Em criança comungava duas vezes por mês e na adolescência de oito em
oito dias. Apesar de tão bons princípios, a jovem deixou-se arrastar pelas
vaidades do mundo. Mas não largou as práticas de piedade nem interrompeu os
atos de caridade. Conduziu vida senhoril até que aos 22 anos perdeu o pai e
isto a afligiu vivamente, mas nem por isso se apartou das vaidades mundanas;
casados todos os irmãos, permaneceu só com sua mãe.
Aos 30 anos, inexplicavelmente, passou a assistir a Santa Missa
diariamente, comungar com frequência, visitar e socorrer os pobres e doentes, e
ir à igreja para fazer companhia a Jesus Sacramentado. Vestia-se com modéstia e
ensinava o catecismo às crianças. Foi chamada pelo carmelita Salvatore La Perla
a dirigir as Filhas de Maria dedicadas ao socorro dos pobres.
Tornou-se apóstola fervorosa da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a
Nossa Senhora do Rosário. Mandou fazer uma coroa para a Virgem desfazendo-se de
todas as suas joias para aquele efeito. Começou a sentir atração pela vida
consagrada no mosteiro de clausura de Malta, mas o pároco aconselhou-a a ficar
com a mãe já idosa e a cuidar dela.
Em 1884, ao morrer a mãe, desejou se retirar para o mosteiro, mas desta
vez foi o Arcebispo de Siracusa que a persuadiu a fundar um Instituto religioso
que se dedicasse a obras de caridade.
A partir do ano seguinte conseguiu juntar algumas companheiras que se
empenharam com ela na instrução e educação da juventude, na proteção aos órfãos
e na assistência aos idosos e doentes. Em 9 de maio de 1889 o próprio Arcebispo
presidiu a Santa Missa em que a Beata e cinco companheiras fizeram os votos de
pobreza, castidade e obediência, tomando o nome de Irmãs do Sagrado Coração de
Jesus.
O Papa Leão XIII a recebeu em audiência em 1890. Em 1892 ela iniciou a
construção da primeira casa do Instituto, que se tornaria a Casa-mãe.
Foi chamada para organizar em Ragusa a Associação das Damas de Caridade;
hospedou em seu Instituto, de 1906 a 1908, as primeiras monjas carmelitas da
cidade; de 1908 a 1909, deu asilo aos afetados pelo desastroso terremoto que
destruiu Messina e Reggio Calabria.
O começo do Instituto foi difícil; a hábil fundadora superou todos os
vexames e adversidades. Para socorrer a todos os necessitados não se envergonhava
de pedir esmolas de porta em porta, o que para ela, que tinha sido rica,
significava um ato de humildade fora do comum.
Interessou-se não apenas pelos necessitados de bens materiais, mas
sobretudo pelos que precisavam de auxílio espiritual como eram os que se
achavam em perigo de perder a fé. Sua caridade não tinha limites, estendeu-se
também aos presos, aos quais pregava cursos de exercícios espirituais por
ocasião da Páscoa. Todos os anos ela se empenhava para que os operários
recebessem os sacramentos da confissão e da comunhão; as pecadoras públicas se
mostravam sensíveis às suas iniciativas de caridade.
Madre Maria do Sagrado Coração de Jesus mortificava o próprio corpo e a
mente; sofria de dores de cabeça constantes, mas não se permitia um só lamento,
considerando-se feliz por participar da coroação de espinhos de Jesus. A sua
vida era toda feita de oração e de fé, a ponto de imprimir em seu próprio peito
o nome de “Jesus” com ferro quente.
Levar o “Coração de Deus às
pessoas, e as pessoas ao Coração de Deus”, assim viveu a Beata até o seu falecimento
em 11 de junho de 1910. As suas virtudes heroicas foram oficialmente
reconhecidas em 13 de maio de 1989 e em 4 de novembro de 1990 foi beatificada.
O palácio onde nasceu é hoje a sede do Episcopado de Ragusa.
Desde 1950 o Instituto se abriu às missões no mundo, enviando as
primeiras irmãs italianas aos Estados Unidos e Canadá. Desde então, as
religiosas estão presentes em Madagascar (1961), Filipinas (1988), Polônia
(1991), Nigéria (1995), Romênia (1997), Índia (2004).
Fonte: www.santiebeati.it;
Santos de cada dia, Pe. José Leite,
S.J.
Nenhum comentário:
Postar um comentário