Martirológio Romano: Comemoração das santas virgens Marana
e Cira, que
em Berea, na
Síria, viviam num lugar estreito
e cercado, expostas aos elementos, sem sequer um modesto abrigo, observando o silêncio
e recebendo por uma janela os alimentos de que necessitavam.
As santas faleceram por volta do ano 450.
Etimologia: Marão,
Marana = aportuguesamento de Maron, Marum, do sobrenome do fundador do
rito católico maronita (Líbano e Síria) São Marão.
Cira(o) =
do grego Kyros, derivado de Kyrios: "o poderoso, o
senhor".
Nosso
Senhor Jesus Cristo viveu com seus discípulos uma forma de vida comunitária que
inaugurou um ascetismo cristão diferente daquele das tradições dos rabinos de
seu tempo, ou mesmo dos profetas do Antigo Testamento.
A
expressão "vita apostolica" na literatura monástica primitiva
significou primeiramente esta vida dos Apóstolos com Jesus, que fazia
exigências àqueles que desejavam segui-Lo. Depois da morte de Jesus, alguns cristãos
desejaram adotar como modo permanente de vida os apelos de Jesus para o
celibato, a renúncia total, a pobreza, etc.. Eles tinham o exemplo de Jesus e
também se inspiravam nas formas de ascese de seu tempo.
Após
o término das perseguições aos cristãos, homens e mulheres se retiravam das
grandes cidades em busca do silêncio e do isolamento para alcançar a perfeição
e união com Deus.
O
ascetismo se desenvolveu muito depressa; pouco a pouco foi se desenhando as
várias formas de ascetismo, pois nem todos eram chamados a seguir Nosso Senhor
pelo mesmo caminho. Quando lemos os escritos dos monges cristãos do século IV
fica claro que eles foram para o deserto, ou se agruparam em fraternidades
urbanas para segui-Lo e, sob a ação do Espírito Santo, se deixar transformar à
imagem dEle.
Os
Padres do Deserto, por exemplo, era um grupo de eremitas e cenobitas que no
século IV se estabeleceu no deserto egípcio. Eles viviam em ermidas primitivas
e comunidades religiosas.
A
fama de santidade desses primitivos monásticos atraia grande número de
seguidores aos seus austeros retiros. Sob sua direção espiritual seus
discípulos foram crescendo.
O monaquismo foi nascendo um pouco por toda parte e ao mesmo tempo sob
formas muito variadas, e dependendo da vitalidade própria de cada Igreja local,
tanto no Oriente como no Ocidente. Desde suas primeiras manifestações, o
monaquismo apareceu simultaneamente em formas as mais diversas: cenobitismo e
eremitismo, monaquismo do deserto e monaquismo das cidades etc.
São Bento não foi o fundador do monaquismo cristão, pois viveu quase
três séculos depois do seu surgimento no Egito, na Palestina e na Ásia Menor,
mas acabou dando-lhe novos e frutuosos rumos. Isto fica evidente na Regra que
escreveu para os mosteiros e que ainda hoje é usada em inúmeros mosteiros e
conventos no mundo inteiro. A "escola do serviço divino", como São Bento
chamava o monaquismo, compunha-se de dois elementos “ora et labora”, reza e
trabalha.
No mundo grego, o trabalho físico era considerado a ocupação dos
escravos. O sábio, o homem verdadeiramente livre, dedica-se unicamente às
realidades espirituais; o trabalho físico era considerado algo inferior, deixado
àqueles homens que não são capazes da existência superior no mundo do espírito.
A exemplo de São Paulo, que era tecelão de tendas e se sustentava com o
trabalho das próprias mãos, o trabalho manual tornou-se parte constitutiva do
monaquismo cristão.
Acompanhar o caminhar das várias formas
de dedicação inteira a Santa Igreja e, por meio dela, a Nosso Senhor Jesus
Cristo durante os séculos seguintes é uma tarefa das mais edificantes; as almas
fiéis, guiadas pelo Espírito Santo, foram criando as mais belas formas de
dedicação a Deus e ao próximo, muitas das quais florescem ainda nos dias de
hoje.
É bom venerarmos essas primeiras e tão distantes Santas, das quais tão
pouco se sabe, vítimas expiatórias regando com seu sangue e preces o solo que
se tornaria fértil e produziria ainda mais belas testemunhas do Amor de Deus.