quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Santa Maria Maravilhas de Jesus, Fundadora - 11 de dezembro

     Maravilhas Pidal y Chico de Guzmán, este era o seu nome de leiga, nasceu em Madrid no dia 4 de novembro de 1891 em uma família profundamente cristã; o pai, Luis Pidal y Mon, segundo Marquês de Pidal, naquele tempo era embaixador da Espanha junto à Santa Sé.
     Sentiu o chamado à vida religiosa desde criança, e com esta finalidade Maravilhas pôs em prática todas as virtudes cristãs, que foram coroadas com sua entrada no mosteiro das Carmelitas Descalças de El Escorial (Madrid), em 1919, onde pronunciou os votos em 7 de maio de 1921.   
     Nos primeiros anos de sua vida religiosa no mosteiro realizou o seu ardente desejo de uma vida humilde e escondida.
     Em 1923, quando ainda era professa de votos temporários, se sentiu inspirada pelo Senhor, em diversas ocasiões, a fundar um mosteiro carmelita no Cerro de los Angeles, local onde o Rei Afonso XIII havia inaugurado, em 1919, um monumento ao Sagrado Coração de Jesus e feito a consagração da Espanha àquele Coração Sagrado.
     Em 19 de maio de 1924, ela deixou o Escorial, transferindo-se com três religiosas e, por obediência aos superiores, fundou o mosteiro em Getafe, território atualmente da Arquidiocese de Madrid.
     Nomeada primeira priora da nova comunidade pelo Bispo de Madrid, em 31 de outubro de 1926, dirigiu o mosteiro, inaugurado próximo do monumento ao Cristo Rei, com fortaleza e doçura, instaurando uma fidelidade teresiana total com um grande espírito apostólico, um senso profundo do ideal contemplativo.
     Embora respeitando a clausura, viveu a sua vida de contemplativa interessada nas necessidades dos menos favorecidos; por outro lado, seu amor pela Cruz era tão grande, que chegava ao heroísmo: por penitência, durante 35 anos dormiu apenas três horas por noite, vestida e sentada no chão com a cabeça apoiada no leito.
     Em 1933, oito das suas Irmãs fundaram um mosteiro de clausura em Kottayam na Índia, onde ela também deveria ir, mas foi impedida pelos superiores.
     Por causa da revolução espanhola que ensanguentou a Espanha com a perseguição e o ódio contra tudo que se relacionasse com a religião, Madre Maria Maravilhas de Jesus foi obrigada a deixar o mosteiro com todas as suas religiosas em 22 de julho de 1936.
     Acolhidas primeiramente pelas Ursolinas francesas de Getafe, em agosto seguinte se fixou em uma casa de Madrid e depois atravessou Valencia, Barcelona, Port-Bou, Lourdes, retornando em outra parte da Espanha, estabelecendo-se em uma antiga ermida da Ordem do Carmo em Las Batuecas (Salamanca).
     Em maio de 1939, o mosteiro de Cerro de los Angeles foi reaberto e dali partiram as Irmãs dirigidas por ela, que graças ao maravilhoso florescimento de vocações carmelitas puderam abrir várias Casas: Mancera (1944), Duruelo (Ávila) em 1947, Cabrera (1950), Arenas de San Pedro (1954), Córdoba (1956), Aravaca - Madrid (1958), La Aldehuela (1961), Málaga (1964); finalmente, em 1966, restaurou e desenvolveu o mosteiro da Encarnação de Ávila e a casa de Santa Teresa.
Maravilhas jovem
     Graças às numerosas vocações atraídas por sua personalidade forte, pode mandar três Irmãs para o mosteiro de Cuenca (Equador), em 1954, o qual necessitava de reforços. Fez construir um convento e igreja para os Carmelitas Descalços na província de Toledo
     Chamavam-na “a Santa Teresa de Jesus do século XX”.
     Retirou-se no convento de La Aldehuela (Madrid), em 1961, vivendo em grande pobreza, de onde dirigia o movimento e a vida regular de tantos mosteiros com a sua palavra materna e o seu exemplo.
     Em 1967, em Ventorro, promoveu a fundação de colégios para crianças privadas de escola; em 1969 conseguiu 16 casas pré-fabricadas para famílias pobres.
     Em 1972 a Santa Sé aprovou a Associação de Santa Teresa, constituída por ela para os seus mosteiros, associação esta empenhada em iniciativas sociais, da qual foi eleita presidente.
     Entre 1972 e 1974, ajudou na construção de 200 habitações, com a Igreja e as obras sociais em Perales del Rio, colaborando com o pároco local. Com a bondade daqueles que confiavam nela e na sua obra, ajudou a construção da nova clínica para religiosas e monjas em Pozuelo di Alarcón (Madrid).
     Foi atingida por uma pulmonite na Sexta-Feira Santa de 1967 e desde então foi se debilitando, mas não abandonava a fidelidade à Regra e às Constituições. Morreu santamente depois de breve enfermidade no dia 11 de dezembro de 1974, no mosteiro da Aldehuela (Madrid).
     Mulher notabilíssima por suas virtudes e por suas capacidades humanas, com seu espírito de oração contemplativa, com o desejo de ajudar a Igreja e com o anelo de salvar as almas, Madre Maravilhas deixou um traço indelével que a tornaram fidelíssima à sua vocação e autora corajosa de obras para a glória de Deus.
     A sua espiritualidade se exprimia na oração contínua, na sua pobreza excepcional e na de seus mosteiros, na vida austera sustentada pelo trabalho que permitia manter-se e ajudar as grandes iniciativas sociais e beneficentes da Igreja, que ainda falam dela.
     Os seus despojos repousam na paupérrima capela do mosteiro de La Aldehuela. A causa para sua canonização foi introduzida em 19 de junho de 1980; foi beatificada por João Paulo II em 10 de maio de 1998 na Praça de São Pedro, em Roma.  Em 4 de maio de 2003, o mesmo pontífice a canonizou em Madrid, com a participação de uma enorme multidão.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

São Nicolau de Mira, 6 de dezembro

  
Santa Klaus na
era vitoriana

Como São Nicolau evoluiu para o Papai Noel e por quê?
     Quatro artistas, trabalhando com histórias passadas de geração em geração, são responsáveis pelo Papai Noel que hoje conhecemos como o "espírito de generosidade e amor." A outra razão pela qual temos o Papai Noel e não São Nicolau é devido ao ódio protestante contra os dias de Santo católicos.
     A transformação de São Nicolau em Papai Noel ou Papai Janeiro ocorreu primeiro na Alemanha, depois em países onde as Igrejas Reformadas eram maioria, e finalmente na França, com a festa sendo celebrada no Natal ou no Dia de Ano Novo. Colonos protestantes holandeses em Nova Amsterdã (Nova York) substituíram São Nicolau (Sinter Claes) pelo benevolente mágico que ficou conhecido como Papai Noel.
     Em 1517, ocorreu a Reforma Protestante. Protestantes não acreditam em santos. No entanto, São Nicolau era tão amado por todos que as pessoas mantiveram sua memória de generosidade e amor, mas acabaram com a influência católica criando novos personagens baseados nele, como o Papai Noel ou Pére Noël.
     Na lenda holandesa, Sinta Claes e seu elfo original, Pedro Negro, um pequeno mouro, deixam a Espanha em seu barco a remo no dia de São Nicolau, 6 de dezembro, e seguem para Amsterdã. Depois de pousar na véspera de Natal com presentes, ele pergunta aos pais se seus filhos foram bons ou ruins. Se foram bons, os presentes iam para eles; se foram ruins, recebiam pedaços de carvão. Quando colonos holandeses, predominantemente protestantes, chegaram a Nova Amsterdã (Nova York) no século XVII, levaram consigo sua versão de "São Nicolau". Com algumas modificações e por má pronúncia de São Nicolau, seu nome foi alterado para Sinta Claes e Pedro Negro foi retirado.
     Em 1820, o primeiro de quatro artistas, Washington Irving, um escritor muito popular de sua época, escreveu um livro de sátira política que falava muito sobre a Sinta Claes, ou Papai Noel. Nela, ele fez Sinta Claes sem burro ou cavalo branco e o colocou em uma carroça puxada por cavalos que voava sobre telhados, jogando presentes pelas chaminés de boas crianças. O Papai Noel de Irving era um sujeito alegre, com um chapéu largo e calças largas. A roupa e o meio de transporte do Papai Noel não duraram muito.
Sinta Cçaes e Pedro Negro
     Em 1823, o segundo artista, um professor chamado Dr. Clement Clarke Moore, presenteou sua família com um poema sobre o Papai Noel para divertir seus netos. O poema era Uma Visita de São Nicolau, que começava assim: "Era a noite antes do Natal..." O poema rapidamente se tornou popular em todo os Estados Unidos. O poema de Clement Moore usou a descrição do Papai Noel no livro de Washington Irving, mas ele adicionou novos detalhes. Ele o transformou em alegre São Nicolau, um elfo rechonchudo e despreocupado que conseguia se espremer por uma ou duas chaminés, com um trenó cheio de brinquedos, oito renas voadoras, e ele mudou sua casa da região do Mediterrâneo para o Polo Norte.
     Papai Noel frequentemente era mostrado vestido com roupas verdes, ou azuis ou pretas. Quando uma das filhas de Clement Moore fez uma versão caligrafada do famoso poema do pai como presente de Natal para o marido, apesar das palavras do pai, ela vestiu o Papai Noel com um longo casaco verde. Papai Noel permaneceu um elfo até a década de 1860. Foi aí que ele engordou de novo. Em 1882, o terceiro artista, Thomas Nast, desenhou quem ele achava que Clement Moore estava descrevendo. Foi publicado em um jornal chamado Harper's Weekly.
     Thomas Nast, ilustrador da revista Harper's, retratou um Papai Noel redondo. Ele também desenhou o mapa do Papai Noel, dando ao Papai Noel uma oficina e um lar no Polo Norte. Ele também fez com que esse Papai Noel tivesse uma lista mundial de crianças boas e más. Essa versão do Papai Noel durou até a década de 1920, quando a publicidade entrou em cena.
     O último artista, Haddom Sundblom, trabalhou para a Coca-Cola Company e desenhou seus cartazes e anúncios. Haddom Sundblom decidiu que o Papai Noel vestia vermelho e não era realmente um elfo. Ele também fez o Papai Noel beber uma Coca-Cola. Esse Papai Noel foi feito no início dos anos trinta. O Papai Noel de veludo vermelho, que Haddom Sundblom projetou para publicidade há 80 anos, é como a maioria das pessoas pensam sobre o Papai Noel hoje.
     Em 1939, o Papai Noel pegou a nona rena, Rudolph; essa rena-de-nariz-vermelha foi criada por um redator de publicidade da Montgomery Ward.
 
por Jenifer Segerstrom
________________________________
Contos sobre Honra, Cavalaria e o Mundo da Nobreza — nº 554
Como São Nicolau evoluiu para o Papai Noel e por quê? - Nobreza e Elites Tradicionais Análogas
 
* * *
 
São Nicolau de Mira, o padroeiro dos marinheiros 

     São Nicolau de Mira nasceu no ano 275 em Pátara, cidade marítima da Lícia, na Turquia meridional. Seus pais eram ricos e possuíam uma profunda vida de oração. Ainda muito jovem, tornou-se órfão. Recordando a passagem do “Jovem rico”, Nicolau, ao receber por herança uma grande quantia de dinheiro, livremente doou aos necessitados e pobres.
     Educado no cristianismo, tornou-se sacerdote da diocese de Mira, onde, com amor, evangelizou os pagãos, mesmo no clima de perseguição que os cristãos viviam.
     Certa vez, ficou sabendo que um homem havia perdido todo o seu dinheiro. Ele tinha três filhas, as quais tinham idade suficiente para o casamento, mas não tinham os dotes para a celebração. Por isso, as filhas do pobre homem seriam vendidas como escravas, pois não poderiam viver na casa por mais tempo.
     Na noite antes da partida da filha mais velha que seria vendida, ela lavou suas meias e as colocou em frente ao fogo para que secassem. Na manhã seguinte, a jovem viu que havia, dentro de sua meia, uma bolsinha com ouro. s países do Norte da Europa, usando da fantasia, viram em Nicolau o velho de barbas brancas que levava presentes às crianças no mês de dezembro.
     Com a morte do bispo de Mira, Nicolau foi eleito seu sucessor. A obediência fez com que Nicolau abandonasse a solidão para assumir as responsabilidades de bispo. Conquistou a todos com sua caridade, zelo, espírito de oração e carisma de milagres em favor, sobretudo, dos enfermos.
     Historiadores relatam que ao ser preso por causa da perseguição dos cristãos, Nicolau foi torturado e condenado à morte, mas, felizmente, salvou-se em 325, pois foi publicado o edito de Milão que concedia a liberdade religiosa.
     São Nicolau de Mira participou do Concílio de Niceia, onde, contra a heresia ariana, foi definida a divindade de Jesus, declarado consubstancial ao Pai. Nicolau presenciou uma cena indescritível: Constantino Magno, um grande perseguidor do povo cristão, ajoelhou-se para beijar as cicatrizes de Nicolau e de outros cristãos torturados na última perseguição.
     São Nicolau de Mira faleceu em 343, na cidade de Mira, com fama de santidade e de instrumento de Deus para que muitos milagres chegassem ao povo. Após sua morte, seu túmulo em Mira se tornou um local de peregrinação. 
     As relíquias de São Nicolau de Mira foram consideradas milagrosas devido a um misterioso líquido que saía dele, chamado “maná de São Nicolau”. São Nicolau de Mira é invocado contra os perigos de incêndios e é padroeiro dos marinheiros.
 
São Nicolau: a história do bispo que inspirou Papai Noel - BBC News Brasil

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Santa Crispina, Mártir de Tebaste - 5 de dezembro

     Etimologicamente seu nome significa “de cabelo crespo”. Santa Crispina e seu martírio são comprovados por dois documentos de grande valor histórico. Um é a Passio, tirada das Atas oficiais do processo. O outro é um sermão de Santo Agostinho, conterrâneo da mártir, pronunciado no aniversário de sua morte.
     Crispina nasceu de rica e nobre família em Tebaste (ou Thagara, ou Thacora), cidade romana da Numídia, em Taoura, Argélia, norte da África. Ali vivia no final do século III e início do século IV, casada e mãe de vários filhos. Não possuía boa saúde; muito firme na Fé, era estimada carinhosamente pelos cristãos, que a procuravam pelos seus bons conselhos tanto em assuntos religiosos quanto naturais.
     A graça de Deus tocou seu coração. Resplandecia diante de todos por sua virtude e todos, já em vida, começaram a chamá-la a “santa". Os fiéis de Cristo Nosso Senhor a estimavam e respeitavam com carinho profundo. Era una boa conselheira em assuntos cristãos e humanos. As duas coisas vão intimamente unidas. As orientações que dava eram acertadas.
     Neste período eclodiu a décima perseguição do imperador romano Diocleciano aos cristãos. Sendo muito conhecida na região, Crispina foi uma das primeiras a serem presas e levada a Tebaste para julgamento pelo procônsul Gaius Annio Anullino. Diante dele, ela se negou a adorar os deuses pagãos: – "Você quer viver muito ou morrer entre as torturas como seus cúmplices?". [Os calendários dão os nomes de Júlio, Potamia, Felix, Grato e outros sete cristãos.]
     "Se eu quisesse morrer, eu não deveria fazer outra coisa que dar o meu consentimento aos demônios, deixando que a minha alma se perdesse no fogo eterno".
     Para humilhá-la, rasparam o seu cabelo, e Gaius a atormentou de várias formas, mas nem diante do choro dos seus próprios filhos ela negou a Deus. Humilhado, então, ficou Gaius, diante da valentia de Crispina, e irritado decretou-lhe a morte por decapitação de espada, diante do que a santa disse: "Louvado seja Deus que me olhou de cima e me tirou de suas mãos".
     No dia 5 de dezembro de 305, ela foi atingida no frágil pescoço pelo fio da espada, fora de Tebaste, em um lugar onde foi encontrada a antiquíssima memória sepulcral dedicada à Mártir. Neste local foi posteriormente construída uma Basílica.
     Os Atos de seu martírio, escritos não muito tempo depois do evento, formam um valioso documento histórico do período da perseguição. O dia da morte de Santa Crispina era celebrado na época de Santo Agostinho.
     Santo Agostinho comenta seu sacrifício brilhante: "Os perseguidores eram tão furiosamente contra Crispina, contra esta mulher rica e delicada, mas ela era forte, porque o Senhor era a sua proteção ... Esta mulher, irmãos, há alguém na África que não a conheça? Foi muito notável, de família nobre e muito rica, mas sua alma não cedeu: o corpo é que devia ser afetado".
     Em seu sermão, Santo Agostinho não hesita em comparar Crispina a Santa Inês, aproximando a jovem cândida e intacta como um cordeiro a uma mulher idosa, esposa e mãe. Agostinho também menciona a comunhão sublime e misteriosa que une os mortos aos vivos, os santos aos sofredores. "Estes Santos, - diz ele - não sofrem mais; estão aqui entre nós".
     O que era verdade para Santo Agostinho ainda é verdadeiro e reconfortante para nós. Vivamos no meio dos Santos, e o seu sacrifício vai nos ajudar.  
 
Fontes:
https://www.a12.com/
Fonte: https://www.liriocatolico.com.br/enciclopedia/palavra/santa_crispina/