terça-feira, 4 de novembro de 2025

Beata Francisca d'Amboise - 4 de novembro

     
     Duquesa da Bretanha, depois freira carmelita, nascida em 1427; morreu em Nantes, 4 de novembro de 1485.
     Filha de Luis d'Amboise, Visconde de Thouars, ela foi prometida, com apenas quatro anos de idade, a Pedro, segundo filho de João V, Duque da Bretanha, e o casamento foi celebrado quando ela atingiu a idade de quinze anos. Sua futura sogra, Juana, irmã do rei Carlos VII de França, imprimiu em sua alma um espírito profundamente cristão. Enquanto era educada por sua futura sogra, ela desde cedo se distinguiu por esmolas e fervorosa devoção ao Santíssimo Sacramento.
Sua gentileza mudou seu coração
     A união, no entanto, não foi muito feliz devido à disposição taciturna do marido, que ocasionalmente maltratava sua esposa, mas a gentileza dela gradualmente mudou seu coração. Ele a ajudou em suas obras de caridade e fez penitência por sua antiga vida dissoluta.
     Em 1450, na catedral de Reims, era coroada como Duquesa de Bretanha juntamente com seu esposo, Pedro. De comum acordo com ele, decidiram conservar-se castos e oferecer à alta sociedade um modelo de lar cristão com a prática assídua de excelsas virtudes. Juntos se consagraram à Virgem Maria em seu santuário de Folgoët, onde deixaram fundada uma missa para ser celebrada todos os sábados.
     Após sua ascensão ao ducado em 1450, sua influência saudável se fez sentir em círculos mais amplos; ela também interveio, nem sempre com sucesso, nas intermináveis brigas familiares.
     Durante sua vida de casada, ela dedicou grande parte de sua fortuna à fundação de um convento de Clarissas em Nantes, ao qual teria ingressado se suas forças o permitissem; ela também participou das preliminares da canonização de São Vicente Ferrer, tornou-se benfeitora do convento dominicano de Nantes.
     Francisca soube travar os excessos da moda feminina na corte e se dedicou particularmente a obras de piedade e caridade. Todos as quartas-feiras se sentava à sua mesa 11 donzelas pobres; no dia de Natal escolhia a uma criança pobre, a vestia com trajes novos e a hospedava como representante do Menino Jesus; na Quinta-feira Santa lavava os pés de doze pobres e lhes oferecia um traje novo.
     Trabalhou tanto em favor da religião católica que, segundo diz um historiador, “Deus se serviu desta jovem para realizar uma reforma geral na Bretanha e para fazer reflorescer, depois de tantas desgraças e misérias, um século de ouro”. 
     Após o falecimento de seu esposo e conhecedora a fundo das misérias da corte, resolveu fazer-se monja de clausura. Mil dificuldades apareceram; Luis XI, rei de França, pôs em jogo todos os meios para que desistisse, mas tudo foi em vão, e o monarca acabou por se desenganar quando ela no ato de receber a comunhão fez em alta voz o voto de castidade.
A “Mãe das Carmelitas”
     
Depois de um providencial encontro com o Beato João Soreth (+1471), o Prior Geral dos carmelitas em 1452, se decidiu a apoiar as monjas carmelitas de clausura que haviam sido instituídas pouco antes canonicamente pela Bula de Nicolau V “Cum nula”, de 7 de outubro de 1452.
     Algumas carmelitas vindas de Liège foram recebidas por Francisca em Vannes (31 de outubro de 1463), onde foram hospedadas no castelo até que o convento, chamado "As Três Marias", fosse habitável.
     Tendo fornecido seus dotes, ela entrou no noviciado (25 de março de 1468), fazendo sua profissão no ano seguinte. O próprio Beato impôs com toda solenidade o hábito, uma vez resolvidos todos seus compromissos ducais. 
     Junto com um grupo de carmelitas vindas de Bélgica, iniciou Francisca sua vida religiosa no convento de Bondón, fundado por ela mesma. Renunciou a seus títulos e não quis trato nem distinção especial, mas sim ser considerada como “Humilde serva de Cristo”. Desde então seu grande empenho foi o de fazer efetiva sua total entrega a Deus.
     Nomeada prioresa pela comunidade, teve que se dirigir mais tarde, com o mesmo título, a um novo convento fundado também por ela perto de Nantes. No exercício deste cargo alimentava o espírito de suas religiosas com sábias: “Exortações”, que foram publicadas mais tarde.
     Ela era exemplar em todas as virtudes, destacando-se por seu espírito de oração e penitência. Insistiu sempre na prática do silêncio, da obediência e da pobreza. Introduziu a comunhão frequente e uma estrita clausura. Foram suas últimas palavras: “Adeus, filhas minhas! Vou provar o que é amar a Deus sobre todas as coisas”. Morreu no Convento de Nantes, em 4 de novembro de 1485. Ela morreu em um êxtase e milagres foram constatados em seu túmulo.
     Durante as guerras huguenotes e a revolução francesa, seu corpo teve que ser salvo duas vezes da profanação. Pio IX a beatificou em 16 de julho de 1863.
     Tornou-se, por seu esplêndido exemplo, o modelo de uma verdadeira freira carmelita e, em certo sentido, a fundadora deste ramo da ordem.


Relicário da Beata Françoise d'Amboise na Catedral Saint-Pierre-et-Saint-Paul em Nantes, Foto de Selbymay.
 
Fontes:
Benedict Zimmerman (Enciclopédia Católica)
4 de novembro - Sua gentileza mudou seu coração - Nobreza e Elites Tradicionais Análogas
Beata Francisca de Amboise: “Mãe” das carmelitas – Província Carmelitana Fluminense