sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Santa Colomba de Sens, Virgem e mártir - 31 de dezembro

     
Esta é uma das mais célebres mártires de toda a Idade Média e o seu culto teve uma grande difusão. Entretanto, as informações históricas relativas a ela estão repletas de legendas, inclusive a própria Passio. Santa Colomba (ou Comba) é venerada por ter sido martirizada em Sens, no tempo do Imperador Aureliano (270-275).
     As suas Actas, escritas no século VIII, relatam que ela teve sempre grande horror aos ídolos. É apresentada como pertencente a uma nobre família pagã da Espanha, onde nasceu no século III. Para afastar-se do culto aos ídolos, deixou a família e entrou na França, inicialmente em Vienne, onde recebeu o Batismo, depois foi para Sens. Parece que seu verdadeiro nome era Eporita e que foi chamada Colomba devido sua inocência.
     Ao passar por Sens, durante suas guerras na Gália, o imperador Aureliano Lucio Domicio deu ordem para ser cumprida naquela cidade a perseguição aos cristãos, lei em vigor em todo o Império Romano.
     Colomba, por ser cristã, foi feita prisioneira e conduzida diante do imperador. A jovem de dezessete anos foi a única pessoa que encontrou graça a seus olhos, tal a nobreza de suas feições, reveladoras de ascendência ilustre. Foi em vão, porém, que ele tentou fazê-la renunciar ao seu voto de virgindade. Encolerizado, deu ordem que a aprisionassem em uma cela do anfiteatro, mas quando um libertino tentou violá-la, um urso do anfiteatro interveio para protegê-la, pondo em fuga os soldados.
     Como nenhum dos soldados quisesse intervir, Aureliano, enfurecido, ordenou que tanto a virgem quanto o urso fossem queimados, mas uma chuva providencial apagou o fogo já preparado. Após o urso fugir para a floresta, o obstinado imperador condenou Colomba à decapitação.
      O martírio ocorreu entre os anos 270 e 275. A mártir foi sepultada por um homem que havia recuperado a visão ao invocar sua intercessão.
     Muitíssimo venerada na França, em 620 o rei Lotário III fundou a célebre abadia real de Sainte Colombe-les-Sens sobre o túmulo da Santa mártir. Em 623 o bispo de Sens, São Lupo († 623), quis ser sepultado aos pés da mártir; em 853 o bispo Wessilone, ao consagrar a nova igreja, encontrou unidas as relíquias dos dois santos e mandou colocá-las em um precioso tecido, cujos fragmentos foram encontrados no século XIX e são conservados no tesouro da catedral.
     A igreja da abadia foi construída uma terceira vez e consagrada, em 1164, pelo papa Alexandre III, depois destruída em 1792 pelos adeptos da abominável Revolução Francesa. As ruínas do complexo abacial e da igreja foram adquiridas, em 1842, pelas religiosas da Santa Infância de Jesus e Maria, que ali edificaram sua Casa Mãe, salvaguardando os restos da antiga cripta. As relíquias de Santa Colomba já haviam sido transferidas para a Catedral de Sens em 1803.
     São numerosas as igrejas dedicadas a esta Santa mártir na França, Espanha, Flandres, Alemanha e Itália, onde o culto se difundiu particularmente em Rimini.
     No Martirológio Jeronimiano, bem como no Romano, a festa de Santa Colomba é celebrada no dia 31 de dezembro. Em Sens, devido a uma festa local que ocorre no último dia do ano, a sua celebração foi transferida para o dia 27 de julho, data da transladação das relíquias e da dedicação da sua igreja.
     Santa Colomba é invocada para obter chuva e é representada com um urso e uma pena de pavão substituindo a palma dos mártires.
 
Fontes:
http://www.santiebeati.it/dettaglio/91596
https://es.wikipedia.org/wiki/Colomba_de_Sens
 
Postado neste blog em 29 de dezembro de 2012

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Santa Catarina Volpicelli Virgem, Fundadora – 28 de dezembro

    
    “Senhor, o que queres que eu faça?”, era a pergunta constante que a jovem Catarina Volpicelli, ao regressar de espetáculos como o teatro, ou a dança, de que tanto gostava, fazia à imagem do Ecce Hom, que se encontrava em sua casa e que está hoje na casa central da comunidade das Escravas do Sagrado Coração, fundada por ela.
     Catarina Volpicelli nasceu em Nápoles no dia 21 de janeiro de 1839, no seio de uma família da alta burguesia, da qual recebeu sólida formação humana e religiosa. Estudou letras, línguas e música, coisa não frequente para as mulheres do seu tempo. Guiada pelo Espírito Santo e através dos diretores espirituais, Catarina renunciou à vida social que apreciava para atender uma voz interior, o chamado de Deus à vida religiosa.
     Foi em 1854 que ocorreu o seu encontro casual com o futuro bem-aventurado Ludovico de Casoria na sua cidade. Encontro depois considerado por ela uma graça providencial de Deus, porque por suas mãos se associou à Ordem Franciscana Secular. Pe. Ludovico foi enfático quando lhe indicou como único objetivo de sua vida o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Apesar disso, cinco anos depois, orientada por seu confessor, ingressou em uma Congregação religiosa, saindo, logo em seguida, por graves motivos de saúde.
     Eram anos difíceis para a Igreja em Nápoles: a invasão garibaldina, a perseguição por parte dos maçons e a dispersão dos jesuítas eram alguns desafios para o apostolado neste tempo.
     Também se desenvolvia em Roma o Concílio Vaticano (1869-1870), convocado pelo Papa Pio IX. Paralelamente, um grupo de anticlericais realizava o “Anti-concílio de livre pensadores”. Foi neste contexto no qual Catarina decidiu começar sua obra, com o acompanhamento espiritual do Pe. Ludovico.
A Santa aos 18 anos
     O plano de Deus sobre Catarina era outro, havia bem entendido o Pe. Ludovico, que muitas vezes dizia: "O Coração de Jesus é a tua obra, Catarina!" Novamente, com a indicação do seu confessor, tornou-se a primeira a receber na Itália o diploma de zeladora da Associação do Apostolado da Oração da França. Em 1867, estabeleceu a sua Sede em Nápoles mesmo, onde se dedicou às atividades apostólicas. No edifício de Largo Petrone, na Saúde, localizado em   Nápoles, Catarina reuniu 12 mulheres com suas mesmas inquietudes, a quem chamou de “zeladoras do apostolado e da oração”.
     Foram grandes os frutos de seu apostolado. Graças à amizade e aos conselhos de Volpicelli, o hoje beato Bartolo Longo, fundador do santuário de Nossa Senhora do Rosário em Pompéia, teve uma conversão radical, após ter-se dedicado durante anos à superstição e ao espiritismo.
     "Ele se havia afastado da Igreja, mas com ela conseguiu converter-se, fez a primeira comunhão e da casa de Volpicelli foi para Pompéia, para fundar o santuário", diz Carmela Vergara, postuladora da causa de canonização de Catarina e religiosa da Congregação das Escravas do Sagrado Coração.
     O apostolado da oração passou a ser o ponto central da espiritualidade de Catarina. Na sua vida, totalmente consagrada ao Coração de Jesus, distinguem-se três aspectos: a profunda espiritualidade eucarística, a integral fidelidade à Igreja e a imensa generosidade apostólica.
     Em 1874, com as suas primeiras zeladoras Catarina fundou o novo Instituto das Servas do Sagrado Coração de Jesus, aprovado inicialmente pelo seu arcebispo, e, em 1890, pelo Vaticano. Preocupada com o futuro da juventude, abriu o orfanato, fundou uma biblioteca circulante e instituiu a Associação das Filhas de Maria. Em pouco tempo abriu outras Casas na Itália. E as servas muito se distinguiram na assistência às vítimas da cólera, em 1884, em várias localidades italianas.
     Em 14 de maio de 1884 o novo arcebispo de Nápoles, Guilherme Sanfelice, consagrou o Santuário dedicado ao Sagrado Coração edificado adjacente à Casa Mãe.
     A Santa viajou várias vezes a Roma para encontrar-se com o Papa Leão XIII, que a alentou a que seguisse adiante com este instituto, o qual recebeu sua aprovação pontifícia em 1911, com o Papa São Pio X.
     A participação de Catarina no primeiro Congresso Eucarístico Nacional, celebrado em Nápoles em 1891, foi um ato culminante do apostolado da fundadora e das Servas do Sagrado Coração de Jesus.
     Catarina morreu no dia 28 de dezembro de 1894, em Nápoles, aos 55 anos de idade. Antes de falecer, ela deixou uma carta a seus familiares, na qual dizia: "Iluminada por Deus bendito, em sua infinita misericórdia, acima da vaidade do mundo e do dever de gastar-me total e unicamente no servir a Deus, meu Criador, Redentor e Benfeitor, segundo seu beneplácito, a Ele consagrei e paguei o ser e o que Ele me deu".
     O papa João Paulo II beatificou-a em 29 de abril de 2001. Catarina Volpicelli foi canonizada pelo Papa Bento XVI no dia 26 de abril de 2009. A data de sua festa ocorre no dia de sua morte.
 
Fontes: www.vatican.vawww.paulinas.org.br 
 
Postado neste blog em 28 de dezembro de 2012

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Beata Maria Lourença Longo, Viúva, Fundadora – 21 de dezembro

Uma paralisia purificadora
     Maria Richenza nasceu em 1463, provavelmente em Lérida, em uma família nobre da Catalunha. Ainda jovem, ela foi dada em casamento a Juan Llonc, um ilustre jurista, que mais tarde se tornou regente do Conselho Real de Aragão. Deste casamento tiveram vários filhos.
     Tudo corria normalmente nesta casa, quando ocorreu um infeliz acontecimento: um dia, durante uma festa familiar, um criado, aborrecido com uma repreensão dirigida a ele pela dona da casa, pôs veneno em seu copo. Maria escapou do ataque, mas permaneceu permanentemente paralisada. Ela aceitou esta nova situação com serenidade.
     Em 1506, seguindo o rei Fernando, o Católico, com o marido e os filhos, ela foi para Nápoles. A família se estabeleceu nesta cidade, mas o marido Juan Llonc teve que retornar pouco depois à Espanha para seu cargo. Ele morreu em 1509.
     Viúva aos 46 anos, paralítica, a vida de Maria parecia desenrolar-se lenta e tristemente. Mas agora ela pode realizar um projeto formado alguns anos antes: ir ao santuário de Nossa Senhora de Loreto. Acompanhada da filha e do genro, carregada numa liteira, empreendeu esta cansativa peregrinação. Conta-se que naquele momento ocorreu um milagre: enquanto ela estava absorta em sua oração, após a missa, sentiu-se instantaneamente curada.
     Ela decidiu começar esta nova etapa de sua vida com uma doação a Deus e aos homens em junho de 1510. Em memória da graça recebida por intercessão da Virgem Maria, ela decidiu chamar-se Maria Lourença a partir de então e é com este nome que ela seria conhecida em Nápoles, e também pelo nome italianizado de seu falecido marido: Longo. Diante do altar de Nossa Senhora tomou o hábito da Ordem Terceira Franciscana.
Servindo aos Membros Sofredores de Cristo
     Alguém poderia pensar que Maria Lourença Longo estava com pressa de recuperar seus longos anos de inatividade forçada. O populoso bairro napolitano oferecia um vasto campo de ação ao seu desejo de caridade. Nenhuma necessidade corporal ou espiritual a deixava indiferente. No início, o hospital de São Nicolau foi o centro de sua ação beneficente.
     Em 1518, Ettore Vernazza chegou a Nápoles. Divulgou por toda a Itália a obra do Oratório do Divino, centro de espiritualidade evangélica e iniciativas caritativas. Encontrou em Maria Lourença Longo uma alma gêmea com quem cogitou a criação do grande hospital para incuráveis. Esses incuráveis ​​da época foram sobretudo vítimas da chamada "doença francesa", a sífilis, que infectava toda a população italiana. Maria Lourença contribuiu para esta importante instituição com sua riqueza pessoal, sua influência social, seus esforços e suas orações.
     Em 1525, terminada a construção do edifício, passou a residir ali, vivendo apenas para os seus doentes. Confiou a gestão do Instituto a uma equipa administrativa, assumindo a responsabilidade direta de toda a assistência médica. Ela foi ativamente assistida por outras senhoras de sua comitiva espiritual, especialmente por sua grande amiga Maria Ayerbe, Duquesa de Termoli. Conta-se que certa manhã, durante a missa, ela ouviu uma voz interior dizer-lhe: “Maria, você amava seu marido?” Certamente, ela respondeu, sim, eu o amava. “Você ama seus filhos?” Certo! “Então, por que você não me ama, que fiz tanto por você?”
     Este chamado a estimulou a intensificar o serviço de Cristo aos enfermos. Mas não eram tanto as dores corporais que exigiam atenção. Acima de tudo, era necessário prevenir a miséria moral. É por isso que perto do grande hospital, alguns anos depois, foi fundada a casa dos convertidos. Maria Ayerbe recebeu sua direção.
Do dinamismo de Marta à tranquilidade de Maria
     Naqueles anos, Nápoles era o ponto de encontro das personalidades mais famosas da aristocracia espiritual do Renascimento. No séquito de Madame Longo estão o cardeal Vio de Gaeta, o agostiniano Égide de Viterbo, o místico leigo espanhol Juan de Valdés, animador de um cenáculo evangélico (suspeito de luteranismo) e, em particular, a ilustre humanista Vitória Colonna, marquesa de Pescara, grande protetora dos Capuchinhos.
     A influência espiritual de Maria Longo fez-se sentir sobretudo na comunidade das terciárias franciscanas. Ela as formou assim como as jovens que se sentiram chamadas a consagrar suas vidas no exercício da caridade. Essas jovens eram de origem modesta, mas também havia da nobreza.
     Os capuchinhos chegaram a Nápoles em 1529; no ano anterior haviam obtido de Clemente VII a bula de aprovação de sua reforma. Pediram acolhimento temporário no hospital para incuráveis, onde foram acolhidos pelo diretor que mais tarde encontrou neles valiosos colaboradores na direção espiritual e corporal dos assistidos. Ela e sua comunidade de terciárias se colocaram sob a direção desses austeros irmãos.
     Neste mesmo período chegaram os Teatinos, uma Ordem recém fundada. O próprio fundador, São Caetano de Thiene, chegou a Nápoles em 1533. Sua experiência mística marcou profundamente Madame Longo. No ano seguinte, tendo fixado residência no hospital, São Caetano tornou-se diretor espiritual da comunidade religiosa que, sob sua direção, em 1535, obteve a aprovação canônica sob o nome de Irmãs Franciscanas da Ordem Terceira, assumindo ainda uma fisionomia decididamente contemplativa.
As primeiras Clarissas Capuchinhas
     Essa mudança não desagradou a Maria Lourença. Sob o peso dos seus 72 anos, sofria por não conseguir realizar tudo o que desejava. Uma doença grave o obrigou a ficar inativa por alguns meses: a antiga paralisia voltou. Nos primeiros dias de agosto de 1535 ela se separou dos enfermos no hospital, deixando Maria Ayerbe como diretora e se trancou em um pequeno quarto no convento próximo, onde 20 aspirantes a esperavam. No dia 8 de setembro seguinte, todas receberam o hábito e Irmã Maria Lourença, que havia completado um longo noviciado de 25 anos dedicados à caridade, fez a profissão pelas mãos do delegado apostólico. A comunidade adotou imediatamente a rigorosa regra das Clarissas.
     São Caetano ainda continuou sua direção espiritual. No entanto, em 1538, confiou a Irmã Maria Lourença e suas monjas à direção das capuchinhas que já exerciam desde o início, pelo seu modo de vida, uma profunda influência.
     Um breve de Paulo III datado de 10 de dezembro de 1538 confirmou definitivamente a ereção do mosteiro sob a Regra de Santa Clara, confiando-o à direção dos capuchinhos, conforme solicitado pela fundadora. Uma decisão papal limitou o número de monjas a 33. Daí veio o nome popular de Mosteiro de 33. Nasceu a reforma capuchinha.
     O Breve de Aprovação apoiou a intenção da fundadora de viver com as irmãs a estrita observância da Regra de Santa Clara. Para melhor atingir esse objetivo, ela adotou as Constituições de Santa Colette, integrando nelas alguns pontos das constituições capuchinhas. Pobreza, austeridade, clausura estrita, simplicidade fraterna e sobretudo intensa vida de oração, serão as características das capuchinhas.
     
Assim passaram os últimos sete anos de Maria Lourença. Paralisada no corpo, seu espírito continuou ativo, alternando entre a oração e a direção espiritual das irmãs. Com a aproximação de seu fim, ela renunciou ao cargo de abadessa. Em 21 de dezembro de 1542, ela morreu aos 79 anos.
     Em Nápoles, sua memória ainda é viva.
Veneração
     A causa de beatificação de Maria Lourença Longo começou em 1880. Relançado em 2004, o inquérito canônico sobre o estudo de sua santidade terminou em 9 de outubro de 2017. Maria Lourença Longo foi solenemente beatificada em 10 de outubro de 2021.

 
Fontes:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Marie_Laurence_Longo
http://www.santiebeati.it/dettaglio/91108

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Beata Adelaide de Susa, Marquesa, Viúva - 19 de dezembro

     
Em várias crônicas beneditinas ela é chamada de "Beata Adelaide", mas o seu culto nunca foi reconhecido oficialmente.
     Filha primogênita e herdeira do Conde Olderico Manfredo II, Marquês de Susa e Conde de Turim, e de Berta Obertagna dos Marqueses d'Este, Adelaide nasceu no castelo de Susa entre 1010 e 1016.
     A mãe morreu jovem, depois de ter dado à luz quatro filhos: Adelaide, Imila, Berta e um filho que morreu muito jovem em 1034. O marquês, seu pai, tendo ficado viúvo, dividiu os seus bens entre as três filhas, dos quais a maioria (todas as terras entre Ivrea e Ventimiglia) foi legada à filha mais velha, Adelaide. Mas, o poder dos marqueses de Susa e condes de Turim era principalmente militar, não transmissível a uma mulher, então, quando seu pai morreu, a jovem marquesa, qualificada em muitos textos como princesa, com apenas dezesseis anos, em 1035, casou-se com Hermano III, Duque da Suábia.
     Foi um casamento de curta duração, porque o Duque Hermano morreu de peste em julho de 1038, sem ter tido um filho. Adelaide, que tinha 19 anos, casou-se novamente com Henrique I, Marquês de Monferrato, mas em 1044 ela ficou viúva novamente. Por razões de Estado foi necessário recorrer a um terceiro casamento e a jovem viúva casou-se em 1045 com Odon I (1020 ca – 19/2/1059), Conde de Saboia, Aosta, Maurienne, segundo filho de Humberto I Biancamano de Saboia.
     Nos 14 anos de casamento, cinco crianças nasceram: Pedro I († 1078), Amadeu II († 1080) Berta († 1087), Adelaide († 1079), Odon († 1102), futuro Bispo de Asti; quatro deles morreram antes da mãe, de novo viúva em 1059.
     Digna neta de Arduino de Ivrea, seu bisavô, que em 976 expulsou os sarracenos do Vale de Susa, Adelaide passou a maior parte da adolescência entre as armas, vendo as guerras e os massacres de perto, vestindo ela também sua armadura e usando armas.
     Apesar de ser bela, considerava a beleza e a riqueza como coisas transitórias, avaliando as virtudes como a glória duradoura. Dotada de um temperamento forte, não protelava, caso necessário, punir a corrupção em grandes personagens da região, incluindo até mesmo os bispos, enquanto premiava magnanimamente as ações nobres e as atividades beneficentes. Acolhia na sua corte menestréis e trovadores, mas queria que suas canções sempre fossem usadas para incitar à virtude, à religião e à piedade.
     Fundou em suas propriedades muitas igrejas e mosteiros que se tornaram depois centros de divulgação do patrimônio de estudos e de história; mandou restaurar a igreja de São Lourenço em Ouls (Turim), que como muitas outras havia sido destruída pelos sarracenos.
     Sua proteção a muitos mosteiros fundados no Piemonte, Valle d'Aosta e Saboia era tal, que São Pedro Damião († 1072), Bispo e Doutor da Igreja, seu contemporâneo, pode dizer: "Sob a proteção de Adelaide os monges vivem como pintainhos sob as asas da galinha".
     Ela era amada pelos italianos da época, que geralmente a chamavam de "a Marquesa dos Alpes", foi estimada por seus súditos e temida pelos seus adversários. Nos longos anos de viuvez, foi capaz de manter o poder com notável habilidade e sabedoria, de modo que o já mencionado São Pedro Damião escreveu a ela: "Tu, sem a ajuda de um rei, sustentas o peso do reino, e a ti recorrem aqueles que desejam adicionar às suas decisões o peso de um julgamento legal. Que Deus Todo-Poderoso te abençoe e a teus filhos de índole régia".
     Infelizmente, seus filhos que tanto amava foram para ela as dores mais fortes, porque os viu morrer ainda jovens, exceto o último, o Bispo Odon. Além disso, a filha Berta (1051-1087) foi protagonista involuntária da agitação política que varreu o império da Alemanha e o Papado. Seu marido, Henrique IV (1050-1106), imperador do S. R. I., rei da Alemanha, da Itália e Duque da Franconia, que ela havia desposado com quinze anos em 13 de julho de 1066, por seu caráter vicioso e tirânico, começou a hostilizar a casta donzela, agindo com grosseria, fazendo armadilhas para desacreditá-la e assim poder se livrar dela. Eclodiu uma tal hostilidade, que levou a pobre Berta a recolher-se na Abadia de Lorscheim, aguardando os acontecimentos.
     Henrique IV convocou um Concílio em Mainz para discutir o seu pedido de divórcio, contra o parecer de sua mãe, a imperatriz Agnes, ela também retirada em um mosteiro.
     O papa enviou como seu representante o Cardeal Bispo de Ostia, São Pedro Damião, que na discussão que se seguiu brilhantemente argumentou em favor da jovem Berta, convencendo todos os acusadores​​.
     A reação de Henrique IV foi grande, e não temendo a aversão dos súditos, continuou em seus propósitos e no final recebeu a excomunhão do Papa São Gregório VII (Hildebrando de Soana, † 1085).
     Apesar de ter sofrido muito com o marido ímpio, Berta mostrou ter um espírito elevado, incitando-o, com a ajuda de sua família no Piemonte, a ir pedir perdão ao papa. Adelaide, por intercessão da filha, concordou em acompanhar o ingrato genro até o papa, que era hóspede da Condessa Matilde em seu Castelo de Canossa (Reggio Emilia), acompanhada por seu filho Amadeu II.
     O imperador humilhado deveu muito mais a esta enérgica mulher do que à Condessa Matilde se o Papa Gregório VII concedeu termos e condições duras, mas viáveis, removendo a excomunhão, que havia resultado da desobediência do súdito. Entretanto, a humilhação foi grande o suficiente para entrar para a História, porque Henrique IV foi deixado por três dias fora do Castelo de Canossa no auge do inverno antes de ser recebido pelo papa. Isto ocorreu em 1077.
     Omitimos aqui a continuação da história de Berta e Henrique que voltaram para a Alemanha, e retornamos para a história de Adelaide, que neste caso doloroso da filha amada foi capaz de obedecer e honrar o Papa e não se indispôs com o Imperador, desintrincando entre as duas autoridades distintas, uma espiritual e outra temporal em luta aberta pelas investiduras eclesiásticas.
     Depois disto, Adelaide teve que agir como mediadora em uma disputa entre os seus dois genros: o mesmo Henrique IV e Rodolfo, Duque da Suábia, marido de sua outra filha, Adelaide.
     Nos últimos anos de sua vida, embora muito idosa, manteve sempre a mente lúcida; deixando todos os cuidados de governo ao seu sobrinho Humberto II, retirou-se primeiramente em Valperga aonde às vezes ia de pés descalços ao pequeno mosteiro de Colberg, distante apenas duas milhas, para honrar a Mãe de Deus venerada ali; o mosteiro mencionado tomou depois o nome de Belmonte.
     Sobre o fim da Marquesa Adelaide de Susa existem hipóteses conflitantes de vários estudiosos: o mais confiável é que depois de Valperga ela se mudou para uma pequena aldeia, Canischio (TO), talvez para fugir da peste, morreu ali, e foi sepultada na igreja São Pedro em 19 de dezembro de 1091.
     O testemunho de um estudioso diz que em 1775 lhe foi apresentado na igreja paroquial de Canischio o seu "mesquinhíssimo túmulo" em um estado de abandono que refletia o estado de vida modesta de seus últimos anos.
     A igreja mencionada foi destruída e de seu túmulo não há qualquer vestígio. Outra hipótese dos historiadores é que seus restos mortais foram transportados de Canischio para a Catedral de São João Batista em Turim, mas também ali não há pistas de seus despojos.
 
Fonte: santiebeati/it 
Postado neste blog em 19 de dezembro de 2013

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Santa Adelaide, Imperatriz - 16 de dezembro

     
     Santa Adelaide foi uma “maravilha de graça e de beleza”, segundo escreveu Santo Odilon de Cluny, que foi seu diretor espiritual e seu biógrafo,compreendeu que o mais belo apanágio da juventude é a inocência; que a beleza não é senão um fulgor fugidio; as riquezas, uma armadilha para atrair ao mal; as paixões, um fogo devorador; os prazeres, um abismo que tudo absorve.
     Deus, que a reservava para grandes obras, tinha-a dotado de muitas qualidades; era instruída e cultíssima para o seu tempo.
     Filha de Rodolfo II, rei da Borgonha, e de Berta, da Suábia, Adelaide nasceu no ano de 931, casando-se aos 16 anos com Lotário II, rei da Itália. Este a fez muito infeliz. A filha desse casamento, Ema, seria mais tarde rainha da França.
     Seu marido morreu envenenado três anos mais tarde, segundo se crê, por seu rival Berengário II. Este se proclamou rei da Itália e ofereceu a mão de seu filho à viúva de sua vítima. Recusando-se Adelaide a fazer-lhe a vontade, Berengário apoderou-se de seus Estados e conservou-a presa no castelo de Garda. Ali sofreu os maiores ultrajes, mas ninguém conseguiu demovê-la.
     Conseguindo fugir de seu cárcere, dirigiu-se ao Castelo de Canossa, propriedade da Igreja. Dessa fortaleza inexpugnável, feudo da Igreja que não podia ser invadido por um soberano temporal, em agosto de 951 chamou em seu auxílio Otão I, rei da Germânia. Este atendeu ao seu apelo com um poderoso exército, derrotou Berengário e proclamou-se rei da Itália em Pavia. Como era viúvo, casou-se com Adelaide (Natal de 951). Tiveram cinco filhos, entre os quais Otão II, sucessor de seu pai.
     Depois de dar à luz dois filhos, que morreram em tenra idade, nasceu-lhe o terceiro, a quem foi dado o nome de Oton, como o pai, e que seria o futuro Oton II. Adelaide levou-o à capela e o ofereceu a Deus, dizendo que, caso ele viesse a ser mais tarde vítima do pecado e da sedução do mundo, ela consentia voluntariamente em sua morte.
     Ela mesma foi sua educadora, auxiliada pelo cunhado, São Bruno, Arcebispo de Colônia, e pelo Pe. Gerbert. Eles se esforçavam em incutir no jovem príncipe uma grande submissão à Igreja, como Mãe e Mestra da Verdade, e a sempre defendê-la, se necessário com armas. A Imperatriz frequentemente levava também seu filho, em suas visitas aos pobres e aos doentes, para que ele se tornasse assim sensível às misérias de seus futuros súditos.
     Dez anos mais tarde, chamado desta vez pelo Papa João XII (955-963), a quem tinham invadido os Estados, Otão retornou a Itália e expulsou o invasor. Em retribuição, recebeu a coroa imperial que tinha sido usada por Carlos Magno. Desta forma nasceu o Sacro Império Romano-germânico que durou mais de oito séculos (962-1805).
     Após a morte de seu esposo, Adelaide foi regente do Império durante a menoridade de seu filho Otão II, e, mais tarde, de 991 a 996, durante a menoridade de seu neto Otão III.
Iluminura representando 
Sta. Adelaide e Otão I, seu esposo
     
     Otão II (973-978) sucedeu seu pai e a princípio, influenciado pela esposa, revoltou-se contra sua mãe. Temendo pela vida, ela refugiou-se na Borgonha, junto a seu irmão Conrado. Foi então que conheceu os Santos Odilon e Maiolo da Abadia de Cluny. Ela espalhou benefícios pelos mosteiros franceses, e deve-se ao seu zelo a reconstrução do mosteiro de São Martinho de Tours destruído por um incêndio. Colaborou ativamente com o Santo Abade na expansão da reforma cluniacense (*) pelo mundo germânico.
     O Abade de Cluny interveio no conflito familiar: mãe e filho se encontram em Pavia; Otão II ajoelhou-se implorando o perdão materno.
     Voltando para a Alemanha, em agradecimento pela reconciliação obtida, Adelaide enviou presentes àquela Abadia por meio de um emissário, e, ao túmulo de São Martinho de Tours, o mais rico dos mantos usado por seu filho.
     Escreveu ela ao encarregado da missão: “Quando chegardes ao túmulo do glorioso São Martinho, dizei: Bispo de Deus, recebei estes humildes presentes de Adelaide, serva dos servos de Deus, pecadora por natureza e imperatriz pela graça de Deus. Recebei também este manto de Otão, seu filho único. E vós, que tivestes a glória de cobrir com vosso próprio manto Nosso Senhor, na pessoa de um pobre, orai por ele”.
     Há uma tal grandeza na simplicidade desse contraste de títulos, que mereceria ser o epitáfio dela; ficaria bem num vitral, debaixo da figura nobre, serena, forte dela a inscrição “Santa Adelaide, Imperatriz, pecadora por natureza, imperatriz pela graça de Deus”.
     Em 983, Otão II morreu, deixando como herdeiro o infante Otão III e regente a esposa, Teófana. A imperatriz, de origem bizantina, ainda era hostil à sogra, e Adelaide teve que deixar a corte novamente.
     Com a morte súbita de Teófana em 991, ela retornou e governou durante a menoridade do neto Otão III. Governou o Império com rara sabedoria, num período que foi para ela cheio de provas e sofrimentos. Na idade de sessenta anos, conta com os sábios conselhos de alguns Santos como Adalberto de Magdeburgo, Maiolo e Odilon de Cluny.
     Adelaide nutrira sempre uma grande capacidade de perdoar os inimigos. Os três últimos anos da vida ela os dedicou mais ativamente a promover o bem da Igreja e a ajudar os pobres. Fundou e restaurou mosteiros masculinos e femininos, sendo especialmente protetora de Peterlingen, São Salvador de Pavia e Seltz. Tentou converter os eslavos, cujos movimentos na fronteira perturbaram os últimos anos de sua vida. 
Sta. Adelaide e esposo

    
Até seu neto Oton III, chegando à maioridade, também se mostrou ingrato para com ela, levando-a a afastar-se novamente da corte.
     Sua filha Ema, tornada rainha da França, foi ao seu encontro com seu esposo, pedindo-lhe que se fixasse em Paris. Mas ela queria primeiro fazer algumas peregrinações, e sobretudo reconciliar seus sobrinhos, que disputavam o reino da Borgonha.
     Visitou a abadia de Cluny, cujo abade Santo Odilon ficou tão impressionado com suas virtudes, que se tornaria depois seu biógrafo.
     Pressentindo ter chegado o seu fim, Adelaide se fez transportar para o Mosteiro de Seltz, perto de Estrasburgo, para morrer e repousar junto ao túmulo de Otão I, o Grande, seu segundo marido. Morreu santamente a 16 de dezembro de 999. Foi canonizada pelo Papa Urbano II em 1097.
     Peçamos a Santa Adelaide esse espírito de fortaleza e, ao mesmo tempo, a prudência, a sagacidade, a capacidade de discernir, de dispor dos meios adequados para chegarmos aos fins que nós temos em vista.
   
(*) Cluniacense: relativo a célebre Abadia de Cluny, localizada na Borgonha, França, fundada no século X. Entre 926 e 1156, Cluny foi governada quase ininterruptamente por santos abades: Santos Odon (926-942), Maiolo (965-994) e outros. A Abadia exerceu profunda influência na Cristandade, inclusive além de suas fronteiras. O prestígio da ilustre Abadia perdurou até o século XII.
 
https://ipco.org.br/16-12-santa-adelaide-imperatriz-viuva/
 
Postado neste blog em
16 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Beata Pribislava, irmã de São Venceslau, mártir - 12 de dezembro

 
   
A mais antiga Vita de São Venceslau, do século X, narra que o duque Vratislau, pai de Venceslau e de Boleslau, tinha também quatro filhas que se casaram com duques de povos vizinhos. Uma delas era Pribislava, que muito provavelmente se casou com o duque dos Croatas, população próxima dos Boêmios. Outros detalhes são fornecidos pela Vita et Passio de São Venceslau e de Santa Ludmila, obra de Cristiano (fim do século X), que indica inclusive o nome de Pribislava.
     Segundo esta fonte, Pribislava tinha uma vida muito piedosa e após a morte prematura do esposo "tomou o véu sagrado", o que parece significar que ela ingressou no mosteiro das beneditinas de São Jorge, dentro do castelo de Praga, fundado por volta do ano 970 e o único na Boêmia daquele tempo.
     Segundo Cristiano, algum tempo depois da morte de Venceslau, Pribislava encontrou no próprio local do martírio, entre a igreja dos Santos Cosme e Damião e uma árvore, a orelha que fora cortada durante o suplício do irmão. Segundo o monge Lourenço, autor de uma Vita de São Venceslau, tratou-se, porém, de parte da mão. Ao entrar em contato com o corpo do santo, a orelha, segundo antigas narrativas recordadas nas legendas, pregou-se à cabeça.
     Pribislava esteve também presente na exumação do corpo de seu irmão no túmulo original no castelo de Praga, que ocorreu depois de um certo tempo. No mesmo castelo ela foi sepultada provavelmente no cemitério próximo do templo redondo de São Vítor, fundado por São Venceslau.
     Em 1367, após uma solene consagração da capela de São Venceslau, ainda hoje incorporada à catedral gótica de São Vítor, a “venerável e pia senhora Pribislava” foi sepultada dentro da catedral, junto com Podiven, criado de São Venceslau, nos umbrais da capela.
     Os ossos foram exumados em 1673, quando se iniciaram os complementos barrocos à catedral gótica, e foram colocados pelo Arcebispo de Praga, Breuner, em um relicário de prata em forma de um ramo de louro. Quando este relicário foi confiscado, as relíquias foram recolocadas em uma urna de madeira.
     Todas as informações sobre Pribislava nas mais antigas legendas de São Venceslau são repetidas também em outras vidas suas medievais (Oriente iam sole, Ut annuncietur) e nas crônicas boemias, entre as quais os versos de Dalimil (início do séc. XIV).
     No período barroco (1602) o historiador jesuíta Bohuslao Balbin inseriu Pribislava no seu livro sobre os santos da Boêmia (Bohemia sonda), entre os quais colocou aqueles que embora não tivessem ainda sido canonizados ou beatificados, eram venerados ou chamados "santos" e "beatos" (par. 5). Na literatura hagiográfica mais recente Pribislava é geralmente chamada “beata” ou “venerável”, embora não se tenha notícia de uma aprovação oficial de seu culto por parte da autoridade eclesiástica.
     Na iconografia medieval Pribislava era sempre representada nos ciclos de ilustrações da Vita de São Venceslau no ato de reatar a orelha cortada na cabeça do irmão exangue. Mais recentemente (séc. XX) Pribislava ganhou também uma representação individual em roupas ducais com um relicário na mão direita. Assim ela é representada nas obras de Francisco Bilek e de Bfetislav Storm.
      A Beata é comemorada no dia 12 de dezembro.
 
Fonte: www.santiebeati/it - Vaclav Rynes
 
Postado neste blog em 12 de dezembro de 2013
 

    
São Venceslau (Wenceslaus, Wenceslas) (em tcheco: Václav; * Praga, 908 — Brandys nad Labem-Stará Boleslav, 28 de setembro de 935), foi Duque (kníže) da Boêmia de 921 até sua morte. Era filho de Vratislau I, Duque da Boêmia da Dinastia Premislide. É venerado como santo pela Igreja Católica.
     Em 921, quando Venceslau tinha 13 anos, seu pai morreu e ele foi criado por sua avó, Santa Ludmila, sob influência cristã.
     Em 924 ou 925 Venceslau assumiu o governo. Depois de subir ao trono, com apenas 18 anos, derrotou o rebelde duque de Kourim chamado Radslav.
     Foi ele quem fundou a rotunda da São Vito no Castelo de Praga, em Praga, atualmente a Catedral de São Vito.
     Em setembro de 935, um grupo de nobres aliados ao irmão mais novo de Venceslau, descontentes com ele devido sua profunda catolicidade, conspiraram para matá-lo. Assim três deles (Tira, Čsta e Hněvsa), no momento que se fazia a caminho para a igreja, assassinam-no.
     Foi com esse cruel ato que Boleslau assumiu como novo duque e o seu irmão mais velho passa a ser visto como mártir católico.
     O corpo de São Venceslau foi sepultado em Praga, na igreja de São Vito.
     Os devotos locais começaram a veneração ao corpo e São Venceslau é hoje padroeiro da República Checa, da Eslováquia e da Boêmia.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Venerável Clara Isabel Fornari, Abadessa Clarissa – 9 de dezembro

 Devoção à Nossa Senhora da Confiança e à Nossa Senhora Menina    
 
     
Nascida em Roma, a 25 de junho de 1697, Ana Felícia Fornari entrou aos quinze anos no noviciado das Clarissas, em Todi. Sua vida religiosa era orientada por seu confessor, o jesuíta Pe. Crivelli. Tomando o nome de Clara Isabel, fez a profissão no ano seguinte e, desde então, a sua vida foi uma série de fenômenos os mais extraordinários, consignados no processo de beatificação e confirmados sob juramento pelas suas companheiras, pelo confessor e pelo médico.
     Tinha frequentes e prolongados êxtases; recebia numerosas visitas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, de Santa Clara e de Santa Catarina de Sena. No decorrer duma delas, Jesus meteu-lhe no dedo o anel que simbolizava o seu consórcio espiritual. Comprazia-se em chamar-lhe “a sua esposa de dor”.
     Clara Isabel participou, com efeito, dos sofrimentos do Divino Crucificado: tinha as mãos, os pés e o lado marcado com estigmas visíveis, donde por vezes corria sangue. Na cabeça tinha uma coroa cujos espinhos cresciam para o interior, saindo pela fronte, desprendendo-se e caindo ensanguentados. As torturas e perseguições demoníacas que sofreu recordam as que, cem anos depois, veio a padecer o Santo Pároco de Ars. Desde o noviciado, o demônio tentava-a com o desespero e o suicídio; depois, maltratava-a, atirando-a pelas escadas abaixo, e tentava tirar-lhe a fé.
     Nos últimos meses de vida parecia abandonada de Deus, tendo perdido até a lembrança das consolações passadas. Só recuperou a antiga alegria pouco tempo antes de morrer, o que ocorreu no dia 9 de dezembro de 1744. Um processo de beatificação da Madre Clara Isabel está em andamento.  
     Madre Clara Isabel deixou suas experiências registradas no livro “Relações místicas”, conservado no mosteiro desde a sua morte, em 1744. O livro mostra sua forte devoção pela Virgem e cita os numerosos prodígios atribuídos à sagrada imagem do quadro de Maria com o Menino Jesus, venerado por ela em sua cela. A vigorosa fé na Mãe de Deus e os dons místicos da religiosa propagaram entre a população local a invocação de Nossa Senhora da Confiança.
Quadro original
     Em 1781, o sagrado quadro saiu do mosteiro de São Francisco, em Todi, atendendo ao pedido do sobrinho do Pe. Crivelli, também jesuíta. Padecendo de gravíssima enfermidade, ele desejou se penitenciar diante da imagem de Nossa Senhora da Confiança, cuja devoção seu tio lhe transmitira. Ele se curou e, em agradecimento, mandou fazer uma cópia exata do quadro de sua celestial benfeitora.
     A cópia da imagem o acompanhou a Roma, quando foi designado diretor espiritual para o Colégio Germânico que foi sede, por longo período, do Pontifício Seminário Romano Maior, centro da divulgação da devoção de Nossa Senhora da Confiança, eleita padroeira do Seminário.
     A sede definitiva do Seminário ficou pronta em 1917 e a nova capela foi dedicada à celestial padroeira. O Papa Bento XV, nessa solene ocasião, coroou Nossa Senhora da Confiança. confirmando canonicamente seu título e o dia de sua festa, em 24 de fevereiro.
A devoção à Nossa Senhora da Confiança (Madonna della Fiducia)
     A invocação de Nossa Senhora da Confiança foi introduzida na Igreja no século XVIII pela influência da Venerável Clara Isabel Fornari. O quadro fora pintado pelo grande artista italiano Carlo Maratta (1625-1713). Em 1704 ele tornou-se pintor da corte de Luís XIV. Diz-se que o renomado artista deu o quadro para uma jovem nobre que se tornara abadessa do Convento das Clarissas de São Francisco na cidade de Todi. Era a hoje Venerável Madre Clara Isabel Fornari.
     Segundo palavras da própria Venerável, Nossa Senhora fez promessas especiais a ela com respeito a este quadro: “Minha Senhora Celeste, com o amor de uma verdadeira Mãe, assegurou-me que todas as almas que com confiança se apresentarem diante desta imagem obterão verdadeiro conhecimento, dor e arrependimento de seus pecados, e a Santíssima Virgem lhes concederá uma particular devoção e ternura por Ela”. Esta promessa se aplica não apenas ao quadro original, mas também a todas as cópias dele.
     Uma das cópias foi levada para o Seminário Maior de Roma, do qual Ela se tornou padroeira. 
     Entre os fatos prodigiosos que comprovam a proteção dEla ao Seminário contam-se as duas vezes (1837 e 1867) em que uma epidemia de cólera atingiu a Cidade Eterna, mas o Seminário Romano foi milagrosamente poupado pela poderosa intercessão de sua Padroeira.
     Na 1ª Guerra Mundial, cerca de cem seminaristas foram enviados à frente de batalha e se colocaram sob a especial proteção de Nossa Senhora da Confiança. Todos retornaram vivos, graça que atribuíram à proteção da Santíssima Virgem. Em agradecimento, entronizaram o venerável quadro numa nova capela de mármore e prata. 
A devoção à Nossa Senhora Menina     
     O fundador da Congregação dos Monges Olivetanos é o iniciador da devoção à Nossa Senhora Menina. A Ela o então Beato Bernardo, em 1623, consagrou a igreja edificada e dirigida pelos monges no Monte Oliveto. A primeira imagem só foi confeccionada em 1755 e constava de “uma menina deitada num berço, enfaixada com graça e riqueza”. O abade olivetano Dom Isidoro Gazzali foi quem a encomendou à Venerável Madre Clara Isabel Fornari, especialista em escultura. Desde então, é essa a imagem venerada nos mosteiros olivetanos. Assim honravam a festa da Natividade de Nossa Senhora, celebrada no dia 8 de setembro.
     A cidade italiana de Milão é outro centro de irradiação dessa piedosa forma de venerar a Mãe de Deus. Na igreja de Santa Maria dos Anjos havia a imagem também esculpida pela Venerável Clara Isabel Fornari, modelada em cera, chamada “Maria Santíssima Menina”. O seu semblante iluminado pelas graças da infância retinha a simplicidade, a pureza, a alegria da sua alma. Posteriormente, foram aparecendo outras pinturas e imagens, como a da igreja São Nicolau, na cidade do Porto em Portugal, no século XVIII. Também pode se encontrar uma pintura de Sant’Ana, tendo a Menina Maria de pé ao seu lado, enquanto recebe instruções.
 
Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. 3ª. Ed. Editorial A.O. Braga.
http://www.seminarioromano.it/storia/madonna-della-fiducia/la-storia
https://www.a12.com/academia/titulos-de-nossa-senhora?s=nossa-senhora-simbolo-perfeito-da-confianca-em-deus
   
Postado neste blog em 8 de dezembro de 2012

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Santa Asélia, Virgem, “Uma Flor do Senhor” - 6 de dezembro

Discípula de São Jerônimo, o qual dela escreveu que “era abençoada desde o seio de sua mãe”.
      
     O Martirológio Romano afirma: “Em Roma, Santa Asélia, Virgem, que segundo as palavras de São Jerônimo, sendo abençoada desde o ventre de sua mãe, viveu até a velhice em jejum e oração”.
     Este nome incomum tem um significado ainda mais inesperado: em latim, Asellia significava "burrinho, jumentinho". Não era um nome ofensivo, nem ridículo: ele tinha mesmo um tom carinhoso, talvez como uma homenagem à paciência e a docilidade do burro. Lembremo-nos que este animal aparece em vários momentos no Novo Testamento, especialmente quando Nosso Senhor Jesus Cristo entrou triunfalmente em Jerusalém montando um deles.
     Além disso, a Santa de hoje é tal, que nos faz esquecer qualquer implicação causada pelo nome. É na verdade uma criatura de qualidades humanas e virtudes sobrenaturais excepcionais; uma dessas mulheres que em todas as épocas foram e são representantes da secreta grandeza do Cristianismo.
     Asélia não era uma celebridade, e ela teria desaparecido da memória do mundo se o grande São Jerônimo, o tradutor da Bíblia para o latim e Doutor da Igreja, não tivesse escrito sobre ela em suas cartas.
     Vivendo em Roma nos anos de sua maturidade, São Jerônimo reunira em torno dele um grupo de mulheres dedicadas e estudiosas, cujos nomes ainda são encontrados no Calendário: Santas Paula Romana, Marcela, Lea, Eustaquia e, finalmente, Asélia.
     Estas primeiras sementes de árvores que dariam frutos em abundância nos séculos seguintes, devem ser veneradas por nós com entusiasmo, pois foram modelos para as gerações que, de auge em auge, chegaram à culminâncias sublimes. Infelizmente, quando, no dizer de Paulo VI, “a fumaça de satanás penetrou no seio da Igreja”, um feminismo malsão foi destruindo paulatinamente o que elas construíram com tanto amor e dedicação...
     A história de Asélia, narrada em uma carta do Santo, é esta: filha de uma família distinta, com apenas 10 anos decidiu dedicar-se inteiramente ao Senhor. Ela vendeu suas joias e suas roupas festivas, vestiu uma túnica escura despojada e começou a viver em sua casa como uma sepultada viva.
     A princípio, seus pais não permitiram que ela usasse as roupas normalmente usadas pelos ascetas, mas ela secretamente vendeu um colar de ouro, pagou pela produção da roupa e, aos 12 anos, surpreendeu seus pais ao aparecer para eles “neste traje de consagração”.
     "Trancada em um quarto pequeno - São Jerônimo escreve - ela estava à vontade como no céu. Uma única camada de terra era o lugar de sua oração e de seu descanso; o jejum era para ela divertimento, a abstinência, uma refeição... Observou bem a clausura para jamais colocar um pé fora dela, nem nunca falar com um homem...".
     Segundo o historiador Claude Fieury, Aselia nunca falou com nenhum homem. Como afirmou a hagiógrafa Agnes Dunbar: “Ela trabalhava com as mãos e cantava salmos”. Apesar de seu estilo de vida austero, isso não afetou sua saúde. Também visitava os túmulos dos mártires, mas na obscuridade, para nunca ser reconhecida. A vida difícil não enfraqueceu o seu corpo: pelo contrário, aos 50 anos, de acordo com o testemunho de São Jerônimo "ainda estava com boa saúde e ainda mais saudável de espírito".
     "Nada poderia ser mais alegre do que a sua gravidade - escreve o grande Doutor - nada mais grave do que a sua alegria; nada é mais grave do que seu riso; nada mais atraente do que a sua tristeza. Sua palavra é silenciosa e seu silêncio fala".
     Quando o grande erudito teve que sair de Roma, forçado pelas muitas hostilidades e suspeitas malévolas, enviou uma carta diretamente para Asélia, em seu caminho para a Palestina. Mas nesta carta, como era natural, não falava dela, nem tentava sua modéstia com elogios. Abria para ela seu coração amargurado, fazendo para ela, agora morta para o mundo, uma defesa apaixonada de sua conduta, contra as calúnias e as críticas injustas.
     A admiração e o afeto pela cristã Asélia transpareciam, entretanto, na despedida, quando São Jerônimo escrevia: "Lembre-se de mim, ó ilustre modelo de modéstia e virgindade, e com suas orações aplacai as vagas do mar".
     Asélia, que na época tinha mais de cinquenta anos, viveu muito tempo ainda em sua clausura e em sua penitência. Vinte anos depois ainda estava viva e bela, de uma beleza espiritual. Assim pelo menos a viu um bispo e historiador da época, Paládio, que visitou Roma em 405, e conheceu Aselia, o qual escreveu: "Vi em Roma a bela Asélia, esta virgem envelhecida no mosteiro. Era uma mulher dulcíssima, que dirigia várias comunidades”.
     Santa Aselia morreu em c. 406 de causas naturais.
 
Fontes:
http://www.santiebeati.it/dettaglio/90496
https://anastpaul.com/2021/12/06/saint-of-the-day-6-december-saint-asella-of-rome-a-flower-of-the-lord-died-c-406/
 
Postado neste blog em 5 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Santa Branca de Castela, Rainha, Viúva, Religiosa e Mãe de São Luís IX, Rei de França - 2 de dezembro

     
Branca era filha de Afonso VIII, Rei de Castela, e de Leonor da Inglaterra. Nasceu em Palência no início de 1188. Com onze anos foi prometida como esposa a Luís, delfim da França, pelo tio João Sem Terra, que tinha intenção de se reconciliar com o Rei Felipe Augusto. Em 22 de maio de 1200, Filipe Augusto e João Sem Terra assinaram finalmente o Tratado de Goulet. João cedeu à sua sobrinha os feudos de Issoudun e Gravay, juntamente com os de André de Chauvigny, senhor de Châteauroux, em Berry. O casamento foi celebrado no dia seguinte em Portmort, na margem direita do rio Sena, território de João
     Branca começou a mostrar as suas qualidades de estadista em 1216, quando Luís reclamou a coroa inglesa para a sua esposa, invadindo a Inglaterra a pedido da nobreza inglesa, revoltada contra João Sem Terra. Mas o apoio dos rebeldes cessou com a morte de João, poucos meses depois. Aliados em torno de Henrique III de Inglaterra, filho do falecido rei, os ingleses uniram-se contra o agora invasor francês. Filipe Augusto não quis se envolver e Branca foi um importante apoio para Luís. Estabeleceu-se em Calais e organizou duas frotas e um exército sob o comando de Roberto de Courtenay, que acabariam por serem derrotados pelos ingleses.
     Branca encontrava-se profundamente aflita, pois já se haviam passado doze anos desde seu casamento e ainda não tinha filhos. São Domingos de Gusmão, que fora visitar a Rainha, aconselhou-a a rezar diariamente o Rosário, pedindo a Deus a graça de tornar-se mãe. Seguindo fielmente o conselho, ela foi atendida e em 1213 deu à luz o seu primogênito, Filipe, que veio a falecer na infância.
     O fervor da rainha não se abalou por essa provação. Ao contrário, ela procurou o auxílio de Nossa Senhora mais do que antes. Distribuiu Terços para todos os membros da corte e para os habitantes de muitas cidades do seu reino, pedindo que se unissem a ela na súplica a Deus. Sua ardente oração foi ouvida quando, em 1215, nasceu aquele que seria depois São Luís IX, o príncipe que se tornaria a glória da França e modelo dos reis cristãos.
Casamento de Branca com o Delfim
     Branca, que fora educada nos princípios católicos, educou seus numerosos filhos, entre eles Luís, segundo os mesmos ensinamentos. Ao educar os seus filhos nos mais rígidos princípios morais e religiosos, ganhou também a aprovação do clero.
     A Rainha herdou dos Plantagenetas, seus ancestrais maternos, a excepcional força de ânimo e o senso político que demonstrou colaborando nos empreendimentos do esposo, encorajado por ela na sua luta pela expulsão dos ingleses do Poitou.
Santa Branca e São Luís IX
     Quando Filipe II de França morreu, Luís VIII sucedeu-o e foi coroado em 6 de agosto de 1223, juntamente com Branca, na Catedral de Reims.
     Após a morte de Luís VIII em 1226, Branca tornou-se Regente em nome do filho, Luís IX de França, de doze anos de idade. Apesar da grande aceitação como rainha consorte, agora enfrentava a hostilidade da nobreza francesa, provavelmente devido a ser mulher e estrangeira, apoiada por outro estrangeiro, o Cardeal Romano Frangipani de Santo-Ângelo, legado papal e preceptor do jovem rei, presente na França já no tempo de Luís VIII, e que muito ajudou Branca em suas lutas. Mas, acima de tudo, os nobres desejavam aproveitar uma debilidade da autoridade real para retomar as prerrogativas políticas que um século de progresso do poder real lhes tinha retirado.
     Branca só conseguiu dissolver esta coligação ao dividir os barões, impressionados pelos seus preparativos bélicos ou conquistados pela hábil diplomacia. Na conclusão do Tratado de Meaux-Paris de 1229, conseguiu organizar a tomada do Languedoc. No ano seguinte repeliu um ataque inglês e resistiu aos boatos de ligações ilícitas com o Cardeal Frangipani e com Teobaldo IV de Champagne. Paralelamente, apoiou-se na obra reformadora de São Bernardo Claraval para fundar as abadias de Royaumont, em 1228, e de Maubuisson, em 1236.
     São Luís reconheceu dever-lhe o seu reino, ele mesmo afetado pela personalidade da mãe. Mesmo depois da maioridade em 1234, manteve a grande influência política de Branca. Foi a ela que confiou mais uma vez a regência durante a 7ª Cruzada ao Egito, projeto a que ela se opunha. Na campanha desastrosa que se seguiu, ela manteve a paz, simultaneamente retirando homens e dinheiro do reino para auxiliar o seu filho no Oriente.
     A rainha-mãe soube triunfar sobre as coligações formadas contra a sua pessoa e contra a monarquia pelos grandes vassalos, governando com inteligência, e pôs fim ao conflito contra os cátaros. Foi celebrada pela sua beleza tanto quanto pela sagacidade. Branca de Castela também pode ter sido compositora: a ela é atribuído Amours ou trop tard me suis pris.
Abadia de Maubuisson,
atualmente um museu
      
No final da sua vida retirou-se em Melun, onde morreu em 27 de novembro de 1252, enquanto São Luís IX ainda se encontrava no Oriente. O seu corpo repousa na Abadia de Maubuisson, fundada por ela e onde ela mesma recebera o hábito cisterciense alguns anos antes da morte. O seu coração é conservado na Abadia de Lys, nas proximidades de Melun, para onde fora levado em 13 de março de 1253.
     Os casamentos dinásticos de sua vasta prole e de seus descendentes fizeram com que Branca de Castela se tornasse ancestral de praticamente todas as casas reais europeias em menos de cem anos após sua morte.
     Branca de Castela é universalmente venerada como santa, embora não tenha sido canonizada oficialmente; sua festa é celebrada no dia 2 de dezembro.
 
Fontes:
http://www.santiebeati.it/dettaglio/37600
https://pt.wikipedia.org/wiki/Branca_de_Castela
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2016/06/santa-branca-de-castela-viuva-religiosa.html

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Santa Maura de Constantinopla, Esposa e Mártir - 30 de novembro

     
Uma narração mais extensa do martírio de Santa Maura é encontrada em Passio, F. Halkin, Hagiographica inedita decem [Corpus Christianorum. Série Graeca 21. Turnhout: Brepols, 1989]: 27-29.
     Maura e seu esposo, Timóteo, suportaram enormes sofrimentos e torturas por causa da fé em Cristo durante a perseguição do Imperador Diocleciano (285-305). Timóteo era de uma aldeia no Egito chamada Perapa, onde seu pai, Pikolpossos, era sacerdote; foi ordenado entre o clero como leitor da Igreja, onde também foi o custódio e o copiador dos livros dos Serviços Divinos.
     Timóteo foi denunciado como guardião dos livros cristãos quando o imperador deu ordens para que os livros fossem confiscados e queimados. Então levaram Timóteo diante do governador Ariano, que lhe ordenou entregar todos os Livros Sagrados. Timóteo foi submetido a terríveis torturas por não obedecer à ordem; aguentou a dor com grande valentia e sempre dando graças a Deus por permitir-lhe tal sofrimento em Seu nome.
     Ariano foi então informado que Timóteo tinha uma jovem esposa chamada Maura, com a qual havia contraído matrimônio uns vinte dias antes. Ariano procurou por Maura com a esperança de quebrar a vontade de Timóteo, mas o santo recomendou a sua esposa que não temesse as torturas e que emulasse seu caminho. Maura lhe respondeu: "Estou disposta a morrer contigo". Maura confessou sua fé em Cristo e Ariano ordenou que arrancassem seus cabelos e lhe cortassem os dedos de suas mãos.
     Maura sofreu o tormento com alegria e agradeceu ao governador pela tortura que ela recebia como perdão por seus pecados. Ariano então ordenou que lançassem Maura em um caldeirão com água fervendo, mas ela não sentiu nenhuma dor e permaneceu ilesa. Tendo Ariano suspeitado de que seus funcionários tivessem sentido compaixão por Maura e houvessem enchido o caldeirão com água fria, pediu que Maura salpicasse sua mão com a água do caldeirão; quando a mártir fez isto, Arriano gritou de dor com a mão escaldada.
     Ariano reconheceu momentaneamente o poder do milagre e confessou que o Deus em que Maura acreditava era o Deus verdadeiro, e ordenou a sua libertação. Porém o diabo tinha grande poder sobre o governador e Ariano insistiu novamente que Maura oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos, sem conseguir convencê-la. Ele foi então possuído de uma grande ira satânica que o levou a inventar novas torturas.
     A população começou a murmurar e a pedir que não continuassem abusando da mulher inocente, ao que Maura lhes respondeu: “Que ninguém me defenda! Eu tenho um só defensor e é Deus, em quem confio".
     Finalmente, depois de ambos os mártires serem torturados por longo tempo, Arriano ordenou que fossem crucificados; foram colocados na cruz por dez dias, um de frente ao outro. No décimo dia de martírio e sofrimentos pela crucifixão os santos ofereceram suas almas ao Senhor. Isto ocorreu no ano 286.
     Barônio introduziu Santa Maura, Virgem e mártir, no Martirológio Romano no dia 30 de novembro, sem uma explicação suficiente, porque não se conhece nenhuma virgem mártir com este nome nascida em Constantinopla.
     No século VI, existia uma igreja dedicada a Timóteo e Maura em um distrito central de Constantinopla, confirmando a proeminência de seu culto, conforme Raymond Janin, La géographie ecclésiastique de l’impire Byzantin. 1: Le siège de Constantinopla et le patriarcat O ecuménique. 3: Les églises et les monastérios, Paris (1969).
     Mas eles haviam sofrido o martírio pela fé na Tebaida, onde o governador Ariano queria se apoderar dos livros sagrados e fazê-los renegar Cristo. Como os dois mártires se recusassem a obedecer à sua ordem, o governador infringiu-lhes diversos tormentos e os condenou finalmente à crucificação. Os sinassários bizantinos os mencionam no dia 10 de novembro e 3 de maio. Entretanto, pode ser que a confusão do Martirológio Romano tenha origem em outra fonte.
 
https://theo.kuleuven.be/apps/press/theologyresearchnews/2022/02/14/united-in-perpetual-love-the-story-of-timothy-and-maura/
https://pravoslavie.ru/103401.html
https://www.goarch.org/chapel/saints?contentid=39
 
Postado neste blog em 30 de novembro de 2015