domingo, 14 de setembro de 2025

Santa Catarina (Fieschi Adorno) de Gênova, Viúva, Mística – 15 de setembro

     Santa Catarina nasceu no ano de 1447, na célebre família Fieschi de Gênova. Esta família deu à Igreja dois Papas, nove cardeais e dois arcebispos, além de magistrados e capitães. Seus pais eram fervorosos católicos e a educaram no santo temor de Deus. 
     Catarina foi objeto de copiosas bênçãos do Céu: aos oito anos, recebeu um dom particular de oração e união com Deus; aos 12, já procurava renunciar à sua vontade para só fazer a do Divino Redentor e meditava constantemente na Paixão de Nosso Senhor; aos 13 anos, quis consagrar-se a Deus em um convento, mas devido à pouca idade não foi admitida.
    

 Gênova então era palco de guerras sangrentas entre guelfos (partidários do poder temporal dos Papas) e gibelinos (defendiam o poder do Imperador). Aproveitando-se da situação caótica, o duque de Milão tomou a cidade.
     Logo a paz foi restabelecida e os desentendimentos entre as famílias rivais se acalmaram. Os Fieschi e os Adornos, que se reconciliaram a partir de então, decidiram promover o casamento de Catarina Fieschi com Julião Adorno. Catarina, então com 16 anos, em tudo via a mão de Deus e aceitou o matrimônio, algo tão contrário às suas aspirações.
     Mas, Julião, de temperamento colérico, volúvel e extravagante, tornou o casamento infeliz. Ele amava as pompas e as vaidades, o luxo, os prazeres, enquanto Catarina considerava tudo vaidade e aflição de espírito. Ele passou a desprezá-la e a ultrajá-la de muitos modos. Além disso, sendo um jogador contumaz, dilapidou sua fortuna, como também o dote de Catarina. Aos poucos o casal ia caindo na pobreza.
     Catarina, porém, procurava pela paciência e pela prática das virtudes conquistar a alma do esposo para Deus. Por cinco anos ela sofreu aquela situação, parecendo-lhe que Deus a deixara entregue à sua própria sorte. Vendo-a tão provada, os parentes a aconselharam a retomar a vida social; visitas a senhoras de sua categoria, diversões e festas de seu círculo, entretanto não preenchiam os anseios de seu coração. Outros cinco anos se passaram.
     Em 1473, no dia de São Bento, foi aconselhada por sua irmã religiosa a consultar o confessor do convento. Catarina, então com 26 anos, procurou o sacerdote. Mais tarde ela contaria que assim que se ajoelhou no confessionário, "foi objeto de uma das mais extraordinárias operações de Deus na alma humana, de que tenhamos notícia. O resultado foi um maravilhoso estado de alma que durou até sua morte. Nesse estado ela recebeu admiráveis revelações, às quais às vezes se referiu aos que a rodeavam, e que estão sobretudo incorporadas em suas duas celebradas obras – os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório". (1)
     "O Senhor dignou-se iluminar sua mente com um raio tão claro e penetrante de sua divina luz, e acender em seu coração uma chama tão ardente de seu divino amor, que ela viu em um momento, e conheceu com muita clareza, quão grande é a bondade de Deus, que merece infinito amor; além disso, viu quão grande é a malícia e perversidade do pecado e da ofensa a Deus, quaisquer que sejam, mesmo ligeiros e veniais".
     Catarina sentiu uma contrição muito viva por seus pecados e um amor tão grande a Deus, que fora de si exclamava: "Amor meu, nunca mais hei de ofender-te!". O resultado deste amor foi um desejo insaciável da Santa Comunhão. Obteve a graça de poder comungar diariamente, fato raríssimo naquele tempo. Era tão grande a força transmitida pelo Pão dos Anjos, que ela passava os 40 dias da Quaresma e os do Advento sem outro alimento além de um copo de água misturada com vinagre e sal.
     Catarina praticava severas austeridades: dormia sobre uma enxerga, tendo como travesseiro um pedaço de madeira; disciplinava-se, usava cilícios e proibiu a si própria de proferir palavras inúteis; rezava diariamente de joelhos durante sete a oito horas.
     Tendo Nosso Senhor lhe aparecido com sua cruz, cheio de sofrimento e irrisão, tão profunda foi sua dor ao contemplar aquela imagem sofredora, que ela chorava com frequência ao considerar a ingratidão dos homens depois dos benefícios da Redenção.
     Catarina conseguiu converter o marido após muitas orações, grande paciência e submissão. Combinaram viver como irmãos e praticar boas obras. Em 1482, eles se instalaram numa casa contígua a um hospital, onde cuidavam dos doentes. Julião entrou para a Ordem Terceira de São Francisco; enfrentou uma enfermidade que o levou à morte, em 1497, após receber os Sacramentos.
     Catarina entrou na Sociedade da Misericórdia, que fora constituída pelos mais distintos habitantes da cidade e por oito damas escolhidas entre as mais nobres e ricas de Gênova, tendo como objetivo o socorro os pobres.
     Ela foi encarregada da distribuição das esmolas angariadas pela associação; socorria de preferência os leprosos ou portadores de úlceras gangrenosas, procurava para eles moradia, cama, roupa e alimento. Conseguiu dominar a repugnância natural que essas pessoas provocavam e prestava a elas os mais humildes serviços, inclusive cuidar de suas chagas repugnantes.
     Admirados com sua dedicação, os administradores do Hospital Pammatone, de Gênova, entregaram a ela a sua administração, cargo que Catarina ocupou até a morte.
     A Santa sofreu, nos últimos nove anos de sua vida, uma doença que. segundo os melhores médicos da Itália, não tinha causa natural: sua origem era sobrenatural e não havia remédio para ela. Com frequência ela ficava às portas da morte.
     Obediente ao seu confessor, Catarina escreveu as duas mencionadas obras que contêm doutrina e são inteiramente de acordo com as verdades de Fé: os Diálogos da Alma e do Corpo e o Tratado sobre o Purgatório. No primeiro, Catarina descreve os efeitos do amor divino em uma alma, a alegria que os acompanham. Quanto ao segundo, tão grande era seu contato com as almas do Purgatório, que essa obra valeu a ela o título de Doutora do Purgatório.
     Santa Catarina faleceu em Gênova, aos 63 anos, no dia 15 de setembro de 1510, e foi sepultada na capela do Hospital. Seu corpo incorrupto foi removido para outros lugares nos anos 1551, 1593 e 1642. Em 1694, ainda incorrupto, foi colocado num relicário de prata e cristal, sob o altar-mor da igreja erigida em sua honra no bairro de Portoria, em Gênova. Ali a Santa é venerada por muito devotos.
     Em 1837 e em 1960, o corpo incorrupto de Santa Catarina foi cuidadosamente examinado por peritos. O médico chefe da última equipe declarou: "A conservação é verdadeiramente excepcional e surpreendente, e merece uma análise da causa. A surpresa dos fiéis é justificada quando atribuem a isso uma causa sobrenatural". (3)
     Catarina foi canonizada pelo Papa Clemente XII em 1737, e pelo Papa Pio, no ano de 1943, recebeu o título de Padroeira dos Hospitais Italianos.
 
Notas:
1. F. M. Capes, Saint Catherine of Genoa, in The Catholic Encyclopedia, Online Edition Copyright © 2003 by Kevin Knight,
2. Edelvives, Santa Catalina de Genova, in El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, tomo V, p. 153.
3. Joan Carroll Cruz, Saint Catherine of Genoa, in The Incorruptibles, Tan Books and Publishers, Inc., Rockford, USA, 1977, p. 160.
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Santa Rosália, Virgem e eremita de Palermo - 4 de setembro

 
    Rosália Sinibaldi viveu no período feliz de renovamento católico que se restabelecera na Sicília após a expulsão dos árabes, que haviam permanecido na região de 827 a 1072. Foi possível então a difusão dos mosteiros Basilianos e Beneditinos. Naquela atmosfera de fervor e renovação religiosa se inseriu a vocação eremítica desta Santa.
     Rosália nasceu no ano 1125 em Palermo, na Sicília, Itália. O nome Rosália resulta da contração dos nomes "Rosa" e "Lilia" (Lilium). Era filha de Sinibaldo, rico senhor de Quisquinia e das Rosas, na província de Agrigento, então chamada Girgenti, e de Maria Guiscarda, sobrinha do rei normando Rogério II. Segundo a tradição, ela pertencia a uma nobre família normanda descendente de Carlos Magno.
     Durante a adolescência foi dama da corte da Rainha Margarida, esposa do Rei Guilherme I da Sicília, que apreciava sua companhia amável e generosa. Porém, ela não se sentia atraída por nada disso, pois sabia que sua vocação era servir a Deus e ansiava pela vida monástica.
     Aos catorze anos, levando consigo apenas um crucifixo, Rosália abandonou de vez a corte e se refugiou numa gruta que pertencia ao feudo paterno e era um local ideal para a reclusão monástica, pois ficava próximo do convento dos beneditinos que possuía uma pequena igreja anexa. Mesmo vivendo isolada, Rosália podia receber orientação espiritual e seguir as funções litúrgicas.
     Mais tarde a ermitã se transferiu para uma gruta no alto do Monte Pelegrino, que lhe fora doada pela amiga a Rainha Margarida. Ali já existia uma pequena capela bizantina e nos arredores outro convento de beneditinos. Eles acompanharam, testemunharam e documentaram a vida eremítica de Rosália, que viveu em oração, solidão e penitência. Atraídos pela fama de santidade da ermitã, os habitantes do povoado subiam o monte para vê-la.
     Rosália faleceu no dia 4 de setembro de 1160 na sua gruta no Monte Pellegrino, em Palermo.
     No início de 1600, o seu culto havia caído quase no esquecimento, sendo ela entretanto ainda venerada; no Monte Pelegrino, em grutas vizinhas a que ela, segundo a tradição, habitara, alguns ermitões viviam e eram conhecidos como os “solitários de Santa Rosália”.
     Em 26 de maio de 1624, Jeronima Gatto, uma doente terminal, viu em sonho uma jovem vestida de branco que lhe prometia a cura se fosse ao Monte Pelegrino para agradecê-la. A mulher, ardendo de febre, foi ao monte acompanhada de duas amigas. Após beber a água que escorria da gruta se sentiu curada e caiu em um torpor repousante. A jovem de branco apareceu-lhe de novo dizendo-se ser Santa Rosália e lhe indicou o local onde estavam sepultadas as suas relíquias.
     O fato foi referido aos frades franciscanos do convento vizinho, cujo superior deles, São Benedito (1526-1589), já havia tentado encontrar as relíquias, sem sucesso. Eles então retomaram as buscas, e em 15 de julho de 1624 encontraram, a quatro metros de profundidade, uma urna de cristal de rocha de seis palmos de comprimento por três de largura, na qual estavam aderidos ossos.
     Levada para a cidade, a urna foi examinada por teólogos e médicos que chegaram a conclusão de que os ossos podiam pertencer a mais de uma pessoa. Não convencido, uma segunda comissão foi nomeada pelo Cardeal Arcebispo de Palermo, Giannettino Doria.
     Entrementes uma terrível epidemia grassou na cidade de Palermo fazendo milhares de vítimas. O Cardeal reuniu na catedral povo e autoridades, e todos juntos pediram a ajuda de Nossa Senhora, fazendo voto de defender o privilégio da Imaculada Conceição, tema de debates na Igreja de então, e de declarar Santa Rosália padroeira principal de Palermo, venerando suas relíquias quando elas fossem reconhecidas. Após a promessa, a epidemia cessou.
     Em 25 de agosto de 1624, quarenta dias após a descoberta dos ossos, dois pedreiros, que executavam trabalhos no convento dos dominicanos de Santo Estêvão de Quisquinia, acharam numa gruta uma inscrição latina muito antiga que dizia: Eu, Rosália Sinibaldi, filha das rosas do Senhor, pelo amor de meu Senhor Jesus Cristo, decidi morar nesta gruta de Quisquinia. Confirmando, assim, as tradições orais da época. Um santuário foi edificado na gruta onde seus restos mortais foram encontrados.
     Em 11 de fevereiro de 1625 uma comissão científica comprovou a autenticidade das relíquias e da inscrição, e em 1630 o Papa Urbano VIII incluiu as duas datas no Martirológio Romano. Estes fatos reacenderam o culto à Santa Rosália. 
    Santa Rosália é festejada em 15 de julho, data que suas relíquias foram encontradas, e em 4 de setembro, data de seu falecimento. Anualmente acontece em Palermo, na noite de 14 para 15 de julho, uma grande festa religiosa denominada Festino di Santa Rusulia. A procissão das relíquias da Santa, de pompa extraordinária, percorre as ruas da cidade entre orações, cânticos e aclamações. E a cada ano, no dia 4 de setembro, renova-se a tradição de caminhar, com os pés descalços, de Palermo até o Monte Pelegrino.
     A urna contendo os restos mortais de Santa Rosália pode ser venerada no Duomo de Palermo. Os palermitanos a chamam de "a Santuzza" (a santinha). Santa Rosália é venerada como padroeira de Palermo desde 1666 e é tida como protetora contra doenças infecciosas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Santa Febe (Phoebe), Coadjutora de São Paulo - 3 de setembro

      São Paulo ele mesmo é a fonte, tão ilustre quanto lacônica, sobre esta Santa. Dele ficamos sabendo que Febe (1) tinha uma incumbência eclesiástica junto à comunidade cristã de Kenchris, pequena cidade portuária ao leste de Corinto, no istmo do mesmo nome. Ela desempenhava o ofício de oráxovo (ministra), termo que foi dado pela primeira vez a uma mulher na Igreja nascente.
     De tais mulheres parece São Paulo tratar em I Tim. 5, 9 sg, onde são postas em relevo as qualidades familiares e morais necessárias às viúvas para serem eleitas: “seja escolhida a viúva (para o serviço da Igreja) com não menos de sessenta anos, que tenha sido mulher dum só marido, que tenha reputação de boas obras: se educou bem os seus filhos, se praticou a hospitalidade, se lavou os pés dos santos, se acudiu aos atribulados, se praticou toda a obra boa”.
     
     Santa Febe, como tantas outras figuras femininas mencionadas no Novo Testamento, refletem um dos trabalhos do Espírito Santo na Santa Igreja nascente: moldar o papel da mulher na instituição. As viúvas, as esposas e mães, as virgens, cada uma terá será sua função. As mães deveriam guardar os tesouros da Fé deixando-os indeléveis nas almas dos filhos; as viúvas, como Santa Febe, dedicando-se à comunidade cristã; as virgens, dedicando-se à vida de contemplação e sacrifício, que logo nos séculos seguintes desabrochariam nos primeiros conventos. Evidentemente, como tudo na Igreja, como todo o organismo vivo e saudável, nada era tão esquemático: viúvas houve que fundaram mosteiros, virgens que fundaram obras assistenciais, etc.
     Podemos deduzir que Santa Febe era viúva de uma certa idade e de boa condição social, o que lhe permitia dedicar-se às boas obras mencionadas por São Paulo, em particular a hospitalidade.
     Talvez São Paulo tenha aludido à hospitalidade ao elogiá-la por ter assistido a muitos, inclusive ele próprio, o que, aliás, é bastante aceitável pela posição geográfica de Kenchris, para onde convergia um importante tráfico com as ilhas Egeu e com a Ásia Menor. O que devia dar ocasião a Febe de atender os viajantes cristãos que vinham daquelas terras.
     Ignora-se o motivo de sua viagem a Roma, mas há uma tradição que a menciona como a portadora da Epístola aos Romanos. Também é desconhecido o ano e o local de seu falecimento. Se a Epístola aos Romanos foi escrita nos primeiros meses de 57, como parece certo, Febe já então sexagenária pode ter morrido algum tempo depois daquele ano.
     No Ocidente, o seu culto é bem documentado, atestado por vários martirologios, inclusive o Martirologio Romano. É comemorada no dia 3 de setembro.
 
(1) Etimologia: Febe deriva de Phoebe, do grego = radiante, brilhante, o sol
 
Fonte: www.santiebeati/it

Santa Colomba, Eremita – 1° de setembro

 

Santa Colomba representada junto a Nossa Senhora, tendo a esquerda seu irmão São Berardo
 
     Muito impressiona aos hagiógrafos o elenco de famílias inteiras de santos, desde o início da expansão do Cristianismo e mais especialmente os nobres e os governantes no período glorioso da Idade Média; o fenômeno é mais evidente nos países anglo-saxões, mas também na Itália houve muitos casos.
     Um dos casos mais famosos é o da família dos condes de Pagliara, próximo de Castelli, na província de Teramo. Eram desta família São Berardo, bispo de Teramo e padroeiro da cidade, sua irmã é Santa Colomba e seus irmãos os santos Nicolau e Egídio.
     Os Pagliara tinham o título de conde, talvez herdado dos antigos condes Marsi e eram os senhores do Vale Siliciano, que abrangia um vasto território no Grand Sasso, Itália.
     Berardo, já monge beneditino e sacerdote em Montecassino, se retirou no famoso Mosteiro de São João em Venere, Abruzzo, e dali foi chamado para a sede episcopal de Teramo.
     De seus irmãos, Nicolau e Egídio, só se sabe que eles são mencionados em uma breve citação, juntamente com Santa Colomba, por estudiosos hagiográficos, como os Bollandistas, constituídos pelo jesuíta belga Jean Bolland (1596-1665) para compilar o 'Acta Sanctorum'.
     Na mesma citação, no dia 1º de setembro, Santa Colomba é lembrada como uma jovem condessa de Pagliara que nasceu em 1100; retirou-se jovem para viver como ermitã nas encostas do Monte Infornace (Grand Sasso).
     A caverna onde ela viveu e morreu está localizada a meio caminho de um penhasco, no qual está esculpido um sinal dizendo "pente de Santa Colomba", em memória do uso pela jovem de um pente para manter seus longos cabelos; nas proximidades existe a impressão de uma mão na rocha, que recorda o fato da Santa ter se apoiado ali ao escalar a montanha íngreme.
     Os dois "sinais" estão ligados ao culto das pedras, ainda florescente em Abruzzo, incluindo a presença de um buraco milagroso, existente sob o altar da igreja dedicada a Santa Colomba, construída pelo Bispo Berardo, seu irmão, após sua morte ocorrida no inverno de 1116, então tinha apenas 16 anos; os devotos acreditam que ao introduzir a cabeça no buraco podem ser curados de algumas doenças.
     A capela foi abençoada em 1216 por Santo Atanásio, bispo de Penne. No dia 1º de setembro comemora-se a sua festa. 
     A Ermida de Santa Colomba está situada a 1250 metros acima do nível do mar, no sopé do Monte Infornace. Tem acesso por Pretara através de um bom caminho. Segundo a tradição, neste lugar, no século XII, Santa Colomba, filha dos condes de Pagliara e irmã de São Berardo, abandonando o conforto do castelo, se retirou em oração e penitência.
     Entre as legendas que cercam a vida da santa, as mais comuns são as que falam da impressão de sua mão em uma rocha, que pode ser encontrada no caminho até o eremitério e o do chamado "pente de Santa Colomba" que, para alguns, seria uma série de incisões paralelas (como os dentes de um pente) sobre uma rocha plana na vizinhança da Ermida.
     Santa Colomba morreu, amorosamente assistida por seu irmão, o futuro bispo de Teramo. Em 1595 seus restos mortais foram transferidos para a Igreja de Santa Lúcia e só em 1955 a imagem de Santa Colomba, e os seus restos sagrados, foram transferidos para a capela de Pretara.
     A igreja, recentemente restaurada, possui uma alvenaria de pedra calcária coberta com gesso cimentício de grão grande e uma torre sineira à vela posicionada na linha do telhado de duas águas. Dentro da base do altar e do afresco com a imagem da Madona e do Menino Deus devem ser observados.
     O interior é de forma trapezoidal, com o presbitério elevado em dois degraus. No altar, está a imagem de Santa Colomba e ao lado dela está uma abertura que abrigava as relíquias do Santa.
     A igreja foi restaurada recentemente. Em uma placa colocada em uma parede, lê-se "ANNO DOMINI MDCXXXXVII SACERDOS D. ROMANO DUS TATTONUS INSULANUS CARITATE SUIS MANIBUS FECIT HOC OPUS. FR. IO. PATRIMÔNIO MINISTÉRIO”. Do lado de fora, acima da porta da frente, outra placa diz: "À SANTA COLOMBA, CONDESSA DE PAGLIARA E IRMÃ DE SÃO BERARDO BISPO DE TERAMO, O POVO DE PRETARA EM RECORDAÇÃO DO CENTENÁRIO DO ENCONTRO DOS RESTOS MORTAIS DA SANTA RAINHA DAS NOSSAS MONTANHAS. PRETARA 1º DE SETEMBRO DE 1992. H. MT.1234".    
     Em 1º de setembro ocorre a festa da Santa e a igreja se torna um local de encontro de muitos devotos que vêm homenageá-la. Muitos vêm para admirar, segundo uma lenda antiga, a rocha onde está estampado o pente da Santa, outros para descansar a cabeça no buraco que tira a dor de cabeça, outros para admirar as maravilhosas e milagrosas cerejeiras que a Santa fez florescer em pleno inverno para homenagear seu irmão São Berardo.
 
                                                                                                             
http://www.santiebeati.it/dettaglio/92314.
 

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Santa Maria de Jesus Crucificado Baouardy, Carmelita Descalça - 26 de agosto

      
     A Santa nasceu em Abellin, pequeno povoado a meio caminho entre Haifa e Nazaré, a 5 de janeiro de 1846. Era filha do casal Jorge Baouardy e Mariam Chahyn, fervorosos católicos palestinos. Eles haviam obtido a graça de seu nascimento após uma peregrinação a pé, percorrendo uma distância de 170 km até Belém, ao local onde nasceu o Menino Jesus. A menina foi batizada e crismada no mesmo dia, segundo o rito católico melquita, recebendo o nome de Mariam. Um ano depois nasceu-lhes um menino, Baulos (Paulo).
     Em 1848, os pais de Mariam morrem um após o outro. Segundo o costume oriental, as crianças foram repartidas entre os parentes. Baulos foi adotado por uma tia materna de um povoado vizinho, e ela acolhida por um tio paterno abastado. Aos 8 anos faz sua primeira comunhão. Alguns anos depois ele se mudou para Alexandria, Egito, levando-a consigo.
     Conforme o uso oriental, seu casamento foi ajustado e quando completou 13 anos lhe disseram que chegara o momento do casamento. Porém, Mariam já sentia um chamado de Deus e não desejava se casar, e comunicou isto aos tios. Nem as humilhações, nem os maus tratos puderam fazê-la mudar sua decisão.
     Após três meses, ela visitou um velho criado da casa de seu tio para que este enviasse uma carta a seu irmão, que vivia na Galileia, para que viesse ajudá-la. Ouvindo a narração de seus sofrimentos, o criado, que era muçulmano, exortou-a a converter-se ao Islã. Mariam respondeu com ênfase: "Muçulmana eu? Jamais! Sou filha da Igreja Católica e espero permanecer assim por toda vida!" Enfurecido, o homem deu-lhe um violento pontapé que a derrubou ao chão, e, com uma cimitarra, deu-lhe um golpe na garganta. Crendo que ela estava morta, envolveu-a num lençol e abandonou-a em uma rua escura. Era o dia 8 de setembro.
     A própria Mariam contaria muitos anos mais tarde que, como num sonho, lhe parecia ter entrado no Paraíso onde viu a Virgem, os Santos e também os pais e a Gloriosa Trindade. Ouviu então uma voz que lhe disse: "O teu livro ainda não está todo escrito".
     Acordando, se encontrava numa gruta onde passou vários dias com febre, sendo assistida por uma jovem senhora que parecia ser uma religiosa e que vestia um véu azul. Esta a atendia, alimentava e fazia dormir. Depois de quatro semanas, aquela senhora conduziu-a a igreja dos Franciscanos, deixando-a lá.
     Curada, mas só, pois não poderia voltar para sua família adotiva, com o ajuda de um franciscano Mariam se colocou como doméstica a serviço de famílias não abastadas em Alexandria, Beirute, Jerusalém. Nesta cidade fez o voto de castidade perpétua no Santo Sepulcro. Em 1863, a família Nadjar, para a qual trabalhava, se transferiu para Marselha, França, levando-a consigo.
     Em 1865, Mariam entrou em contato com as Irmãs de São José de Marselha. Tinha 19 anos, mas só parecia ter 12 ou 13. Falava mal o francês e possuía uma saúde frágil, mas foi admitida no noviciado.
     Sempre disposta aos trabalhos mais pesados, ela passava a maior parte do tempo lavando ou na cozinha. Mas, dois dias por semanas revivia a Paixão de Jesus: Mariam recebia os estigmas (que na sua simplicidade acreditava ser uma enfermidade) e toda classe de graças extraordinárias começaram a manifestar-se. Algumas irmãs ficaram desconcertadas com o que se passava com ela, e, ao final de dois anos de noviciado, não é admitida na Congregação.
     Em 14 de junho de 1867, Mariam entrou no Carmelo de Pau (Baixo Pirineus), apresentada por sua antiga mestra de noviciado, Irmã Verônica da Paixão, que declarou: "esta pequena árabe é um milagre de obediência".
     Em 27 de julho de 1867 tomou o hábito carmelitano adotando o nome de Maria de Jesus Crucificado. A sua condição de analfabeta a colocava entre as conversas e para ela, que aspirava somente servir, assim estava bem. Mas foi decidido colocá-la entre as coristas, e a obrigaram a aprender a ler e a escrever, porém sem sucesso. Em 1870 voltou a ser conversa.
     Em 1870, com um pequeno grupo de Irmãs, Mariam parte para a Índia, para fundar o primeiro mosteiro de carmelitas daquele país, em Mangalore. A viagem de barco foi uma aventura e três religiosas morreram antes de chegarem. Reforços são enviados e no final de 1870 a vida claustral pode ser iniciada.
     Os fenômenos extraordinários, que ela procurava esconder, continuaram na terra de missão. Ao mesmo tempo ela era a alma da fundação, enfrentando todos os trabalhos pesados e dando atenção aos problemas inerentes a uma nova fundação. Durante seus êxtases, as irmãs às vezes podiam ver seu rosto resplandecente na cozinha ou em outro local. Mariam participava em espírito dos acontecimentos da Igreja, por exemplo, nas perseguições na China. Parecia estar possuída exteriormente pelo demônio, que a fazia viver terríveis tormentos e combates.
     A superiora e o bispo, porém, começam a duvidar da autenticidade das manifestações extraordinárias, acusando-a de visionária, de ter uma imaginação oriental muito ardente, etc. Apesar das tensões, ela emitiu os votos no término de seu noviciado, em 21 de novembro de 1871. Como as tensões continuassem, ela foi enviada de volta ao Carmelo de Pau em setembro de 1872. As Irmãs que a perseguiram reconheceram mais tarde o seu erro e expressaram o seu arrependimento.
     Em Pau ela retomou sua vida simples de Irmã conversa, feita de muito trabalho entremeado de episódios prodigiosos. Dom de profecia, ataques do demônio ou êxtases, entre todas essas graças divinas ela sabe, de maneira muito profunda, ser ‘nada’ diante de Deus, e quando fala dela mesma se chama "o pequeno nada", é realmente a expressão profunda de seu ser.
     Iletrada como era, encantada com a natureza, compunha belíssimas poesias e inventava melodias para cantá-la. É bom frisar que todos os fatos extraordinários são vividos por Irmã Maria com grande humildade e simplicidade. Muitas pessoas a procuravam para serem reconfortadas, aconselhadas, e pedir orações.
     Em 28 de junho de 1873, pela manhã, a Priora a encontrou sentada em um pequeno banco diante de uma janela aberta: "Madre - ela disse - todos dormem. E Deus, tão cheio de bondade, tão grande, tão digno de louvores, é esquecido!... Ninguém pensa nEle!... Vede, a natureza O louva; o céu, as estrelas, as árvores, as ervas, todas as criaturas O louvam; porém o homem, que conhece seus benefícios, que deveria louvá-Lo, dorme!... Vamos, vamos, despertemos o universo! Jesus não é conhecido, Jesus não é amado!"
A fundação do Carmelo de Belém     
Nossa Senhora havia predito que Irmã Maria seria a alma propulsora da fundação de Carmelos na Palestina. A fundação em Belém era algo muito complicado por motivos políticos. O Bispo de Biarritz escreveu uma carta ao Papa Pio IX expondo o projeto das religiosas do Carmelo de Pau e pedindo sua autorização para concretizar a fundação. O Papa apoiava o projeto e aprovou-o.
     Depois de uma peregrinação a Lourdes, no dia 20 de agosto de 1875 um pequeno grupo de carmelitas embarcou para esta aventura. Irmã Maria de Jesus Crucificado zarpou com elas para o Oriente Médio.
     Os locais sagrados já estavam nas mãos de muçulmanos e cismáticos. A alegria de estar na Terra Santa foi totalmente ofuscada por esse fato. A alegria de Irmã Maria esvaiu-se:
     "Como o Senhor permite semelhantes coisas? Ah, isto é demais! Se eu fosse Jesus jamais suportaria semelhante profanação!" Mas, ela faz uma reflexão e diz: "Isto é um castigo para a Cristandade, porque há uma coisa que é muito pior. Ah, Senhor, quantas almas são mais abomináveis ainda do que o Cenáculo estar nas mãos dos muçulmanos, e nessas almas Vós sois obrigado a descer! Eu compreendo a profanação deste lugar Santo pensando em todas as comunhões indignas e sacrílegas que acontecem na vossa Santa Igreja".
     O Senhor mesmo guiava Mariam na escolha do local e na forma de construção do novo Carmelo. Como ela era a única que falava árabe, encarregava-se particularmente de seguir os trabalhos “imersa na areia e na cal”. A comunidade instalou-se no dia 21 de novembro de 1876, enquanto certos trabalhos continuaram.
     Mariam preparou também a fundação de um Carmelo em Nazaré, viajando até lá para comprar o terreno, em agosto de 1878. Durante essa viagem Deus revelou a ela o lugar de Emaús, o qual foi adquirido.
     De volta a Belém, retomou a vigilância dos trabalhos sob um calor sufocante. Quando levava aos trabalhadores algo para beber, Mariam caiu de uma escada e partiu um braço. A gangrena avançou muito rapidamente e ela morreu poucos dias depois, em 26 de agosto de 1878, aos 32 anos.
     Ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II a 13 de novembro de 1983 e canonizada em 17 de maio de 2015.
 
Fontes:
www.carmelitas.pt
pt.m.wikipedia.org

Sta. Maria Micaela do Ssmo. Sacramento, Fundadora - 24 de agosto

   

     Micaela Desmaissières y López de Dicastillo era filha de um opulento aristocrata e valente militar espanhol que em 1809 combatia as tropas de Napoleão que tinham invadido a Espanha. Sua mãe, Bernarda, era camareira da rainha Maria Luiza de Parma e tinha um irmão — Diego, depois conde de la Veja del Pozo — que foi embaixador do governo espanhol em Bruxelas e Paris, tendo falecido prematuramente aos 49 anos de idade.
     Austera, Bernarda educou os filhos à maneira das grandes famílias de antanho. Por isso quis que a filha, apesar de aristocrata, aprendesse a cozinhar, passar, e ocupar-se de todos os afazeres domésticos. Dizia que isso era “para o que possa suceder”. Micaela aprendeu também a tocar vários instrumentos musicais. Bernarda legou também à filha o hábito de passar de duas a três horas na igreja, o que Micaela fazia “embevecida em ternos afetos”.
     Em sua juventude Micaela costumava visitar os doentes e costurar para vestir os pobres. Reunia também em casa meninas pobres para ensinar-lhes a doutrina católica.
     Absorta em suas devoções e obras de caridade, Micaela chegou aos trinta anos sem pensar em casamento. Falecendo então a mãe, à qual era muito unida, ela herdou o título de Viscondessa de Jorbalán.
     Como encontrasse nos hospitais de Madrid muitas mulheres que, depois de levar vida devassa, sofriam as consequências de seus desmandos, veio-lhe a ideia de fundar uma casa de refúgio para a redenção dessas pecadoras. Foi o que fez com seus próprios recursos. Mesmo quando estava no exterior, a viscondessa não deixava de favorecer essa fundação com conselhos e dinheiro.
     Diz um seu biógrafo: “Seu irmão, o embaixador, apreciava tanto suas requintadas qualidades de gentileza no trato, sua discrição no falar e seu senso de oportunidade em tudo, que não podia separar-se de sua companhia. Para comprazer-lhe, a viscondessa aceitava aquela vida de sociedade, procurando harmonizá-la com uma intensa vida interior”. (1) Desse modo viveu vários anos nas principais capitais europeias.
     Ela mesma nos conta como passava seus dias: “De manhã, em obras de caridade; o resto do dia em visitas, passeios a cavalo ou de carro; e, à noite, no teatro, em reuniões e baile. Acrescente-se a isto o excessivo luxo e o primor na mesa”. (2) Isso, que poderia ser uma vida de dissipação, para ela era ocasião de sacrifícios. Pois, sob os ricos vestidos de seda, levava rudes cilícios e no teatro assistia à cena usando óculos sem vidros.
     Ela revela também a luta que tinha que enfrentar para vencer seu orgulho e caráter impetuoso e demasiado ativo. (4)
     Em 1848 ela voltou à Espanha, disposta a seguir o caminho que a Providência Divina lhe indicasse. Continuou enquanto isso a se vestir com muito luxo. Um dia ela foi assim toda ataviada se confessar. O sacerdote, ouvindo o frufru das sedas, disse-lhe bem espanholamente: “A Senhora vem demasiado oca para pedir perdão a Deus”. Ela desculpou-se: “São as saias”. O sacerdote retrucou: “Pois arranje outras”.
     No dia seguinte a santa apresentou-se no extremo oposto; tão desajeitada que chamava a atenção de toda a igreja. O sacerdote increpou-a novamente: “Como vem tão ridícula? Tire as sedas, mas se vista como essas senhoras virtuosas que vê na igreja”. Santa Micaela mandou fazer então um vestido simples de lã.
     Entretanto, sua obra para a regeneração de mulheres de má vida ia progredindo. O local se ampliava e o número de moças recolhidas crescia. Em 1850, Santa Micaela decide mudar-se para junto delas. “Seu talento organizador, sua penetração psicológica, seus dotes de mando e sua arte para dominar os espíritos mais rebeldes se revelam subitamente, com estupefação de todos que seguem o desenvolvimento da obra”. (6) No princípio tem que fazer de tudo: cozinhar, varrer, costurar, ensinar.
     A família fica chocada ao vê-la entre gente tão desclassificada, os círculos da aristocracia fazem vazio em torno dela, e seu irmão cai desmaiado ao ver a pobreza de seu quarto. Ao palácio real chega a notícia de que ela “endoideceu”. A rainha Isabel II deseja vê-la. E aí nasce entre ambas uma amizade profunda, muito aprovada pelo confessor da rainha, Santo Antônio Maria Claret.
     Aos poucos, entrementes a obra da santa começou a se impor aos olhos do público como força moralizadora e de grande significado religioso e social. Algumas moças da sociedade se uniram a Santa Micaela, surgindo assim, em 1858, a congregação das Adoradoras, Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, para a adoração perpétua do Sacramento do Altar e regeneração das mulheres perdidas ou moças com risco de se perderem.
     Santa Micaela soube unir a bondade à energia no trato com as desgraçadas. Um dia pergunta a uma delas, que desejava ir embora, para onde iria. Esta lhe responde descaradamente que ia voltar para o bordel. Ao ouvir isso, a Santa indignada desfere-lhe sonora bofetada no rosto. A jovem lançou-se então a seus pés e disse: “Só minha mãe me castigou assim. Eu vou obedecer à senhora como a ela. Se ela não tivesse morrido, eu não me teria perdido”.
     O demônio aparecia-lhe sob diversas formas, atormentava-a com estrondos e empurrões e mais de uma vez a lançou escada abaixo.
     Aprovada pela Santa Sé em 1861, sua congregação religiosa continuava a crescer de maneira a possibilitar a fundação de outras casas em diversas cidades da Espanha.
     No verão de 1865, chegou à casa-mãe de Madrid a notícia de que várias monjas da casa de Valência haviam sido atacadas pela cólera. Santa Micaela comentou: “Saio para Valência, pois aquelas filhas que tenho lá não são valentes, e temo que se acovardem ao ver tanta mortandade”.
     Alguns dias depois de chegar a Valência, sentiu os primeiros sintomas da peste e compreendeu que sua vida chegava ao fim. No dia 24 de agosto comentou: “Vou padecer um pouco; mas às doze horas tudo terá passado”. Efetivamente, à meia-noite ela entregou sua valorosa alma a Deus.
     Os biógrafos descrevem Santa Micaela como sendo severa e maternal, não muito afetuosa, mas nem por demais esquiva, disposta a rir quando se contava algo engraçado; cheia de espírito e de agradáveis comentários de muito propósito, inimiga das lágrimas, mesmo no momento dos maiores transes, tranquila nas dificuldades, e contente em ver as demais contentes. Fisicamente não era muito bonita, mas impunha-se por sua graça e simpatia, bem como pelo seu atrativo sem igual. Tinha o aspecto majestoso e cheio de uma distinção aristocrática. Em suma, por muitos traços de seu corpo, bem como por sua psicologia, Santa Micaela lembrava muito Santa Joana de Chantal, a cofundadora das visitandinas.
     Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento foi beatificada em 1925 e canonizada em 1934. Sua festa é celebrada no dia 24 de agosto.
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Notas:
1. Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Santa Micaela, o la Madre Sacramento, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo III, p. 422. 2. Pe. José Leite, Santa Micaela, Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo II, p. 584. 3. Urbel, p. 422. 4. Id. Ib. 5. Leite, p. 584. 6. Urbel, pp. 423-424. 7. Id., p. 427.
Fonte: Plinio Maria Solimeo, www.catolicismo.com.br (excertos)
 

Santa Maria de Mattias, Fundadora - 20 de agosto

 

      Maria de Mattias nasceu em Vallecorsa, província de Frosinone, em 4 de fevereiro de 1805, filha mais velha de uma distinta família.

     Seu pai foi um educador excepcional que a ensinava a rezar e a amar a Sagrada Escritura. Ele formava seu coração  com narrativas bíblicas que a encantavam. Mais tarde, tornou-se seu confidente e guia. Foi ele quem a fez compreender, na sua adolescência, o significado profundo do Cordeiro Pascal, como simbologia de Jesus que foi conduzido à morte e verteu seu Sangue para a salvação da Humanidade. E a jovem conclui que ela também devia consumir-se completamente, se necessário até o derramamento de sangue, para levar Jesus a todos.

     Impetuosa, vivíssima e um pouco vaidosa, aos 16 anos foi favorecida com uma especial inspiração da Santíssima Virgem, compreendeu a vaidade e a transitoriedade dos prazeres do mundo e começou por renunciar a jóias e a adornos pelo ideal de uma vida dedicada a Deus e aos irmãos.

     Em 1822, quando São Gaspar del Bufalo, fundador da Sociedade dos Missionários do Preciosissímo Sangue, pregou numa missão em Vallecorsa, Maria descobriu sua vocação de missionária. Mas não na África, como havia sonhado em menina, mas na sua região.

     Maria respondeu ao chamado de Deus com a radicalidade dos santos. “Benditos somos - escrevia às primeiras discípulas - se podemos dar a vida e todo o nosso sangue pela fé, para salvar ainda que uma só alma”.

     Ela estava convencida de que a reforma da sociedade nasce do coração da pessoa e que esta se transforma quando compreende quão preciosa é aos olhos de Deus e de quanto amor foi objeto, pois  Jesus deu todo o seu Sangue para resgatá-la.

     Como tinha aprendido a ler e escrever, foi chamada pelo Administrador de Anagni, Mons. José Maria Lais, para ensinar as crianças. Em Acuto, uma aldeia de montanha não longe de Roma, começou a pregar e a catequizar na praça e na igreja, entusiasmando a todos e preocupando alguns, tanto que o bispo mandou um jesuíta observá-la incógnito, mas este concluiu que ela “fala melhor do que um padre”.

     Não podendo falar aos homens, estes acorriam voluntariamente para ouvi-la, embora às escondidas. Até os pastores lhe pediram que os ensinasse depois do pôr-do-sol; todos acorriam para ouvir as suas lições.

     Maria atraía até os sacerdotes, porque, quando falava de Jesus e dos mistérios da fé, parecia tê-los vivido em pessoa. O seu desejo era de que nem uma gota do Sangue de Jesus se perdesse. A preocupação de sua vida era dar gosto a Jesus, que lhe tinha roubado o coração desde a juventude, e salvar "o querido próximo".

     Sob o dorso de uma mula vai de uma aldeia a outra, atendendo aos pedidos e as necessidades dos lugares. E aonde não pode chegar pessoalmente, envia cartas (cerca de 2.000) tanto para gente simples, como também para padres e bispos, síndicos e prefeitos, para aconselhar, educar, propor e estimular.

     Sob a orientação do Venerável Pe. João Merlini, que por quarenta anos foi seu diretor espiritual, fundou, com algumas companheiras, a Congregação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, em Acuto, a 4 de março de 1834.

     A Congregação tinha como fim especial a propagação da devoção ao Sangue de Cristo e a educação da juventude, especialmente em centros pequenos e abandonados. Outras atividades promovidas pela zelosa Fundadora foram os cursos catequéticos, missões, retiros para leigos, senhores e jovens.

     Sua ação ardorosa atraia muitas jovens e Maria de Mattias fundou muitas casas, chegando à Alemanha e à Inglaterra; em Roma, o próprio Papa Beato Pio IX a chamou para o Hospício de São Luís e para a Escola de Civitavecchia.

     Maria de Mattias faleceu a 20 de agosto de 1866, em Roma, e Pio IX mandou que fosse sepultada no Cemitério de Verano.

     O processo da sua Beatificação foi iniciado trinta anos depois, mas foi Pio XII que a beatificou em 1º de outubro de 1950. No dia 18 de maio de 2003, foi canonizada por João Paulo II, na Praça de São Pedro.

     Seus despojos são venerados na Igreja do Preciosíssimo Sangue anexa à casa generalícia do seu Instituto, em Roma.

     Atualmente cerca de 2.000 Adoradoras trabalham em todos os continentes, em 26 nações: Albânia, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Bósnia, Brasil, Colômbia, Coréia, Croácia, Filipinas, Guatemala, Guine Bissau, Índia, Itália, Liechtenstein, Polônia, Servia, Sibéria, Espanha, Suíça, Tanzânia, Ucrânia, EUA.

 

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Santa Helena, mãe do Imperador Constantino - 18 de agosto

 
Santa Helena com seu filho Constantino

   Helena nasceu em meados do século III, provavelmente em Bitínia, região da Ásia Menor. Os autores britânicos afirmam que ela nasceu na Inglaterra, naquele tempo uma província romana, e que Constâncio Cloro, tribuno e mais tarde governador da ilha, enamorou-se dela e a tomou por esposa. Por volta do ano 274 tiveram um filho a quem deram o nome de Constantino.
     Constâncio Cloro chegou a ser marechal de campo e o imperador Maximiano nomeou-o co-regente e, portanto, seu sucessor no Império, mas com a condição de que repudiasse sua mulher e esposasse sua enteada Teodora.
     Tanto Helena quanto Constâncio Cloro eram pagãos. Levado pela ambição, Constâncio se separou dela e levou para Roma seu pequeno filho, Constantino. Por catorze anos Helena chorou sua desgraça. Em 306, com a morte de Constâncio, Constantino foi nomeado imperador, iniciando para ela uma nova vida. Constantino mandou vir sua mãe para viver na corte, conferindo-lhe o nome de Augusta e o título de imperatriz.
     Helena recebeu o Batismo, provavelmente no ano 307, e foi uma cristã exemplar, testemunha da grande jornada em que Constantino colocou pela primeira vez a cruz nos estandartes de suas legiões para vencer em batalha o seu rival Maxêncio, no mês de outubro do ano 312.
     No início do ano 313 o imperador publicou o Édito Milão, pelo qual permitia o cristianismo no Império. Seguindo o exemplo de sua mãe, converteu-se, sendo batizado pelo Papa São Silvestre. Depois de trezentos anos de perseguição, a Igreja de Cristo assentava-se triunfante sobre a terra. A piedosa imperatriz dedicou-se inteiramente a socorrer os pobres e aliviar as misérias de seus semelhantes.
     Quando já anciã - tinha então setenta e sete anos - visitou os santos lugares. Subiu ao topo do Gólgota onde havia sido erguido um templo à Vênus. Este templo fora construído por ordem do imperador Adriano, que odiava os cristãos, e certamente quis com isso evitar que aquele local fosse venerado pelos discípulos de Nosso Senhor.
     Conhecendo o costume judaico de enterrar no lugar da execução de um malfeitor os instrumentos que serviram para sua morte, Santa Helena mandou derrubar o templo e procurar a cruz onde padecera o Redentor.
     Tendo sido encontradas três cruzes, era difícil saber qual delas era a de Nosso Senhor. Uma antiga tradição narra o modo milagroso como se conseguiu identificar a que correspondia a Jesus: a cura de uma agonizante. Tradicionalmente esta descoberta tem data de 3 de maio de 326, e a festa da Exaltação da Santa Cruz acontece todo dia 3 de maio.
     Santa Helena estava com oitenta anos quando regressou de sua viagem. Faleceu pouco depois, provavelmente em Tréveris, por volta do ano 328 ou 330. O Martirológio Romano comemora sua festa em 18 de agosto. Uma capela dedicada a ela, em Roma, conserva algumas de suas relíquias.
 
"In hoc signo vinces"
     O historiador Eusébio de Cesaréia relata que o filho de Santa Helena era pagão, mas respeitava os cristãos. No ano 311, tendo que enfrentar uma terrível batalha contra o perseguidor Maxêncio, chefe de Roma, na noite anterior à batalha teve um sonho no qual viu uma cruz luminosa no ar e ouviu uma voz que lhe dizia: "Com este signo vencerás", e ao iniciar a batalha mandou colocar a cruz em várias bandeiras dos batalhões e exclamou: "Confio em Cristo em quem crê minha mãe Helena". A vitória foi total e Constantino chegou a ser Imperador. Logo decretou a liberdade para os cristãos, que por três séculos vinham sendo muito perseguidos pelos governantes pagãos.
A descoberta
     Escritores muito antigos como Rufino, Zozemeno, São Crisóstomo e Santo Ambrósio, contam que Santa Helena pediu permissão a seu filho para ir buscar em Jerusalém a cruz na qual morreu Jesus. Depois de muitas e profundas escavações três cruzes foram encontradas. Como não se podia distinguir qual era a cruz de Jesus, levaram-nas a uma mulher agonizante. Ao tocá-la com a primeira cruz, a enferma piorou; ao tocá-la com a segunda, continuou tão doente quanto antes; porém, ao tocá-la com a terceira cruz, a enferma recuperou instantaneamente a saúde.
     Então Santa Helena e o Bispo de Jerusalém, São Macário, e milhares de devotos levaram a cruz em piedosa procissão pelas ruas de Jerusalém. E pelo caminho se encontraram com uma mulher viúva que levava seu filho morto para ser enterrado. Ao aproximarem a Santa Cruz do morto este ressuscitou.
     Santa Helena fez com que se dividisse a cruz em três partes. Um dos pedaços foi entregue ao Bispo São Macário, para que o entronizasse na Igreja de Jerusalém; o segundo foi enviado para a Igreja de Constantinopla e o terceiro para Roma. A basílica que abrigou a relíquia chamou-se Santa Cruz de Jerusalém. Mandou também construir três edifícios: um junto ao monte Calvário, outro na cova de Belém e um terceiro no monte das Oliveiras.
     A imperatriz permaneceu algum tempo na Palestina, servindo ao Senhor com a oração e as obras de caridade. Cuidava dos doentes, libertava os cativos e dava alimento aos pobres, levando sempre em seu espírito, como exemplo, a imagem da Virgem Maria.
     Por muitos séculos a festa da descoberta da Santa Cruz foi celebrada em Jerusalém, e em muitos locais do mundo inteiro, no dia 3 de maio.

  

Beata Gertrudes de Altenberg, Abadessa premostratense - 13 de agosto

    
   Gertrudes veio ao mundo no dia 29 de setembro de 1227, algumas semanas após a morte de seu pai, Luís IV, Landgrave da Turíngia, na cruzada. Recebeu o nome de sua avó materna, Gertrudes da Merania, esposa do Rei André II da Hungria. Sua mãe, Santa Isabel de Hungria, ensinou-a a rezar e a ler desde pequena, recebendo assim uma profunda educação religiosa.
     Devido a conflitos familiares e sucessórios, após a morte de Luís IV os dois irmãos do falecido monarca afastaram a  Santa Isabel e tomaram à força a custódia de seu filho. Santa Isabel abandonou o palácio abraçando uma vida de pobreza e humildade, enviando Gertrudes, ainda menina, para o convento das monjas premostratenses junto a Wetzlar, em Altenberg.
     Isabel morreu poucos anos após o nascimento de Gertrudes; a comunidade de Altenberg lembrava-se sempre das suas visitas, ao longo das quais ela tinha costume de tricotar em companhia das irmãs.
     Com a idade de 8 anos Gertrudes foi conduzida a Marburg para assistir à canonização de sua própria mãe, em maio de 1235.
     Gertrudes nunca mais deixou o claustro e a partir de 1248 tornou-se abadessa com a idade de 21 anos, tendo ficado na direção da comunidade por 49 anos no total.
     Ela foi sempre uma religiosa obediente e comprometida com sua comunidade. Usando a herança deixada pelos pais, ela construiu a igreja abacial do mosteiro no mesmo estilo gótico de Marburg, dedicada a Virgem Maria e a São Miguel.
     Gertrudes edificou também um hospital e um asilo para os pobres junto ao mosteiro, seguindo o exemplo de sua mãe, que havia provado seu amor por Cristo colocando-se à disposição total dos pobres e doentes. Nos relatos da vida de Gertrudes conta-se que um dia cuidando dos doentes, ela teria declarado: "Como é bom poder servir ao Senhor!"
     Depois que o Papa Urbano IV renovou o chamado à cruzada, Gertrudes foi uma fervorosa advogada dessa causa. Com a ajuda de suas irmãs e de nobres damas, ela arrecadou uma soma necessária para pagar o equipamento das cruzadas.
     Outro fato importante da sua vida: a festa do Corpo e Sangue de Cristo foi expandida para toda a Igreja por uma bula do Papa Urbano IV, em 1264. Essa nova festa encontrou uma viva resistência por parte de alguns, não sendo comemorada durante 50 anos em muitos lugares, mesmo nos arredores de Roma. Entretanto, Gertrudes já havia introduzido a festividade em Altenberg por volta de 1270, sendo comemorada com grande solenidade. Gertrudes aparece como uma das primeiras superioras a introduzir essa festa eucarística.
     Ela dedicou-se durante toda a sua vida ao serviço dos pobres, e em particular dentro do hospital que havia construído no mosteiro. Ela tinha o dom de reconciliar as pessoas, para as quais ela suplicava a graça divina numa vida de penitência e mortificação.
     Após um longo período de enfermidade, no dia 13 de agosto de 1297 Gertrudes nasceu para o Céu. Foi sepultada na igreja conventual de Altenberg.
     A Beata se distinguiu pelo espírito de penitência e pelo dom de prever eventos futuros. Não muito depois de sua morte Clemente VI autorizou o seu culto público no cenóbio de Altenberg (1311). O seu culto foi definitivamente aprovado por Bento XIII em 1728, e enriquecido de indulgências. É celebrada no dia 13 de agosto.
Mosteiro de Altenberg

 

Martirológio Romano: No Mosteiro de Altenberg próximo de Wetzlar, na Alemanha, Beata Gertrudes, Abadessa da Ordem Premostratense, que ainda menina foi oferecida a Deus naquele local pela mãe, Santa Isabel, Rainha da Hungria.

Stas. Licínia, Leôncia, Ampélia e Flávia, Virgens - 3 de agosto



     As santas irmãs Licínia, Leôncia, Ampélia e Flávia constituíram um digno círculo em torno da figura e da obra do grande Santo de Vercelli, Santo Eusébio († 1° agosto 371), que com o seu célebre cenóbio formou e produziu tantas figuras santas, sobretudo de bispos, que honraram quase todas as dioceses da Itália setentrional com seus luminosos episcopados a partir da antiga diocese de Vercelli.
     Santo Eusébio fundou também um mosteiro feminino em Vercelli, colocando-o sob a direção de sua irmã, Santa Eusébia (comemorada em 15 de outubro), que foi a primeira superiora. Desde o início neste mosteiro floresceram santas figuras de monjas, entre as quais as quatro virgens de que falamos. A existência das virgens consagradas no tempo de Eusébio está documentada por alguns escritos do próprio Eusébio em sua segunda carta escrita em Scitópoli, às “Santas Irmãs” de Vercelli e às “Santas Virgens”.
     O mosteiro ficava próximo da catedral em que era bispo Santo Eusébio, notável pela sua austeridade e doutrina espiritual, e que com a irmã deu a este cenóbio as normas de vida ascética.
     As monjas deviam praticar jejuns, viver em austera pobreza, recolherem-se várias vezes ao dia e também à noite, cantar em coro os louvores ao Senhor, observar escrupulosamente a clausura, ocupar as horas livres no trabalho para atendimento das necessidades do mosteiro e cuidar também dos paramentos da catedral. No interior da catedral havia, nas naves laterais e no vestíbulo, um local onde as monjas podiam assistir aos ritos sagrados, associando-se às orações do povo.
     Além do nome da primeira superiora, Santa Eusébia, são conhecidos oito ou nove nomes de monjas conservados nas antigas inscrições que ornavam seus túmulos. É o caso das monjas Zenobia, Constança e das quatro irmãs que celebramos hoje. Elas foram objeto de culto na antiga liturgia eusebiana e eram invocadas com os santos daquela Igreja nas ladainhas.
     Uma inscrição métrica e acróstica ornava o sepulcro das quatro virgens e exaltava as suas virtudes com expressões cheias de admiração. Recentemente o mármore foi perdido, mas felizmente os trinta versos tinham sido transcritos e são atualmente a única fonte que temos sobre as santas.
     Daquela inscrição, no último verso tomamos conhecimento de que a sobrinha das santas virgens, Taurina, monja ela também e superiora, desejou colocar sobre o túmulo que guardava as tias todas juntas, o poema que foi composto provavelmente pelo bispo São Flaviano, já então aluno do cenóbio eusebiano e poeta que celebrava os méritos dos personagens mais dignos florescidos na Igreja de Vercelli.
     Característica singular deste poema é que as quatro irmãs não são nomeadas, mas no final do elogio o poeta adverte os leitores para o fato de que seus versos são acrósticos, isto é, as iniciais de cada verso lidas na ordem formam os nomes das pessoas a quem o poema é dedicado; assim, os nomes das santas irmãs são revelados lendo-se em seguida as primeiras letras dos 30 versos.
     No que se refere à época em que elas viveram, calculando a idade de sua sobrinha Taurina, que viveu uma geração depois e foi contemporânea de São Flaviano († 542), se pode calcular que elas viveram na segunda metade do século anterior, isto é, no século V, portanto cem anos depois da fundação do mosteiro. Por outro lado, seus nomes singularmente romanos indicam que elas viveram no período anterior às invasões bárbaras.
     Os versos do poema elogiam a piedade e a fé dos seus pais, que dedicaram ao Rei celeste tantas filhas no mosteiro eusebiano. O autor dedica especialmente sua inspiração poética à mãe das quatro irmãs, Maria, que as dera à luz e repousa na paz eterna iluminada pela luz dos quatro astros esplêndidos consagrados a Deus. O poema continua elogiando as virtudes das irmãs, que no mosteiro se assemelhavam às virgens da parábola, rezando e esperando a vinda do Esposo Divino.
     Sob o véu imposto sobre suas cabeças pelo bispo celebrante, as suas vidas transcorreram inocentes e ricas de boas obras. E os seus corpos, livres de todo sofrimento, jazem num único túmulo: tal foi o amor que as manteve unidas em vida que um só sepulcro as guarda e as conserva para veneração dos fieis.
     São Jerônimo, escrevendo a Inocêncio no ano de 370, conta de uma mulher condenada à morte pelo governador de Vercelli. Dada como morta, durante a sepultura reviveu e foi confiada aos cuidados de algumas virgens que a acolheram e cuidaram dela em sua casa até sua completa recuperação. Este é um testemunho precioso que documenta a obra de caridade das virgens eusebianas.
     Desde a metade do século VI desaparecem as notícias desta instituição e este silêncio deve-se às invasões dos Longobardos na Itália.
     O historiador M. A. Cusano, no Calendário Eusebiano por ele publicado, coloca as quatro santas no dia 3 de agosto. Suas relíquias estão na catedral de Vercelli e uma parte também na igreja da Casa Mãe da Congregação das Irmãs Filhas de Santo Eusébio, fundada em Vercelli no dia 29 de março de 1899 por Mons. Dario Bognetti e pela Irmã Eusébia Arrigoni, sob a inspiração da espiritualidade do milenar mosteiro eusebiano.
Etimologia: Licínia, do latim Licinius, do grego Likínnios. Talvez o mesmo que Licinus: “o que tem o cabelo levantado na testa”...
Leôncia: do grego Leóntios, do latim Leontius: “leonino(a)”.
Ampélia: do latim Ampelius, do grego Ámpelos: “vinhedo”.
Flávia: do latim Flavius: “louro(a), áureo(a), o(a) de cabelos louros”.
Fonte: www.santiebeati/it
 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Santa Toscana, Viúva - 14 de julho

      
    Falar desta Santa é tornar presente a Soberana e Militar Ordem Hospitalar dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta. Com a Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, são as únicas Ordens militares reconhecidas, histórica e juridicamente, pela Santa Sé.
     Essa organização internacional católica é leigo-religiosa. Como ordem religiosa, está ligada à Santa Sé, mas ao mesmo tempo é independente como sujeito soberano do direito internacional. Tem como Padroeiro São João Batista e invoca, com muita ternura e devoção, Nossa Senhora de Filermo. Após alguns anos de diligências, nasceu num pequeno hospício-enfermaria, fundado em Jerusalém, em 1099, junto à igreja do Santo Sepulcro, por iniciativa do Beato Gerardo, que veio a dar-lhe regras inspiradas em Santo Agostinho. Receber e cuidar os peregrinos da Terra Santa era o objetivo. Devido às vicissitudes da história, a Ordem mudou de nome e de lugar por diversas vezes. Tendo como carisma a defesa da fé e o serviço aos pobres, tornou-se em Ordem militar para defender os seus diversos centros de assistência. Ainda hoje socorre zonas de guerra e de desastres ambientais, procura estabelecer novos acordos de cooperação no campo da saúde e humanitário, presta serviços a idosos, deficientes, refugiados, crianças, a doentes terminais e a peregrinos, dirige hospitais, clínicas e centros de reabilitação espalhados pelo mundo, enfim, continua a construir a sua rica e bela história.
* * *
     Apesar do nome, a santa viúva Toscana era na realidade vêneta, nascida em Zevio, nas proximidades de Verona, aonde viera à luz por volta do fim do século XIII.
     Em 1310, casou-se com o veronês Alberto Canoculi (isto é, “dos olhos de cão”), com o qual viveu castamente seu compromisso conjugal. Quatro anos depois, Toscana transferiu-se para Verona onde tomou residência perto do outeiro de São Zenon in Monte.
     Todos os dias, às três horas da tarde, ela ia para o Hospital do Santo Sepulcro, pertencente à Ordem de São João de Jerusalém, dedicada ao cuidado dos doentes, para se dedicar à assistência dos pobres e dos abandonados, que visitava e socorria com solicitude também nas suas humildas casas.
     Tendo ficado viúva em 1318, distribuiu todos os seus bens aos necessitados e ingressou na Ordem de São João de Jerusalém, pois ela se convenceu que uma jovem e bela viúva enfrentava dificuldades vivendo sozinha no mundo. Ela iniciou então uma vida ainda mais angélica de oração, penitência e obras de misericórdia.
     Ela ocupava uma pequena cela solitária nos jardins do convento do Santo Sepulcro, em Verona. Ela mendigava seu alimento e comia apenas pão e água. Nos domingos, ela fazia uma refeição de vegetais variados cozidos com um pouco de óleo. Ela visitava as igrejas e os locais sagrados de Verona em ocasiões solenes, a fim de ganhar indulgências.
     Um dia, quando ela se dirigia à igreja dos Santos Apóstolos, ela encontrou alguns ladrões que roubaram seu pobre manto. Eles desejavam dividir o seu furto, para tanto desembainharam suas espadas e suas mãos secaram imediatamente. Atordoados e assustados, eles correram à procura da santa, devolveram seu manto e imploraram seu perdão. Ela disse que rezaria por eles, fez o Sinal da Cruz sobre suas mãos castigadas por Deus, e eles se curaram. Mas, ela não os deixou ir sem antes fazer um pequeno sermão exortando-os a mudar de vida e a fazer penitência.
     Certa vez ela foi tomada por uma febre muito alta, e um anjo veio avisá-la que o seu fim estava próximo. Ela experimentou tal alegria ao ouvir esta notícia, que se pôs a agradecê-lo efusivamente. Extenuada pelos trabalhos, mas feliz com o dever cumprido, faleceu em Verona no dia 14 de julho de 1343. Ao morrer ela disse: “Eu escolhi ser desprezada na casa de Deus, ao invés de viver sob as tendas dos pecadores". Santa Toscana pedira para ser enterrada perto do portão do hospital, na rua, sem honras. Mas ela foi sepultada na igreja do Santo Sepulcro.
     Em 1612, no dia 23 ou 24 de junho, algumas de suas relíquias foram transladadas para Zevio, e colocadas em uma capela construída para guardá-las. Na ocasião, outro milagre ocorreu: como faltara água para os pedreiros, eles a encontraram em uma mina que até então estivera seca. Mais tarde, a procissão que levava os despojos de Santa Toscana obteve chuva durante um terrível período de seca. Numerosas curas foram alcançadas pela intercessão da Santa, com especial atenção àqueles que têm febre, pois ela mesma sofreu muito com ela.
     Santa Toscana ainda hoje está sepultada na igreja do Santo Sepulcro, localizada perto da Porta Vescovo, em Verona, a qual é dedicada também a Santa Toscana, e ali os seus devotos invocam seu celeste auxílio junto ao seu túmulo. Ali também fica a delegação da Soberana Ordem de Malta.
 
Fontes:
www.santiebeati.it/
Santa Toscana
SANTA TOSCANA E A ORDEM DE MALTA » Portalegre-Castelo Branco

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Santa Adélia de Orp-le-Grand, Abadessa – Festa 30 de junho

      
     Santa Adélia foi uma freira que viveu no século VII.
   Filha de um notável merovíngio, ela decidiu tomar o véu ingressando no mosteiro de Nivelles, fundado por Itte Idoberge, viúva de Pepino, o Velho, e sua filha, Santa Gertrudes.
     Por volta do ano 640, ela fundou um mosteiro em Orp-le-Grand, na Bélgica, do qual se tornou abadessa.
     Enquanto Childerico II reinava, o mosteiro floresceu cada vez mais, tanto que ela foi induzida a construir um mosteiro maior dedicado a São Martinho, para o qual toda a sua comunidade se mudou.
     Existem duas tradições locais sobre ela: a primeira conta como Santa Adélia ficou cega e depois recuperou milagrosamente a visão; a segunda, por sua vez, relata que a santa nasceu cega e recuperou a visão durante o batismo.
     Pouco se sabe sobre sua biografia, e diz-se que Santa Adélia de Orp-le-Grand morreu por volta do ano 670 e foi sepultada na cripta de São Martinho.
     Todos os anos, no primeiro domingo de outubro, suas relíquias eram levadas em procissão, com grande participação dos fiéis.
     Ela é popularmente invocada para curar problemas de visão e é tradicionalmente representada em trajes religiosos. Há uma estátua de terracota representando-a na igreja de Saint-Omer d'Houchin, em Pas-de-Calais.
     Em homenagem a Santa Adélia, alguns locais de culto foram dedicados a ela em Saint-Géry, Fromiée e Hemptinne. Em Brye, em Hainaut, ao lado da capela que leva seu nome, há um poço construído no século XVIII, de onde os peregrinos tiram água considerada milagrosa para lavar os olhos.
     A festa e a memória de Santa Adélia de Orp-le-Grand acontecem em 30 de junho.

Igreja dos Santos Martinho e Adélia, em Orp-le-Grand, Bélgica

Fonte: www.santiebeati.it


quinta-feira, 19 de junho de 2025

Marie-Marthe-Baptistine Tamisier, A Joana d'Arc do Santíssimo Sacramento – 20 de junho


Iniciadora de Congressos Eucarísticos Internacionais
 
     A ascensão do livre pensamento liberal na França durante a segunda metade do século 18, que levou à Revolução Francesa, continuou durante todo o reinado de Napoleão. Como resultado, cinquenta anos de negligência acabaram cobrando seu preço e, na década de 1840, vários movimentos, predominantemente iniciativas locais entre fiéis leigas, foram criados para restaurar as igrejas no norte da França e na Bélgica.
     Sob a orientação do Núncio Apostólico, Conde Joaquim Pecci (mais tarde Papa Leão XIII), uma Irmandade não oficial que adquiriu uma capela eucarística muito antiga em Bruxelas como base, estabeleceu uma ligação entre a restauração da Igreja como uma questão de arrependimento e adoração eucarística, e o apoio dos cardeais locais logo deu início a um reavivamento completo.
     Ao mesmo tempo, a criação da rede ferroviária no segundo quarto do século 19 facilitou a mobilidade da população em geral, e a peregrinação também se tornou uma proposta muito mais fácil para os católicos franceses.
Vida
     Marie-Marthe-Baptistine Tamisier, conhecida como Emília Maria Tamisier, nasceu em Tours, em 1º de novembro de 1834. Em 1847 tornou-se aluna das Religiosas do Sagrado Coração em Marmoutier, permanecendo lá quatro anos. Desde a infância, sua devoção ao Santíssimo Sacramento foi extraordinária; ela dizia que um dia sem a Sagrada Comunhão era uma verdadeira Sexta-feira Santa.
     Sem uma atração especial pela vida religiosa, ela fez três tentativas malsucedidas de entrar nela; a terceira foi no Convento da Adoração Perpétua fundado por São Pedro Julião Eymard, que lhe garantiu que ela ainda pertencia a Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento.
     Em 13 de janeiro de 1864, o Padre Eymard escreveu à mãe de Emilia, a Sra. Tamisier em Tours: "Émilie está bem, está feliz, parece ter encontrado o centro de sua vida, seu coração está se alargando sob este belo e bom sol da Eucaristia". 
     "Veremos se Deus lhe concede toda a graça. Ela é muito popular entre as senhoras, ela nos encanta na capela com seu canto".
     Uma senhora rica procurou sua ajuda para estabelecer uma comunidade de adoração perpétua, mas esse plano também deu em nada.
     Após a morte de São Pedro Julião Eymard em 1868, Emilia Maria Tamisier mudou-se para Ars, no leste da França, em 1871, na esperança de que os poderes sobrenaturais de discernimento vocacional associados ao Santo Cura d’Ars, amigo de Eymard, que viveu e está sepultado lá, a guiassem.
     Ela encontrou enfim sua verdadeira vocação, ao mesmo tempo contemplativa e ativa, na causa eucarística. Inspirada no apostolado eucarístico de São Pedro Julião Eymard, Emilia Maria Tamisier pensou em promover peregrinações de reparação aos santuários que recebiam os testemunhos dos milagres eucarísticos.
     Ela havia sido preparada para isso por muitas provações e decepções. Por toda a França e além, por extensa correspondência e por viagens, ela espalhou a devoção ao Santíssimo Sacramento.
     Sob a direção do Abade Chevrier de Lyon, com a ajuda de Mons. de Ségur e de Francisco Maria Benjamim Richard de la Vergne, então Bispo de Belley, em 1873 ela começou a organizar peregrinações a santuários onde milagres eucarísticos haviam ocorrido, e seu sucesso levou a congressos eucarísticos.
     Sua primeira peregrinação foi a Avignon na segunda-feira de Páscoa de 1874, depois a Douai em 1875. Outra peregrinação a Paris também aconteceu em 1875. Uma nova peregrinação a Faverney em 1878 ganhou o apoio do recém-entronizado Papa Leão XIII, cujo encorajamento a levou a organizar o primeiro Congresso Eucarístico em Lille, de 28 a 31 de junho de 1881. 
     Seu plano inicial era realizar isso em Liège, a origem da Festa do Corpus Christi no século 13, mas as maquinações políticas belgas tornaram isso impossível.
    O primeiro congresso eucarístico foi celebrado em 1881 em Lille com um título emblemático: “A eucaristia salva o mundo".
       Para a realização deste primeiro Congresso Eucarístico já havia sido constituída a Comissão para os Congressos Eucarísticos, com a bênção do Papa Leão XIII, em 27 de agosto de 1879. Essa comissão é a responsável pela promoção das celebrações periódicas dos congressos eucarísticos. Do primeiro até os dias atuais, a comissão já promoveu 52 congressos.
     No Congresso de Lourdes, ela foi chamada de Joana d'Arc do Santíssimo Sacramento, mas seu nome não foi publicamente associado aos congressos até depois de sua morte. A história dos congressos do Cônego Vaudon publicada pouco antes de sua morte, embora dê um relato detalhado de sua carreira apostólica, a chama apenas de "Mlle ...".
     No pontificado do papa Pio X, além de conservar o caráter da manifestação pública da fé católica na Eucaristia, os congressos serviram para favorecer a consciência da comunhão frequente e até cotidiana (cf. decreto Sacra Tridentina Synodus, de 1905) e a administração da primeira comunhão a crianças, antecipada para a idade de 7 anos pelo decreto Quam Singulari, de 1910.
     Emilia Maria Tamisier viveu por alguns anos em Issoudun e lá ministrou no Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração. Todos os seus recursos sobressalentes, embora muitas vezes se privando, ela dedicou à educação de aspirantes pobres ao sacerdócio.
     Suas privações no início da vida cobraram seu preço, e ela então se aposentou efetivamente em Issoudun.
     Mlle Tarnisier morreu em 1910 aos 75 anos. Embora ela tenha recebido pouco crédito por seus esforços durante sua vida, após sua morte, sua importância no renascimento da adoração e da peregrinação tornou-se mais apreciada.
 
Congressos Eucarísticos
A cerimônia de encerramento do Congresso Eucarístico que foi realizado em Dublin em junho de 1932.

     O ponto alto dos congressos é geralmente a procissão solene e a celebração final da Missa. Pio XI participou do Congresso em Roma em 1922 e determinou que eles deveriam ser realizados a cada dois anos. (Eles eram realizados anualmente.) Atualmente, eles se reúnem a cada quatro anos.
 

Fontes: Mlle Tamisier em A Sentinela do Santíssimo Sacramento (Nova York, julho de 1911); VAUDON, L'Œuvre des Congrès Eucharistiques (Paris e Montreal, 1910); L'Idéal (Paris, 1910).
B. Randolph (Enciclopédia Católica)
ENCICLOPÉDIA CATÓLICA: Marie-Marthe-Baptistine Tamisier
 
Jornal vaticano: a idéia de congressos eucarísticos surgiu de uma mulher
Roma, 14 de set de 2011 às 07:03

     A colunista do L’Osservatore Romano, Lucetta Scaraffia, destacou em seu artigo "A intuição de uma mulher", que foi a leiga francesa Emilie-Marie Tamisier quem promoveu a idéia dos congressos eucarísticos para despertar a devoção à Eucaristia em meio de um contexto cada vez mais secularizado.
     "Não muitos sabem que a idéia desses encontros veio de uma mulher, a francesa Emilie-Marie Tamisier, uma das muitas leigas que dedicaram sua vida à defesa da Igreja em anos nos quais as polêmicas anticatólicas eram especialmente ásperas", explicou a colunista em seu artigo de 11 de setembro, o mesmo dia em que o Papa Bento XVI encerrou o 25° Congresso Eucarístico Nacional italiano na cidade de Ancona.
     "Tamisier, desde menina era particularmente devota à Eucaristia, teve a intuição de organizar atividades para o despertar religioso em um contexto que se estava secularizando rapidamente, centrando-as em torno do culto eucarístico", explicou Scaraffi.
     Recordou que "o projeto surgiu quando (Tamisier) estava na missa de consagração da França ao Sagrado Coração na capela da Visitação de Paray-le Monial, o mesmo lugar onde Margarida Maria Alacoque tinha tido as visões das que brotou o culto moderno ao Sagrado Coração".
     "O elo entre estas duas devoções é evidente: ambas estão vinculadas ao Corpo de Cristo (…). E ambas propõem um centro sagrado para o qual dirigir a própria fé em um mundo que cada vez se dispersa mais entre mil estímulos, propostas e ideologias, que tendem a ofuscar a busca da verdade: um símbolo claro e compreensível para todos (…)".
     Entretanto, recordou que para obter este projeto, a leiga francesa dedicou quase uma década a "organizar na França peregrinações a santuários que conservavam rastros de milagres eucarísticos".
     "Só em uma segunda fase, apoiada e aconselhada por alguns eclesiásticos, Tamisier conseguiu envolver o Papa Leão XIII em seu projeto congressual. Para levá-lo adiante, não economizou fadigas, viagens, coletas de recursos, dedicando toda sua vida à promoção daquilo que via como um método novo e eficaz de voltar a levar a Igreja ao centro da atenção pública".
     "Um trabalho tenaz e hábil, mas oculto – seu nome jamais foi pronunciado oficialmente - e, portanto, em grande parte esquecido”. [...]
 
Jornal vaticano: a idéia de congressos eucarísticos surgiu de uma mulher