terça-feira, 29 de outubro de 2019

Beata Benvinda Boiani, Virgem dominicana – 30 de outubro

    
     Diz-se que a vida de Benvinda Boiani foi “um poema de louvor à Santíssima Virgem, um hino de luz, de pureza e de alegria, cantado, mais do que vivido, em honra de Nossa Senhora”.
     Era o mês de maio de 1254, na cidade de Cividale del Friuli, Itália. Um pai esperava ansioso que a sétima criança a nascer fosse um menino, pois já eram seis as filhas que tinha. Mas, diante da chegada de uma sétima menina, bom católico que era, exclamou: “Esta também é benvinda!”. E depois deste ato de fé decidiu que o nome da criança seria Benvinda.
     Este piedoso pai haveria de se alegrar sempre mais com esta filha que foi uma verdadeira bênção, pois parecia mais do céu do que da terra. Nada de transitório a atraia e as irmãs jamais conseguiram induzi-la às vaidades humanas.
     Desde muito pequena se distinguiu pela devoção a Maria; costumava repetir muitas vezes durante o dia a primeira parte da Ave Maria, como era uso então, e acompanhava cada invocação com uma genuflexão profunda, de conformidade com o que tinha visto fazer os dominicanos na igreja.
      Benvinda teve a graça de pertencer a uma família em que todos eram tão piedosos quanto ela e aprovavam suas práticas de devoção. Quando a jovem comunicou a seus pais que queria consagrar a Deus sua virgindade e fazer-se terceira de São Domingos, eles não fizeram nenhuma objeção.
     Após receber o hábito da Ordem Terceira da Penitência de São Domingos, imitou nas vigílias e nos jejuns os religiosos da Ordem. Guiada somente por seu fervor e pela inexperiência da juventude, entregou-se às penitências extraordinárias. Quando tinha apenas 12 anos, colocou na cintura “a corda de Santo Tomás” tão apertada, que esta penetrou na carne provocando um sofrimento intolerável. Julgavam que ia ser necessário fazer uma operação cirúrgica para tirá-la, mas um dia a corda se desprendeu milagrosamente de seu corpo, enquanto ela rezava.
     São Domingos lhe apareceu reprovando-a severamente por seus rigores indiscretos e lhe ordenando que se colocasse sob a régia via da obediência. Ele mesmo indicou o santo dominicano sob cuja direção ela deveria passar toda a vida. Frei Conrado mandou que ela mitigasse suas penitências e proibiu que ela as fizesse sem consultá-lo.
     Benvinda não tomou parte na vida pública de sua cidade natal, procurando cultivar o aspecto contemplativo do espírito dominicano. Ela permaneceu sempre em família, vivendo apartada e humilde.
     Durante cinco anos a Beata sofreu várias enfermidades. O demônio aproveitou esse período para tentá-la violentamente com a desesperação e outras formas, mas seu pior sofrimento era não poder assistir à Missa e às Completas, durante as quais se cantava a Salve Rainha. Deus devolveu a ela sua saúde mediante um milagre público no dia da festa da Anunciação, precisamente quando Benvinda acabara de prometer que faria uma peregrinação ao santuário de São Domingos se recuperasse a saúde. Sua irmã Maria e seu irmão mais novo a acompanharam naquela peregrinação.
     Deus premiou com numerosas graças, visões e êxtases a paciência com que a jovem havia suportado a doença e as tentações; gozou também de aparições de Nossa Senhora, belas e sempre ricas de símbolos.
     Aos confrades e às irmãs da Ordem Terceira, e sobretudo ao povo, a sua breve vida foi luz e exemplo admiráveis.
     Conta-se que sendo ainda jovem Benvinda foi um dia à igreja, pouco depois da morte de sua mãe. Ali encontrou um menino a quem disse: “Tu tens mamãe?” O menino respondeu que sim. “Eu já não tenho”, disse Benvinda. “Mas como tens a tua, talvez ela tenha te ensinado a rezar a Ave Maria”. O menino respondeu: “Eu a sei de cor. E tu?” “Eu também sei”, respondeu a jovem. “Diga para mim”, rogou o menino. Benvinda começou a rezar a Ave Maria em latim. Quando chegou à palavra “Jesus”, o menino disse a ela: “Eu sou Jesus!” e desapareceu.
     Embora a alegria e a confiança tenham sido as virtudes características da Beata, o demônio não deixava de induzi-la ao desespero e à infidelidade em seu leito de morte. A Beata triunfou dessas tentações e morreu pacificamente em 30 de outubro de 1292, na sua cidade natal de Cividale. Foi sepultada na igreja local dos dominicanos e seu corpo não foi encontrado. Logo foi objeto de veneração e de um culto popular.
     O Papa Clemente XIV confirmou seu culto e deu-lhe o título de Beata em 6 de fevereiro de 1763
 
Igreja da Assunção de Nossa Senhora em Cividale
Postado neste blog em 29 de outubro de 2011

sábado, 26 de outubro de 2019

Beata Emelina, Eremita e conversa cisterciense – 27 de outubro

    
     Esta beata francesa da Idade Média é considerada por alguns estudiosos como uma “solitária”, enquanto outros acreditam que ela era uma irmã conversa da Ordem Cisterciense. Provavelmente ela foi ambas as coisas.
     Emelina nasceu em 1115 na diocese de Troyes e viveu como eremita em um celeiro construído no terreno pertencente a Abadia de Nossa Senhora de Boulancourt, situada na atual comuna de Longeville-sur-Laines (Alto Marne), na França.
     A abadia fora fundada em 1095 na diocese de Troyes, hoje Langres, para os Cônegos Regulares de São Pedro do Monte. Tendo caído em um grande relaxamento, para reformá-la o bispo cisterciense de Troyes, Henrique de Corinzia, a deu a São Bernardo, fundador da Ordem, que mandou para ali um grupo de monges de Claraval.
     A partir do século XII, as propriedades das abadias cistercienses são divididas em grupos, cujo centro é um estabelecimento ou um edifício destinado à exploração agrícola a que se chamava celeiro. A maioria dos celeiros cistercienses explorados no século XII por irmãos leigos e irmãs leigas, eram pequenas abadias com capela, dormitório e refeitório. Com exceção: não podem celebrar missa lá. Todos os irmãos e irmãs têm que ir à abadia todos os domingos, e é onde eles eram enterrados. É por isso que os celeiros cistercienses, de acordo com o status de 1152, não devem estar a mais de um dia de caminhada da abadia.
     Quando os monges chegaram a Boulancourt, Emelina já estava vivendo ali como irmã conversa, no celeiro Perte-Sèche situado a alguns quilômetros da abadia. O monge Beato Gossuin de Claraval se refere a ela em uma breve biografia, revelando o seu modo de viver: jejuava três dias por semana, sem beber, nem comer, abstinha-se inteiramente de pão o tempo todo do Advento e da Quaresma, usava um cilício e uma corrente de ferro com pontas, andava descalça fosse inverno ou verão. Uma única túnica era-lhe suficiente sobre uma simples peça de roupa grossa e um casaco ruim.
     Sempre em oração ou no trabalho, mesmo enquanto fiava, ela ainda se ocupava meditando os salmos. "A maledicência e má fala eram sempre objeto de seu desprezo". A sua vida de grande penitência resultou na difusão da fama de sua santidade. Quando seu nome e reputação se espalharam por toda a província em que vivia, ela passou a receber presentes de comidas e bebidas, mas nunca as provava.
     De uma floresta vizinha, os corvos frequentemente a perturbavam durante sua oração com repetidos gritos e resmungos. Ela ordenava que eles fossem embora e deixassem-na servir a Deus em paz, o que acontecia
     Ela recebeu o dom de profecia. Quando monges ou irmãos leigos se envolviam no vício ou na vaidade, desejando fazer o mal, ou mesmo fazendo-o, ao aparecerem diante dela imediatamente os repreendia severamente e os admoestava a serem mais escrupulosos e a não "abrigar o demônio em suas almas".
     Os senhores e os monges que viviam na vizinhança a consultavam sobre o resultado de suas guerras e expedições, se eles teriam felicidade ou infortúnio, e ela lhes dava uma resposta. Assim, ela previu a um ilustre nobre, Simon de Beaufort, que partia para uma expedição, que ele perderia um de seus membros mais queridos. Na verdade, ele perdeu um olho!
     Ela morreu por volta de 1178 e, de acordo com os regulamentos de sua ordem, seu corpo foi transportado para Boulancourt, onde foi sepultado na capela dos religiosos.
     Ela está enterrada na igreja da abadia e dia e noite uma lâmpada queima em seu túmulo. Durante sua vida, mas principalmente após sua morte, a Beata Emelina foi objeto de veneração pública. Esta é, sem dúvida, a causa de que desde o século XII e ao longo do século XIII, um número muito grande de mulheres que faziam doações para a abadia levavam o nome de Emelina.
     A partir de 1182, vemos um sinal de culto prestado à nossa beata. Simon de Broyes (filho de Simon de Beaufort), deu à abadia de Boulancourt "20 sous de cens" pela manutenção de uma lâmpada.
     Em 1185, Manassés II de Pougy, Bispo de Troyes, fez a mesma doação para uma lâmpada que devia ser acesa diante dos restos mortais de Irmã Emelina.
     Hugo II, Conde de Rethel e Félicité de Broyes (filha de Simão), em 1210, financiam outra lâmpada para a capela das religiosas ao lado da abadia.
     O Beato Gossuin atesta, no final da vida da Beata, que ele viu essa lâmpada acesa dia e noite.
     Durante a Idade Média, o culto a Beata Emelina não pereceu. Em 1534, o Abade Picard de Hampigny mandou restaurar com grandes despesas o túmulo altar dedicado a ela na igreja da abadia.
     Ela foi inscrita como Beata no “Menológio Cisterciense” no dia 27 de outubro.
     Emelina deve ter sido uma das últimas irmãs conversas agregadas a um mosteiro de monges, porque em 12 de fevereiro de 1234 o papa Gregório IX, em uma carta ao abade de Boulancourt, pedia aos monges para não mais receberem em suas terras as irmãs conversas, o que confirma que cerca de 50 anos depois da morte da Beata ainda havia algumas irmãs conversas nos celeiros da abadia.
     A Beata Emelina representa para a Ordem Cisterciense o modelo de eremita da Idade Média e de todas as épocas.
 
Catedral de São Pedro e São Paulo em Troyes, França
http://www.santiebeati.it/dettaglio/92569

Postado neste blog em 26 de outubro de 2012

Etimologia: Emelina tem sua origem no nome germânico Amelina: aquela que nasceu para o trabalho. O antigo termo “amal” que compõe o nome Amelina significava “trabalho”.  Nomes próximos: Ermelina, Ermelinda, Emelia ou Emília.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Serva de Deus Benigna Cardoso da Silva ("Menina Benigna"), virgem e mártir da pureza - 24 de outubro

          


     Benigna Cardoso da Silva, nascida no Sítio Oiti - Santana do Cariri, no Ceará, no dia 15 de outubro de 1928, filha de José Cardoso da Silva e Thereza Maria da Silva, ficou órfã de pai e mãe muito cedo, sendo adotada juntamente com seus irmãos mais velhos pela família Sisnando Leite, proprietária do Oiti dos Cirineus, no distrito de Inhumas.
     Sua infância foi cercada pela alegria das inocentes brincadeiras com cantigas de roda, bonecas, casinha, piqueniques, passeios etc., ao lado de suas irmãs de criação Tetê e Irani, que ainda vivem.
     Era uma jovem muito simples e cheia de humildade. De estatura média, Benigna era magra, de cabelos e olhos castanhos, morena clara, rosto arredondado e queixo afinado. Tinha um leve estrabismo em um dos olhos.
     Modesta por natureza, tímida, reservada e meditativa, não usava vestidos sem mangas, curtos nem com decotes. Sua generosidade, carisma e simpatia a fazia querida e cativada por familiares, amigos e conhecidos, tornando-se um modelo de juventude para a época.
     Em casa, desenvolvia bem todas as tarefas domésticas, com intuito de ajudar sua família adotiva. Era boa filha, sempre obediente e prestativa.
     Extremamente religiosa e temente a Deus, nutria um grande desejo de fazer a Primeira Comunhão e depois desse sonho realizado seguia à risca os mandamentos divinos. Não perdia as missas e fazia penitência nas primeiras sextas-feiras em devoção ao Sagrado Coração de Jesus, sempre na companhia de sua “madrinha Ozinha” e da “Tia Bezinha”.
     Aos 12 anos de idade, já lendo e escrevendo, Benigna começou a ser assediada por um rapaz chamado Raul Alves, rejeitadas de forma categórica por ela. Procurou imediatamente o Pe. Cristiano Coelho Rodrigues, vigário da época, para pedir conselhos sobre o assunto da perseguição de Raul, e este lhe aconselhou a vir estudar em Santana do Cariri, e a presenteou com uma Bíblia, que se tornou seu livro de cabeceira, guardado com esmero e carinho. Encantava-se com as gravuras e as histórias do Antigo e do Novo Testamento. Neste Livro Sagrado ela encontrou apoio para resistir às tentações de Raul e fortalecer cada vez mais sua fé.
     Na sala de aula, era uma aluna exemplar; por demais estudiosa, cuidadosa, pontual e colaboradora. Sempre gostava de ajudar seus colegas para não vê-los punidos com a palmatória ou de joelhos nos caroços de milho, fato que a deixava demasiadamente triste, e às vezes até chorava com os castigos aplicados aos outros.
     Depois de várias tentativas sem sucesso, numa tarde fatídica de sexta-feira, dia 24 de outubro de 1941, sabendo que Benigna ia pegar água numa cacimba próxima à sua casa, ficou Raul à espreita atrás do mato, observando-a com o pote na cabeça, com seus recém completados 13 anos. Ao aproximar-se, abordou-a, ela recusou, ele insistiu tentando violentá-la. Ela disse “não” com veemência e lutou heroicamente para se defender do ato pecaminoso, que no seu entender cristão ofenderia seu corpo.
     Raul, ao perceber que Benigna nada aceitaria, foi tomado por um ódio feroz, sacou de um facão e a golpeou cortando-lhe os dedos da mão. Ela relutou de forma sobre-humana contra seu algoz, preferindo morrer a pecar contra a castidade. Depois disso, foi atingida na testa, nas costas e por fim no pescoço, cujo golpe deixou-lhe a cabeça quase decepada.
     Ao vê-la morta, com o corpo estendido sobre as pedras e o sangue inocente se esvaindo pelo chão, Raul fugiu, sendo o corpo da vítima encontrado logo em seguida já sem vida.
     Seu corpo foi sepultado na manhã do sábado no Cemitério Público São Miguel, em Santana do Cariri, acompanhado de comoção geral. Os requintes de crueldade do bárbaro crime abalaram todo o Município. Desde essa data, começaram as visitas ao túmulo e ao local do martírio até o tempo presente. As rogativas feitas à “Santa de Inhumas”, assim como as promessas são geradoras de graças alcançadas por intercessão dessa memorável jovem, que é tida por todos como “santa” e “Heroína da Castidade”.
     O assassino foi preso, pagou pelo seu crime e, arrependido, voltou ao local 50 anos depois para chorar, elevar preces e pedir perdão a Benigna. Neste retorno, relatou sua mudança de vida, sua conversão ao cristianismo. Fez penitências para salvar sua alma, e pedindo a intercessão de Benigna, alcançou graças sempre recorrendo à sua inocente vítima, a quem sempre rogava nas horas de aflição. Segundo ele, seu ato foi de loucura e “ela se mostrou virtuosa, quando resistiu para não pecar e não apenas para ver se escaparia”.
     Sobre Benigna o Pe. Cristiano deixou escrito, na época, ao lado do seu batistério: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sítio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.
     A devoção a Benigna foi crescendo ao longo dos anos. A Romaria da Menina Benigna, que acontece desde 2004 entre os dias 15 e 24 de outubro, passou neste ano a fazer parte do calendário oficial do Estado do Ceará.
Processo de beatificação
     A Diocese de Crato iniciou em 2011, setenta anos após a morte de Benigna, as pesquisas para abertura do seu processo de beatificação, tendo como postulador o Monsenhor Vitaliano Mattioli. Em 26 de maio de 2012, os restos mortais de Benigna foram transladados para a Igreja Matriz de Santana do Cariri.
     Em fevereiro de 2013, O bispo de Crato, Dom Fernando Panico, recebeu correspondência do Cardeal Angelo Amato, presidente da Congregação para a Causa dos Santos, comunicando a concessão do “Nihil Obstat”, ou seja, o “Nada Impede” para a abertura do processo de beatificação, o qual foi aberto oficialmente em 16 de março seguinte. A partir de então, Benigna recebeu o título de Serva de Deus. Dom Fernando então nomeou uma comissão que começou a recolher declarações de pessoas que conheceram Benigna em vida, além de relatos de milagres alcançados por intercessão dela. Esta foi a fase diocesana do processo, a qual foi concluída em 21 de setembro de 2013.
     Toda a documentação produzida pela comissão foi levada para Roma e protocolada junto à Congregação para a Causa dos Santos. Em 2016, o Vaticano chegou a buscar depoimentos de pessoas que viveram entre 1940 e 1980 para fortalecer a tese do martírio da jovem Benigna. Em outubro de 2018, a causa foi aprovada pela Comissão dos Teólogos da dita Congregação. O martírio de Benigna foi reconhecido e o processo para sua beatificação, assim como de outros quatro Servos de Deus, foi iniciado em 3 de outubro de 2019.
     O Pe. Paulo Lemos, pároco de Santana do Cariri, resumiu para a imprensa cearense o que a beatificação de Benigna confirma: “Aqui viveu uma santa de Deus e ela poderá ser elevada à honra dos altares”.


Fontes:

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Santa Zaira, Mártir – 21 de outubro

    
Martírio dos irmãos Bernardo, Maria e Graça - por Francisco Valencio Soler
     As informações sobre Santa Zaira são poucas, na verdade quase nenhuma; ela não é mencionada nos textos oficiais da Igreja, talvez tenha aparecido em alguma edição anterior ao Martirológio Romano, que a partir do século XVI, quando foi feito o primeiro rascunho, teve várias atualizações.        No entanto, no catálogo atual dos onomásticos, ela é citada como martirizada na Espanha durante a ocupação dos mouros e lembrada em 21 de outubro.
     Não se sabe outra coisa sobre a figura desta santa, mas, ao fazer algumas reflexões, podemos deduzir que ela deve pelo menos ter existido.
     O seu nome deriva do árabe Zahirah e significa "a rosa" e ocorre frequentemente na literatura oriental, também na forma de Zara.
     A ocupação dos mouros na Espanha durou de 711 a 1212 na maior parte do país, somente sendo completamente banida apenas em 1492, com a perda de Granada. Esta ocupação provocou uma grande perseguição religiosa contra os cristãos preexistentes e suas instituições, com o objetivo de impor a religião muçulmana em estados que se tornaram islâmicos com seu domínio.
     Naquele longo período, em várias regiões espanholas houve muitos mártires cristãos, que resistiram às injunções, defendendo a fé cristã, que graças a eles nunca foi suprimida.
     Nesse período de coabitação forçada e escravidão de cristãos, embarcados e levados para os países árabes de origem dos ocupantes, vários árabes se converteram ao cristianismo, transformando seu nome árabe em nome cristão. Citamos, por exemplo, São Bernardo de Alzira, que se chamava Hamed; Santa Maria de Alzira, cujo nome antes da conversão ao catolicismo era Zaida e Santa Graça de Alzira, que chamava-se Zoraide, eram irmãs que após se converterem se tornaram monjas, e foram martirizadas nas mãos dos parentes muçulmanos.
     Como podemos ver neste exemplo, há uma Zaida e uma Zoraide, nomes árabes semelhantes a Zaira, portanto é provável que se o nome de uma mártir Zaira tenha chegado até nós, talvez também deva ser conhecida por outro nome cristão.
     Outra reflexão é que o nome Zaira foi inspiração para obras literárias e musicais que tiveram sucesso ao longo do século XIX, como a tragédia "Zaire" de François-Marie Voltaire (1694-1778), escrita em 1763, e a ópera lírica homônima de Vincenzo Bellini (1801-1835).

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Beata Margarida Tornielli de Novara, Clarissa – 18 de outubro

Margarida, nascida em Novara, consagrou-se ao Senhor na ordem das Clarissas no mosteiro local das Filhas de Santa Clara. Brilhou na vida religiosa por sua perfeição, ganhando o título de beata; é lembrada em 18 de outubro.

     A Beata Margarida Tornielli de Novara é uma Clarissa que viveu no século XV.
     Sabemos apenas que era de Novara e que havia entrado no mosteiro local de Santa Clara. O mosteiro foi construído por volta de 1460 pela Beata Concórdia Tornielli, sua irmã, que se retirou com suas irmãs Lucida e Margarida.
     O mosteiro, após vários eventos, e depois de também receber as freiras de Santa Inês, sofreu o destino de muitos outros conventos e foi suprimido em 1810.
     A Beata Margarida Tornielli era lembrada com essas palavras "brilhava em todo tipo de perfeição religiosa".
     A coleta franciscana de legendas, juntamente com outros historiadores locais, lembra que ela morreu em 1491 e tinha o título de beata. Sua festa estava fixada para o dia 18 de outubro.

http://www.santiebeati.it/dettaglio/94532

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Santa Teresa de Ávila, Reformadora do Carmelo – 15 de outubro

    
     Teresa Sanchez Cepeda Davila y Ahumada nasceu em Ávila, Castilha Velha, Espanha, em 28 de março de 1515 e faleceu em Alba de Tormes no dia 4 de outubro de 1582.
     Terceira filha de Dom Alonso Sanchez de Cepeda, de sua segunda esposa, Dona Beatriz Davila e Ahumada, que morreu quando a santa tinha 14 anos. Teresa foi criada por seu pai santo, um amante de livros sérios, e por uma mãe terna e piedosa. Após sua morte e o casamento de sua irmã mais velha, Teresa foi enviada para ser educada pelas freiras agostinianas de Ávila, mas devido a uma doença, ela teve que sair ao fim de dezoito meses e, por alguns anos, permaneceu com o pai e, ocasionalmente, com outros parentes, notadamente um tio que a familiarizou com as Cartas de São Jerônimo, o que a levou a adotar a vida religiosa, não tanto por qualquer atração por ela, mas pelo desejo de escolher o caminho mais seguro.
     Incapaz de obter o consentimento de seu pai, ela deixou sua casa sem que ele o soubesse, em novembro de 1535, para entrar no Convento Carmelita da Encarnação em Ávila, que contava com 140 freiras. A separação da família causou-lhe uma dor que ela mais tarde comparou à da morte. No entanto, seu pai cedeu imediatamente e Teresa recebeu o hábito.
     No ano seguinte após sua profissão, ela ficou muito gravemente doente e passou por um longo e tão inábil tratamento médico, que ficou reduzida ao estado mais lamentável, e mesmo após uma recuperação parcial pela intercessão de São José, sua saúde permaneceu permanentemente. prejudicada.
     Durante esses anos de sofrimento, ela começou a prática da oração mental, mas temendo que suas conversas com alguns parentes de mente mundana, visitantes frequentes no convento, a tornassem indigna das graças que Deus lhe concedia em oração, a interrompeu até que ela a retomou sob a influência, primeiro dos dominicanos e depois dos jesuítas.
     Enquanto isso, Deus começou a visitá-la com "visões e locuções intelectuais", ou seja, manifestações nas quais os sentidos externos não eram afetados, as coisas vistas e as palavras ouvidas eram diretamente impressas em sua mente e lhe davam uma força maravilhosa nas provações, repreendendo-a por infidelidades e consolando-a em seus problemas.
     Incapaz de conciliar essas graças com suas deficiências, que sua delicada consciência representava como falhas graves, ela recorreu não apenas aos confessores mais espirituais que pôde encontrar, mas também a alguns leigos santos, que nunca suspeitavam que o relato que ela lhes dava de seus pecados eram muito exagerados, o que os fazia acreditar que essas manifestações eram obra do espírito maligno.
      Quanto mais ela tentava resistir a elas, mais poderosamente Deus trabalhava em sua alma. Toda a cidade de Ávila ficou perturbada com os relatos das visões dessa freira. Foram São Francisco de Bórgia e São Pedro de Alcântara e, posteriormente, vários dominicanos (particularmente Pedro Ibañez e Domingo Bañez), jesuítas e outros padres religiosos e seculares, que discerniram a obra de Deus e a guiaram por uma estrada segura. 
     O relato de sua vida espiritual – contido na "Vida escrita por ela mesma" (concluída em 1565, uma versão anterior foi perdida), nas "Relações" e no "Castelo interior" – constitui uma das biografias espirituais mais notáveis ​​com que apenas as "Confissões de Santo Agostinho" podem ser comparadas.
     A esse período também pertencem manifestações extraordinárias, como a penetração ou transverberação de seu coração, o desponsório espiritual e o casamento místico.
     Uma visão do lugar destinado a ela no inferno, caso ela fosse infiel à graça, determinou que ela buscasse uma vida mais perfeita.
     Depois de muitos problemas e muita oposição, Santa Teresa fundou o convento das Freiras Carmelitas Descalças da Regra Primitiva de São José em Ávila (24 de agosto de 1562), e após seis meses obteve permissão para morar lá.
     Quatro anos depois, recebeu a visita do geral dos carmelitas, João Batista Rubeo (Rossi), que não apenas aprovou o que havia feito, como também concedeu licença para a fundação de outros conventos de frades e freiras.
     Em rápida sucessão, estabeleceu suas freiras em Medina del Campo (1567), Malagon e Valladolid (1568), Toledo e Pastrana (1569), Salamanca (1570), Alba de Tormes (1571), Segóvia (1574), Veas e Sevilha ( 1575) e Caravaca (1576).
     No "Livro das Fundações", ela conta a história desses conventos, quase todos criados apesar da violenta oposição, mas com assistência manifesta do alto.
     Em todos os lugares ela encontrou almas generosas o suficiente para abraçar as austeridades da regra primitiva do Carmelo. Depois de conhecer Antonio de Heredia, prior de Medina, e São João da Cruz, ela estabeleceu sua reforma entre os frades (28 de novembro de 1568), sendo os primeiros conventos de Duruelo (1568), Pastrana (1569), Mancera e Alcalá de Henares (1570).
     Uma nova etapa começou com a entrada na religião de Jerome Gratian, na medida em que esse homem notável foi quase imediatamente confiado pelo núncio com a autoridade de visitador apostólico dos frades e freiras carmelitas da antiga observância na Andaluzia e, como tal, considerava-se intitulado para anular as várias restrições impostas pelo geral e pelo capítulo geral.
     Com a morte do núncio e a chegada de seu sucessor, uma tempestade terrível tomou conta de Santa Teresa e de seu trabalho, com duração de quatro anos, e ameaçando aniquilar a reforma nascente. Os incidentes desta perseguição são descritos em suas cartas.
     A tempestade passou e a província de Carmelitas Descalços, com o apoio de Filipe II, foi aprovada e canonicamente estabelecida em 22 de junho de 1580.
     Santa Teresa, idosa e com problemas de saúde, fez ainda fundações em Villnuava de la Jara e Palencia (1580), Soria (1581), Granada (através de sua assistente, a Beata Ana de Jesus), e em Burgos (1582).
     Ela deixou este último lugar no final de julho e, parando em Palencia, Valldolid e Medina del Campo, chegou a Alba de Torres em setembro, sofrendo intensamente. Logo ela se acamou e faleceu em 4 de outubro de 1582; devido à reforma do calendário, foi considerado como 15 de outubro.
     Depois de alguns anos seu corpo foi transferido para Ávila, mas depois foi novamente transferido para Alba, onde ainda é preservado incorrupto. Seu coração, também, mostrando as marcas da transverberação, é exposto ali à veneração dos fiéis. Ela foi beatificada em 1614 e canonizada em 1622 por Gregory XV, a festa sendo marcada em 15 de outubro.
     A posição de Santa Teresa entre os escritores sobre a teologia mística é única. Em todos os seus escritos sobre esse assunto, ela lida com suas experiências pessoais, que uma profunda compreensão e dons analíticos permitiram que ela explicasse claramente.
     O substrato tomístico pode ser atribuído à influência de seus confessores e diretores, muitos dos quais pertenciam à Ordem Dominicana.
     Ela própria não pretendia fundar uma escola no sentido aceito do termo, e não há vestígio em seus escritos de qualquer influência das escolas místicas Areopagita, Patrística ou Escolástica, como representadas, entre outras, pelas dominicanas alemãs.
     Ela é intensamente pessoal, seu sistema indo exatamente até suas experiências, mas não um passo adiante.

O único retrato de Santa Teresa que dia após dia obedientemente sentou-se para que ele fosse feito, oferecendo como penitência. Ela estava então com 61 anos. A pintura foi feita pelo Frei Juan de la Miseria em 1576. Quando a pintura ficou pronta, com um sorriso amarelo ela disse: “Deus o perdoe, Frei Juan! Pensar que depois de tudo que eu sofri em suas mãos, vós pudestes me pintar de olhos turvos e tão feia!”

                                                                    
 
Seu corpo incorrupto está acima do altar mor em Alba de Tormes. Apesar de todas as doenças que a acompanharam a vida toda, seu corpo permaneceu tão branco quanto alabastro, como uma criança de três anos. Todas as rugas desapareceram. Um doce perfume, que ninguém consegue descrever ou identificar, é exalado do seu corpo e de todas as coisas que foram tocadas nele – toalhas, paramentos, até as impressões digitais da santa. Este odor é tão poderoso na cela em que ela faleceu, que as janelas precisam ser abertas para prevenir dores de cabeça e desmaios.


Fonte: www.nobility.org

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Santa Maria Soledade Torres Acosta, Fundadora – 11 de outubro

    
     A 5 de fevereiro de 1950 foi beatificada a venerável Madre Soledade Torres Acosta, fundadora das Servas de Maria, religiosas dedicadas aos cuidados dos doentes. O nome Soledade se refere à Maria Santíssima na Paixão do seu Divino Filho.
     Nasceu em Madri, a 2 de dezembro de 1826. Viveu numa Espanha perturbada pelos conflitos entre absolutistas e liberais, que produziram às vezes para a Igreja anos custosos. Os pais, Francisco Torres e Antônia Acosta, eram pequenos comerciantes. A criança foi batizada como Bibiana Antônia Manuela.
     Estudou com as Irmãs Vicentinas e ao ver a dedicação total destas religiosas aos mais pobres, se entusiasmou pela vida religiosa. Porém tinha uma saúde muito débil e não foi admitida na comunidade.
     Quando chegou aos 25 anos pensava na vida dominicana. O Pe. Miguel Martínez Sanz, sacerdote do bairro populoso de Chamberi, se entristecia ao ver que muitos doentes morriam no mais completo abandono e sem receber os santos sacramentos. Pensou em reunir um grupo de mulheres piedosas que visitassem os doentes em seus domicílios e os ajudassem a morrer. Soledade desde pequena havia assistido a vários moribundos e sentia um gosto especial em atender doentes e moribundos. Era uma graça que o Espírito Santo lhe havia concedido. O Pe. Miguel conquistou-a para a sociedade de religiosas, guardas de doentes, que projetava organizar.
     A 15 de agosto de 1851, a jovem entrou no grupo das sete primeiras Servas de Maria, adotando o nome de Irmã Soledade. Embora chegando tarde, depressa foi promovida a superiora. A novidade deste instituto era que as Irmãs deviam assistir os doentes em domicílio e gratuitamente.
     Em 1885, uma epidemia de cólera invadiu metade do país e os hospitais estavam lotados. Muitos doentes eram abandonados por seus familiares por temor do contágio. Madre Soledade e suas religiosas se faziam presentes por toda parte para atender aos mais abandonados.
     Mas Pe. Miguel partiu para as missões no estrangeiro. O novo diretor espiritual julgou acertado mudar a superiora: Madre Soledade foi despachada para Getafe, no Sudoeste de Madrid, para um hospitalzinho. Ir-se-ia dissolver a Congregação em estado deplorável? O Pe. Gabino Sánchez Cortez repôs Madre Soledade à frente das Irmãs, e deu ao Instituto uma regra bem adaptada.
     Sob a direção de Madre Soledade as Servas de Maria se estenderam prodigiosamente. Em 1861, as Servas de Maria receberam a aprovação diocesana, e o agostiniano, Pe. Angel Barra, foi nomeado diretor. A instituição ampliou seu campo de ação para atender também as jovens delinquentes e as fundações se multiplicaram.    
     Segundo as Constituições, Santa Maria Soledade Torres Acosta “foi reconhecida e proclamada pela Igreja e por todas suas filhas, como Fundadora e Mãe”. (Const. 1). O Pe. Miguel Martínez Sanz é reconhecido como inspirador e iniciador do Instituto. (Const. 1)
     Fundaram-se 46 casas durante a vida da Santa. A rainha Isabel II exigiu suas religiosas para o hospital de São João de Deus, em Madrid. Em 1867, esta caridade que vence o mal com o bem levou Madre Soledade a Valência, onde a guerra civil multiplicava os feridos.
     Atualmente, a Congregação conta com mais de 2000 religiosas, também nas duas Américas, na Inglaterra, na Itália, na França e em Portugal.
     Madre Soledade pertence ao grupo de pessoas que Deus seleciona para que manifestem de modo singular seu amor ao próximo, às suas debilidades e misérias. “A chispa dessa caridade começou a arder em sua vida quando era menina. Não encontramos nela uma chama forte inicial, mas o fogo vigoroso e constante, mantido e alimentado cada dia” (Pablo Panedas, 273 ss)
     Santa Soledade faleceu no dia 11 de outubro de 1887 com 61 anos de idade; foi beatificada por Pio XII em 5 de fevereiro de 1950 e canonizada por Paulo VI em 1970.
     Santa Maria Soledade Torres Acosta, junto com Maria Micaela Desmaisieres, Joaquina Vedrun de Mas e Vicenta López, faz parte do grupo insigne de virtuosas mulheres espanholas que alcançaram um grau de santidade heroica a serviço dos doentes no século XIX.
    “Estive enfermo e me visitastes!”
 
Altar de Santa Maria Soledade na Catedral de la Almudena 
Fontes: www.santiebeati.it; Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.

Postado neste blog em 10 de outubro de 2012

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Santa Reparata de Cesaréia da Palestina, mártir – 8 de outubro

    
     O primeiro testemunho do culto de Santa Reparata remonta ao século IX, quando seu nome apareceu pela primeira vez no Martirológio de Beda, em 8 de outubro; este manuscrito veio da Abadia de Lorsch, na região de Würzburg (é o presente 'Latim palatino 833' da Biblioteca do Vaticano).
     Esta jovem mártir é popular sobretudo na Itália, particularmente em Florença, Nápoles e Chieti. Sua memória é assim referida no Martirológio: "Em Cesaréia da Palestina o martírio de Santa Reparata, virgem e mártir. Porque se recusava a sacrificar aos ídolos, no império de Décio, foi submetida a diversas espécies de torturas e foi por fim morta com um golpe de clava. Viu-se sua alma sair do corpo e subir ao céu sob a forma de uma pomba".
     Seus perseguidores tentaram queimá-la viva, mas ela foi salva por uma chuva. Ela foi então obrigada a beber breu fervente. Quando ela se recusou novamente a apostatar, foi decapitada. [3]
     Sua legenda afirma que imediatamente após sua morte uma pomba apareceu para simbolizar a partida de seu espírito para o céu. [1] Elaborações posteriores de sua legenda afirmam que seu corpo foi deitado em um barco e levado pelo sopro de anjos até uma baía, atualmente denominada "Baie des Anges" em Nice.
     A evidência de seu culto não existe antes do século IX, quando seu nome apareceu no Martirológio de São Beda. Santo Eusébio de Cesaréia, que registrou os martírios que ocorreram na Terra Santa durante o século III, não fez referência a ela. [4]
     Seu culto difundiu-se na Europa durante a Idade Média, como evidenciado pelas múltiplas “Passio” em várias partes do continente, especialmente na Itália, onde seu culto era muito popular em Florença, Atri, Nápoles e Chieti. [4]
     Numerosos pintores a retrataram, incluindo Fra Bartolomeo, Arnolfo di Cambio, Andrea Pisano, Domenico Passignano e Bernardo Daddi. [5]
     Permaneceu patrona principal de Florença até a Alta Idade Média; Anna Jameson escreve que por volta de "1298 ela parece ter sido deposta de sua dignidade como única padroeira; a cidade foi colocada sob a tutela imediata da Virgem e de São João Batista". [1]
     Ela é a padroeira de Nice e uma co-padroeira de Florença (com São Zenóbio). A antiga Catedral de Santa Reparata, em Florença, foi dedicada a ela.
     Em 313, verifica-se a presença de um primeiro Bispo, Felice, presente em Roma na reunião convocada pelo Papa Miltiades, e em 393, Santo Ambrósio visitou Florença e fundou a Igreja de São Lourenço, então fora dos muros (talvez no local de uma necrópole cristã, como acontecia naquela época com as primeiras basílicas romanas).
     Uma década depois, Florença teve um primeiro pater patriae representado pelo bispo Santo Zenóbio, que organizou a diocese e animava a resistência florentina contra a invasão dos ostrogodos de Radagaiso, que cercara a cidade, mas foi derrotado providencialmente pela chegada de Estilico, o grande general do imperador Honório (405-406).
     No dia da vitória (segundo a tradição), Santa Reparata de Cesaréia da Palestina foi lembrada e foi a essa santa mártir que se dedicou, como sinal de gratidão, uma igreja nos arredores da Porta Aquilonia, ao norte, a Igreja de Santa Reparata que alguns séculos mais tarde, com a transferência dos restos mortais do Bispo Zenóbio, tornou-se uma catedral, em substituição ao batistério já existente de São João, agora uma simples igreja, muitas vezes referida como o edifício mais antigo de Florença que havia mantido sua estrutura original.
     Florença celebra sua festa anualmente em 8 de outubro, em comemoração à sua libertação dos ostrogodos liderados por Radagaiso em 406 d.C., que atribui à sua intercessão.
Igreja de Nossa Senhora e de Santa Reparata em Nice, França
Referências:
1.      Jameson, Anna (1857). Sacred and Legendary Art. Longman, Brown, Green. p. 648.
2.      Confer
3.      Patron Saints Index_Saint_Reparata Archived 2008-03-30 at the Wayback Machine
4.      Borrelli, Antônio, "Santa Reparata di Cesarea di Palestina", Santi e Beati 
5.      The Metropolitan Museum of Art, New York