sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Santa Margarida Ward, Mártir da Inglaterra - 30 de agosto

    
     Margarida Ward nasceu em Congleton, Cheshire, em torno de 1550, no seio de uma distinguidíssima família inglesa. Pouco se sabe de sua vida, somente que nos últimos anos viveu na casa da nobre senhora Whitall, da qual era dama de companhia.

     Margarida era católica, e soube que haviam prendido o sacerdote Guilherme Watson, que estava encarcerado e submetido a contínuos sofrimentos. Estava em curso a perseguição da sanguinária Isabel I contra os católicos, e a tortura era uma prática usual. Margarida decidiu visitá-lo repetidas vezes, para ajudá-lo e confortá-lo.
     Watson, que escreveu a obra conhecida como "Quodlibets", já tinha estado preso uma primeira vez, porém logo, em um momento de debilidade pelas torturas sofridas, tinha consentido participar do culto protestante, e por isso fora libertado. Porém amargamente arrependido desta ação, se retratou publicamente e declarou ser católico, e foi novamente preso e levado para a prisão de Bridewel.
     Depois de várias visitas, que suavizaram a vigilância do carcereiro, Margarida levou uma corda para poder escapar. Na hora fixada, o barqueiro que se havia comprometido a transportar o sacerdote rio abaixo, se negou a levar a cabo seu trabalho. Em sua angústia, Margarida confiou seu problema ao jovem John Roche (ou Neele), que se comprometeu a ajuda-la. Preparou um bote e trocou de roupa com Watson, que pode fugir. Porém a roupa traiu John Roche e a corda convenceu o carcereiro que Margarida Ward havia sido o instrumento da fuga do prisioneiro. Ambos foram detidos.
     O Venerável Robert Southwell escreveu ao Padre Acquaviva, S.J.:
"Foi açoitada e suspensa pelos punhos, só tocava o solo com as pontas dos dedos de seus pés, durante tanto tempo, que ficou inválida e paralisada, porém estes sofrimentos reforçaram em grande medida a gloriosa mártir em sua luta final".
     A dama não só confirmou plenamente tudo quanto tinha feito, como negou revelar onde o fugitivo estava escondido; não quis pedir perdão à rainha Isabel, nem aderir ao culto protestante, condições que lhe eram impostas para obter a liberdade. Ela estava convencida de que não havia ofendido a soberana, e considerava coisa absolutamente contrária à sua genuína fé católica o assistir às funções de um culto herético.
     Foi julgada e condenada à morte em Newgate por alta traição. Imolou sua vida pela fé católica que não quis abjurar, e caminhou para o patíbulo em Tyburn no dia 30 de agosto de 1588.
     Ricardo Leigh, sacerdote, e os leigos Eduardo Shelley, Ricardo Martin, ingleses, e John Roche, irlandês, e Ricardo Lloyd, galês, foram seus companheiros de martírio. O primeiro por ser sacerdote e os outros por terem dado hospitalidade a sacerdotes. Todos eles foram beatificados em 1929 pelo papa Pio XI, e Margarida foi canonizada em 25 de outubro de 1970 pelo papa Paulo VI entre os 25 mártires da Inglaterra e Gales.
 
Fontes: www.santiebeati.it; Burton, Edwin. "Santa Margarida Ward" Enciclopedia Católica. Vol. 15. N. York: Robert Appleton Company 1912. 4 de febrero 2010
Etimologia: Margarida = pérola, do grego e latim

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Santa Maria da Cruz (Joana Jugan), Fundadora - 29 de agosto

    
     Joana nasceu numa aldeia de Cancale, França, em 25 de outubro de 1792. Era a sexta de oito filhos de José e Maria Jugan. Seu pai era um pescador e morreu no mar quando ela tinha quatro anos; sua mãe cuidou sozinha desta grande família.

     Logo conheceu a pobreza e, com 16 anos, começou a trabalhar como empregada na cozinha dos Viscondes de la Choue para ajudar no sustento da família. A viscondessa era uma piedosa católica que Joana acompanhava em suas visitas aos doentes e aos pobres. Joana era sensível à miséria dos idosos que encontrava nas ruas, dividindo com eles seu salário, o pão e o tempo de que dispunha.
     Aos dezoito anos de idade recusou uma proposta matrimonial de um jovem marinheiro, sinalizando: “Deus me quer para Ele”. Aos vinte e cinco anos deixou sua cidade para ser enfermeira no Hospital Santo Estevão. Nesse meio tempo ingressou na Ordem Terceira fundada por São João Eudes.
     Ela trabalhava muito neste emprego, mas seis anos depois, em 1823, ela deixou o hospital e foi trabalhar como cuidadora de uma senhora de 72 anos de idade, a Srta. Francisca Aubert Lecog, mais como amiga do que enfermeira, onde ficou por doze anos.
     Em 1837, elas alugaram parte de uma pequena propriedade e a elas de juntou Virginia Tredaniel, uma órfã de 17 anos. Durante este período, as três mulheres formaram uma comunidade católica de oração e começaram a ensinar o catecismo para as crianças e a cuidar de pobres e outros necessitados, até o falecimento da Srta. Lecog.
     Joana trouxe uma viúva cega, Ana Chauvin, para viver com elas e inclusive permitiu que a mulher dormisse em sua cama. Este ato de caridade, aprovado por suas amigas, levou Joana a focar sua atenção na missão de assistência às mulheres idosas abandonadas.
     Sozinha Joana iniciou sua campanha junto à população para recolher auxílios, tarefa que cumprirá até a morte. Mas logo sensibilizou uma rica comerciante e com essa ajuda conseguiu comprar um antigo convento. Ele se tornou a casa mãe da nascente Congregação das Irmãzinhas dos Pobres, sob a assistência da Ordem Hospedeira de São João de Deus.
     Joana escreveu uma regra simples para esta nova instituição de mulheres; elas devem ir diariamente de porta em porta pedir alimento, roupas e dinheiro para as mulheres sob seus cuidados. Esta era a missão de Joana, e ela a desempenhou pelas próximas quatro décadas.
      Ao receber o hábito de religiosa, tomou o nome de Joana Maria da Cruz. Adotando o voto de hospitalidade, imprimiu sua própria vocação: “a doação como apostolado de caridade para com quem sofre por causa da idade, da pobreza, da solidão e outras dificuldades”.
    A Congregação rapidamente se estendeu por vários países da Europa. Em 1847, a pedido de Leo Dupont (conhecido como o Santo Homem de Tours), ela estabeleceu uma casa em Tours. Ela trabalhou com as autoridades religiosas e civis buscando ajuda para os pobres.
     Quando Joana Jugan morreu na França, em 29 de agosto de 1879, na casa mãe de Pern, França, as Irmãzinhas eram quase duas mil e quinhentas, com cento e setenta e sete casas em dez países. Ela foi sepultada naquela casa de Pern.
     Naquele ano, Leão XIII aprovou as Constituições da Congregação. Em setembro de 1885, a Congregação chegou à América do Sul e fez sua primeira fundação em Valparaiso, Chile, que logo foi destruída por um terremoto e reconstruída em Viña Del Mar. Hoje são quase duzentas casas em trinta e um países na Europa, América, África, Ásia e Oceania.
     Madre Joana Maria da Cruz, que “soube intuir as necessidades mais profundas dos anciãos e entregou sua vida à seu serviço”, foi beatificada em 3 de outubro de 1982 e canonizada em 11 de outubro de 2009.
     Hoje os peregrinos podem visitar a casa onde ela nasceu em Cancale, a Casa da Cruz em Saint-Servan, e a casa mãe onde ela viveu os últimos 23 anos de sua vida, em La Tour Saint Joseph, em Saint-Pern.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars, Fundadora - 26 de agosto

 
    Teresa nasceu na cidade de Aytona (Espanha), no dia 9 de janeiro de 1843, em uma família profundamente cristã, filha de Francisco Jornet e de Antonieta Ibars, agricultores. Desde cedo sentiu o chamado para a vida religiosa.

     Aconselhada por seu tio, o Beato Francisco Palau y Quer, carmelita descalço, estudou em Lérida, se formando professora e dava aula na cidade de Argensola. Com grande espírito de piedade, percorria 2 k a pé até Lérida para confessar-se.
     O Beato Palau havia pensado em Teresa como uma possível colaboradora de uma fundação que ele havia iniciado. Em 1862 Teresa de associou as Terceiras Carmelitas dirigidas pelo tio, tornando-se diretora da escola.
     Nos primeiros dias de julho de 1868, desejando maior perfeição, entrou no convento das Clarissas de Briviesca, perto de Burgos. Lá fez o seu postulantado e noviciado com grande alegria, esperando o dia tão sonhado de sua profissão religiosa. Quando já se preparava para emitir os seus votos, uma ordem do governo republicano proibiu a emissão de votos religiosos e Teresa não pode professar.
     Como os desígnios de Deus são outros, um dia surgiu no seu rosto uma ferida rebelde que alarma toda a comunidade; não sabendo se essa ferida era maligna, ou até contagiosa, por prudência a mandaram para casa para se tratar.
     Ela sentiu muito a partida do convento, sofreu muito em ver seu grande sonho desvanecer, mais seguiu adiante, confiando na Providência de Deus.
     Em junho de 1872, Teresa e sua mãe chegaram de passagem a Barbastro e encontram um amigo de seu tio, o Pe. Pedro Llacera, que era muito amigo do Pe. Saturnino López Novoa, que nessa época estava com planos de fundar uma congregação para o cuidado dos velhinhos pobres e desamparados. Pe. Pedro, conhecendo a vida e o espírito de Teresa, convidou-a a fazer parte dessa fundação que estava marcada para os primeiros dias de outubro.
     Teresa, vendo aí a mão de Deus, sem hesitar respondeu o seu sim, e nos primeiros dias de outubro, foi para Barbastro, não sozinha, mas com sua irmã, Maria Jornet, e uma amiga, Mercedes Calzada, frutos de seu apostolado de amor.
     No dia 27 de janeiro de 1873, juntamente com as outras 11 aspirantes, vestiu o hábito tendo se iniciado oficialmente a Congregação das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados.
     Foi nomeada Superiora Geral da nascente Congregação e, em 25 anos de mandato, fundou 103 casas e obteve a aprovação da Congregação pela Santa Sé, vivendo uma vida santa e exemplar para todas as suas Irmãs.
     Aos 54 anos, depois de uma longa e dolorosa enfermidade, morreu santamente na cidade de Liria, no dia 26 de agosto de 1897, deixando um rastro de santidade em toda a Congregação. Em 1904, seus despojos foram transladados de Liria para a Casa-mãe de Valência.
     O seu testamento espiritual foi esse: "Cuidem com interesse e esmero dos anciãos, tenham muita caridade e observem fielmente as Constituições, nisso está a nossa santificação".
     Foi beatificada pelo Papa Pio XII no dia 27 de abril de 1958, e canonizada por Paulo VI em 27 de janeiro de 1974, ano centenário da fundação da Congregação. É considerada a padroeira dos anciãos e dos pensionistas idosos. Sua festa é celebrada no dia 26 de agosto.

domingo, 25 de agosto de 2013

Santa Ebba de Coldingham, Princesa, Abadessa - 25 de agosto

    
     A Santa Ebba que hoje é comemorada é chamada “a velha”, para não confundi-la com sua homônima, que como ela foi abadessa de Coldingham e foi morta pelos dinamarqueses em 870, e é conhecida como “a jovem”.

     Ebba era uma princesa, filha do rei Etelfredo de Bernicia e de Acha de Deira. Etelfredo tinha invadido o reino vizinho de Deira em 604. Assumindo o trono, ele uniu Deira com Bernicia tornando-se o primeiro rei de Nortumbria. Para consolidar seu poder sobre Deira tomou como esposa a princesa Acha da casa real de Deira. No entanto, quando Etelfredo invadiu Deira ele depôs o príncipe Edwin, herdeiro do trono e irmão de Acha, que fugiu para o exílio.
     Edwin refugiou-se na corte do rei Redevaldo da Anglia Oriental e, com o seu apoio, em 616, levantou um exército contra Etelfredo. Na batalha Etelfredo foi derrotado e morto. Edwin então ganhou o trono de Nortumbria. Edwin no trono significava que os filhos de Etelfredo não estavam em segurança na Nortumbria, porque eles eram uma reivindicação ao trono em potencial. Portanto, ainda jovem Ebba, sua mãe e seus irmãos fugiram para o norte, exilando-se na corte do rei Domnall Brecc de Dál Riata. Foi durante este tempo de exílio no oeste da Escócia, que ela e seus irmãos foram convertidos ao Cristianismo.
Abadessa
     Enquanto os filhos de Etelfredo representavam uma ameaça para Edwin, ele foi finalmente deposto por uma aliança entre o Rei Penda de Mércia e o Rei dos galeses Cadwallon. Eles levantaram um exército contra Edwin e o mataram em combate em 633. Eanfrido, filho mais velho de Etelfredo e meio-irmão de Ebba, voltou como Rei de Bernicia, mas foi traído e assassinado por Cadwallon. No ano seguinte, Oswaldo, outro filho de Etelfredo, voltou e expulsou os invasores, tanto em Bernicia como em Deira, estabelecendo-se no trono de Nortumbria. Em 642, porém, ele foi derrotado e morto em batalha por Penda de Mércia, e foi sucedido como rei por seu irmão Oswin.
     Com seus irmãos no trono de Nortumbria, Ebba pode retornar do exílio e com o apoio deles estabeleceu um mosteiro em Ebbchester e mais tarde em urbs Coludi, atualmente conhecido como Colina Kirk, evoluindo para Priorado de Coldingham. Era um mosteiro duplo, com monges e monjas, de acordo com o modelo do mosteiro de Santa Ilda de Whitby. O promontório sobre o qual foi edificado ainda hoje é conhecido como Cabo de Santa Ebba.
     Esta casa religiosa durou cerca de 40 anos e foi governada por Ebba. A legenda diz que ela se tornou monja para evitar as atenções de um certo Príncipe Aidan. No entanto, como ele se recusava desistir de seu intento, diz-se que devido às orações de Ebba a maré alta ficou em torno de Kirk Colina por três dias para protegê-la.
     Ebba ganhou a fama de mulher de extraordinária sabedoria, foi uma grande mestra e política, levando o Cristianismo aos então pagãos ingleses que tinham se fixado ao longo da costa leste da Grã-Bretanha desde o século V. Ela educou a ex-rainha Eteldreda, primeira esposa de Ecfrido, que depois de se formar sob sua tutela estabeleceu uma obra religiosa no local onde hoje fica a Catedral de Ely.
     Seu poder político também se mostrou importante em corrigir uma disputa entre o Rei da Nortumbria, seu sobrinho Ecfrido, que sucedeu seu pai Oswui em 670, e o bispo Wilfrid. A disputa começou com o apoio de Wilfrid a Rainha Eteldreda, que desejava, apesar de seu casamento, preservar sua virgindade e entrar em um mosteiro. Com o seu apoio ela se tornou uma freira no mosteiro de Ebba.
     O mal-estar contra o Bispo Wilfrid continuou com a segunda esposa de Ecfrido, Iurmenburga, que se tornou hostil a ele devido às vastas propriedades que ele tinha adquirido e a forma como andava cercado de uma grande comitiva armada, como a de um rei. Isso culminou com a prisão do Bispo Wilfrid em Dunbar. Graças à habilidade política de Ebba, durante uma visita de Ecfrido ao mosteiro, ela conseguiu convencer seu sobrinho a libertar o bispo.
     No início do estabelecimento do Cristianismo a realidade da vida religiosa era muito complexa. Devido ao fato de membros da comunidade religiosa pertencerem à nobreza, o mosteiro também era um lugar para comer, beber e entreter-se. Enquanto Ebba se destacava por sua piedade, ela tinha problemas para impor disciplina no mosteiro. Os monges e as freiras tornaram-se muito tíbios e mundanos. Isto levou a um dos milagres mais famosos do santo padroeiro do sudeste da Escócia e no nordeste da Inglaterra, São Cuthbert, que visitou o mosteiro de Ebba para instruir a comunidade.
     À noite Cuthbert desaparecia para banhar-se e rezar no mar, para não sucumbir às tentações da carne. Muito cedo em uma manhã, um monge do mosteiro foi espreitá-lo rezando e cantando salmos no mar, e quando Cuthbert chegou à praia, ele viu duas lontras saindo do mar e juntando-se a Cuthbert. O local mais provável deste evento é a baia Horse Castle, na base da Kirk Hill.
Morte
     Em 683, pouco depois da morte de Ebba e, como fora predito em profecia pelo monge Adamnan, o mosteiro pegou fogo. O local foi abandonado e até a primeira metade do século VIII, como confirma São Beda, o Venerável, o local estava deserto. E bem mais tarde seria reativado.
     Como resultado do incêndio do mosteiro, todos os possíveis testemunhos relativos ao culto de Santa Ebba desapareceram; os textos mencionados nos Breviários de Aberdeen e os calendários de Durham e Winchcombe revelam um culto bastante tardio.
     O trabalho precursor de Santa Ebba estabelecendo o Cristianismo no sudeste da Escócia não foi esquecido: em um livro escrito cerca de 1200 pelos monges de Coldingham, é mencionado os muitos peregrinos que visitam Kirk Hill, e a fonte localizada no topo da colina.
     As relíquias da Santa foram encontradas no século XI, repartidas entre Durham e Coldingham, e consequentemente a sua fama se propagou nos territórios entre Escócia e Inglaterra. Em Oxford, uma rua e uma igreja importante levam ainda hoje o nome de Santa Ebba.
 
 
Fontes: www.santiebeati.it; wikipedia

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Beata Maria Encarnação Rosal, Fundadora - 24 de agosto

     
     Maria Vicenta Rosal nasceu em Quetzaltenango, Guatemala, em 26 de outubro de 1820, num lar cristão e cresceu num ambiente de profunda fé.

Aos 15 anos, ingressou na Congregação de Belém, instituição existente na cidade da Guatemala sob a jurisdição dos padres Betlemitas, fundados por São Pedro de São José Betancur (1626-1667).
Em 16 de julho, recebeu o hábito das mãos do último padre Betlemita, Frei José de São Martinho, e adotou o nome de Maria Encarnação do Sagrado Coração.
Insatisfeita com a vida na Congregação, foi para o convento das “Catarinas”, para logo retornar “à sua Belém”, onde foi eleita Priora. Imediatamente meteu mãos à obra no intuito de reformá-la, mas não conseguindo realizar seu intento, decidiu fundar outra instituição onde seriam vividas as Constituições que ela havia redigido e que o Bispo local já havia aprovado. Conseguiu realizar sua fundação em Quetzaltenango, sua terra natal.
Sua vida e obra eram dedicadas a conservar o carisma do fundador da Congregação Betlemita, Santo Hermano Pedro de Betancur, “À luz da Encarnação, da Natividade e da Morte do Redentor”. A Congregação vivia o espírito de reparação das Dores do Sagrado Coração de Jesus, dedicando o dia 25 de cada mês à adoração reparadora.
A ânsia pela glória de Deus e salvação dos homens levava Madre Encarnação a “servir com solicitude ao irmão necessitado” e a “impulsionar a educação infantil e da juventude nos colégios, escolas e lares para meninas pobres”, bem como a “dedicar-se a outras obras de promoção e assistência social”.
Em 1855, a reformadora da Ordem Betlemita iniciou formalmente seu trabalho fundando em Quetzaltenango dois colégios, mas sua obra foi interrompida com o início da perseguição política imposta pelo governo de Justo Rufino Barrios (1873-85), o qual expulsou do país várias ordens religiosas.
Com o objetivo de continuar seu trabalho evangelizador, Madre Encarnação chegou à Costa Rica em 1877. Ali fundou o primeiro colégio para mulheres em Cartago, a 23 k desta capital, onde se encontra a Basílica da Rainha dos Anjos, Padroeira da Costa Rica.
Em 1886, Madre Encarnação fundou um orfanato-asilo em San José. Todavia, novamente precisou abandonar o país quando outro governo assumiu o poder, expulsando as ordens religiosas e impondo a educação laica. Madre Encarnação também fundou casas na Colômbia e no Equador, sofrendo o desterro que lhe impunham as autoridades Guatemaltecas.
Assim que precisou abandonar a Costa Rica, Madre Encarnação instalou-se na Colômbia. Na cidade de Pasto fundou outro lar para meninas pobres e desamparadas. Ela é considerada como uma das pioneiras da formação integral da mulher no continente latino-americano.
A incansável peregrina estabeleceu posteriormente a Ordem Betlemita no Equador, em Tulcán e Otavalo. Madre Maria Encarnação morreu em 24 de agosto de 1886 após cair do cavalo que a transportava de Tulcán até o Santuário de Las Lajas, em Otavalo. Seu corpo foi transladado à cidade de Pasto, onde se conserva incorrupto. Seu instituto trabalha atualmente em 13 países.
A causa de sua beatificação foi introduzida em 23 de abril de 1976. O Decreto de aprovação do milagre foi firmado em 17 de dezembro de 1996. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 4 de maio de 1997, na Praça de São Pedro, em Roma.
Atualmente, sua obra está presente na Itália, África, Índia, Espanha, Venezuela, Equador, Estados Unidos, Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Panamá e Guatemala. A Casa-Mãe situa-se em Bogotá, na Colômbia.
 
Tradução e Adaptação: Gisèle Pimentel gisele.pimentel@gmail.com

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Santa Laura, Mártir - 20 de agosto

    
 
     Na Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia (Santa Maria del Trebbio), perto do convento dos Frades Menores de Pollenza (MC), se venera a mártir Santa Laura.

     Construída nos anos 1580-1587 para dar uma digna ordenação à Senhora da Misericórdia pintada na parede de um tabernáculo erigido num local chamado Trivio, a igreja tinha duas casas anexadas numa pequena esplanada.
     Em 1877, o Pe. Domenico Pierucci fez construir ali uma igreja mais ampla, provida de coro, sacristia e duas capelas laterais. A atual torre do campanário data de 1901. A transformação com duas naves data de 1945/1946 a cargo do Pe. Umberto Ciccioli.
     Nos anos 302 e 303, o Imperador Diocleciano, para defender a unidade do império de outros povos invasores, emitiu o decreto que obrigava também os cristãos a oferecer sacrifícios no altar dos deuses. Por causa disto Laura foi exilada em Ancona e lá decapitada junto com muitos outros seguidores de Jesus Cristo, que recusavam sacrificar aos deuses pagãos.
     O seu corpo foi exumado em 4 de janeiro de 1846 e Alessandro de Conti Benedetti, Bispo de Loreto e Recanati, após ter feito o reconhecimento dos despojos, fez com que o túmulo fosse devidamente lacrado.
     Em 27 de maio de 1889, o Pe. Francisco Zamponi, indo de Loreto para fazer parte do convento de Pollenza, para ali levou a mártir Santa Laura, a qual foi colocada em uma urna da Colegiada São Biagio e reordenada à maneira de uma jovem romana. Os ossos foram catalogados novamente e colocados no centro de um revestimento, obra do notável artista (sacristão da colegiada) Nazareno Stolavagli, em maio de 1912, tendo ao lado da urna um sinal de reconhecimento: um vasinho de vidro que contém pano, terra, sangue e o nome de Santa Laura.
     Atualmente a Santa se encontra em uma nova urna, posta no altar da capela da Ordem Terceira Franciscana, com São Francisco, São Luís rei de França e Santa Isabel da Hungria.
     No mês de agosto de 1953, a festa anual foi iniciada e desejada em forma solene com tríduo pelo Pe. Umberto de Pollenza.
 

sábado, 17 de agosto de 2013

Santa Helena, mãe do Imperador Constantino - 18 de agosto

 
 
     Helena nasceu em meados do século III, provavelmente em Bitínia, região da Ásia Menor. Os autores britânicos afirmam que ela nasceu na Inglaterra, naquele tempo uma província romana, e que Constâncio Cloro, tribuno e mais tarde governador da ilha, enamorou-se dela e a tomou por esposa. Por volta do ano 274 tiveram um filho a quem deram o nome de Constantino.
     Constâncio Cloro chegou a ser marechal de campo e o imperador Maximiano nomeou-o co-regente e, portanto, seu sucessor no Império, mas com a condição de que repudiasse sua mulher e esposasse sua enteada Teodora.
     Tanto Helena quanto Constâncio Cloro eram pagãos. Levado pela ambição, Constâncio se separou dela e levou para Roma seu pequeno filho, Constantino. Por catorze anos Helena chorou sua desgraça. Em 306, com a morte de Constâncio, Constantino foi nomeado imperador, iniciando para ela uma nova vida. Constantino mandou vir sua mãe para viver na corte, conferindo-lhe o nome de Augusta e o título de imperatriz.
     Helena recebeu o Batismo, provavelmente no ano 307, e foi uma cristã exemplar, testemunha da grande jornada em que Constantino colocou pela primeira vez a cruz nos estandartes de suas legiões para vencer em batalha o seu rival Maxêncio, no mês de outubro do ano 312.
     No início do ano 313 o imperador publicou o Édito Milão, pelo qual permitia o cristianismo no Império. Seguindo o exemplo de sua mãe, converteu-se, sendo batizado pelo Papa São Silvestre. Depois de trezentos anos de perseguição, a Igreja de Cristo assentava-se triunfante sobre a terra. A piedosa imperatriz dedicou-se inteiramente a socorrer os pobres e aliviar as misérias de seus semelhantes.
     Quando já anciã - tinha então setenta e sete anos - visitou os santos lugares. Subiu ao topo do Gólgota onde havia sido erguido um templo à Vênus. Este templo fora construído por ordem do imperador Adriano, que odiava os cristãos, e certamente quis com isso evitar que aquele local fosse venerado pelos discípulos de Nosso Senhor.
     Conhecendo o costume judaico de enterrar no lugar da execução de um malfeitor os instrumentos que serviram para sua morte, Santa Helena mandou derrubar o templo e procurar a cruz onde padecera o Redentor.
     Tendo sido encontradas três cruzes, era difícil saber qual delas era a de Nosso Senhor. Uma antiga tradição narra o modo milagroso como se conseguiu identificar a que correspondia a Jesus: a cura de uma agonizante. Tradicionalmente esta descoberta tem data de 3 de maio de 326, e a festa da Exaltação da Santa Cruz acontece todo dia 3 de maio.
     Santa Helena estava com oitenta anos quando regressou de sua viagem. Faleceu pouco depois, provavelmente em Tréveris, por volta do ano 328 ou 330. O Martirológio Romano comemora sua festa em 18 de agosto. Uma capela dedicada a ela, em Roma, conserva algumas de suas relíquias.
 
"In hoc signo vinces"
     O historiador Eusébio de Cesaréia relata que o filho de Santa Helena era pagão, mas respeitava os cristãos. No ano 311, tendo que enfrentar uma terrível batalha contra o perseguidor Maxêncio, chefe de Roma, na noite anterior à batalha teve um sonho no qual viu uma cruz luminosa no ar e ouviu uma voz que lhe dizia: "Com este signo vencerás", e ao iniciar a batalha mandou colocar a cruz em várias bandeiras dos batalhões e exclamou: "Confio em Cristo em quem crê minha mãe Helena". A vitória foi total e Constantino chegou a ser Imperador. Logo decretou a liberdade para os cristãos, que por três séculos vinham sendo muito perseguidos pelos governantes pagãos.
A descoberta
     Escritores muito antigos como Rufino, Zozemeno, São Crisóstomo e Santo Ambrósio, contam que Santa Helena pediu permissão a seu filho para ir buscar em Jerusalém a cruz na qual morreu Jesus. Depois de muitas e profundas escavações três cruzes foram encontradas. Como não se podia distinguir qual era a cruz de Jesus, levaram-nas a uma mulher agonizante. Ao tocá-la com a primeira cruz, a enferma piorou; ao tocá-la com a segunda, continuou tão doente quanto antes; porém, ao tocá-la com a terceira cruz, a enferma recuperou instantaneamente a saúde.
     Então Santa Helena e o Bispo de Jerusalém, São Macário, e milhares de devotos levaram a cruz em piedosa procissão pelas ruas de Jerusalém. E pelo caminho se encontraram com uma mulher viúva que levava seu filho morto para ser enterrado. Ao aproximarem a Santa Cruz do morto este ressuscitou.
     Santa Helena fez com que se dividisse a cruz em três partes. Um dos pedaços foi entregue ao Bispo São Macário, para que o entronizasse na Igreja de Jerusalém; o segundo foi enviado para a Igreja de Constantinopla e o terceiro para Roma. A basílica que abrigou a relíquia chamou-se Santa Cruz de Jerusalém. Mandou também construir três edifícios: um junto ao monte Calvário, outro na cova de Belém e um terceiro no monte das Oliveiras.
     A imperatriz permaneceu algum tempo na Palestina, servindo ao Senhor com a oração e as obras de caridade. Cuidava dos doentes, libertava os cativos e dava alimento aos pobres, levando sempre em seu espírito, como exemplo, a imagem da Virgem Maria.
     Por muitos séculos a festa da descoberta da Santa Cruz foi celebrada em Jerusalém, e em muitos locais do mundo inteiro, no dia 3 de maio.

Sta. Helena e seu filho Constantino o Grande

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Beata Petra de São José, Fundadora - 16 de agosto

    

     No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, ocorreram na Santa Igreja Católica um florescer de Fundadores de obras sociais que se ocuparam da instrução de crianças e jovens; do cuidado e do acolhimento dos pobres, velhos, abandonados, órfãos; na assistência aos doentes em suas casas, ou em hospitais; na formação profissional dos operários, artesãos, agricultores; na direção espiritual e formação dos jovens.
     Entre tais Santos Fundadores encontramos a espanhola Madre Petra de São José.
     Vale de Abdalajís (Málaga) foi o povoado que viu nascer, no dia 7 de dezembro de 1845, Petra de São José, cujo nome de batismo foi Ana Josefa Pérez Florido. Ana Josefa era a última de 19 filhos de José Pérez e Maria Florido.
     Aos três anos ficou órfã de mãe e foi entregue aos cuidados da avó paterna, Teresa Reina, muito religiosa, que lhe inculcou a fé desde tenra idade. Sua precoce caridade era alimentada pela devoção à Eucaristia, a Nossa Senhora das Dores e a São José.
     Fez os estudos elementares na escola da aldeia onde logo se sentiu chamada à oração e à vida consagrada, como dirá mais tarde: “Não pensava mais nada do que ser freira; e neste desejo me consumia”.
     Muito caridosa, distribuía quanto podia aos pobres e quando lhe era impossível acudir às suas necessidades ficava mais triste que eles, como ela própria confessa: “Quando me pediam alguma coisa e não conseguia dar nada, ficava desconsolada como eles”.
     Não era apenas a pobreza material que lhe tocava a alma. Também a entristecia a ignorância religiosa dos seus conterrâneos e a pouca vontade de aprenderem a conhecer os mistérios de Deus. “Dava-me pena que, ao ouvir os sermões, alguns dormissem, desperdiçando tão bela ocasião de se instruírem”.
      Com o irmão João levava comida às famílias mais necessitadas do povoado; quando não tinha meios de socorrê-los, vencendo a oposição do pai, ia com três companheiras, pedir de porta em porta e pelas quintas, vencendo assim a sua natural repugnância de mendigar. Derramava à sua volta simplicidade e alegria. Atraídas pelo seu modo caridoso e desinteressado, outras jovens também se dedicavam às crianças abandonadas.
     Após a morte do pai, ocorrida em 11 de janeiro de 1875, Ana Josefa pode se dedicar inteiramente à sua vocação. Dois meses depois, em 19 de março de 1875, a pedido do prefeito de Alora (Málaga), abriu uma pequena casa para idosos, sempre sem ligação a qualquer Ordem religiosa e com a ajuda das jovens que se tinham ligado a ela.
     Em 2 de novembro de 1877, Ana e suas companheiras vestiram o hábito das noviças da nova Congregação Mercedárias da Caridade, fundada pelo cônego de Málaga, João Nepomuceno Zegri, que lhes deixou a Casa de Alora.
     Em 23 de setembro de 1879, Ana Josefa deixou o hábito mercedário e se colocou à disposição do Bispo de Málaga, Mons. Manuel Gomez-Salazar.
     Em 25 de dezembro de 1880, encorajada por Mons. Manuel Gomez-Salazar, fundou a Congregação das Mães dos Desamparados. Na realidade foi o próprio bispo que lhes pôs o nome de Mães dos Desamparados para identificá-las com o modo como tratavam os pobres.
     Receberam o hábito e fizeram os votos no dia 2 de fevereiro de 1881. Nos primeiros anos não faltaram dificuldades para atender os desprotegidos que iam abrigar-se à sombra do seu amor. Mas a Madre Petra, nome adotado por ela depois da profissão religiosa, conquistou a confiança das famílias mais ricas, que reconheciam os desvelos com que eram tratados os indigentes; assim a Congregação pode erguer lares em Málaga, Gibraltar, Andújar, Barcelona, Martos, Valência e Arriate, ainda que à custa de muito sacrifício. Mas as vocações continuaram a afluir para tanto trabalho.
     Em 1895, como resultado de sua grande devoção a São José, iniciou a construção de um Santuário em honra do seu patrono, sobre a Montanha Pelada, Barcelona, cuja igreja foi inaugurada em 19 de março de 1901. Em 1903 fundou a revista religião “A Montanha de São José” para difundir devoção ao protetor da Santa Igreja.
     A fortaleza espiritual e a energia firme da Beata Petra resultavam de uma fé interior muito robusta, confiante e esclarecida, alimentada por uma oração contínua, por um amor visível e assombroso ao sacrifício e à cruz de todos os dias, e uma devoção terníssima e confiante em São José, cujo exemplo de simplicidade quis sempre reproduzir.
     Em 1905, o Papa São Pio X acrescentou o título “e de São José da Montanha” ao nome da Congregação, para ilustrar a devoção ao pai adotivo de Jesus.
     Madre Petra faleceu no dia 16 de agosto de 1906, aos 61 anos de idade, no Santuário de São José da Montanha, a joia mais bela da sua coroa, num ambiente de grande serenidade e paz.
     A Congregação espalhou-se por diversos países: Itália, Argentina, Colômbia, Chile, Guatemala, México, Estados Unidos e Porto Rico, onde prossegue e persevera no acolhimento dos desamparados que ninguém quer.
     Madre Petra foi beatificada por João Paulo II em 16 de outubro de 1994.
 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Beata Juliana Puricelli, Eremita - 15 de agosto




Insigne pela força de ânimo invicta, a admirável paciência e a assídua contemplação das realidades celestes. 

     Entre os santos venerados pela Igreja milanesa encontramos as Beatas Catarina de Pallanza e Juliana de Busto, que deram origem à experiência monástica das eremitas da Ordem de Santo Ambrósio ad Nemus de Santa Maria do Monte, perto de Varese, chamadas comumente de Eremitas Ambrosianas.
     Já antes de 1400, há séculos existia um local de culto à Bem-aventurada Virgem Maria, um santuário associado à Santo Ambrósio: ali o Santo Bispo tinha derrotado o último grupo de arianos.
     Naquele local caro à história da Igreja milanesa, as duas mulheres viveram a sua consagração virginal ao Senhor.
     A primeira foi Catarina, nascida em Pallanza, da nobre família dos Morigi, que depois de uma longa busca da vontade de Deus, encontrou naquele local a resposta. Era em torno do ano 1450. Depois, em 1454, se uniu a ela Juliana Puricelli.
     Juliana nasceu em 1427 em Busto-Verguera, em uma família pobre. Ela viveu à sombra e na escola de Catarina, que a deixou progredir na sua devoção ao Padre Nosso e a Ave-Maria, desenvolvendo assim sua pureza, obediência, pobreza, humildade e caridade, e cultivando com ela a profunda contemplação da Paixão de Cristo.
     Em 1460, outras companheiras se uniram a elas. Após várias tribulações e incompreensões, em 1474 o papa Sisto IV, com uma bula aprovou a ereção da Ordem, na qual se professava a regra de Santo Agostinho, observando as constituições de Santo Ambrósio ad Nemus e oficiando segundo a liturgia ambrosiana.
     Catarina faleceu em 6 de abril de 1478, deixando à pequena comunidade o testamento da caridade e da obediência à vontade de Deus.
     Juliana, “chegando a noite da Assunção da Virgem Maria, desejou ser posta sobre a terra nua e expirou com grandes melodias no dia 15 de agosto de 1501”.
     As duas eremitas, que ainda em vida todos chamavam de “beatas”, foram veneradas pelo povo desde sua morte, como concordam as testemunhas dos dois processos de beatificação. E em S. Monte, “desde tempos imemoriais”, a festa de Catarina foi solenizada em 6 de abril e a de Juliana em 15 de agosto.
     Atualmente, com o novo Missal de 1976 a liturgia ambrosiana celebra a sua memória no dia 27 de abril.
 


Assunção de Nossa Senhora
 

sábado, 10 de agosto de 2013

Sta. Joana Fca. Frémyot de Chantal, Co-Fundadora - 12 de agosto


     Santa Joana Francisca Frémyot
nasceu em Dijon, França, no dia 23 de janeiro de 1572, nove anos depois de finalizado o Concílio de Trento. Estava destinada a ser uma dos grandes santos que o Senhor suscitou para defender e renovar a Igreja depois do caos causado pela divisão dos protestantes.
     Santa Joana foi contemporânea de São Carlos Borromeu, da Itália; de Santa Teresa de Ávila e de São João da Cruz, da Espanha; de seus conterrâneos, São João Eudes e seus dois renomados diretores espirituais, São Francisco de Sales e São Vicente de Paula.
     Nascida em uma aristocrática família francesa católica fervorosa, era filha de Benigno Frémyot e de Margarida de Barbissy. Sua mãe morreu quando ela tinha 18 meses, ficando sob a tutela de seu pai e de seu avô materno. Foi educada por sua irmã mais velha. Recebeu uma formação muito completa e desde a infância se destacava por sua vida piedosa.
     Em 1593, contraiu matrimônio com o Barão de Chantal, a quem deu, durante os sete anos seguintes, seis filhos, dos quais dois morreram durante a infância. No Castelo de Bourbilly, onde passou a viver, formou uma família harmoniosa na qual se vivia os ideais cristãos.
     Em 1601, o Barão de Chantal morreu, deixando Joana viúva. Ela vai para a casa do pai em Dijon para ali passar o ano de luto, mas seu sogro exigiu que retornasse com seus filhos para o Castelo de Monthelon, próximo de Autun. O velho senhor a submetia a contínuas humilhações que a jovem viúva aceitava bem, mostrando agradecimento e enchendo seu castelo de alegria familiar.
     Durante a Quaresma de 1604, ela viajou para Dijon junto com seu sogro para visitar seu pai e ali ouviu um sermão de São Francisco de Sales, Bispo de Genebra, que com frequência tomava refeição na casa de Benigno Frémyot.
     O bispo ficou profundamente impressionado com a espiritualidade de Joana. A partir desse momento ele se tornou seu diretor espiritual e, a seu conselho, ela passou a moderar suas devoções e atos piedosos para cumprir suas obrigações de mãe, filha e nora. Esta é a base da espiritualidade salesiana da qual Madame Chantal é o exemplo mais perfeito. São Francisco de Sales não permitia que a sua dirigida esquecesse que estava no mundo, que tinha um pai ancião e, sobretudo, que era mãe; falava com frequência da educação dos filhos e moderava sua tendência a ser demasiado severa com eles.
     Joana desde jovem tinha uma especial tendência para a vida contemplativa. E quando, em 1607, São Francisco de Sales lhe expõe seu projeto de fundar uma nova congregação, ela o acolheu com grande alegria, dividindo seu coração, pois tinha uma intensa vida familiar. O bispo lhe recordou então que seus filhos já não eram crianças e que do claustro poderia velar por eles.
     Joana casou sua filha mais velha com o Barão de Thorens e levou consigo para o convento duas filhas mais novas; a primeira morreu pouco tempo depois e a segunda se casou mais tarde com o Senhor de Toulonjon. Celso Benigno, o filho mais velho, ficou sob os cuidados do avô paterno e de vários tutores.
     O primeiro convento da Congregação da Visitação de Nossa Senhora foi inaugurado no Domingo da Ssma. Trindade, 6 de junho de 1610, em Annecy (Sabóia). Com Joana estavam duas damas, Maria Favre e Carlota de Bréchard, e uma serviçal chamada Ana Coste. No mesmo ano o número cresceu para uma dezena de religiosas.
     A vocação da nova Congregação era uma novidade: devia servir de refúgio a quem não podia entrar em outros institutos e as religiosas não deviam viver na clausura; para poder se consagrar à nova família religiosa deviam visitar e assistir aos doentes pobres em suas casas, unindo a vida ativa à contemplativa.
     Alguns anos depois, o Arcebispo de Lion obrigou os fundadores a aceitar a clausura para as religiosas; e em 1618, Santa Joana e São Francisco de Sales redigiram a Regra baseada na de Santo Agostinho, com a humildade e a mansidão na base de sua observância: “Na prática, a humildade é a fonte de todas as outras virtudes; não coloquem limites na humildade e façam dela o princípio de todas as ações, e mantenham o nome de Congregação da Visitação de Nossa Senhora”.
     As Constituições foram aprovadas pela Santa Sé em 1626.
     Joana Francisca foi eleita a primeira superiora e para sua vida interior, bem como das suas irmãs, São Francisco de Sales compôs o “Tratado do Amor de Deus”, um método de oração simples e natural, compatível com qualquer circunstância pessoal.
     A vida conventual da nova superiora, entretanto, era bastante movimentada: ela deixava Annecy com frequência para fundar novos conventos em Lion, Moulins, Grénoble e Bourges, como também para cumprir suas obrigações de família.
     Em 1619, ela fundou o Mosteiro de Paris, onde permaneceu nos três anos seguintes. Ali se submeteu à direção espiritual de São Vicente de Paula, e conheceu Angélica Arnauld, Abadessa de Port-Royal, que renunciou a seu cargo e ingressou na Congregação da Visitação.
     Em 1622, São Francisco de Sales faleceu e foi sepultado no convento da Visitação de Annecy; e em 1627, seu filho Celso Benigno pereceu no campo de batalha e deixou viúva e uma filha de um ano, a futura célebre Madame de Sévigné.
     Em 1628, uma epidemia assolou a França, Sabóia e o Piemonte. Joana não abandonou seu mosteiro de Annecy e pos a disposição do povo todos os recursos de seu convento, e a comunidade participou no atendimento dos enfermos. Ela mesma foi contagiada, porém foi curada milagrosamente. A estas desgraças vem se juntar uma secura espiritual que lhe causava intenso sofrimento.
     Entre 1635 e 1636, visitou todos os conventos da Visitação, que já eram então sessenta. Sua reputação de santidade se espalhara. Rainhas, príncipes e princesas procuram o Mosteiro da Visitação. Aonde ela fosse para fazer suas fundações o povo a ovacionava. “Esta pessoas não me conhecem”, ela dizia, “elas estão enganadas”.
     Em 1641, ela vai visitar Madame de Montmorency e a Rainha Ana d’Áustria em Paris. Durante a viagem de volta a Annecy caiu doente com pneumonia e faleceu no convento de Moulins, no dia 13 de dezembro de 1641. Seu corpo foi trasladado para Annecy e sepultado próximo ao de São Francisco de Sales. À sua morte a Congregação que fundara contava com oitenta e seis conventos.
     Foi beatificada por Bento XIV em 1751, e canonizada por Clemente XIII em 1767.
     A vida da Santa foi escrita no século XVII por sua secretária, Madre de Chaugy. Mons. Bougaud, Bispo de Laval, publicou uma “História de Santa Chantal” em 1863, que teve um grande sucesso.
     Santa Joana deixou vários trabalhos, entre os quais as instruções sobre a vida religiosa e o admirável “Deposição para o Processo de Beatificação de São Francisco de Sales”, e um grande número de cartas. As qualidades da Santa podem ser admiradas no seu estilo preciso e vigoroso que aparecem no livro, que pode ser chamado sua obra prima, “Respostas sobre as Regras, Constituições e Costumes”, um código prático e completo de vida religiosa, que não está em circulação.
 
Fontes: diversas