Eulália
Vitória Viel nasceu no dia 26 de setembro de 1815 na família de Hervé Viel,
numa localidade chamada Val Vacher, no centro do Val de Sairé, França. Batizada
no dia do seu nascimento, Eulália Vitória Jacqueline, chamavam-na
costumeiramente de Vitória, em lembrança de uma irmãzinha falecida muito cedo,
e que tinha este mesmo prenome. A sua
numerosa família, que contava com onze filhos, vivia discretamente.
Vitória frequentava a escola do vilarejo e
ajudava seus pais com os trabalhos no campo e em casa. Fez sua Primeira
Comunhão antes da idade permitida, pois foi considerada, pelo pároco de
Quettehou e pelo abade Lepoitevin de Duranville, apta a receber a Eucaristia.
Segundo suas próprias palavras, este lhe teria dito: “Não sei, querida
criança, o que Nosso Senhor lhe pedirá, mas estou persuadido de que Ele tem
planos particularíssimos para a sua alma, planos para os quais é preciso, desde
agora, preparar você para que possa respondê-los, amando Jesus de todo o seu
coração e procurando sempre cumprir Sua adorável vontade”.
A fim de seguir o aprendizado normal das
meninas daquela época, seus pais puseram-na para aprender corte e costura junto
a uma costureira do burgo, Madame Gilles, onde Vitória permaneceu apenas alguns
meses, voltando então para a fazenda da família.
Vitória era uma mocinha muito saudável,
robusta, de personalidade agradável, alegre, mas às vezes tímida e um pouco
reservada. Durante toda a sua adolescência, ela levou a sério a missão de
ensinar o Catecismo às crianças do local, ensinando-lhes também diversas
canções. Foi visitando regularmente sua prima, Irmã Maria, religiosa em Tamerville,
que Vitória travou conhecimento com Santa Maria Madalena Postel, fundadora das
Irmãs das Escolas Cristãs da Misericórdia.
Irmã
Maria era uma das primeiras companheiras de Santa Maria Madalena Postel, que em
1806 havia fundado as Irmãs das Escolas Cristãs da Misericórdia, para a
instrução das jovens do povo, seguindo o modelo educacional de São João Batista
de la Salle.
Irmã
Maria combinou um encontro entre Vitória e a fundadora. A jovem, que tinha
apenas dezoito anos, ficou entusiasmada com a Santa e com o ambiente pobre, mas
feliz em que viviam as religiosas. Após superar a difícil e penosa aceitação da
família, sobretudo por parte do pai e do irmão mais velho, ela ingressou na
comunidade.
Vitória vestiu o hábito com o nome de Irmã Plácida
no dia 1º de maio de 1835. Foi acolhida calorosamente por Madre Maria Madalena
Postel, que lhe disse: “Os anjos portam as cruzes daquelas que cedo começam a
servir a Deus”.
Até o momento da profissão religiosa foi
auxiliar na cozinha, mas depois funções mais importantes lhe foram designadas.
Frequentou cursos para aperfeiçoar a sua instrução e após receber a habilitação
para ensinar, desempenhou o papel de mestra de noviças e de conselheira.
As
funções que ia assumindo causaram inveja à sua parente, mas Santa Maria
Madalena Postel percebia que a jovem Plácida fazia um grande bem a congregação
e colocava nela uma grande confiança.
Ela pronunciou seus votos perpétuos em 21
de setembro de 1838, enquanto a comunidade adotava as regras dos Irmãos das
Escolas Cristãs. Logo sua Superiora começou a confiar-lhe inúmeras missões. Em
20 de agosto de 1840, Irmã Plácida foi encarregada de presidir à fundação de
uma congregação em La Chapelle-sur-Vire, a fim de acolher os peregrinos de
Nossa Senhora da Misericórdia.
A casa mãe da Congregação, adquirida
poucos anos antes, era o que havia restado da antiga abadia beneditina de Saint
Sauveur-le-Vicomte, abandonada desde os tempos da Revolução Francesa. Tudo
estava por reconstruir, mas, com grande entusiasmo e com a direção
extraordinária da fundadora, aquelas antigas paredes tornariam a abrigar uma
nova obra do Senhor.
A fundadora decidiu enviar Irmã Plácida
para pedir subsídios a fim de continuar a reconstrução da abadia. Irmã Plácida
foi a Coutances, acompanhada da Irmã Xavier, a fim de obter a autorização do
bispo local. Depois, partiu rumo a Paris. Assim, ela precisou fazer diversas
viagens, entre janeiro de 1844 e junho de 1846. Foi nesta ocasião que ela se
encontrou com a Rainha Maria Amélia.
Irmã
Plácida viajou também pela Bretanha, passando por Rennes, Nantes, Saint-Brieuc,
no final da primavera de 1845. Tostão a tostão, após longas peregrinações entre
ministérios e administrações, as religiosas conseguiram finalmente obter fundos
para a reconstrução de sua abadia.
Em
1846 voltou para Saint Sauver, chamada pela fundadora, que tinha quase noventa
anos e estava então no extremo de suas forças. Em 16 de julho de 1846, a Madre
Superiora, Maria Madalena Postel, faleceu.
Quando no mês de setembro daquele ano foi
necessário eleger uma nova superiora, todos os olhares se voltaram para a Irmã
Plácida, que tinha então só trinta anos. A Beata, entretanto, desejava levar a
cabo o compromisso de arrecadação de fundos para a restauração da casa mãe,
ocupando-se somente dos problemas mais importantes; os assuntos do dia a dia
ficaram a cargo da parente, Irmã Maria. A solução provisória durou dez anos.
Abadia de St Sauveur hoje |
Partindo de Paris, em 14 de setembro de
1849, Madre Plácida chegou a Viena quatro dias mais tarde, após passar por
diversas cidades, como Bruxelas (Bélgica), Colônia, Berlim e Breslau
(Alemanha). Em Viena, ela foi recebida pela baronesa de Pongrâce e visitou o
vigário geral do arcebispo. Em 19 de setembro, chegou ao Castelo de Froshsdorf,
onde foi recebida por Henrique V e sua esposa, Maria Teresa. No caminho de
volta, Madre Plácida foi a Potsdam, onde obteve uma audiência com o rei da
Prússia, Frederico Guilherme, que também lhe fez uma doação.
A exemplo da fundadora do Instituto, Madre
Plácida lutou para aumentar o número de vocacionadas em sua congregação, dando
às suas “filhas” uma sólida formação espiritual. Mais de 110 instituições foram
criadas, das quais a mais importante foi a da Casa do Coração Santo de Maria,
em Paris. Este estabelecimento, que tinha por vocação assegurar a educação de
adolescentes oriundas das camadas mais populares, foi confiado à Irmã Elísia.
Se o começo foi difícil, o estabelecimento, com o passar do tempo, floresceu.
Cinquenta moças foram acolhidas em 1848; em 1870, já eram quinhentas. Em 1862,
outra casa foi fundada na Alemanha.
Não
descansava, dava instruções por meio de correspondência e quando voltava a
casa, repousava nas águas furtadas, porque a sua cela era ocupada pela Irmã
Maria, que não perdia ocasião para lhe infringir provas e humilhações. Ao
terminar a arrecadação de fundos para a restauração da abadia, a parente
morreu, como havia prognosticado a santa fundadora, e Madre Plácida se
estabeleceu definitivamente em Saint Sauver.
Em seguida à capitulação da França na
batalha de Sedan, e do êxodo da população civil, a abadia de São Salvador viu
chegarem as Irmãs que estavam nos territórios invadidos, mas também soldados
feridos e moribundos. Durante o inverno de 1870-1871, a abadia foi transformada
em hospital, onde as Irmãs se desdobravam incansavelmente para tratar e
confortar os feridos, um total de 8.317 pessoas.
Em 1846, quando Madre Maria Madalena
Postel faleceu, os muros da abadia estavam praticamente reconstruídos. Três
anos depois, o coro estava pronto. Em 10 de agosto de 1855, foi possível
transferir o corpo da fundadora para a Capela da Cruz, à esquerda do transepto,
onde um túmulo havia sido preparado nesta intenção.
Pouco tempo depois, em 21 de novembro, o
Abade Delamare abençoou a igreja, abrindo-a ao culto, e foi este mesmo abade,
já sagrado bispo de Luçon, que consagrou solenemente a igreja da abadia, na
presença do bispo de Coutances.
Foram necessários mais de doze anos para
que a restauração fosse terminada, graças à tenacidade de Madre Maria Madalena
Postel e, posteriormente, de Madre Plácida.
Nos
trinta anos de direção da congregação Madre Plácida respondeu às necessidades
do tempo não só com a abertura de 36 escolas para crianças pobres na Normandia,
mas também com a fundação de orfanatos, asilos e hospitais.
Após
uma vida de abandono à vontade de Deus, de doçura e de bondade para com o
próximo, no dia 4 de março de 1877 a morte pôs fim à sua operosa jornada
terrena. Foi beatificada em 6 de maio de 1951 pelo Papa Pio XII.
Fontes:
Postado neste blog
em 3 de março de 2012
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