gregoriano.
     Santa Hildegarda viveu seus últimos anos no convento de Eibingen, o terceiro fundado por ela na outra margem do Reno. Foi o único que se salvou dos bárbaros e das guerras. Uma das religiosas narra a morte de Santa Hildegarda: "Nossa boa Mãe, depois de combater piedosamente pelo Senhor, tomada de desgosto da vida presente, desejava cada dia mais evadir-se desta Terra para unir-se com Cristo. Sofrendo de sua enfermidade, ela passa alegremente deste século para o Esposo celeste, no octogésimo ano de sua existência, no dia 17 de setembro de 1179".
     Em 1233 foi feito um inquérito sobre as suas virtudes e os seus milagres, ordenado pelo Papa Gregório IX, mas não chegou a bom termo.
     Ao longo do século XIII se desenvolveu um culto popular dirigido a ela, em 1324 o papa João XXII autorizou sua veneração pública, e suas relíquias foram autenticadas no encerramento do século XV. Finalmente seu nome foi inscrito como santa na primeira edição do Martirológio Romano, de 1584, aprovada pelo papa Gregório XIII, e sua inclusão foi ratificada na edição revista de 2001 publicada sob os auspícios do papa João Paulo II, que a descreveu como "uma santa extraordinária, uma luz para seu povo e sua época que nos dias de hoje brilha ainda mais intensamente".
     A partir da segunda metade do século XX o interesse pela sua figura histórica e seus escritos renasceu, especialmente através dos estudos monumentais de Marianna Schrader, Christel Meier e Aldegundis Führkötter, e com as traduções feitas dos originais latinos para o inglês por Otto Müller, tornando acessível seu trabalho para um público muito mais vasto, de modo que atualmente sua produção já é objeto de análises particularizadas por um bom número de acadêmicos da Europa e Estados Unidos, destacando-se Peter Dronke, Barbara Newman e Heinrich Schipperges, entre muitos outros.
     Para dirimir quaisquer dúvidas que ainda pairassem sobre o seu estatuto de santa, em 10 de maio de 2012 o papa Bento XVI proclamou publicamente sua santidade e determinou que seu culto fosse estendido à Igreja Universal na forma devida aos santos, ratificando definitivamente a inclusão do seu nome na lista dos santos católicos. Em 7 de outubro do mesmo ano, através de Carta Apostólica, foi honrada com o título de Doutora da Igreja, considerando a ortodoxia da sua doutrina, a sua reconhecida santidade, a importância dos seus tratados e sua influência sobre outros teólogos.
 
(*) A carta é uma das 390 que aparecem no livro recentemente publicado na Alemanha sob o patrocínio da Abadessa Walburga Storch OSB, da própria Abadia de Santa Hildegarda, em Rüdesheim-Eibingen.
 
    “Por que Deus quis que ela tivesse essas visões? Porque o verdadeiro católico tem que ter uma filosofia da História. Ele deve saber que sua época é um elo entre o passado e o futuro, e deve interpretar os acontecimentos de sua época não como acontecendo só hoje, mas como nascidos de mil fatores do passado e gerando mil coisas no futuro. É um processo, é uma coisa que gera outra, que gera outra, que gera outra, que gera outra. Para nós conhecermos este processo veio esta revelação”.
 
Fontes: Catolicismo setembro 1998; Pe. Rohbacher

sábado, 14 de setembro de 2024

Santa Catarina (Fieschi Adorno) de Gênova, Viúva, Mística – 15 de setembro


A Santa que escreveu um tratado sobre o Purgatório
 
     Santa Catarina nasceu no ano de 1447, na célebre família Fieschi de Gênova. Esta família deu à Igreja dois Papas, nove cardeais e dois arcebispos, além de magistrados e capitães. Seus pais eram fervorosos católicos e a educaram no santo temor de Deus. 
     Catarina foi objeto de copiosas bênçãos do Céu: aos oito anos, recebeu um dom particular de oração e união com Deus; aos 12, já procurava renunciar à sua vontade para só fazer a do Divino Redentor e meditava constantemente na Paixão de Nosso Senhor; aos 13 anos, quis consagrar-se a Deus em um convento, mas devido à pouca idade não foi admitida.
     Gênova então era palco de guerras sangrentas entre guelfos (partidários do poder temporal dos Papas) e gibelinos (defendiam o poder do Imperador). Aproveitando-se da situação caótica, o duque de Milão tomou a cidade.
     Logo a paz foi restabelecida e os desentendimentos entre as famílias rivais se acalmaram. Os Fieschi e os Adornos, que se reconciliaram a partir de então, decidiram promover o casamento de Catarina Fieschi com Julião Adorno. Catarina, então com 16 anos, em tudo via a mão de Deus e aceitou o matrimônio, algo tão contrário às suas aspirações.
     Mas, Julião, de temperamento colérico, volúvel e extravagante, tornou o casamento infeliz. Ele amava as pompas e as vaidades, o luxo, os prazeres, enquanto Catarina considerava tudo vaidade e aflição de espírito. Ele passou a desprezá-la e a ultrajá-la de muitos modos. Além disso, sendo um jogador contumaz, dilapidou sua fortuna, como também o dote de Catarina. Aos poucos o casal ia caindo na pobreza.
     Catarina, porém, procurava pela paciência e pela prática das virtudes conquistar a alma do esposo para Deus. Por cinco anos ela sofreu aquela situação, parecendo-lhe que Deus a deixara entregue à sua própria sorte. Vendo-a tão provada, os parentes a aconselharam a retomar a vida social; visitas a senhoras de sua categoria, diversões e festas de seu círculo, entretanto não preenchiam os anseios de seu coração. Outros cinco anos se passaram.
     Em 1473, no dia de São Bento, foi aconselhada por sua irmã religiosa a consultar o confessor do convento. Catarina, então com 26 anos, procurou o sacerdote. Mais tarde ela contaria que assim que se ajoelhou no confessionário, "foi objeto de uma das mais extraordinárias operações de Deus na alma humana, de que tenhamos notícia. O resultado foi um maravilhoso estado de alma que durou até sua morte. Nesse estado ela recebeu admiráveis revelações, às quais às vezes se referiu aos que a rodeavam, e que estão sobretudo incorporadas em suas duas celebradas obras – os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório". (1)
     "O Senhor dignou-se iluminar sua mente com um raio tão claro e penetrante de sua divina luz, e acender em seu coração uma chama tão ardente de seu divino amor, que ela viu em um momento, e conheceu com muita clareza, quão grande é a bondade de Deus, que merece infinito amor; além disso, viu quão grande é a malícia e perversidade do pecado e da ofensa a Deus, quaisquer que sejam, mesmo ligeiros e veniais".
     Catarina sentiu uma contrição muito viva por seus pecados e um amor tão grande a Deus, que fora de si exclamava: "Amor meu, nunca mais hei de ofender-te!". O resultado deste amor foi um desejo insaciável da Santa Comunhão. Obteve a graça de poder comungar diariamente, fato raríssimo naquele tempo. Era tão grande a força transmitida pelo Pão dos Anjos, que ela passava os 40 dias da Quaresma e os do Advento sem outro alimento além de um copo de água misturada com vinagre e sal.
     Catarina praticava severas austeridades: dormia sobre uma enxerga, tendo como travesseiro um pedaço de madeira; disciplinava-se, usava cilícios e proibiu a si própria de proferir palavras inúteis; rezava diariamente de joelhos durante sete a oito horas.
     Tendo Nosso Senhor lhe aparecido com sua cruz, cheio de sofrimento e irrisão, tão profunda foi sua dor ao contemplar aquela imagem sofredora, que ela chorava com frequência ao considerar a ingratidão dos homens depois dos benefícios da Redenção.
     Catarina conseguiu converter o marido após muitas orações, grande paciência e submissão. Combinaram viver como irmãos e praticar boas obras. Em 1482, eles se instalaram numa casa contígua a um hospital, onde cuidavam dos doentes. Julião entrou para a Ordem Terceira de São Francisco; enfrentou uma enfermidade que o levou à morte, em 1497, após receber os Sacramentos.
     Catarina entrou na Sociedade da Misericórdia, que fora constituída pelos mais distintos habitantes da cidade e por oito damas escolhidas entre as mais nobres e ricas de Gênova, tendo como objetivo o socorro os pobres.
     Ela foi encarregada da distribuição das esmolas angariadas pela associação; socorria de preferência os leprosos ou portadores de úlceras gangrenosas, procurava para eles moradia, cama, roupa e alimento. Conseguiu dominar a repugnância natural que essas pessoas provocavam e prestava a elas os mais humildes serviços, inclusive cuidar de suas chagas repugnantes.
     Admirados com sua dedicação, os administradores do Hospital Pammatone, de Gênova, entregaram a ela a sua administração, cargo que Catarina ocupou até a morte.
     A Santa sofreu, nos últimos nove anos de sua vida, uma doença que. segundo os melhores médicos da Itália, não tinha causa natural: sua origem era sobrenatural e não havia remédio para ela. Com frequência ela ficava às portas da morte.
     Obediente ao seu confessor, Catarina escreveu as duas mencionadas obras que contêm doutrina e são inteiramente de acordo com as verdades de Fé: os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório. No primeiro, Catarina descreve os efeitos do amor divino em uma alma, a alegria que os acompanham. Quanto ao segundo, tão grande era seu contato com as almas do Purgatório, que essa obra valeu a ela o título de Doutora do Purgatório.
     Santa Catarina faleceu em Gênova, aos 63 anos, no dia 15 de setembro de 1510, e foi sepultada na capela do Hospital. Seu corpo incorrupto foi removido para outros lugares nos anos 1551, 1593 e 1642. Em 1694, ainda incorrupto, foi colocado num relicário de prata e cristal, sob o altar-mor da igreja erigida em sua honra no bairro de Portoria, em Gênova. Ali a Santa é venerada por muito devotos.
     Em 1837 e em 1960, o corpo incorrupto de Santa Catarina foi cuidadosamente examinado por peritos. O médico chefe da última equipe declarou: "A conservação é verdadeiramente excepcional e surpreendente, e merece uma análise da causa. A surpresa dos fiéis é justificada quando atribuem a isso uma causa sobrenatural". (3)
     Catarina foi canonizada pelo Papa Clemente XII em 1737, e pelo Papa Pio XII, no ano de 1943, recebeu o título de Padroeira dos Hospitais Italianos.
 
 Notas:
1. F. M. Capes, Saint Catherine of Genoa, in The Catholic Encyclopedia, Online Edition Copyright © 2003 by Kevin Knight,
2. Edelvives, Santa Catalina de Genova, in El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, tomo V, p. 153.
3. Joan Carroll Cruz, Saint Catherine of Genoa, in The Incorruptibles, Tan Books and Publishers, Inc., Rockford, USA, 1977, p. 160.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Beata Maria Luísa Angélica Prósperi, Mística, Abadessa Beneditina - 12 de setembro


Em Trévi, cidade da Úmbria, região da Itália, Maria Luísa (Gertrudes Prósperi), abadessa da Ordem de São Bento, dotada de experiências espirituais extraordinárias e generosidade para com os necessitados.
 
     Sobre si mesma, Maria Luísa Prosperi escreveu: "Desde meus primeiros anos sempre desejei fazer grandes coisas por amor ao meu Deus". Ela viveu em uma época difícil para a Igreja, durante a era napoleônica, que durou de 1799 a 1815, quando a Igreja estava sendo vista como chegando ao fim de sua existência. Claro que isso não aconteceu, e o Império Napoleônico estava de fato chegando ao fim, mas os tempos eram difíceis, no entanto, para aqueles que aspiravam a viver sua fé católica ao máximo.
     O mosteiro onde Madre Maria Luísa Prósperi viveu foi fundado em Trévi em 1344. Florescendo por muitos séculos, foi fechado durante o tempo de Napoleão, que considerava inúteis as Ordens contemplativas enclausuradas. Somente depois de 1815 o mosteiro foi reaberto, apenas alguns anos antes de Gertrude Prosperi cruzar seu limiar, para se tornar uma beata e, esperançosamente, um dia declarada santa, da Igreja Católica.
     No dia 19 de agosto de 1799, em Fogliano, pouco distante de Cascia, Itália, nasceu Gertrudes, filha de Domenico e de Maria Diomedi. Mesmo pertencendo à nobreza local, sua família não possui grandes recursos financeiros. Gertrudes foi batizada no mesmo dia de seu nascimento, e a pia batismal onde recebeu este sacramento existe ainda hoje na igreja paroquial de Santo Hipólito. Sua família deu a ela uma educação profundamente católica.
     Quando tinha vinte anos, no dia 4 de maio de 1820, ingressou no mosteiro beneditino de Santa Lucia de Trevi. Irmã Maria Luísa, nome de religiosa que adotou, teve uma existência caracterizada por fatos e dons extraordinários. Praticava penitências muito rígidas, provou em sua própria carne a Agonia de Nosso Senhor, a Flagelação, a Coroação de espinhos, os golpes, os estigmas nas costas e nas mãos. O Senhor desejava que ela participasse de seus sofrimentos, enquanto o demônio a molestava até durante a noite e com pancadas.
     Durante seus primeiros anos como freira beneditina, Irmã Maria Luísa serviu sua comunidade como enfermeira, cuidando das irmãs doentes. Ela também era sacristã, encarregada da igreja do mosteiro, e serviu como mestra de noviças, sendo encarregada da formação de novas freiras. Todos esses trabalhos ela realizou por vários anos, cumprindo silenciosamente as tarefas que lhe haviam sido atribuídas. Não há dúvida sobre sua determinação em exercê-los efetivamente e impregnando-os com caridade porque senão ela não teria sido tão estimada por suas irmãs e por pessoas fora do mosteiro, como foi o caso.
     Em 1837 Irmã Maria Luísa foi eleita Abadessa. Foi nessa época que um de seus quatro diretores espirituais, o bispo Inácio Giovanni Cadolini, Bispo de Spoleto, a instruiu a colocar suas experiências místicas por escrito.
     Em uma das visões que teve, Cristo alertou-a sobre a procedência de seus sofrimentos. O Redentor carregava a cruz quando lhe disse: “É assim que eu te amo, você será a vergonha de todos. Você será oprimida, e apesar de ser assediada por demônios, você sofrerá por causa de confessores. Eles vão querer ajudá-la, mas eles não serão capazes de...”.
     Seu diretor espiritual, o Pe. Cadolini, Bispo de Spoleto, depois Arcebispo de Ferrara e Cardeal, por cinco anos a induziu a reconhecer a soberba e a obra do demônio nas suas visões. E num colóquio celestial ela recebeu grandes consolos: “Aqui, filha, é sua casa, aqui você descansará, pedirá o que quiser, colocará aqui todo o seu coração que eu aceitarei, aqueles dos justos por me amarem, os dos pecadores para convertê-los, os de incrédulos para que possam voltar à minha Igreja”.
     O jesuíta Pe. Paterniani, confessor e biógrafo dela, narrou a vida extraordinária desta mulher que, ainda doente desde 1847, estando em sua cama liderou a comunidade e teve a energia para incentivá-la na rigorosa observância do carisma que a reuniu.
     Ela fez reflorescer no mosteiro a observância da Regra, privilegiando a adoração ao Santíssimo Sacramento. Contemplava longamente o Crucifixo; a todos que pediam seus conselhos convidava a recorrerem com confiança amorosa na infinita Misericórdia de Jesus.
     Certo dia, Jesus Cristo lhe apareceu no parlatório principal com o semblante de um peregrino. Na semana santa de 1847, ela viveu a Paixão de Cristo, como narra seu biógrafo: "Ao redor da cabeça tinha como sinais na forma de uma coroa de espinhos, perto do coração tinha uma ferida aberta cheia de sangue vivo, um sinal apareceu no meio das mãos...". Depois de uma pequena melhora, quando a Páscoa chegou ela piorou novamente, embora continuasse a governar o mosteiro até sua morte.
     Madre Maria Luísa faleceu no dia 12 de setembro de 1847, aos quarenta e sete anos de idade apenas. Conservam-se muitas cartas suas originais, ou cópias feitas pelo seu confessor, o jesuíta Pe. Paterniani, que em 1870 escreveu a primeira biografia da Beata.  
Mosteiro de Sta. Lúcia, Trévi
   Em 1914 a causa de sua beatificação foi introduzida, ficando suspensa devido à deflagração da 1ª. Guerra Mundial. Foi considerada Venerável em 1º de julho de 2010; foi proclamada oficialmente Beata na Catedral de Spoleto em 12 de novembro de 2012. Desde 1232, quando a cidade se vestiu de gala para a canonização de Santo Antônio de Pádua, não havia ocorrido uma cerimônia de tal solenidade.
     Seus despojos repousam na igreja do Mosteiro de Santa Lúcia de Trévi., onde é venerada hoje. Seus restos mortais estão em um caixão de madeira colocado em um altar lateral na igreja. Ao lado do caixão, uma vela é sempre mantida acesa.
     “A fé firme, sólida, ilimitada, elevava-a às alturas dos mistérios de Deus. Parecia que ela via com os olhos quanto nós cremos por fé. Sempre grata ao Senhor por este dom, exortava continuamente as suas irmãs de hábito a apreciar a virtude da fé, como princípio e fundamento de salvação e de beatitude”. Cardeal Angelo Amato – Homilia de Beatificação – 10 de novembro de 2012
 
Fontes:
www.santiebeati.it
COISAS DE SANTOS: 12 de setembro - Beata Maria Luísa Prosperi
Impressões da Itália: Beata Maria Luísa Prosperi - Abadia Beneditina de Cristo no Deserto (christdesert.org)
 

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Beata Serafina Sforza, Viúva e Abadessa Clarissa - 9 de setembro


Martirológio Romano: Em Pesaro, Piceno, na Itália, Beata Serafina Sforza, que depois de sofrer muitas adversidades na vida conjugal, passou humildemente os restantes anos de sua vida sob a Regra de Santa Clara (1478).
 
      Sveva Feltria pertencia à ilustre família dos Condes de Montefeltro, senhores de Urbino de 1234 a 1508. Nasceu em Urbino em meados de 1432, última filha de Guido Antônio e Catarina Colonna, sobrinha do Papa Martinho V.
     Em 1438 sua mãe faleceu e cinco anos mais tarde seu pai também. Durante algum tempo permaneceu em Urbino sob a tutela de seu irmão Odantonio e após a morte trágica deste foi acolhida por seu irmão Frederico.
     Em março de 1446 abandonou sua cidade natal e viveu em Roma por um ano, junto ao seu tio materno, o Cardeal Próspero Colonna, que, segundo os costumes da época, promoveu o casamento de sua jovem sobrinha com um senhor de Pesaro, Alexandre Sforza, de 40 anos. O casamento ocorreu em 9 de janeiro de 1448.
     Logo Sveva ficou sozinha devido a partida de seu esposo chamado por seus compromissos militares na guerra da Lombardia. Sveva se empenhou nos seus deveres de estado assistida pela tia Vitória Colonna, pela prima Isabel Malatesta; cuidou da educação de seus enteados, Batista e Constâncio Sforza, filhos de seu marido e da sua falecida esposa, Constança Varano.
     Sveva passou a sofrer enormes dificuldades devido às desconfianças e calúnias propagadas contra ela. Foi acusada de infidelidade e de urdir um complô para matar o marido quando voltasse. Alexandre Sforza chegou a querer desfazer-se dela tentando envenená-la várias vezes; uma noite inclusive tentou estrangulá-la. A defesa que seus parentes fizeram dela de nada adiantaram. Foi obrigada por seu marido e seu cunhado, o Duque de Milão, a ingressar no convento de Corpus Christi das Clarissas, em Pesaro, onde, após a dispensa obtida do Papa Calixto III, fez sua profissão religiosa em fins de agosto de 1457, tomando o nome de Irmã Serafina.
A Beata jovem viúva
     
     Passou 21 anos no mosteiro de Corpus Christi, durante os quais foi a edificação para suas coirmãs na prática das virtudes cristãs, na caridade para com Deus e o próximo, na humildade, na assistência às doentes e na rígida pobreza.
     Em 1475, por votação unânime, foi eleita abadessa. Nos últimos anos de sua vida teve a imensa alegria de ver a conversão de seu marido. Este, arrependido de seus desmandos e de quanto a havia feito sofrer, lhe pediu humildemente perdão de tudo, reconhecendo seus erros. Nos vários encontros com ela no mosteiro, fixou as bases de uma nova vida verdadeiramente cristã, na oração, na intima união com Deus, no cumprimento de seus deveres. Alexandre Sforza faleceu em 1473.
     Cinco anos depois, no dia 8 de setembro de 1478, Serafina faleceu em seu mosteiro de Pesaro, na idade de 44 anos. Sua morte foi lamentada pelas Clarissas e por toda a cidade, que a veneravam como santa. Seu corpo, exumado alguns anos após sua morte, foi encontrado incorrupto, e é preservado na catedral de Pesaro.
     Bento XIV aprovou o seu culto em 17 de julho de 1754. Ela é celebrada no dia 9 de setembro na Ordem Franciscana.
 
Fontes:
http://www.santiebeati.it/dettaglio/92698
https://es.catholic.net/op/articulos/37380/serafina-sforza-beata.html#modal

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Santa Rosa de Viterbo, Virgem, franciscana - 6 de março

   
    
O século XIII, em que viveu Santa Rosa, foi muito conturbado na Itália devido às guerras que o imperador Frederico II movia contra o Papado para apoderar-se dos Estados Pontifícios. Excomungado duas vezes, entretanto ele tomou parte na Sexta Cruzada. Mas Inocêncio IV o destituiu no Concílio de Lião, e o papa Gregório IX chegou a chamá-lo de Anticristo.
     Era uma época de grandes confrontos. De um lado surgia São Francisco de Assis, o irmão menor de todos; do outro, o imperador Frederico II, o grande estadista, que governava com mão de ferro. Em um extremo, o poder Espiritual, a Igreja, e de outro o mundo, o Imperador.
     Não se sabe muito bem o ano em que Rosa nasceu. Alguns biógrafos mencionam 1234 ou 1235. Mais provável é que tenha nascido em 1236, pois morreu em 1253 com 18 anos incompletos. Seus pais pertenciam a uma família humilde de Viterbo, então uma comuna contestada dos Estados Pontifícios.
     João e Catarina, seus pais, eram agricultores em Santa Maria in Poggio. Eles trabalhavam em um mosteiro de Clarissas, próximo de sua casa, o São Damião, primeiro convento das Clarissas, onde viveu Santa Clara.
     Desde cedo Rosa recebeu influência da espiritualidade franciscana em sua vida. Seus biógrafos afirmam que desde tenra idade ela já manifestava experiências místicas. Viveu asceticamente e se impunha severas penitências. À medida que ela crescia, aumentavam as suas orações. Muitas vezes passava longas horas da noite em contemplação. Durante o dia procurava os lugares onde poderia ficar em silêncio e entregar-se a oração.
     Ela passou sua curta vida como que reclusa na casa do pai, e foi incansável no apoio do papado. Apesar de viver em isolamento, Rosa tornou-se conhecida por seus dons místicos de prever o futuro e dom dos milagres. Um deles foi operado em favor de sua falecida tia materna, quando a santa, com apenas três anos de idade, por suas orações, obteve sua ressurreição.
     No dia 23 de julho de 1247 foi atacada por uma forte febre. De repente, ajoelhou-se em sua cama e balbuciou o nome de Maria, ficou ali por um longo tempo. Então levantou-se e sorriu: estava sem febre. Contou então que a Virgem lhe apareceu e lhe confiara uma missão: visitar as igrejas de São João Batista, Santa Maria do Outeiro e São Francisco. E que depois da Missa fosse pedir sua admissão na Ordem da Penitência de São Francisco, hoje chamada de Ordem Franciscana Secular, e que pregasse a penitência em Viterbo.
     Admitida na Ordem Terceira, passou a vestir seu hábito, composto de uma simples túnica com uma corda na cintura. Rosa também cumpriu o mandato de pregar recebido da Virgem, saindo pelas ruas da cidade alçando um crucifixo, conclamando o povo a pedir perdão por seus pecados e a fazer penitência.
     Foi então que o imperador Frederico invadiu a Toscana e entrou triunfalmente em Foligno e Viterbo, de onde pretendia partir para a conquista de Roma. Mas o cerco foi em vão e ele teve que voltar para o sul da Itália.
     Em oração, Rosa teve uma visão do Crucificado e seu coração ardeu em chamas. Ela não se conteve: saiu pelas ruas para pregar com um crucifixo nas mãos. A notícia correu por toda cidade, muitos se sentiram estimulados na fé e vários hereges se converteram; ela confundia até os mais preparados.
     Devido a sua pregação diária, Rosa representava uma ameaça para as autoridades da cidade. Então, em 1250, o prefeito assinou uma ordem condenando Rosa ao exílio, afirmando que ela incitava a revolta entre o povo. Rosa e seus pais foram morar em Soriano del Cimino aonde sua fama já havia chegado. Nessa cidade Rosa se tornou uma verdadeira apóstola, nas praças pregava o Evangelho a todos.
     Na noite de 4 para 5 de dezembro, Rosa recebeu a visita de um anjo que lhe revelou que o imperador morreria dentro de poucos dias. No dia 13 de dezembro o imperador Frederico II faleceu.
     Com a morte de Frederico II o poder dos hereges enfraqueceu e Rosa pode retornar a Viterbo, no início de 1252. Entretanto, Rosa passou antes por Vitorchiano, cujos habitantes tinham sido pervertidos por uma famosa bruxa. Consta então que Rosa, para converter esse povo infiel, ficou durante três horas nas chamas de uma fogueira, sem sofrer o menor dano. O milagre foi tão incontestável, que não só a população, mas também a feiticeira se converteu.
     Toda região voltou a viver em paz. Rosa humildemente pode compreender que Deus a fizera "instrumento de sua paz".
     No dia 6 de março de 1252, "sem agonia", Deus a chamou. Foi sepultada sem caixão, na terra nua, perto da Igreja de Santa Maria in Poggio.
     No dia 25 de novembro de 1252, o Papa Inocêncio IV, por sua Bula Sic in Sanctis, mandou instaurar oficialmente o processo de canonização de Rosa, nunca terminado.
     No dia 4 de setembro de 1257, o Papa Alexandre IV mandou exumar o corpo de Rosa e, para a surpresa de todos, o corpo foi encontrado intacto, quase como se ela estivesse viva. Rosa foi então transladada para o mosteiro das Clarissas, a partir de então chamado Mosteiro de Santa Rosa.
     O Papa Calixto III mandou retomar os trabalhos do processo de canonização. Em 1457 o processo ficou pronto, mas Calixto III morreu sem que chegasse a promulgar o decreto de canonização. Curiosamente a canonização de Rosa nunca foi oficializada, mas também nunca foi negada pelos Papas e pela Igreja. Tanto que o seu nome já era mencionado na edição de 1583 do Martirológio Romano. Pouco a pouco foram sendo dedicadas a ela igrejas, capelas e escolas por toda a Itália e até na América Latina. 
    Em setembro de 1922, o Papa Bento XV declarou Santa Rosa de Viterbo padroeira da Juventude Feminina da Ação Católica. No Brasil, Santa Rosa de Viterbo foi escolhida como a padroeira da juventude franciscana secular.
     Santa Rosa é festejada dia 6 de março, mas as festas mais notáveis em sua honra acontecem em setembro. Em Viterbo, cidade da qual é padroeira, Santa Rosa é festejada no dia 4 de setembro.
     Todos os anos, no dia 4 de setembro, seu corpo, incorrupto e flexível, é levado em procissão, desde o santuário dedicado a ela, pelas ruas de Viterbo pelos chamados Macchini di Santa Rosa, num espetáculo monumental. Uma torre de madeira e tecido renovada a cada ano, com uma estampa da Santa, é levada aos ombros por 62 homens.
     A mensagem de Santa Rosa de Viterbo continua atual, plenamente válida e urgente: conversão, fidelidade ao Evangelho, à Santa Igreja e ao Papado.
 
Fontes:
https://bresciasettegiorni.it/cronaca/oggi-e-beata-rosa-da-viterbo-buon-onomastico/
http://www.cancelloedarnonenews.it/il-santo-di-oggi-6-marzo-beata-rosa-da-viterbo/
https://en.wikipedia.org/wiki/Rose_of_Viterbo
 

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Beata Ingrid Elofsdotter de Skänninge - 2 de setembro

     
Ingrid, da nobre família Elofsdotter, nasceu em meados do século XIII. Por parte de sua mãe, era neta do Rei Canuto da Suécia. Ela recebeu uma educação condizente com sua condição social, sobretudo profundamente cristã. Alma de cândidos ideais, viveu desde os primeiros anos de vida em fervorosa piedade. As virtudes mais heroicas pareciam conaturais nela. Quando muito jovem foi obrigada por seus pais a contrair um riquíssimo casamento, mas todo aquele esplendor do mundo não a deslumbrou, continuando a viver no mundo sem ser do mundo.
     Ficou viúva em pouco tempo. Com uma irmã e um devoto séquito de damas de honra, empreendeu uma longa peregrinação à Terra Santa, onde seu coração se acendeu ainda mais de terno amor pelo Salvador. Da Palestina ela foi para Roma e depois para Santiago de Compostela. Em Roma, pediu ao Papa autorização para fundar um mosteiro de religiosas contemplativas em seu país.
     Retornando ao seu país, um único desejo a dominava: se dedicar para sempre a uma vida de oração e penitência. Mas o demônio, furioso, engendrou uma trama terrível, tentando ofuscar sua reputação entre os seus concidadãos. Tudo entretanto foi esclarecido e a santa peregrina, recebida com alegre veneração, pode logo realizar seus votos e, auxiliada por generosos benfeitores – entre eles seu irmão, João Elovson, cavaleiro teutônico – construiu um mosteiro sob a Regra de São Domingos, onde, juntamente com um bom número de virgens, se dedicou inteiramente a contemplação e as santas austeridades.
     O mosteiro foi inaugurado em 15 de agosto de 1281, em Skänninge, na presença do Rei Magnus Ladulas, com a ajuda e o apoio do dominicano Padre Pedro de Dacia (1230-1289), que dava assistência espiritual às religiosas, com a autorização do Bispo de Linkoping e do Provincial da Ordem.
     A Beata faleceu no dia 2 de setembro de 1282, quando era Priora daquele mosteiro, com tanta fama de santidade e obtendo milagres prodigiosos, que logo o seu culto se espalhou para os povos vizinhos.
     Suas relíquias foram solenemente transladadas em 29 de julho de 1507, pela autoridade do Papa Alexandre VI, estando o rei presente, uma grande multidão, todos os bispos da Suécia e os Irmãos Pregadores daquela região.
     Em 1414, o Bispo de Linkoping, Canuto Bosson, antes do Concílio de Constança, pedira à Santa Sé autorização para abrir o processo de sua canonização. Devido a Pseudo Reforma protestante, o processo não teve continuidade. Durante os eventos da reforma, o Mosteiro de São Martinho foi destruído, bem como as relíquias da Beata, e sua causa de canonização nunca chegou a uma formalização. Mas, ela foi inserida no Martirológio Romano e sua memória é celebrada no dia de seu falecimento.
  
Igreja de Na. Sra. de Skänninge, Suécia

Fontes:  http://www.es.catholic.net/santoralwww.santiebeati/it