Cecy aos 13 anos |
Na. Sra. apareceu
diversas vezes no século XIX pedindo conversão e penitência. Em 1917, em
Fátima, Portugal, Ela disse que se a humanidade não se emendasse viria uma
guerra pior (e veio, a 2ª guerra mundial!) e acenou com outro castigo.
As
intervenções do Anjo de Cecy não serviram apenas para ela; se formos sérios e
analisarmos todo o conteúdo de sua ação benfazeja, veremos que ele inspira e encoraja
uma luta contra os defeitos e uma ação de inconformidade com os ambientes que a
criança precisa frequentar.
Que do céu
Cecy vele por nossas crianças e adolescentes!
35.
O traje de banho impedido
Nas férias de 1911 a 1912, papai, a
conselho médico de aproveitar as águas iodadas dos banhos de mar, no mês de
fevereiro, resolveu mandar-me para Santa Vitória do Palmar. Parti logo após o
encerramento das aulas, na 2a quinzena de dezembro. Deveria
hospedar-me em casa da família N., amiga de meus pais, e cujas filhas estavam
internadas em nosso colégio de Jaguarão. Custou-me demasiadamente separar-me da
família. [...]
A viagem
correu bem e amanhecemos em Santa Vitória, onde já nos esperava, no porto, o
casal N. Estranhei imensamente a falta de meus pais e irmãos e da boa Acácia,
se bem que aquela família N. me cercasse de todo o carinho, cuidado e
dedicação. Antes de duas semanas, adoeci com febre alta e, se não tivesse a
presença contínua de meu Jesus e de meu Novo Amigo, creio que não teria
resistido à dura separação. Por fim, restabeleci-me, e a família N. já estava
em preparativos para partir para o mar, quando veio a notícia de que a casa
fora incendiada. Foi então resolvido ir-se para a grande Fazenda N.
A vida
aprazível e movimentada da fazenda ia, pouco a pouco, como que diluindo a espécie
de nostalgia que me ia na alma, e, por fim, sentia-me bem. Eram carreiras,
passeios a cavalo ou de breack, e, numa tarde, grande entusiasmo na
fazenda, para o banho na “cachoeira”. Estavam na casa as famílias da
vizinhança.
Fomos. Grupos
a cavalo, de aranha e de breack. Dona N. levou-me consigo na aranha. Eu
ia radiante. Chegamos a tal cachoeira, que para mim foi uma “maravilhosa
novidade”. Era um salto d’água, espumante e cantante, que rolava por sobre
pedras enormes, indo deitar-se, depois, num leito macio de areia. Armaram, às
margens, três ou quatro barraquinhas e, de lá, em pouco tempo, saíam os grupos
para o banho.
Dona N.
chamou-me para pôr o tal traje de banho. Corri radiante. Porém, antes de chegar
a ela, sou impedida, por um braço, por meu Novo Amigo e pela presença mais viva
de Nosso Senhor em meu pequeno ser, fazendo-me compreender que não devia
acompanhar aquele grupo. Disse eu, então, parada em meio caminho: “Não, Dona
N., não quero vestir-me assim, nem banhar-me. Fico esperando aqui”. Dona N.
mostrou descontentamento. Receosa, tímida, mostrava-me indecisa em obedecer-lhe
ou não. Porém sentia-me ainda presa pela S. Mão de meu Novo Amigo. Então,
resolutamente, respondo aos seus insistentes chamados: “Dona N., não quero
vestir-me assim, nem banhar-me”.
Os grupos
prontos preparavam-se para entrar na água. Meu Novo Amigo passou para minha
frente e, durante todo o tempo que os banhistas permaneceram na água, e depois
na margem, onde formaram baile, tinha eu, pela primeira vez, na minha frente, a
Sombra Santa e Benfazeja que, supunha eu, eram as Asas distendidas de meu Novo
Amigo. E sempre, dali em diante, as “Santas Asas Protetoras” distenderam-se na
minha frente, impedindo-me de ver o que Nosso Senhor nem Ele queriam que eu
visse.
36. Cinema “ponto chic”
Já no
ano de 1912, começou, em Jaguarão, uma verdadeira enchente de cinemas.
Abriam-se salões por todos os lados. Aos domingos havia “matinées” quase de
hora em hora. Os
proprietários de cinema começaram a fazer concorrência uns aos outros, e havia
até rivalidades. Por fim, abriu-se um salão luxuoso, da firma Pinto e Irmão,
denominado “Ponto Chic”. O proprietário, grande capitalista, mandara construir
especialmente tal salão, com poltronas estofadas, ventiladores elétricos, salas
de espera, etc., e pelo mesmo preço que os outros.
Assim é que as
famílias acorriam, em turbilhão, ao Ponto Chic. Aos domingos, as “matinées”
eram exclusivamente para crianças, onde se distribuíam, grátis, lindos
saquinhos de bombons, havendo ainda sorteio de um lindo prêmio: uma grande
boneca ou um par de patins ou um diávolo de borracha, etc. Isto atraía, posso
até dizer, a criançada em peso de Jaguarão.
Não sei dizer
se tal febre de cinemas prejudicava a moral do povo, sei que, em certo domingo,
anunciou-se a estréia de um novo salão pelos Revds. Padres Premonstratenses.
Ora, o preço foi menos da metade dos outros cinemas. Agora, o povo convergia
para lá.
De todas as
fitas a que assisti no Salão dos Padres (denominação popular), nessa época de
minha infância, e também mais tarde, na minha mocidade, sei a história, até
hoje, integralmente, e até o seu título: A vida pública do Salvador, O Filho
pródigo, O Milagre da Virgem, Tenho por teto o céu, etc.
O mesmo já não
se dá com as fitas a que assisti no teatro ou nos salões. A maior parte delas (com
exceção das fitas naturais) ficava por entender, porque grande parte delas me
eram vedadas pelas “Santas Asas” de meu Novo Amigo. Já narrei, anteriormente,
como nas minhas férias em
Santa Vitória , pela 1a vez, meu Novo Amigo assim
procedera. A 2a vez foi no cinema “Ponto Chic” e depois continuou
sempre, também na minha mocidade.
Passo a narrar
a 2a vez. Num domingo, anunciou o “Ponto Chic” uma extraordinária
“soirée”. Fomos à tal soirée extraordinária. Enorme concorrência de famílias.
Começou a fita cujo titulo era: A cela no. 13. Duas ou três cenas se
haviam passado quando, num dado momento, sinto a S. Mão de meu Novo Amigo sobre
meu ombro e, como no banho da cachoeira, suas Santas Asas distendem-se na minha
frente, encobrindo totalmente aos meus olhos a cena que se focava na tela. Meu
Novo Amigo assim permaneceu durante toda a passagem da fita, de modo que dela
nada vi.
Em outras
ocasiões (quero dizer, em outras fitas), suas Santas Asas distendiam-se por
certo espaço de tempo. Depois como que se fechavam e, então, eu podia olhar na
tela, mas sua Santa Mão permanecia sobre meu ombro, de modo que mais me ocupava
com Ele (pois que Ele constituía as minhas delicias, na lembrança de que Jesus
estava satisfeito com sua amiguinha) do que com o que me cercava. Muitas e
muitas vezes, durante a passagem de uma fita na tela as Santas Asas
distendiam-se por tempo rápido e logo me deixavam a vista livre.
Não somente
nos cinemas meu Novo Amigo assim procedia, também em espetáculos (representação
de dramas, etc.). Quantas vezes mamãe chamava-me de “pateta”, porque eu não
sabia descrever a fita ou o drama a que assistira. E papai dizia-me: “Minha
filha, você deve descrever o que vê e narrar o que ouve”. Jamais, porém,
dissera-lhes que meu Novo Amigo mo impedia.
Meu santo e
fidelíssimo Novo Amigo, somente hoje reconheço os inúmeros perigos a que estive
exposta naquele mundo mau, e dos quais saí ilesa, unicamente pela graça especial
de meu Deus e de Vossa fidelíssima guarda. Sede, ó meu Deus, glorificado
eternamente na fraqueza de Vossa criaturinha. E a Vós, meu Novo Amigo, o amor
grato de Vossa pequenina irmã e amiga. Amém.