quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Há cem anos aparecia em Fátima o Anjo de Portugal

     No início deste novo ano, nós olhamos para trás com gratidão em relação ao ano anterior. Hoje você é convidado a viajar de volta ao ano de 1916. E vamos longe... para Portugal.
     Vamos encontrar três pastorinhos: Jacinta, Francisco e Lúcia. Eles passaram um dia tranquilo de primavera fazendo o que todas as crianças faziam naquela época e continuam a fazer hoje (quando não há videogames por perto!). Eles estavam brincando com pedras, jogavam com seixos... QUANDO, num piscar de olhos, as suas vidas mudaram para sempre!
     Eis as próprias palavras de Lúcia: "E então começamos a ver, ao longe, acima das árvores que se estendiam para o leste, uma luz mais branca do que a neve na forma de um homem jovem, bastante transparente, e tão brilhante como cristal aos raios do sol”. Então, essa "luz mais branca do que a neve" começou a falar, dizendo: "Não temais. EU SOU o Anjo da Paz. Rezai comigo".
     Desta forma, o Anjo da Paz preparava estas três crianças para tornarem-se amigos íntimos de Nossa Senhora; preparava-os espiritualmente para receber a Rainha do Céu.
     Caros amigos de Maria Ssma., acreditamos que este Anjo da Paz está nos pedindo para nos prepararmos da mesma maneira para o Centenário de Fátima que vai ocorrer daqui um ANO. Em um ano nós estaremos comemorando 100 anos que Nossa Senhora, Ela mesma, apareceu aos pastorinhos de Fátima, dando-lhes – e a todo o mundo – a solução para o nosso tempo: Oração. Penitência. Conversão.
     Estamos prontos para o Centenário? Então, vamos nos preparar espiritualmente com uma oração diária - ou tão frequentemente quanto possível: a mesma oração que mudou a vida de Jacinta, Francisco e Lúcia. Vamos deixar de "brincar com seixos" - as pequenas coisas diárias - e vamos rezar com o Anjo da Paz. Santo Agostinho disse: "A paz é a tranquilidade da ordem". Que o Anjo da Paz, no ano de 2016, traga ordem e paz à nossa alma e ao mundo.
(excertos de artigo do site americaneedsfatima.org)
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     Na primeira aparição, o Anjo ensinou esta jaculatória: “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam“.
     Dias depois o Anjo apareceu e disse: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente orações e sacrifícios ao Altíssimo”.
     Como nos havemos de sacrificar?” – perguntou Lúcia.
     De tudo que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”.
     Meses depois, eis que aparece o Anjo trazendo na mão um Cálice e, sobre ele, uma Hóstia, da qual caíam dentro do Cálice algumas gotas de sangue. O Anjo deixou o Cálice suspenso no ar, e prostrou-se em terra, repetindo três vezes a oração:
     “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores".
Monumento ao Anjo de Portugal em Fátima
 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

São Paulo legou um verdadeiro manual de apostolado, com a gravidade de um testamento espiritual 25 de janeiro

    
     Vamos passar a coisas muito mais altas, muito mais antigas e muito mais transcendentais. Do fundo dos séculos nos vem hoje a voz de São Paulo. Hoje é sua festa e o 413° (hoje 462º) aniversário desta cidade, que se chamou exatamente São Paulo por ter sido fundada no dia 25 de Janeiro. É razoável e justo, portanto, que no comentário do Santo do Dia ouçamos pelo menos trechos de uma epístola de São Paulo a Timóteo: 
Dou graças Àquele que me confortou, a Jesus Cristo, Nosso Senhor, porque me julgou fiel pondo-me no ministério a mim, que fui antes blasfemo e perseguidor e injuriador”. 
     Ele dá graças a Deus por ter sido posto no ministério eclesiástico e levado à excelsa categoria de Apóstolo, embora tenha sido antes um inimigo de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
... mas alcancei a misericórdia de Deus porque eu fiz por ignorância, sendo ainda incrédulo”. 
     Quer dizer, muitas coisas ele não sabia, o que lhe servia de atenuante. 
Mas a graça de Nosso Senhor superabundou com a fé e a caridade que há em Jesus Cristo. Palavra fiel e digna de toda aceitação, Jesus Cristo veio a esse mundo salvar os pecadores, dos quais sou o primeiro”. 
     Ele reconhecia que era pecador; que Jesus Cristo veio ao mundo salvar pecadores como ele, então recebeu aquela superabundância de graça que o tornou o Apóstolo das gentes. 
Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, sendo o primeiro, mostrasse a Jesus Cristo toda a sua paciência, para exemplo dos que hão de crer nele para alcançar a vida eterna”. 
     Sendo ele o Apóstolo das gentes, um caso insigne da Igreja de Jesus Cristo, era bom que se provasse nele a misericórdia de Deus, a Quem tinha ofendido e por misericórdia tinha sido perdoado. E era bom, portanto, que essa misericórdia brilhasse em si.
     Agora vem, então, a parte para nós mais sensível da epístola: 
Tu (Timóteo) persevera no que aprendeste e que te foi confiado, sabendo de quem aprendeste. Conjuro-te, diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino, prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, repreende, suplica, admoesta com toda paciência e doutrina, porque tempo virá em que muitos já não suportarão a sã doutrina, mas desejosos de ouvir coisas agradáveis cercar-se-ão de mestres segundo seus desejos e apartarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às fábulas. Tu, porém, vigia sobre todas as coisas, suporta os trabalhos, faz a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério; sê sóbrio; porque quanto a mim estou para ser oferecido em libação e o tempo de minha dissolução se avizinha”. 
     Estou para ser oferecido em libação”: era a vítima que estava para ser oferecida como holocausto; “o tempo de minha dissolução se avizinha”: o tempo em que se há de dissolver o ente dele, separando-se a alma do corpo. 
Combati o bom combate, acabei a minha carreira; guardei a fé, de resto, está-me reservada a coroa de justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não só a mim, mas também a todos aqueles que desejam a sua vida”. 
     Estas palavras, que vamos analisar em seguida, foram pronunciadas por São Paulo no momento precisamente em que se divisava para ele a hora da morte. Essa epístola tem algo da gravidade de um testamento, das últimas palavras de um mestre a um discípulo bem amado, no momento em que esse mestre percebe que vai deixar a terra.
     Quais são os conselhos que dá a esse discípulo?
     Em primeiro lugar, diz ele: “há de vir um tempo em que muitos já não suportarão a doutrina, mas desejosos de ouvir coisas agradáveis cercar-se-ão de mestres segundo seus desejos”. Isso exatamente acontece em nossa época, mais do que em todas as anteriores. As pessoas não querem ouvir os mestres ortodoxos que dizem o que Jesus Cristo ensinou. Mas querem ouvir mestres segundo seus desejos. Ou seja, querem que a moral católica fosse relaxada para assim também levar uma vida relaxada.
     Então, não dar ouvidos aos católicos que ensinam a moral católica como ela é, mas sim conforme diz o mau católico, o sacerdote traficante, que ensina a doutrina católica como ela não é, mas como se gostaria que fosse. Aceita-se qualquer nova heresia porque é agradável de ouvi-la. Esses que assim ensinam são mestres falsos, de acordo com os desejos dos homens. E exatamente em nossa época se dá isso. Muitíssimos não querem mais os mestres verdadeiros, muitíssimos querem mestres falsos segundo os seus desejos. 
E apartarão os ouvidos da verdade”. 
     Quando se procura ensinar a verdade, mostrar qual é a doutrina católica verdadeira, eles desviam os ouvidos. 
E os aplicarão à fábula”. 
     A “fábula” é mentira, imaginação, embuste. Eles não ouvirão a verdade, mas vão ouvir as fábulas, vão ouvir tantos erros que infelizmente circulam dentro da Santa Igreja e que as almas aceitam porque estão de acordo com seus instintos depravados, que facilitam a circulação de seus vícios e nos quais, portanto, eles acreditam.
     Timóteo estava posto, assim, por São Paulo, em face da proximidade de heresias que iam se dar dentro da Igreja daquele tempo.
     De fato, no tempo das catacumbas houve heresias. Mas sobretudo São Paulo previa os nossos tempos e os tempos do Anticristo. Seus conselhos não são apenas para Timóteo, mas para todos que ao longo dos séculos se encontrassem em condições análogas às de Timóteo e que lutariam contra os fautores do erro, e isto (é valido) até o fim do mundo para os que lutarão contra o Anticristo. São, portanto, conselhos diretamente aos que lutamos contra o precursor do Anticristo. E quais são esses conselhos? “Persevera no que aprendeste e que te foi confiado, sabendo de quem aprendeste e que te foi confiado”.
     Quer dizer, antes de tudo, primeira recomendação: persevera na fé, persevera  na fé antiga, persevera na fé tradicional que tu aprendeste, porque sabe quem é que ensinou. Era uma pessoa digna de crédito, digna de confiança, que transmitia verdadeiramente a verdadeira fé. Então, primeira recomendação: atitude de fidelidade, de eco, de docilidade ao ensinamento tradicional da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
 
continua...

São Paulo legou um verdadeiro manual de apostolado - 25 de janeiro

cont.
 
     Os sacerdotes das gerações antigas, verdadeiros depositários da verdadeira fé, deram um ensinamento que chegou até nós. Podemos saber qual é a tradição e, com esta, qual é a verdade. Porque o que a Igreja ensinou ontem, não pode ter ficado erro hoje, tem que ser verdade sempre. E se há uma contradição, está no novo.
     Então, devemos ser homens que perseveram, quer dizer, que continuam, que estão na mesma fé de antigamente e que nela permanecem fiéis. Essa é a primeira recomendação.
     Depois ele continua:
“Conjuro-te, diante de Deus e de Jesus Cristo que há de vir julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu Reino...”
     Ou seja: eu te peço diante de Cristo, e lembra-te que esse Cristo – em presença do qual eu te faço esse pedido – virá à terra julgar os vivos e os mortos, e vai te julgar, portanto, a ti, a quem eu faço esse pedido; e vai te julgar em função do atendimento que deres a esse pedido. Eu te peço em presença de Jesus Cristo, eu te peço pelo amor à vinda dele, pelo amor ao Reino dele eu te peço. Peço o quê? Agora vem o dever:
“... prega a palavra”.
     Nós não somos sacerdotes, mas temos o direito – como leigos – de transmitir a palavra pregada pelos sacerdotes genuínos, que dão a doutrina verdadeira e que são sacerdotes fiéis ao passado. Então, logo depois da fidelidade à doutrina católica vem o enunciado da doutrina católica para outros, da doutrina tradicional, afirmação da qual é a verdadeira doutrina católica. Então:
           “prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo”.
     Ou seja, insiste caso os outros gostem, mas caso os outros achem que você é importuno, insista também. A expressão latina é mais rigorosa do que está aqui: “oportune et importune”: insista oportunamente e inoportunamente.
     Quer dizer, fale com os outros, ainda que eles não gostem. Seja homem! Seja católico! Seja guerreiro da palavra! Se não gostem, afirme de novo. Combata. Faça-lhes entrar a palavra pelos ouvidos adentro. Seja soldado de Jesus Cristo. Isso é que São Paulo pede a Timóteo. E isso é que nós devemos fazer: não ter medo de ensinar a verdade, não recuar, não nos aborrecermos com o fato dos outros não nos darem atenção ou até de nos responderem mal. Ensinar de novo e ensinar com varonilidade sobrenatural. É uma coisa que é nosso dever e com o que damos glória a Deus.
     Depois ele continua:
“Repreende...”.
     Repreender é censurar, é chegar para as pessoas e dizer: “Tu fizeste mal”.
     Há uma certa escola de apostolado que acha que o apóstolo nunca deve censurar os outros, que deve ser sempre gentil, sempre amável: “Fulano, você abandonou sua mulher, tomou uma outra. Ora, pobre coitado... quanto drama sentimental!
     Eu compreendo que o outro goste de ouvir, mas não podemos dizer isso. Nós temos que dizer o que disse São João Batista a Herodes, o que disse o profeta Natam a Davi: “Tu pecaste, tu andaste mal, cometeste uma ação censurável e eu te digo que é censurável, porque Deus censura, porque é contra a lei de Deus. E ouça e ouça porque eu estou falando”. Essa é a atitude do verdadeiro católico.
     Depois, continua:
          “Repreende, suplica e admoesta com toda paciência e doutrina”.
     Não basta repreender, às vezes é (necessário) suplicar. Repreende-se o pecador que procura dizer que seu pecado está bem, que procura cinicamente pavonear-se com o pecado que cometeu. Mas quando se trata de um pecador que reconhece que anda mal, que sabe que o seu vício é mau e o esconde, então pode-se agir com benignidade. E aí é o momento de suplicar, de ser humilde, afável, generoso, de pedir para que se pratique a virtude, assim como o último dos mendigos pede a mais preciosa das esmolas. Quer dizer, aí é o momento do afeto fraterno, é o momento da caridade, é o momento do carinho, que faz tanto bem para as almas fracas.
“Suplica, admoesta com toda paciência e doutrina”.
     Quer dizer, advirta, mostra que está errado com toda paciência, para esses que estão fracos, que se envergonham, que reconhecem que andam mal. Então, para esses, com toda paciência, admoestar.
     Nunca começar uma admoestação com algo do gênero assim: “Fulano, até quando você deixará de ouvir o que eu te disse? Afinal de contas, eu perco a paciência com você!” Isso é orgulho. Deve-se fazer o contrário. Nunca perder a paciência, nunca ter a palavra dura, nunca manifestar-se cansado de tanto repetir as (mesmas) coisas. Tomar um ar – ao se dar conselhos – de que a gente está achando uma delícia dar aquele conselho, nunca deixar transparecer que se pode estar cansado, que se pode estar caceteado, nem nada.
     Mas isto não basta. Além de admoestar com toda paciência, é preciso admoestar com toda doutrina, ou seja, é preciso dizer coisas razoáveis, é preciso dar conselhos bons, saber empregar os argumentos bons em favor da verdade, de maneira a tocar o entendimento e mover a vontade da pessoa a quem se dirige. E isso, então, é exatamente o modo de apostolado nosso que, mais do que Timóteo, fomos colocados em situação tão triste. E com isso os senhores tem um verdadeiro manual de apostolado.
     Os senhores têm igualmente a justificação de métodos de apostolado empregados nos periódicos "Catolicismo" (no Brasil), em "Cruzada" (Argentina), em "Fiducia" (no Chile), com o estilo de se exprimir que é tão diferente de tantas folículas católicas e não católicas que circulam por aí. São publicações combativas, que insistem “oportuna e importunamente”. E temos fundamento em São Paulo para sermos assim.
     Do fundo dos séculos, ouvimos a voz de São Paulo a Timóteo e essa voz nos diz, em outros termos: Filhos, vocês têm razão, contem com as minhas orações e com a proteção do Céu.
     Assim, São Paulo que nos abençoe e que nos ouça no pedido de termos a plenitude do magnífico espírito dele.
 
Plinio Corrêa de Oliveira
Santo do Dia 25 de janeiro de 1967

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Santa Teodolinda, Rainha dos Longobardos - 22 de janeiro

    
     Teodolinda era filha de Garibaldo, rei da Baviera. Vendo-se por um lado apertado pelos Francos e por outro pelos Longobardos, para segurança desejou contrair um parentesco com os Francos prometendo a filha Teodolinda ao jovem rei Childeberto II. Mas este projeto não teve êxito e Teodolinda foi então dada como esposa ao rei longobardo Autari. Os dois esposos transferiram a capital do reino longobardo para Monza.
     A Rainha Teodolinda, de religião católica, mantinha correspondência com o Papa São Gregório Magno com a finalidade de alcançar a conversão ao cristianismo do povo do qual se tornara rainha. Porém, não conseguia converter o marido, Autari, que não aceitava fossem batizados os filhos dos longobardos. Teodolinda, contudo, conseguiu que seu filho Adaloaldo fosse batizado em Monza.
     Tendo enviuvado em 589, dois anos depois desposou o Duque de Torino, Agilulfo, ao qual transmitiu o título real. Por ocasião da morte do segundo marido, em 616, por nove anos assumiu a regência em nome do filho Adaloaldo, ainda menor de idade.
     A cristianização dos longobardos continuou durante o período da sua regência, apesar da forte oposição e hostilidade de alguns duques que haviam aderido à heresia ariana.
     Alguns meses após sua subida ao trono, o jovem Adaloaldo foi deposto pelo Duque de Torino, Ariovaldo, e teve que fugir com a mãe, se refugiando em Ravenna junto ao exarca bizantino Eleutério.
     Ambos faleceram em 628, Teodolinda provavelmente de velhice, enquanto Adaloaldo talvez envenenado. Teodolinda é venerada como santa, mas o seu culto não foi confirmado oficialmente pela Igreja.
Etimologia: Teodolindo (a), do alemão Theodelinde, Theodolind. Theodelinda: “serpente (linde) (adorada) pelo povo (theode)”, ou “escudo de tília (linde) do povo”.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Santas Liberada e Faustina de Como, Fundadoras beneditinas - 19 de janeiro

    
     Segundo as notícias mais antigas sobre estas duas santas, constantes do “Liber Notitiae Sanctorum Mediolani” (Livro de notícias sobre os santos de Milão) do século XIII, Liberada e Faustina foram duas irmãs de nobre origem, nascidas em território de Piacenza, em Rocca d’Olgisio, nos primeiros decênios do 5º século. O pai, Giovannato, nobre do Val di Taro, era dono de uma mansão importante ao lado do vale Tidone, que ainda hoje existe.
     As duas irmãs perderam a mãe em jovem idade e foram confiadas a um tutor de nome Marcelo. O pai, não tendo mais filhos, queria que suas filhas encontrassem um casamento digno e nobre. Mas as filhas estavam dispostas a seguir outro tipo de vida, o da contemplação e da oração, ao serviço de Deus. Esses desejos foram contrariados pelo pai e as filhas para realizá-los tiveram de fugir de casa.
     Elas se abrigaram em Como, onde receberam o véu (sinal de sua consagração a Deus) das mãos do Bispo Agripino. Elas adotaram a Regra de São Bento, que naqueles anos começava a se expandir; fundaram um mosteiro dedicado a Santa Margarida, com capela adjacente dedicada a São João Batista, mosteiro que foi vital por mais de um milênio e mais tarde suprimido, em 1810, por ordem de Napoleão, quando ainda havia dez monjas presentes.
     Não há dados precisos sobre as datas das respectivas mortes das irmãs, mas talvez tenham falecido a pouca distância de alguns anos uma da outra, no século VI. No “Comentário do Martirológio Romano” é dito que Santa Liberada era recordada no dia 19 de janeiro, enquanto Santa Faustina o era no dia 16 de janeiro, indicando inclusive algumas igrejas de Milão e seus arredores onde elas eram veneradas.
     As duas irmãs foram enterradas no complexo monástico perto de Como. O primeiro translado ocorreu no tempo do Bispo Guido Grimoldi (1096-1125), porque o local se tornara inseguro devido às contínuas invasões bárbaras; os corpos foram levados para a Catedral de Santa Maria de Como. Em 13 de maio de 1317, quando era bispo Leão de Lambertenghi, foram colocados na Igreja de São Carpóforo. Logo apareceram hagiografias que convenceram Barônio, o hagiógrafo historiador que teve sob sua responsabilidade a execução do primeiro Martirológio Romano, no século XVI, a inserir as duas irmãs no dia 18 de janeiro, junto com uma biografia sumária.
     Em 1618, uma parte das relíquias foi doada à Piacenza, cidade de origem das santas, e atualmente são preservadas na Igreja de Santa Eufêmia. As duas irmãs, Liberada e Faustina, são celebradas como santas virgens no novo Martirológio Romano da Igreja Católica, no dia 19 de janeiro.
Tradição
     A tradição fala de uma intervenção milagrosa de Liberada que salvou uma nobre da região. Ela havia sido condenada por seu marido com o suplício da cruz. Liberada salvou a pobre mulher que estava morrendo, curando-lhe as lesões terríveis. Esta história contada há tempos, fez com que a figura de Vilgefortis, que morreu com o suplício da cruz, tivesse "contaminado" a tradição hagiográfica de Santa Librada, virgem e mártir. A existência de mais santas com o mesmo nome de Liberada, compreensível se pensarmos no grande valor simbólico que o nome "Liberada" carrega com ele, produziu infelizmente ao longo do tempo uma série de prejuízos para as tradições de culto das várias comunidades onde são veneradas.
     A tradição do norte da Itália a quer (como Santa Margarida a qual tinha se dedicado) como protetora das mães, das enfermeiras e dos bebês.
     Em Val Camonica há a legenda que vê as Santas Faustina e Liberada vivendo como penitentes em uma caverna na região em Capo di Ponte. Elas milagrosamente intervieram segurando com as mãos duas pedras que ameaçavam a vila. Ainda hoje, perto da igreja dedicada a elas, podemos ver duas pedras enormes que ostentam a impressão de mãos e ainda são veneradas pela população local.
     Liberada muitas vezes é representada com sua irmã, em hábito beneditino, segurando um lírio símbolo da virgindade; mas a imagem que talvez seja a mais difundida é aquela em que vemos Liberada tendo nos braços dois bebês, como padroeira contra os perigos do parto e a mortalidade infantil.
     Famoso é o ciclo de afrescos sobre a vida de Liberada e de Faustina do século XIV, que originalmente era localizado no Mosteiro de Santa Margarida e agora está preservada no Museu de Como. Nos vários episódios do ciclo as Santas são mostradas quando partem da casa natal enquanto atravessam, com seu tutor, Marcelo, o Rio Pó, a sua chegada a Como, e vários outros episódios não bem preservados.
     Em muitas áreas da Lombardia, do Piemonte e do Val d'Aosta são preservadas imagens de Santa Liberada, que datam do século XV, em que ela é retratada segurando duas crianças nos braços. Nessas imagens as duas crianças aparecem com a auréola sobre a cabeça e em alguns casos (por exemplo, no afresco do Castelo de Montalto Dora) são legíveis as inscrições que identificam as duas crianças como os Santos Gervário e Protásio, os irmãos gêmeos filhos São Vital e Santa Valéria. Podemos, portanto, pensar em uma sobreposição do culto de Santa Liberada e de Santa Valéria, que é invocada para proteger contra os perigos do parto e da mortalidade infantil.
 
Etimologia: Liberada, do latim Liberatus: “libertada, liberta”.
Faustina, do latim Faustinus, diminutivo de Faustus: “faustoso, feliz, venturoso, ditoso”.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Santa Priscila de Roma, Matrona - 16 de janeiro

Martirológio Romano: Em Roma, comemoração de Santa Prisca (ou Priscila), nome sob o qual foi dedicada a basílica edificada na colina do Aventino (antes de 499).

Etimologicamente Prisca significa “antiga”, no latim. Priscila, diminutivo de Prisca.

     Numa Passio datada do século X, que não tem verdadeiro valor histórico, nos relata que Prisca era uma menina de 13 anos, que para a lei romana já era uma adulta, que foi detida entre um numeroso grupo de cristãos durante a perseguição do imperador Cláudio II (ano 269).
     O seu martírio é descrito com todas as torturas próprias a demover uma cristã de manter sua Fé e termina fora de Roma, na Via Ostia, sendo decapitada ali. Foi sepultada nas catacumbas desta zona da cidade romana, que passaram a chamarem-se catacumbas de Santa Priscila.
As evidências históricas
     Deixando de lado o relato do martírio, os documentos antigos criam confusões, chegando-se ao fato de haver três pessoas diferentes chamadas Prisca (ou Priscila): uma, titular de uma igreja no Aventino, como diz um epígrafe funerário do século V: “Adeodatus presb. Tit. Priscae” (Adeodato, presbítero do título de Prisca). A esta se chama de “fundadora” segundo os sínodos romanos de 499 e 595. Seria uma matrona romana?
     No século VIII, esta Priscila passa a ser confundida com a mulher de Áquila, a quem São Paulo menciona em várias de suas epístolas. A este casal também era dedicada uma igreja em Roma.
     E uma terceira Prisca (ou Priscila) é lembrada nos Itinerários do século VIII, situada nas catacumbas de Santa Priscila. O Sacramentário Gregoriano também a recorda no dia 18 de janeiro.
     Quanto a esta, na mencionada igreja do Aventino se encontra a urna de madeira com seus restos e sob a igreja foi encontrada uma casa romana. A legenda diz que nela se hospedou São Pedro e se conserva uma antiga pia batismal onde Prisca teria sido batizada. De fato, há ali uma pintura onde São Pedro aparece batizando Santa Prisca, a matrona romana, confundida com a mártir, porém sem nenhum fundamento histórico.
     Áquila e Prisca (ou Priscila) tinham ido para Roma após a expulsão dos judeus locais decretada pelo imperador Cláudio no ano 49. Eles haviam oferecido hospedagem a São Paulo em Acaia e mais tarde viajaram com ele, estabelecendo-se em Éfeso. No tempo da Epístola aos Romanos (58) se encontravam em Roma, como prova a afetuosa e grata saudação a eles dirigida pelo Apóstolo (16, 3-5). Uma notícia posterior, na Segunda Carta a Timóteo (4, 19) se refere ao retorno a Éfeso. A atribuição aos cônjuges da qualidade de “apóstolos e mártires” presente no Sinassário de Constantinopla, na data de 13 de fevereiro, não tem fundamento e é uma amplificação da alusão de São Paulo aos riscos que eles enfrentaram para alcançarem sua salvação (Rm 16,3).
     A origem romana do casal, a grafia grega do nome Áquila (Acylas), que remeteria à gens Acylia, bem como o cemitério na Via Salaria, e a presença epigraficamente atestada no mesmo local de uma Priscila (que não aquela Prisca recordada nos Itinerários do século VII), certamente contribuíram para se acreditar na identificação e a provocar a confusão de personagens e de épocas.
     Além disto, também a legenda que colocava Priscila (ou Prisca) relacionada com a atividade de São Pedro em Roma contribuía para a contaminação com o ciclo hagiográfico relativo às Santas Pudenciana e Praxede, filhas do senador Pudente (segundo a tradição) e sobrinhas de uma Priscila, todas sepultadas no cemitério da Via Salaria.
     Uma Priscila, matrona romana, aparece também na Vita de São Marcelo, de Anastásio Bibliotecário (século IX), como aquela a quem o papa recomendou a construção do cemitério depois lembrado com o seu nome. A notícia e a identificação com a fundadora são evidentemente fruto da fantasia do hagiógrafo. Em todo caso, é interessante notar que o dia 16 de janeiro, dedicado a Santa Priscila, é também a data tradicional da depositio no cemitério da Via Salaria do Papa Marcelo (Lib. pont., I, 164).
     Barônio inscreveu Priscila, esposa de Áquila, no Martirológio Romano no dia 16 de janeiro, baseando-se no Martirológio Jeronimiano. Porém esta Priscila, esposa de Áquila, é confundida constantemente com a matrona romana “fundadora” das catacumbas que levam seu nome em Roma. Este é um problema sem solução até os dias atuais.
     O que é evidente é que, apesar do infundado de sua Passio, Santa Prisca Mártir tem sua igreja e tem suas relíquias, bem como um culto muito antigo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Beata Francisca da Encarnação, Mártir de 1937 - 13 de janeiro

    
     Maria Francisca Espejo y Martos nasceu no dia 2 de fevereiro de 1873 em Martos, Espanha; pertencia a uma família humilde, era sobrinha de uma monja trinitária, Irmã Maria do Rosário. Ao ficar órfã muito jovem, Francisca entrou como educanda no convento de Martos, ficando sob a proteção da tia; na adolescência sentiu desejo de permanecer no convento como monja e pediu para ser admitida na comunidade.
     Em 2 de julho de 1893 recebeu o hábito e em 5 de julho de 1894 emitiu sua profissão religiosa tomando o nome de Irmã Francisca da Encarnação.
     Durante anos nada pressagiava a tormenta que se avolumava no horizonte até que as chamas devoraram as igrejas de Nossa Senhora da Vila e de Santo Amador na fatídica madrugada de 18 para 19 de julho de 1936. Dois dias depois, o convento das Trinitárias se tornava alvo dos perversos sanguinários, que o invadiram e deixaram as religiosas desprovidas de tudo; elas foram obrigadas a recorrer às pessoas generosas.
     Irmã Francisca da Encarnação e sua tia encontraram refúgio na casa de seu irmão, Ramón. Ali levavam uma vida muito similar ao do convento, entre orações e trabalhos e auxiliando nas tarefas da família.
     Em 12 de janeiro de 1937, uns milicianos se apresentaram e prenderam as duas monjas e a cunhada de Irmã Francisca. Seu irmão havia sido preso e liberado. Irmã Rosário tinha mais de 80 anos; sua sobrinha, Irmã Encarnação, tinha quase 64. Devido à idade, deixaram Irmã Rosário voltar para casa.
     Irmã Francisca Encarnação foi posta no cárcere por erro: os revolucionários haviam decidido fuzilar as superioras dos três conventos femininos de Martos, no caso das Trinitárias se enganaram de monja. No calabouço Irmã Francisca e outras religiosas unidas em oração se amparavam mutuamente e se consolavam com o exemplo dos primeiro mártires.
     No dia 13 de janeiro elas foram obrigadas a subir numa camioneta e foram conduzidas a vários quilômetros de distância de sua cidade natal, concretamente a Casillhas de Martos. A baixeza e a brutalidade dos assassinos se mostraram com toda sua crueza quando, depois de fuzilar covardemente vários homens que tinham capturado, se propunham a violentar as três religiosas. Elas se defenderam com unhas e dentes. Em meio a brutal luta, os verdugos, contrariados e impotentes para realizar seus propósitos, deixaram no corpo abandonado da Beata os sinais de sua ferocidade.
     Seus restos mortais foram exumados no início de julho de 1939 e foram levados para a igreja das monjas trinitárias. Em 1986 eles foram reconhecidos e se conservavam incorruptos. Novamente eles foram reconhecidos por ocasião de sua beatificação. Bento XVI a beatificou em 28 de outubro de 2007. Seu corpo incorrupto se conserva no Mosteiro da Santíssima Trindade de Martos.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Santa Cesira de Arles, Abadessa - 12 de janeiro

    
Sta. Cesira e São Cesário
     Cesira (ou Cesária) nasceu nos arredores de Chalon-sur-Saone por volta de 465. Ela viveu por algum tempo no único mosteiro que havia na Gália, próximo de Marselha, para ali ser educada, pois sendo destinada pelo Senhor para conduzir e governar outras pessoas, ela devia aprender desde muito jovem o que ela iria ensinar. Seu irmão, São Cesário, eleito bispo de Arles em 502, pensava em fazê-la superiora da comunidade monástica feminina que tinha intenção de introduzir na cidade.
     O primeiro mosteiro de religiosas, entretanto, construído nas proximidades de Arles ainda não estava concluído quando foi destruído na guerra entre francos e borgonheses (508). Cesário não esmoreceu e após as lutas terminarem, mandou construir um segundo edifício no mesmo local do primeiro. Dedicado a São João, o mosteiro compreendia uma igreja, um claustro e celas para as monjas, e foi inaugurado em 26 de agosto de 512 e a sua direção foi confiada a Cesira, chamada de Marselha. A jovem se instalou ali inicialmente com duas ou três monjas.
     Logo grande quantidade de virgens atraídas por seu exemplo se juntam a ela, abandonando voluntariamente seus bens e seus pais, dizendo corajosamente adeus aos prazeres do mundo. Elas se colocaram sob a direção de São Cesário e de Santa Cesira, seu pai e sua mãe segundo a graça.
     Oração, penitência e trabalho; celebrar a glória de Deus por meio dos Salmos, dos hinos e dos cânticos; fazer leituras piedosas, eis suas atividades diárias feitas na alegria. Elas aprendiam também a escrever e copiavam os livros sagrados.
     São Cesário escreveu uma regra excelente para esta comunidade, cujos pontos principais são a renúncia a toda propriedade pessoal, a clausura perpétua, a imunidade episcopal, a obediência à superiora, chamada de mãe.
     Cesira conseguiu muitas discípulas e governou a comunidade por 10 anos. Santa Cesira faleceu, de fato, pouco tempo depois da dedicação da Basílica de Santa Maria (524), ou seja, em 12 de janeiro de 525, e foi sepultada perto do túmulo que seu irmão se tinha reservado.
     Sua santidade foi reconhecida por toda parte e de seu mosteiro saíram numerosas famílias de virgens que obedeciam a Regra de Santa Cesira. Honrada como santa já no tempo de Venâncio Fortunato, que associa seu nome ao de Inês, Cesira é recordada no Martirológio Romano no dia 12 de janeiro.
 
Etimologia: Cesira, do grego Koisyra: “pomposa”. Cesária (o), do latim Caesarius: “cabelos compridos”.
Martirológio Romano: Em Arles, na Provença, França, Santa Cesira, abadessa, irmã do santo bispo Cesário, que escreveu uma regra das santas virgens para ela mesma e suas coirmãs.
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Mosteiro de São João de Arles depois chamado de Abadia de Saint-Césaire
     Em 567, uma esposa do rei da Borgonha, Gontran, provavelmente Marcatrude ou Teutéchilde, segundo São Gregório de Tours, ingressou no Mosteiro de São João. O brilho do mosteiro e de suas primeiras abadessas permitiu que a Regra de São Cesário se difundisse largamente no reino dos Francos, a começar pelo mosteiro criado em Poitiers por Santa Radegunda, a antiga esposa do rei Clotário, que fez uma estada em Arles e a este mosteiro por volta de 570.
     A Vida de Rustícula, texto consagrado à quarta abadessa deste mosteiro, assinala a existência de muitas igrejas no interior do convento: uma igreja dedicada à Santa Cruz, depois ao Arcanjo São Miguel e outra maior edificada para receber em melhores condições as relíquias da Santa Cruz. A presença destas relíquias em Arles está provavelmente relacionada a passagem da Rainha Radegunda nos anos 570. Este documento descreve uma basílica São Pedro que existia ainda no século X. Em 12 de agosto de 632, o arcebispo de Arles, Teodósio, participa dos funerais desta abadessa considerada como santa.
     O mosteiro parece ter cessado de existir do VII ao IX séculos. Por volta do fim dos anos 860, o arcebispo de Arles, Rotland, consegue a autoridade sobre o mosteiro junto ao imperador Luís II.
     O historiador Jean-Pierre Poly, por sua vez, precisa e faz remontar esta propriedade ao ano 869. Em 883, o arcebispo Rostand, sucessor de Rotland, restaura o túmulo de Santa Cesira violado pouco tempo antes durante o ataque dos sarracenos à cidade.
     Em 887, este mesmo Rostand, em seu testamento, faz uma nova doação à abadia. Saint-Césaire possuía naquela época três grupos de domínio A abadia teve em seguida um período de sujeição ao arcebispo e de independência.
 
Ruínas do Mosteiro de São João de Arles