segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Maria Jagera, uma nobre senhora japonesa, e dezoito crianças, mártires japoneses

     

     Durante o mês de setembro do ano 1623 muitos fiéis foram imolados em Jedo. No dia 4 daquele mês, 50 deles morreram pelo fogo. No dia 29, outros 24 foram queimados, decapitados ou crucificados. Entre eles estava uma mulher chamada Maria Jagera, que havia dado abrigo a um missionário religioso. 
     O governador tentou em vão tudo o que podia para pervertê-la, acabou condenando-a à estaca com outras quatro mulheres de alto escalão. No dia da execução Maria foi amarrada a um cavalo para ser levada ao local da tortura; ela continuou lá com um semblante sorridente, acompanhada por aqueles que estavam a morrer com ela.
     Mas o que arrancou lágrimas dos olhos de todos foi o espetáculo de dezoito crianças que foram levadas à execução ao mesmo tempo. Eles eram tão inocentes que se entregaram ao jogo durante toda a jornada. Não se pode ler sem horror as crueldades que foram infligidas a esses tenros cordeiros. Alguns deles tiveram suas cabeças cortadas, outros tiveram seus corpos abertos até a garganta; alguns foram divididos em dois; vários foram levados pelos pés e cortados em pedaços.
     Durante esta carnificina terrível as cinco mulheres continuaram em oração, então a pira funerária foi acesa, e as heroínas santas foram consumidas por um fogo lento.
 
Reverendo Eugene Grimm, ed. Vitórias dos Mártires, vol. 9, As Obras Completas de São Afonso de Ligouri (Nova Iorque: Benzinger Brothers, 1888), 383.
 
https://nobility.org/
 

domingo, 27 de setembro de 2020

Santa Maria Teresa (Maria Vitória) Couderc, Fundadora – 26 de setembro

     No dia 2 de fevereiro de 1805, os sinos de Sablières, um recanto perdido do Alto-Ardèche, anunciaram a entrada na Igreja de Maria Vitória, que nascera na véspera no lar de Cláudio Couderc e Ana Méry.
     A infância de Maria Vitória transcorreu no amor de uma família modesta, mas muito unida; era a segunda dos 10 filhos. Por João, o mais velho de seus oito irmãos, que viria a ser padre, Maria tem uma afinidade especial.
     Aos 17 anos, seus pais puderam enviá-la para o colégio das Irmãs de São José, em Vans. Maria sente cada dia mais a sede de conhecer e amar a Deus.
     Na primavera de 1825, o pai vai buscá-la em Vans. Toda a família ia participar de uma missão que aconteceria em Sablières para estimular a fé e a vida cristã da paróquia. Os pregadores vinham de Lalouvesc, centro de Missões diocesanas e de peregrinações.
     Entre os pregadores, o Padre Estevão Therme, apóstolo inflamado, a quem Maria Vitória confia seu desejo de ser toda de Deus. Ele reconheceu nela as disposições naturais e sobrenaturais que a tornavam capaz de um amor absoluto. “Deem-ma e farei dela uma religiosa”, disse ele a Cláudio Couderc.
     Em Lalouvesc, o túmulo de São Francisco Régis atraía as multidões, e o padre Therme via com pesar que as peregrinações eram ocasião de desordens. Tomou então a iniciativa de abrir uma casa destinada a acolher senhoras e moças, casa que confiou a algumas das Irmãs de São Régis, pequena Comunidade fundada por ele.
     Em 1826, Maria Vitória ingressa no pequeno noviciado de Vals, onde, sob a direção da Irmã Clara, o Padre Therme reunia as vocações colhidas nas suas andanças apostólicas. Maria Vitória recebe o nome de Irmã Teresa. Em 1826-27, nascia a Congregação de Nossa Senhora do Retiro no Cenáculo, em Lalouvesc, no meio de um povo cuja fé fora abalada pela ignominiosa Revolução Francesa.
     Em 1828, os acontecimentos o levam o Padre Therme a nomear Irmã Teresa como superiora, se bem que esta tivesse apenas 23 anos. Durante esse tempo, aos olhos dos homens, Madre Teresa capina os jardins, lava a louça, mergulha no silêncio e na sombra. Como a semente, escondida na terra, morre para virem os frutos.
     Madre Teresa logo percebeu que o acolhimento dado a qualquer pessoa que se apresentasse era incompatível com as exigências de uma vida religiosa e um serviço apostólico autênticos. Pediu e obteve permissão do Padre Therme para serem recebidas apenas as peregrinas que aceitassem fazer de sua estada um tempo de oração mais intenso; ela sugeria de 3 a 9 dias de retiro.
     No outono de 1829, ao fazer seu próprio retiro, o Padre Therme descobre os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. Ficou entusiasmado e quis que as Irmãs também os experimentassem imediatamente. Em seguida ordenou-lhes utilizar daí em diante, junto às pessoas acolhidas na Casa, esta forma de retiro que unia tão intimamente a experiência de oração e a reflexão sobre os mistérios da fé.
     Conduzidos pelo Espírito de Deus, que lhes indicava o retiro e a instrução religiosa como os meios para atingir seus objetivos, os fundadores visavam a renovação da fé e a extensão do Reino de Deus.
     Em 1831, o Padre Therme consagra os bens e as pessoas da comunidade ao Sagrado Coração de Jesus pelas mãos de Maria Santíssima. Em 1832, Madre Teresa se torna superiora geral de todas as comunidades fundadas pelo Padre Terme; Lalouvesc torna-se então a Casa Mãe.
     O Padre Therme inicia uma missão em Viviers, depois vai a Lanarce, e finalmente a sua aldeia natal, Le Plagnal. Ali, esgotado por seu intenso ministério e minado pela febre, falece no dia 12 de dezembro de 1834, na idade de 43 anos. Em seu testamento ele confia sua obra a Madre Teresa, que tinha então 29 anos.
     Madre Teresa pediu então ao bispo que a comunidade fosse confiada ao Padre Renault, o Provincial dos Jesuítas da França. Ela dirige a pequena Congregação com o apoio dos jesuítas e colabora com eles.
     Alguns anos de paz e de vida apostólica são quebrados pela separação dolorosa das Irmãs de São Regis, que iam cuidar das escolas, e as Irmãs do Retiro (mais tarde Nossa Senhora do Cenáculo).
     Esgotada, Madre Teresa adoece e deve repousar em Nossa Senhora d’Ay. Em 15 de agosto de 1837, em sua oração, Madre Teresa foi impelida a confirmar e ampliar um ato do Padre Therme, consagrando novamente a Congregação a Nossa Senhora. Com profunda humildade, percebeu o que lhe parecia ser a vontade de Deus: entregou-se a ela plenamente e demitiu-se de toda autoridade.
     Em outubro de 1838, de acordo com o Bispo de Viviers, o Padre Renault demite Teresa e nomeia a Sra. de Lavilleurnoy, uma viúva que entrara na comunidade. Logo o Padre Renault se deu conta de seu erro e a demite. Ela deixara a comunidade em plena desordem.
     O Padre Renault estava prestes a dar novamente a responsabilidade da Congregação a Teresa, mas ela se esconde no silêncio e na humildade, e encoraja as Irmãs a elegerem Madre Charlotte Contenet. Esta consegue reverter a situação e a Congregação se desenvolve. Mas, ela confina Teresa nos trabalhos mais humildes e penosos, mantendo-a a distância da comunidade.
     Teresa e uma outra Irmã são enviadas para limpar uma casa que seria usada em um projeto de fundação em Lyon. Vendo que o local não era conveniente, ela toma a iniciativa de procurar um outro local e de assinar a compra de um terreno na colina de Fourvière. Madre Contenet descobre então as capacidades e o devotamento de Teresa, que recupera sua confiança.
     Em 1844, uma comunidade se instala em Fourvière e Teresa é nomeada assistente. A Congregação adota o nome de Nossa Senhora do Cenáculo. Em 1850, uma fundação feita em Paris tem uma superiora que fomenta um projeto de cisão. Teresa é enviada a Paris para conter a crise e acalmar os espíritos. No final de 1856, ela se torna superiora da comunidade de Tournon. Em 1860, é nomeada assistente da superiora de Montpellier.
     Em 1867, Madre Teresa volta para Lyon, que não deixaria mais. Embora não tenha mais funções de autoridade, ela continua envolvida no apostolado: encarregada dos catecismos; da formação dos adultos e dos adolescentes, preparando-os para os sacramentos; ela acompanha as retirantes.
     Madre Teresa se vê mais e mais cercada de estima e de afeição; as retirantes bem como as Irmãs se beneficiavam de todos os recursos de seu coração, da sua oração e da sua experiência.
     Em 1877, a nova superiora geral, sabedora das diversas crises enfrentadas pela Congregação, faz reconhecer oficialmente Madre Teresa como sua co-fundadora com o Padre Therme. Em 1878, católicos leigos são ligados a Congregação.
     Santa Teresa Couderc morre no dia 26 de setembro de 1885, no Cenáculo de Fourvière. Seu corpo é transferido para Lalouvesc.
     Ela foi declarada Beata por Pio XII em 4 de novembro de 1951, e canonizada no dia 10 de maio de 1970 por Paulo VI. A aldeia de Lalouvesc (Ardèche), local de peregrinação a São João Francisco Regis, tornou-se também local de peregrinação a Santa Teresa Couderc.
     A aprovação definitiva das Constituições da Congregação pela Santa Sé, que ocorreu em 1886, confirmou a orientação da fundação e reconheceu sua missão na Igreja.
 
     Meu Deus, fazei que eu Vos ame como me amastes, que eu Vos ame como o mereceis, que eu Vos ame no tempo e na eternidade. Senhor Jesus, eu me uno a vosso Sacrifício perpétuo, incessante, universal. Eu me ofereço a Vós por todos os dias de minha vida e por todos os instantes  do dia, conforme vossa santíssima e adorável vontade. Fostes a vítima de minha salvação, quero ser a vítima de vosso amor. Atendei meu desejo, aceitai minha oferta, ouvi minha oração. Que eu viva de amor, que eu morra de amor, e que o último pulsar de meu coração seja um ato do mais perfeito amor. Assim seja!
     Santa Teresa Couderc
Fontes: www.religiosasdocenaculobrasil.org
http://www.santiebeati.it/dettaglio/72125
 
Postado neste blog em 26 de setembro de 2011
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ENTREGAR-SE
     “Várias vezes, Nosso Senhor já havia me dado conhecer o quanto era útil, para o progresso de uma alma desejosa de perfeição, entregar-se sem reserva à ação do Espírito Santo. Mas, nesta manhã, a divina Bondade dignou-se me agraciar com uma visão toda particular. Estava me preparando para começar minha meditação, quando ouvi o ressoar de vários sinos chamando os fiéis para assistir aos divinos Mistérios. Neste momento, desejei unir-me a todas as missas que estavam sendo celebradas e com este intuito, dirigi a minha intenção para que participasse de todas elas. Tive então uma visão geral de todo o universo católico e de uma profusão de altares nos quais se imolava, ao mesmo tempo, a adorável Vítima.
     O Sangue do Cordeiro sem mancha corria abundante sobre cada um desses altares que me pareciam envoltos numa leve fumaça que subia para o céu. Minha alma era tomada e penetrada por um sentimento de amor e de gratidão à vista dessa tão abundante satisfação a nós oferecida por Nosso Senhor. Mas também me surpreendia muito o fato de que o mundo inteiro não se achasse santificado em consequência. Perguntava-me como era possível que o Sacrifício da Cruz, oferecido uma só vez, tenha sido suficiente para salvar todas as almas e que, renovado tantas vezes, não bastasse para santificá-las todas. Eis a resposta que julgo ter ouvido: - O Sacrifício é sem dúvida suficiente por si mesmo e o Sangue de Jesus Cristo mais que suficiente para a santificação de um milhão de mundos, mas às almas falta corresponder generosamente. Pois o grande meio para entrar na via da perfeição e da Santidade – é o de entregar-se ao nosso Bom Deus.
     Mas que significa entregar-se? Percebo toda a extensão desta expressão “entregar-se”, porém não posso explicitá-la. Sei apenas que é muito extensa e abrange o presente e o porvir.
     Entregar-se é mais que se dedicar; é mais que se doar; é até maior que se abandonar a Deus.
     Entregar-se, finalmente, significa morrer a tudo e a si mesmo, não se preocupar mais com o EU a não ser para mantê-lo sempre orientado para Deus. [...]
     Rogo a Nosso Senhor que forneça o entendimento desta expressão a todas as almas desejosas de Lhe agradar, inspirando-lhes um meio de santificação tão fácil. Oxalá fosse possível compreender de antemão toda a suavidade e toda a paz que se desfruta quando não se guarda reserva com nosso Bom Deus!
     De que forma Ele se comunica com a alma que O procura com sinceridade e que soube entregar-se. Experimentem e vereis que lá é que se acha a felicidade procurada em vão alhures".
[...]
http://www.santosebeatoscatolicos.com/


segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Beata Catarina Aliprandi de Asti, Clarissa - 21 de setembro

     


     Aliprandi é uma antiga família originária de Milão, que uma certa tradição liga aos longobardos. Ricos de feudos em várias zonas da Lombardia, tiveram o predomínio sobre a cidade de Monza em época comunal. Esta nobre família deu à Santa Igreja Católica a Beata Catarina Aliprandi.
     Catarina nasceu por volta de 1466 e os pais a destinaram ao casamento com um rico e nobre jovem. Aos 30 anos, Catarina conseguiu convencer o marido a vestir o hábito franciscano, possibilitando assim que ela pudesse entrar no Mosteiro de Santa Clara em Alexandria.
     Em 1526, com mais cinco coirmãs, foi encarregada de fundar um novo mosteiro em Asti, que tomou o nome de Convento de Jesus. Ali exerceu a função de porteira, mas em breve se tornou famosa pelas profecias e milagres que os devotos começaram a atribuir a ela.
     Como ela mesma havia profetizado, foi vitimada pela peste e morreu no dia 7 de setembro de 1529, cantando louvores a Maria Santíssima, na festa de sua Natividade, enquanto suas companheiras naquele momento também festejavam aquela data.
 
Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/94107

Postado neste blog em 21 de setembro de 2017

sábado, 19 de setembro de 2020

Santa Maria de Cervelló, Mercedária - 19 de setembro


Popularmente denominada Santa “de Socos” (do Socorro), nasceu por volta de 1230 em Barcelona; morreu naquela cidade em 19 de setembro de 1290. Ela mendigava doações para resgatar prisioneiros cristãos.

     O século XIII foi uma época de prosperidade para a Catalunha, Espanha, protagonista do comércio mediterrâneo. Em Barcelona a família Cervelló também era próspera. Maria nasceu nesta nobre família no dia 1º de dezembro de 1230, na Rua de Montcada, e foi batizada em 8 do mesmo mês, no sarcófago antigo da mártir Santa Eulália que servia de pia batismal na paroquia de Santa Maria do Mar.
     Atraída pela caridade que os Irmãos Mercedários inspiravam a favor dos cativos, isto é, os cristãos que eram feitos prisioneiros em terra e no mar, e eram vendidos como escravos na África, aos 18 anos tornou-se a consoladora dos pobres, dos doentes e dos escravos no Hospital de Santa Eulália.
     A Ordem de Nossa Senhora das Mercês foi fundada por São Pedro Nolasco; os Mercedários constituíam uma Ordem masculina que resgatava os cristãos cativos, mas havia grupos de senhoras que os sustentavam com orações e ofertas para as custosas expedições à África. Maria e sua mãe se uniram ao grupo de Barcelona. Quando a mãe faleceu, Maria doou o seu patrimônio aos Mercedários.
     Em 25 de maio de 1265 os grupos femininos se transformaram canonicamente em Ordem Terceira Mercedária, com estatuto, hábito religioso e uma priora. Maria fez profissão religiosa, recebendo o hábito das mãos de São Bernardo de Corby. Logo outras jovens a seguiram, como as Beatas Eulália Pinos, Elisabete Berti, Maria de Requesens e, mais tarde, Santa Colagia.
     Maria de Cervelló foi designada priora e é considerada a fundadora das monjas Mercedárias. Ela desenvolveu uma obra contínua e completa de resgate: encarregar-se dos escravos repatriados (alguns eram sozinhos no mundo, muitos estavam privados de tudo), ajudando-os a se tornarem independentes. Depois do resgate, a segurança.
     Ela também é chamada de Santa Maria do Socorro, porque tanto em vida como após a morte foi vista mais de uma vez nas asas do vento, apressando-se para ajudar no resgate de navios que iam remir os cativos cristãos e se viam ameaçados pelas ondas do mar tempestuoso.
   Depois de uma vida cheia de humildade, vigílias, jejuns, entremeada de milagres estupendos, Santa Maria voou para o Senhor no dia 19 de setembro de 1290; seu corpo incorrupto é preservado na Basílica das Mercês, em Barcelona.
     A Basílica foi devastada em 1936, durante a guerra civil espanhola, quando muitos padres e irmãs foram mortos por serem religiosos. Muitos sepulcros de religiosos mortos há tempos foram profanados. Segundo H. Thomas, em sua História da guerra civil espanhola, em 1936 “uma multidão acorreu para ver expostos os cadáveres insepultos de 19 irmãs salesianas”. Mas ninguém jamais tocou em Santa Maria do Socorro: mesmo em meio àquela ação burlesca, seu túmulo permaneceu intacto.
     Em 1692, Inocêncio XII, como decisão pessoal, aprovou o culto que era atribuído a ela há muito tempo. Mais tarde seu nome foi incluído no Martirológio Romano.
     Sua festa litúrgica é comemorada no dia 19 de setembro.
 

Santa Maria de Cervelló -Quadro de Claude Lorrain (1637)







Fontes:
http://www.santiebeati.it/dettaglio/70725
Acta SS., Setembro, VII, 152-171; DUNBAR, Dictionary of Saintly Women, II (Londres, 1905), 56-7; ULATE, Vita Cathalauniœ virginis Mariœ de Cervellon (Madrid, 1712); AYALA, Vida de s. Maria del Socos de la orden de N. S. de las Mercedes (Salamanca, 1695); CORBERA, Vida y hechos maravillosos de d. Maria de Cerveilon, chamada Maria Socos (Barcelona, ​​1639): uma Vida escrita por seu contemporâneo JOHN DE LAES está impressa em Acta SS., Loc. cit.
MICHAEL OTT (Enciclopédia Católica)

Postado neste blog em 18 de setembro de 2012

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Santa Hildegarda de Bingen, Mística, Profetiza, Escritora – 17 de setembro

     

     Hildegarda de Bingen nasceu no Condado de Spanhein, Diocese de Maicus, no ano de 1098. Seus pais, Hildeberto e Matilde, provavelmente originários de Bermerschein, no Condado de Spanheim, pertenciam à nobreza do Palatinado.

     Conforme prática comum naquela época, com a idade de oito anos ela foi levada ao Mosteiro de Disibodensberg, ou do monte de Santo Disibode, onde foi colocada sob a direção de Jutta, filha do Conde de Spanhein, que tomou a si o encargo de cuidar dessa menina que dava sinais de grande vocação. Sua virtude sobressai de tal modo que, aos 39 anos, quando morre Jutta, as religiosas elegem Hildegarda como Abadessa.

     Sabe-se que Hildegarda tinha uma saúde muito frágil e que sempre era favorecida por visões, além de ter intuições sobrenaturais de coisas por suceder. Todas essas manifestações sobrenaturais eram por ela narradas com simplicidade a sua tutora e a um dos monges do mosteiro de Santo Disibode, chamado Volmar, que posteriormente exercerá o ofício de seu secretário durante 30 anos.

     Como ela mesma conta em seus escritos: "Aos meus 40 anos, tive uma visão onde uma voz dizia: ‘Diga o que viste e entendeste, não à maneira de outro homem, mas segundo a vontade dAquele que sabe, vê e dispõe todas as coisas no segredo de seus mistérios’".

     Era uma ordem decisiva que indicava a vocação de Hildegarda, semelhante à dos profetas do Antigo Testamento, os quais eram as bocas de Deus. Sobre esta vocação, Hildegarda insistirá dizendo que "uma voz do Céu mandava-me tudo dizer e escrever, tal qual ouvia e era-me ensinado". Esta voz apresentou-se a ela como “a Luz viva que ilumina o que é obscuro”. 

     Durante muito tempo ela resistiu por humildade e desconfiança. Mais por temor do que por desobediência, continuava a recusar a escrever. Foi então que caiu doente. Confiou sua preocupação ao seu diretor espiritual. Depois de aconselhar-se com os religiosos mais sábios da comunidade e de interrogar Hildegarda, o Prior ordenou-lhe que escrevesse. Assim que ela começou a escrever, imediatamente se viu curada e levantou-se da cama.

     Ajudada pelo monge Volmar, escreveu, entre 1141 e 1151, a sua grande obra Scivias (Conhece as vias do Senhor), uma espécie de Apocalipse sobretudo dogmático e um pouco moral.

     Em 1147, o prior, desconfiando do seu próprio critério, apresentou os escritos de Hildegarda ao Arcebispo Henri, de Mainz, Diocese onde se localizava o Mosteiro de Disibodensberg. Aproveitando a presença do Papa Eugênio III em Trier, onde iria reunir-se um Sínodo preparatório do Concílio de Reims, o arcebispo consulta o Papa.

     Trier é a cidade do Imperador Constantino, que ali residiu com sua mãe Santa Helena até o ano 316. O Papa Eugênio III era um cisterciense formado por São Bernardo. Ele reuniu Cardeais, Bispos e Abades para um alto tema: confirmar mais uma vez as reformas empreendidas pelo Papa São Gregório VII.

     O Papa, desejoso de conhecer melhor o assunto, enviou o Bispo de Verdum, Alberon, ao Mosteiro de Hildegarda, que respondeu com simplicidade às perguntas que lhe foram feitas. Os escritos feitos até então por Hildegarda foram entregues a ele e lidos em voz alta na presença do Arcebispo, dos Cardeais e de todo o clero reunido. Entre os ouvintes estava a maior figura da Cristandade: São Bernardo de Claraval.

     A conclusão da assembleia é atribuída a São Bernardo: "É preciso impedir que se apague uma tão admirável luz animada pela inspiração divina". Este Santo conhecera Hildegarda e pediu que o Papa divulgasse tão grande graça concedida por Deus à Igreja no seu pontificado, e a confirmasse com sua autoridade.

     O Papa seguiu seu conselho, escreveu a Hildegarda: "Nós ficamos admirados, minha filha, que Deus mostre em nosso tempo novos milagres. Nós te felicitamos pela graça de Deus. Conserve e guarde esta graça". (*) Pediu ele ainda que ela relatasse com frequência tudo que lhe fosse revelado por intermédio do Espírito Santo.

     A santa relatou ao Papa Eugênio III, em carta bastante longa, tudo quanto ouvira da voz celeste relativamente ao pontífice. Anunciava uma época difícil, cujos primeiros sinais já se manifestavam:

     “As próprias montanhas, que são os prelados, em lugar de se elevarem continuamente a comunicações íntimas com Deus, a fim de cada vez mais se transformarem na luz do mundo, descuidam-se e obscurecem-se. Daí a sombra e a perturbação que reina nas ordens superiores. E porque vós, grande Pastor e Vigário de Cristo, deveis buscar luz para as montanhas e conter os vales, dai preceitos aos senhores e disciplinas aos súditos. O Soberano Juiz recomenda-vos que condenais e repilais de junto de vós os tiranos importunos e ímpios, no temor de que, para vossa grande confusão, eles se imiscuam na vossa sociedade, mas sede compassivo com as desgraças públicas e particulares, pois Deus não desdenha as chagas e as dores daqueles que O temem”.

     Começou assim uma nova vida para Hildegarda. Sua fama, não só devido a seus escritos, mas também aos milagres, difundiu-se além do Reno. Muitos vêm visitá-la. Ela penetra nos pensamentos dos peregrinos e afasta-se dos que se aproximam com más intenções ou para provar sua virtude. Exorta à conversão à Fé verdadeira os judeus que vêm ouvi-la. Hildegarda livrou do demônio uma possessa de Colônia, que os sacerdotes da Abadia de Brauweisler não tinham conseguido expulsar.

     Santa Hildegarda mantém correspondência com Papas, Bispos e altas autoridades temporais, como, por exemplo, os Imperadores Conrado III e Frederico Barbaruiva, da Alemanha.

     Frederico Barbaruiva pede que a Santa o visite em seu palácio de Ingelheim, perto de Mainz. Os detalhes desse encontro são conhecidos pelas cartas do Imperador e das respostas de Santa Hildegarda. Ela não se intimida diante de tão ilustre destinatário e o adverte em termos proféticos e pede que o Imperador "vele pelos costumes dos Prelados que caíram na abjeção", exortando-o a que "tome cuidado para que o Supremo Rei não te lance por terra por culpa da cegueira de teus olhos. Seja tal, que a graça de Deus não te falte".

     O Imperador lutou contra o Papado, destituiu o Arcebispo de Mainz, fiel a Roma, mandou suas tropas arrasar Milão e nomeou nada menos do que quatro antipapas apenas durante o pontificado de Alexandre III.  Ficou surdo às exortações da Santa!

     Correspondia-se ela com São Bernardo de Claraval, que lhe escreveu em termos elogiosos e sobrenaturais: "Agradeço a graça de Deus que está em ti. Eu te suplico de lembrar-te de mim diante de Deus..."

     Numa carta a São Bernardo, a mística renana confessa: “A visão arrebata todo o meu ser: não vejo com os olhos do corpo, mas aparece-me no espírito dos mistérios... Conheço o significado profundo do que está exposto no Saltério, nos Evangelhos e nos outros livros, que me são mostrados na visão. Ela arde como uma chama no meu peito e na minha alma, e ensina-me a compreender profundamente o texto” (Epistolarium pars prima I-XC: CCCM 91).

     Ela recebera a vocação de aconselhar, segundo os caminhos de Deus, não só as mais altas autoridades da época, mas também pessoas simples que a ela recorriam pedindo um conselho. A todos Hildegarda respondia com o tom que caracterizava o seu estilo, isto é, com solenidade, humildade e severidade.

     Santa Hildegarda anunciou a eclosão de uma terrível heresia que ergueria o povo contra o Clero, porque este "tinha uma voz e não ousou levantá-la", o que permitiu ao inimigo "oferecer os seus próprios bens, enchendo os olhos, as orelhas e o ventre de todos os vícios!" Pouco tempo depois, explodiu a heresia dos cátaros, descrita por ela com detalhes que surpreendem os historiadores. Ela vai além, prevendo a vitória da Igreja sobre essa heresia.

     Santa Hildegarda é mística, profetiza, escritora, pregadora, conselheira, médica e compositora. Seus outros dois livros que compõem a trilogia hildegardina são: o Líber vitae meritorum ou Livro dos Méritos, onde são apresentados os grandes dados da moral do século II; e o Líber divinorum operum ou Livro das obras divinas, de caráter científico, contendo ilustrações de grande precisão e originalidade. Ela compôs ainda diversas obras de menor importância sobre assuntos variados, como o Tratado de Medicina. Compôs também 77 sinfonias em um estilo similar ao gregoriano.

     Santa Hildegarda viveu seus últimos anos no convento de Eibingen, o terceiro fundado por ela na outra margem do Reno. Foi o único que se salvou dos bárbaros e das guerras. Uma das religiosas narra a morte de Santa Hildegarda: "Nossa boa Mãe, depois de combater piedosamente pelo Senhor, tomada de desgosto da vida presente, desejava cada dia mais evadir-se desta Terra para unir-se com Cristo. Sofrendo de sua enfermidade, ela passa alegremente deste século para o Esposo celeste, no octogésimo ano de sua existência, no dia 17 de setembro de 1179".

     Em 1233 foi feito um inquérito sobre as suas virtudes e os seus milagres, ordenado pelo Papa Gregório IX, mas não chegou a bom termo. A partir do século XIII havia um culto de Santa Hildegarda, e em 1324 uma carta concedia indulgências a quem visitasse o seu túmulo em Bingen.

(*) A carta é uma das 390 que aparecem no livro recentemente publicado na Alemanha sob o patrocínio da Abadessa Walburga Storch OSB, da própria Abadia de Santa Hildegarda, em Rüdesheim-Eibingen.

    “Por que Deus quis que ela tivesse essas visões? Porque o verdadeiro católico tem que ter uma filosofia da História. Ele deve saber que sua época é um elo entre o passado e o futuro, e deve interpretar os acontecimentos de sua época não como acontecendo só hoje, mas como nascidos de mil fatores do passado e gerando mil coisas no futuro. É um processo, é uma coisa que gera outra, que gera outra, que gera outra, que gera outra. Para nós conhecermos este processo veio esta revelação”.


Adendo: Apesar da música de Hildegarda ter ficado esquecida por séculos, em 1982, a soprano inglesa Emma Kirkby gravou um álbum com composições da Santa: A Feather On The Breath Of God. O álbum se tornou muito popular na época, ganhando prêmios inclusive. Quem tiver curiosidade de ouvir, só se ligar no link:

https://www.youtube.com/watch?v=_NGTsdL2YzE


 

Fontes: Catolicismo setembro 1998; Pe. Rohbacher

Postado neste blog em 16 de setembro de 2011

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Santa Catarina (Fieschi Adorno) de Gênova, Viúva, Mística – 15 de setembro


     Santa Catarina nasceu no ano de 1447, na célebre família Fieschi de Gênova. Esta família deu à Igreja dois Papas, nove cardeais e dois arcebispos, além de magistrados e capitães. Seus pais eram fervorosos católicos e a educaram no santo temor de Deus. 

     Catarina foi objeto de copiosas bênçãos do Céu: aos oito anos, recebeu um dom particular de oração e união com Deus; aos 12, já procurava renunciar à sua vontade para só fazer a do Divino Redentor e meditava constantemente na Paixão de Nosso Senhor; aos 13 anos, quis consagrar-se a Deus em um convento, mas devido à pouca idade não foi admitida.

     Gênova então era palco de guerras sangrentas entre guelfos (partidários do poder temporal dos Papas) e gibelinos (defendiam o poder do Imperador). Aproveitando-se da situação caótica, o duque de Milão tomou a cidade.

     Logo a paz foi restabelecida e os desentendimentos entre as famílias rivais se acalmaram. Os Fieschi e os Adornos, que se reconciliaram a partir de então, decidiram promover o casamento de Catarina Fieschi com Julião Adorno. Catarina, então com 16 anos, em tudo via a mão de Deus e aceitou o matrimônio, algo tão contrário às suas aspirações.

     Mas, Julião, de temperamento colérico, volúvel e extravagante, tornou o casamento infeliz. Ele amava as pompas e as vaidades, o luxo, os prazeres, enquanto Catarina considerava tudo vaidade e aflição de espírito. Ele passou a desprezá-la e a ultrajá-la de muitos modos. Além disso, sendo um jogador contumaz, dilapidou sua fortuna, como também o dote de Catarina. Aos poucos o casal ia caindo na pobreza.

     Catarina, porém, procurava pela paciência e pela prática das virtudes conquistar a alma do esposo para Deus. Por cinco anos ela sofreu aquela situação, parecendo-lhe que Deus a deixara entregue à sua própria sorte. Vendo-a tão provada, os parentes a aconselharam a retomar a vida social; visitas a senhoras de sua categoria, diversões e festas de seu círculo, entretanto não preenchiam os anseios de seu coração. Outros cinco anos se passaram.

     Em 1473, no dia de São Bento, foi aconselhada por sua irmã religiosa a consultar o confessor do convento. Catarina, então com 26 anos, procurou o sacerdote. Mais tarde ela contaria que assim que se ajoelhou no confessionário, "foi objeto de uma das mais extraordinárias operações de Deus na alma humana, de que tenhamos notícia. O resultado foi um maravilhoso estado de alma que durou até sua morte. Nesse estado ela recebeu admiráveis revelações, às quais às vezes se referiu aos que a rodeavam, e que estão sobretudo incorporadas em suas duas celebradas obras – os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório". (1)

     "O Senhor dignou-se iluminar sua mente com um raio tão claro e penetrante de sua divina luz, e acender em seu coração uma chama tão ardente de seu divino amor, que ela viu em um momento, e conheceu com muita clareza, quão grande é a bondade de Deus, que merece infinito amor; além disso, viu quão grande é a malícia e perversidade do pecado e da ofensa a Deus, quaisquer que sejam, mesmo ligeiros e veniais".

     Catarina sentiu uma contrição muito viva por seus pecados e um amor tão grande a Deus, que fora de si exclamava: "Amor meu, nunca mais hei de ofender-te!". O resultado deste amor foi um desejo insaciável da Santa Comunhão. Obteve a graça de poder comungar diariamente, fato raríssimo naquele tempo. Era tão grande a força transmitida pelo Pão dos Anjos, que ela passava os 40 dias da Quaresma e os do Advento sem outro alimento além de um copo de água misturada com vinagre e sal.

     Catarina praticava severas austeridades: dormia sobre uma enxerga, tendo como travesseiro um pedaço de madeira; disciplinava-se, usava cilícios e proibiu a si própria de proferir palavras inúteis; rezava diariamente de joelhos durante sete a oito horas.

     Tendo Nosso Senhor lhe aparecido com sua cruz, cheio de sofrimento e irrisão, tão profunda foi sua dor ao contemplar aquela imagem sofredora, que ela chorava com frequência ao considerar a ingratidão dos homens depois dos benefícios da Redenção.

     Catarina conseguiu converter o marido após muitas orações, grande paciência e submissão. Combinaram viver como irmãos e praticar boas obras. Em 1482, eles se instalaram numa casa contígua a um hospital, onde cuidavam dos doentes. Julião entrou para a Ordem Terceira de São Francisco; enfrentou uma enfermidade que o levou à morte, em 1497, após receber os Sacramentos.

     Catarina entrou na Sociedade da Misericórdia, que fora constituída pelos mais distintos habitantes da cidade e por oito damas escolhidas entre as mais nobres e ricas de Gênova, tendo como objetivo o socorro os pobres.

     Ela foi encarregada da distribuição das esmolas angariadas pela associação; socorria de preferência os leprosos ou portadores de úlceras gangrenosas, procurava para eles moradia, cama, roupa e alimento. Conseguiu dominar a repugnância natural que essas pessoas provocavam e prestava a elas os mais humildes serviços, inclusive cuidar de suas chagas repugnantes.

     Admirados com sua dedicação, os administradores do Hospital Pammatone, de Gênova, entregaram a ela a sua administração, cargo que Catarina ocupou até a morte.

     A Santa sofreu, nos últimos nove anos de sua vida, uma doença que. segundo os melhores médicos da Itália, não tinha causa natural: sua origem era sobrenatural e não havia remédio para ela. Com frequência ela ficava às portas da morte.

     Obediente ao seu confessor, Catarina escreveu as duas mencionadas obras que contêm doutrina e são inteiramente de acordo com as verdades de Fé: os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório. No primeiro, Catarina descreve os efeitos do amor divino em uma alma, a alegria que os acompanham. Quanto ao segundo, tão grande era seu contato com as almas do Purgatório, que essa obra valeu a ela o título de Doutora do Purgatório.

     Santa Catarina faleceu em Gênova, aos 63 anos, no dia 15 de setembro de 1510, e foi sepultada na capela do Hospital. Seu corpo incorrupto foi removido para outros lugares nos anos 1551, 1593 e 1642. Em 1694, ainda incorrupto, foi colocado num relicário de prata e cristal, sob o altar-mor da igreja erigida em sua honra no bairro de Portoria, em Gênova. Ali a Santa é venerada por muito devotos.

     Em 1837 e em 1960, o corpo incorrupto de Santa Catarina foi cuidadosamente examinado por peritos. O médico chefe da última equipe declarou: "A conservação é verdadeiramente excepcional e surpreendente, e merece uma análise da causa. A surpresa dos fiéis é justificada quando atribuem a isso uma causa sobrenatural". (3)

     Catarina foi canonizada pelo Papa Clemente XII em 1737, e pelo Papa Pio, no ano de 1943, recebeu o título de Padroeira dos Hospitais Italianos.

 Notas:

1. F. M. Capes, Saint Catherine of Genoa, in The Catholic Encyclopedia, Online Edition Copyright © 2003 by Kevin Knight,

2. Edelvives, Santa Catalina de Genova, in El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, tomo V, p. 153.

3. Joan Carroll Cruz, Saint Catherine of Genoa, in The Incorruptibles, Tan Books and Publishers, Inc., Rockford, USA, 1977, p. 160.

 

Postado neste blog em 15 de setembro de 2011

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

7 Características do Santo Nome de Maria – 12 de setembro



     Por volta do século XVIII adeptos da heresia jansenista começaram a divulgar que a devoção à Santa Maria era uma superstição. Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, saiu em defesa da Mãe de Deus e publicou seu famoso livro “As Glórias de Maria”.
     Podemos encontrar no capítulo 10 desta obra, as 7 importantes características do Santo Nome de Maria que todo cristão sempre deve recordar:
 
1. Nome Santo
     “O nome augusto de Maria, como Mãe de Deus, não era coisa terrena, ou inventada pela mente humana ou escolhido por decisão humana, como acontece com todos os outros nomes que são impostos. Este nome foi escolhido pelo céu e imposto pelo arranjo divino, como evidenciou São Jerônimo, Santo Epifânio e outros santos”.
 
2. Cheio de doçura
     “O glorioso Santo Antônio de Pádua, reconheceu no nome de Maria a mesma doçura de São Bernardo, no nome de Jesus. ‘O nome de Jesus’, dizia este, ‘o nome de Maria’, dizia aquele, ‘é alegria para o coração, mel para a boca, melodia para o ouvido de seus devotos’... Lê-se no Cântico dos Cânticos, na Assunção de Maria os anjos perguntaram três vezes: ‘Quem é esta que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso, e de todos os pós dos mercadores? (C 3:6) Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras? (C 6:10)’
     “Pergunta Ricardo de São Lourenço: ‘Por que os anjos muitas vezes perguntam o nome da rainha?’ E ele respondeu: ‘Era tão doce ouvir os anjos pronunciarem o nome de Maria, por isso fazem tantas perguntas. Mas eu quero falar sobre a doçura saudável, conforto, amor, alegria, confiança e força que o nome de Maria concede àqueles que o pronunciam com fervor’”.
 
3. Alegra e inspira amor
     “Vosso nome, ó Mãe de Deus, como disse São Metódio, é cheio de graça e de bênçãos divinas. Assim, como São Boaventura disse, não podemos pronunciar o vosso nome sem receber alguma graça ao invocá-lo devotamente. Quando um coração está endurecido, como vós podeis imaginar, e todo desesperado, se ele vos chama, ó Virgem cheia de graça, tal é o poder do vosso nome, que suavizarás a sua dureza, porque sois quem conforta os pecadores com a esperança do perdão e da graça”.
 

4. Concede fortaleza
     “Pelo contrário, os demônios, diz Tomás de Kempis, tanto receiam a Rainha do Céu que, como do fogo, fogem de quem invoca o seu grande nome. A própria Virgem revelou o seguinte a Santa Brígida: ‘Por mais endurecido que seja um pecador, imediatamente o abandona o demônio, se invoca meu nome com o propósito de emendar-se’”. “Isso mesmo lhe confirmou em outra revelação, dizendo: ‘Todos os demônios têm um grande pavor e respeito diante de meu nome. Assim que o ouvem invocar, largam de pronto a alma presa em suas garras. E se os anjos maus se afastam dos pecadores que chamam pelo nome de Maria, os anjos bons tanto mais se chegam às almas justas que o pronunciam com devoção’”.
 
5. Promessas de Jesus
     “São maravilhosas as graças prometidas por Jesus Cristo aos devotos do nome de Maria, como disse Santa Brígida, conversando com a sua Mãe, revelando que todo aquele que invocar o nome de Maria com confiança e propósito de emenda, receberá estas graças especiais: dor de coração pelos pecados e a fortaleza para alcançar a perfeição e, finalmente, a glória do paraíso. Porque, disse o Divino Salvador, são para mim tão doces e queridas suas palavras, ó Maria, que não posso negar-vos o que pedistes”. “Em suma, Santo Efrem também disse que o nome de Maria é a chave que abre a porta do céu para aquele que o invoca com devoção”.
 
6. Oferece consolo
     “São Camilo de Lellis, recomendou fortemente aos seus religiosos que ajudassem os moribundos com frequência a invocar os nomes de Jesus e de Maria como ele mesmo sempre fazia; e praticou consigo mesmo na hora da morte, como relatado em sua biografia, repetindo os 2 nomes tão docemente, tão amados por ele, de Jesus e de Maria, que inflamavam de amor a todos os que o ouviam”. “E finalmente, com os olhos fixos naquelas amadas imagens, com os braços abertos, pronunciando pela última vez os doces nomes de Jesus e de Maria, o santo expirou com uma paz celestial”.
 
7. O que dizia São Boaventura
     “Roguemos, pois, meu amado e devoto leitor; roguemos a Deus que nos conceda a graça de ser o nome de Maria a última palavra que a nossa língua pronuncie, como Lhe pediu São Germano”. “Para a glória do vosso nome, ó bendita Senhora, quando minha alma sair deste mundo, vinde-lhe ao encontro e tomai-a em vossos braços. Dignai-vos vir consolá-la com a vossa doce presença; sede o seu caminho para o Céu, alcançai-lhe a graça do perdão e o eterno descanso. Ó Maria, advogada nossa, a vós pertence defender os vossos devotos, e tomar a vosso encargo a sua causa diante do tribunal de Jesus Cristo”.
 

Fonte:
https://www.acidigital.com/noticias/7-caracteristicas-do-santissimo-nome-de-maria explicadas-pelos-santos-26883

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Santa Pulquéria: A santidade elevada ao trono – 10 de setembro


Governante querida e respeitada, defensora da Igreja e da ortodoxia católica em meio aos esplendores da corte imperial de Constantinopla
 
    Santa Pulquéria nasceu no ano de 399 em Constantinopla, filha do Imperador Arcádio e da Imperatriz Eudóxia. Batizada por São João Crisóstomo, revelou desde cedo senso administrativo e rara piedade.
     Arcádio, ao morrer em 408, deixou Teodósio, filho de apenas oito anos, a filha Pulquéria, somente dois anos mais velha do que ele, além de outras filhas menores. Por isso, designara como tutor do imperador-menino um dos homens mais sábios do império, Antimo, muito ligado a Santo Afraates e a São João Crisóstomo.
  Pulquéria demonstrou tanto tino e maturidade, que em 414, tendo apenas 15 anos, foi proclamada Augusta, para compartilhar o governo com seu irmão.
     Apesar de ser apenas dois anos mais velha que Teodósio, Pulquéria encarregou-se de sua educação, cercando-o de mestres hábeis e virtuosos. Aplicou-se em inspirar-lhe profundos sentimentos de piedade. Ensinou-o a rezar, a amar tudo quanto se relacionava com o culto divino, e sobretudo a defender a doutrina da santa Igreja. Teodósio II foi casto, devoto, moderado, mas sem independência de ânimo e sem talento de governo.
     Pulquéria cuidou igualmente de suas duas irmãs menores, Arcádia e Mariana, levando-as a progredir na virtude. Incentivou-as a fazer, como ela, o voto de virgindade, consagrando-se assim a Deus. Juntas tomavam as refeições e faziam os exercícios de piedade, empregando o tempo livre em trabalhos manuais ou outras obras próprias ao sexo feminino. Em tudo se adiantava, praticando mortificações desconhecidas então na corte imperial. Proibiu a entrada no seu apartamento e nos de suas irmãs de pessoas do outro sexo, e não falava com homens senão em público. Recomendava a Deus todos os negócios de Estado, e não tomava nenhuma decisão séria sem antes ter ouvido as pessoas sábias e virtuosas que compunham seu conselho. Ela pensava com rapidez e obrava com resolução, não se tendo notícia de que, durante toda sua vida, houvesse uma só rebelião no império, o que era raro naqueles tempos conturbados.
Ingratidões e intrigas de corte
     Quando Teodósio completou 20 anos, Pulquéria deu-lhe como esposa a mais bela e cultivada donzela da corte, filha de um filósofo pagão de Atenas. Esta converteu-se, e no batismo tomou o nome de Eudóxia. Mesmo depois de se tornar imperatriz, Eudóxia compunha, com graça e espírito, escritos e poemas. Sua sabedoria era universal, tendo sido assombrosos seus progressos em gramática, retórica, matemática, música e poesia. Era também perita em bordados com fios de ouro e de púrpura, arte na qual assinalavam-se então as damas da sociedade.
     Grata a Santa Pulquéria, que a havia elevado ao trono, de início Eudóxia via com complacência a influência dela sobre o irmão. Mas depois de se tornar imperatriz, quis ela mesma governar o marido. Influenciada por descontentes da corte, começou a pressioná-lo para que afastasse Pulquéria da capital imperial.
Injustiças e o “concílio de ladrões”
     Nesse tempo, sucedendo a São Proclus, foi elevado à Sé de Constantinopla São Flaviano, fato que contrariou os desejos de Crisáfio, ministro de Teodósio II. Este procurou de todos os modos fazer o novo bispo cair em desgraça diante do imperador. E como Santa Pulquéria era resoluta advogada de São Flaviano, Crisáfio procurou o auxílio de Eudóxia para afastar os dois.
    Num sínodo que São Flaviano tinha convocado para analisar uma disputa havida em seu clero, o arquimandrita Eutiques, ligado a Crisáfio, foi acusado de heresia. Embora São Flaviano o tratasse com clemência, procurando fazer com que se retratasse e abandonasse a posição herética que defendia a respeito das duas naturezas de Cristo, Eutiques não abandonou a heresia. Diante da recusa, São Flaviano pronunciou sua sentença de degradação e excomunhão. Enviou depois uma relação completa do que se passara no sínodo ao Papa São Leão I, que aprovou sua decisão.
     Eutiques apelou para o imperador, reclamando que a justiça havia sido violada no sínodo, e pedindo revisão do mesmo. Feita esta por ordem de Teodósio II, nenhuma irregularidade foi constatada, e São Flaviano foi inocentado.
    Entretanto, o patriarca de Alexandria, Dióscoros, que súditos seus acusavam de vida irregular e opiniões heretizantes, tomou o partido de Eutiques. Crisáfio convenceu então Teodósio a convocar em Éfeso, no ano de 449, novo concílio, sob a presidência de Dióscoros, para de novo analisar a situação. Eutiques foi absolvido, apesar dos protestos do enviado papal, e todas as medidas contra ele anuladas. Flaviano foi condenado e deposto. Duramente maltratado em seu caminho para o exílio, faleceu três dias depois. Um partidário de Dióscoros foi nomeado para sucedê-lo na Sé de Constantinopla.
   São Leão I escreveu várias epístolas advogando a inocência de São Flaviano, especialmente a Teodósio II, a Santa Pulquéria e ao clero de Constantinopla. Fez mais: convocou um concílio em Calcedônia (ver abaixo) para julgar a farsa do que denominou “concílio de ladrões”. São Flaviano foi inocentado.
Sai do retiro para defender a Igreja
    Para fazer oposição a Pulquéria, Eudóxia levou o marido a apoiar o heresiarca Nestório, que atacava a maternidade divina de Nossa Senhora, e cujos erros haviam sido condenados pelo Concílio de Éfeso em 431. Eudóxia apoiava também o heresiarca Eutiques.
     Em vão São Cirilo de Alexandria tentou fazer ver à imperatriz Eudóxia o erro em que caía. Teodósio II publicou um edito no qual aprovava tudo o que havia sido feito pelos hereges.
     São Cirilo de Alexandria enviou então a Pulquéria, que sempre se mostrara ardente defensora da fé, uma obra que intitulou De fide ad Pulcheriam, pedindo-lhe defender a verdadeira doutrina da Igreja. Pulquéria convenceu o irmão a voltar atrás, e o reconhecimento dos erros de Nestório pelo imperador deve-se sobretudo à sua influência.
    Os nestorianos, aproveitando-se de toda a intriga existente no palácio, liderada por Crisáfio com o apoio da imperatriz Eudóxia, pressionaram também o imperador a afastar Santa Pulquéria. Sem nenhuma recriminação ao irmão nem à cunhada, que se mostravam assim tão ingratos, ela afastou-se para uma propriedade sua no campo, para ali levar uma vida verdadeiramente monástica.
     Eudóxia entrementes continuava a apoiar Eutiques e os nestorianos, ameaçando não só a ortodoxia, mas também o império.
     Em seu retiro, ao saber do que se passava na corte, Pulquéria ficava penetrada de dor, mas não pensava em intervir. Entretanto, o Papa São Leão suplicou-lhe encarecidamente que deixasse seu retiro e fosse em auxílio da Religião perseguida.
     Pulquéria voltou à corte para fazer cessar os abusos de que eram vítimas a Religião e o Império. Conseguindo falar a sós com seu irmão, o fez com tanta força e persuasão, que lhe tornou claro o abismo em que se tinha precipitado, apoiando Nestório contra São Cirilo de Alexandria. Teodósio II procurou remediar com novas leis o mal que tinha feito. E baniu da corte os instigadores da desgraça da irmã.
Única senhora do Império Romano do Oriente

    
Quando Teodósio II faleceu em 450, devido a uma queda de cavalo, sua viúva Eudóxia retirou-se para um convento em Jerusalém, onde terminou piedosamente seus dias. O que resta de seus inúmeros escritos demonstra que ela se tornou uma fervorosa católica, depois de ter, por más influências, apoiado os hereges.
    Com a morte do irmão, Pulquéria tornou-se única senhora do Império Romano do Oriente. Entretanto, para firmar sua autoridade, julgou seu dever dividi-la com o hábil general Marciano, viúvo, que juntava a um conhecimento profundo dos negócios um zelo ardente pela fé católica, incomum virtude e amor pelos pobres. Casou-se com ele, mas declarou-lhe o voto de virgindade que havia feito, e seu desejo de que Marciano o respeitasse. Assim ela o elevou ao trono imperial, vivendo ambos em continência.
     Tanto Marciano quanto Pulquéria opunham-se aos novos ensinamentos de Dióscoros e Eutiques, eivados de heresia. Por isso, Marciano informou ao Papa São Leão seu desejo de convocar um novo concílio, como era também desejo do Pontífice, para julgar os dois renitentes.
     O zelo de ambos pela ortodoxia mereceu-lhes grandes elogios da parte do Papa São Leão e dos padres reunidos nesse Concílio Ecumênico de Calcedônia, em 451, que condenou e excomungou novamente o heresiarca Eutiques, excomungou e depôs Dióscoros de sua Sé, e declarou São Flaviano mártir da fé.
     Os imperadores, para dar mais força a esse Concílio, assistiram pessoalmente a seis de suas sessões. Na sexta, Marciano e Pulquéria estiveram presentes com grande acompanhamento de todos os comissários imperiais e do senado. O imperador fez um discurso e foi lida a profissão de fé feita na sessão anterior, novamente aprovada pelos imperadores. Essa sessão terminou com alegres aclamações ao imperador e à imperatriz, que foram comparados a Constantino e Santa Helena.
     Santa Pulquéria trouxe então os restos mortais de São Flaviano para a capital do império, onde foram recebidos triunfalmente, e os sepultou junto aos seus predecessores na Sé de Constantinopla.
    Quando, ainda em 451, Átila enviou um ultimato aos imperadores para que lhes pagasse pesado tributo, sob pena de invasão, Pulquéria e Marciano responderam-lhe que tinham ouro para os amigos, e ferro para os inimigos. E recrutando novas tropas, guarneceram as fortalezas e se prepararam para a guerra, o que fez o huno desviar seus olhares para o decadente Império Romano do Ocidente, que com efeito atacou.
     Para aniquilar a heresia de Nestório, que negava a maternidade divina de Nossa Senhora, Pulquéria mandou construir no império três magníficas igrejas em honra da Mãe de Deus. Uma delas, especialmente bela, recebeu um quadro de Nossa Senhora de muito valor, que a Imperatriz Eudóxia lhe havia mandado de Jerusalém, e que era atribuído a São Lucas. O que comprova que a paz e o afeto haviam voltado a reinar entre as duas imperatrizes.
     Além de igrejas, Pulquéria construiu também hospitais, casas para peregrinos e, sempre preocupada com o decoro das casas de Deus, fez-lhes grandes doações. Também mandou trazer de volta para a capital imperial os ossos de São João Crisóstomo, que morrera no exílio. Sendo favorecida por uma visão, mandou buscar as relíquias dos 40 mártires de Sebaste, que foram encontradas próximo de Constantinopla.
     A grande imperatriz faleceu no dia 10 de setembro de 453, aos 69 anos. Durante a vida, havia sido a protetora da Igreja e dos pobres, e deixou em favor deles todos os bens de que podia dispor.
     Marciano executou fielmente o testamento de sua esposa, e continuou as boas obras que ela havia começado. E foi, por fim, reunir-se a ela em 457, depois de quatro anos de enérgico governo.
 
Fonte: http://catolicismo.com.br       Autor: Plinio Maria Solimeo
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Obras consultadas:
- Juan Bautista Weiss, Historia Universal, Tipografia La Educación, Barcelona, 1928, tomo IV.
- Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, Saragoça, 1955, tomo V.
- Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo III.
- J.P.Kirsch, Saint Pulcheria, The Catholic Encyclopedia, Online edition, www.NewAdvent.org
- Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo XI.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Beata Serafina Sforza, Viúva e Clarissa - 9 de setembro


Martirológio Romano: Em Pesaro, Piceno, na Itália, Beata Serafina Sforza, que depois de sofrer muitas adversidades na vida conjugal, passou humildemente os restantes anos de sua vida sob a Regra de Santa Clara (1478).

      Sveva Feltria pertencia à ilustre família dos Condes de Montefeltro, senhores de Urbino de 1234 a 1508. Nasceu em Urbino em meados de 1432, última filha de Guido Antônio e Catarina Colonna, sobrinha do Papa Martinho V.
     Em 1438 sua mãe faleceu e cinco anos mais tarde seu pai também. Durante algum tempo permaneceu em Urbino sob a tutela de seu irmão Odantonio e após a morte trágica deste foi acolhida por seu irmão Frederico.
     Em março de 1446 abandonou sua cidade natal e viveu em Roma por um ano, junto ao seu tio materno, o Cardeal Próspero Colonna, que, segundo os costumes da época, promoveu o casamento de sua jovem sobrinha com um senhor de Pesaro, Alexandre Sforza, de 40 anos. O casamento ocorreu em 9 de janeiro de 1448.
     Logo Sveva ficou sozinha devido a partida de seu esposo chamado por seus compromissos militares na guerra da Lombardia. Sveva se empenhou nos seus deveres de estado assistida pela tia Vitória Colonna, pela prima Isabel Malatesta; cuidou da educação de seus enteados, Batista e Constâncio Sforza, filhos de seu marido e da sua falecida esposa, Constança Varano.
     Sveva passou a sofrer enormes dificuldades devido às desconfianças e calúnias propagadas contra ela. Foi acusada de infidelidade e de urdir um complô para matar o marido quando voltasse. Alexandre Sforza chegou a querer desfazer-se dela tentando envenená-la várias vezes; uma noite inclusive tentou estrangulá-la. A defesa que seus parentes fizeram dela de nada adiantaram. Foi obrigada por seu marido e seu cunhado, o Duque de Milão, a ingressar no convento de Corpus Christi das Clarissas, em Pesaro, onde, após a dispensa obtida do Papa Calixto III, fez sua profissão religiosa em fins de agosto de 1457, tomando o nome de Irmã Serafina.
     Passou 21 anos no mosteiro de Corpus Christi, durante os quais foi a edificação para suas coirmãs na prática das virtudes cristãs, na caridade para com Deus e o próximo, na humildade, na assistência às doentes e na rígida pobreza.
     Em 1475, por votação unânime, foi eleita abadessa. Nos últimos anos de sua vida teve a imensa alegria de ver a conversão de seu marido. Este, arrependido de seus desmandos e de quanto a havia feito sofrer, lhe pediu humildemente perdão de tudo, reconhecendo seus erros. Nos vários encontros com ela no mosteiro, fixou as bases de uma nova vida verdadeiramente cristã, na oração, na intima união com Deus, no cumprimento de seus deveres. Alexandre Sforza faleceu em 1473.
     Cinco anos depois, no dia 8 de setembro de 1478, Serafina faleceu em seu mosteiro de Pésaro, na idade de 44 anos. Sua morte foi lamentada pelas Clarissas e por toda a cidade, que a veneravam como santa. Seu corpo, exumado alguns anos após sua morte, foi encontrado incorrupto, e é preservado na catedral de Pesaro.
     Bento XIV aprovou o seu culto em 17 de julho de 1754. Ela é celebrada no dia 9 de setembro na Ordem Franciscana.
 
Postado neste blog em 7 de setembro de 2013