quarta-feira, 8 de junho de 2022

Beata Ana Maria Taïgi, Mãe de Família e Mística – 9 de junho

(continuação)
 
Graças místicas extraordinárias
     
As graças dispensadas a ela foram singulares e especialíssimas. Algum tempo depois de haver sido chamada à via da perfeição, começou a ver junto a si um globo de luz sobrenatural, um "sol místico", como o designava, no qual tinha longos colóquios com o Divino Criador, via os acontecimentos presentes e previa os futuros, perscrutava o segredo das almas e dos corações, como se vê num filme ou se lê num livro. Tal fenômeno a acompanhou até o fim de sua vida.
     Em suas primeiras aparições, a luz deste "sol" tinha a cor de chama, e o disco era como de ouro. No entanto, à medida que a bem-aventurada progredia na virtude, ele se tornava mais brilhante e se revestia de uma luz mais intensa que sete sóis juntos. Tal resplendor ficava diante dela a uma distância de um metro e a uns vinte centímetros acima da sua cabeça. Havia uma coroa de espinhos circundando, horizontalmente, todo o diâmetro do globo, e desta desciam dois espinhos compridos, um à direita, outro à esquerda do círculo, cruzando-se com as pontas arqueadas para baixo. No centro da esfera havia uma mulher sentada, majestosa e com a fronte erguida em direção ao Céu, contemplativa, brilhando com a mais viva luz.
     A respeito deste fenômeno sobrenatural, testemunhou o Cardeal Pedicini, que conviveu com Ana e foi seu confidente por 30 anos: "Durante 47 anos, dia e noite, em seu lar, na igreja ou na rua, ela via, em seu ‘sol', cada vez mais brilhante, todas as coisas físicas e morais desta Terra; ela penetrava nos abismos e se elevava ao Céu [...]. Ela via os lugares, as pessoas tratando de negócios, suas vias políticas, a sinceridade ou duplicidade dos ministros, toda a política subterrânea de nosso século, assim como os decretos de Deus para confundir os grandes personagens. [...] Ademais, ela exercia um apostolado sem limites, conquistando as almas, em todos os pontos do globo, preparando o terreno para os missionários; o mundo inteiro foi o teatro de seus trabalhos".
     Via ainda, em seu globo de luz, as almas que se salvavam ou se perdiam para sempre. Se alguém se aproximava dela em estado de graça, a luz ficava mais intensa e ela sentia o perfume da virtude. Se, ao contrário, era uma alma pervertida, o globo ficava em trevas e ela sentia o mau odor do pecado.
     Era procurada por gente do povo, nobres, diplomatas e eclesiásticos, que lhe pediam conselhos para os mais variados campos da espiritualidade e da vida humana. Por mais que lhe oferecessem algo em troca de sua ajuda, recusava com total despretensão e humildade, dizendo: "Não sirvo a Deus por interesse. [...] Eu me confio a Ele, que provê, a cada dia, minhas necessidades". Todos a respeitavam e a temiam, pois refletia em seu próprio físico a nobreza de sua alma: uma simples doméstica com porte de rainha.
Dons especiais: curas e milagres, visões e previsões
     Arrebatada em êxtase a qualquer momento ou lugar, também padeceu toda espécie de enfermidades, ficando acamada por longos períodos, sem poder ir à igreja. Recebeu, por isso, autorização do Papa Gregório XVI para ter um oratório privado na própria casa.
     Inúmeros foram, também, os fatos da vida comum de todos os dias a atestar seus dons especiais, sobretudo os de cura e milagre. Um dia, por exemplo, sua neta colocou um caroço de ameixa num olho, perdendo praticamente esta vista. A Beata, fazendo o sinal da cruz no olho da menina, com o óleo da lamparina que mantinha acesa em casa, curou-a a ponto desta já poder ir à escola no dia seguinte. Seu esposo também foi objeto de sua ação miraculosa, quando em uma manhã de inverno teve um ataque apoplético, estando na Igreja de São Marcelo. Com suas orações, Ana lhe obteve a cura prodigiosa e instantânea.
     Em seu misterioso "sol", ela previu vários fatos, entre eles a eleição de muitos Papas, posteriores a Pio VII, e predisse com antecedência acontecimentos que teriam lugar sob seus pontificados. Um deles, digno de nota, foi quando, ao rezar na Basílica de São Paulo Extramuros, tomada por um êxtase viu o Cardeal Cappellari, ali presente, como futuro Papa com o nome de Gregório XVI. E assim se cumpriu. Do mesmo modo anunciou a eleição do padre Mastai-Ferretti, como Pio IX, em um rápido conclave de apenas 48 horas, e previu todas as tribulações daquele pontificado, quando este sacerdote ainda estava na nunciatura do Chile.
     Apesar de sua pouca instrução, falava dos mistérios de nossa Religião com a profundidade de um teólogo. Deixava os mais doutos surpreendidos, dando respostas precisas e com justeza teológica. Por ela não saber escrever, era Mons. Raffaeli Natali - principal postulador de sua causa de beatificação e que vivia junto à família Taigi - quem anotava as alocuções e mensagens divinas recebidas pela Beata.
Vítima de amor pela Igreja até o fim
     A bem-aventurada foi "a vítima da Igreja e de Roma", atestam aqueles que com ela conviveram de perto: o confessor, frei Filippo di San Nicola, seu confidente e diretor espiritual, o Cardeal Pedicini, e o próprio Mons. Raffaeli Natali. Seu amor à Igreja a consumia. E muitas vezes a Providência lhe pedia sofrimentos pelo bem do Corpo Místico de Cristo sem lhe revelar exatamente os seus fins.
     Em um de seus êxtases, Maria Santíssima lhe ditou uma oração que ela tornou conhecida por meio do Cardeal Pedicini, o qual a apresentou a Pio VII, que a aprovou e enriqueceu com indulgências. Esta oração pede pela Igreja, terminando com as seguintes palavras: "Obtende-me este grande dom, que o mundo inteiro não seja senão um só povo e uma só Igreja" (vide oração abaixo). 
Nove meses de acerbos sofrimentos e santa morte
     Em sua última enfermidade, que durou nove meses, quis Nosso Senhor fazê-la partícipe de suas dores nas últimas horas da Cruz, sofrendo o abandono total. Havendo recebido o Santo Viático numa quarta-feira e a Extrema Unção no dia seguinte, sentia as dores da morte. Porém, todos pensavam não haver ainda chegado seu fim, deixando-a tranquila e só. Na madrugada da sexta-feira, dia 9 de junho de 1837, Mons. Natali teve a premonição de seu passamento para a eternidade e foi até a casa da doente, encontrando-a sozinha, em seus últimos momentos. Rezou as orações da Igreja para esta hora extrema, deu-lhe a derradeira absolvição, e a bem-aventurada partiu para a Mansão Celestial.
     A vida de Anna Maria Taïgi foi uma resposta divina ao racionalismo e ceticismo então triunfantes, ao orgulho dos poderosos e ao materialismo do século: "Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes" (Pr 3, 34).

     Seu corpo permanece incorrupto na Igreja de São Crisógono, dos Trinitários de Roma, como a atestar a vitória da Igreja, vista em seu "sol" luminoso: "O Senhor quer purificar o mundo e sua Igreja, para a qual prepara um renascimento milagroso, triunfo de sua misericórdia".
     Peçamos que este triunfo venha o quanto antes e se faça ouvir, em nosso mundo secularizado e esquecido das coisas do Alto, a mensagem que sua vida encerra: "Deus existe, o sobrenatural existe!"
 
(Oração ditada pela Virgem durante um êxtase)
     Prostrada a vossos pés, grande Rainha do céu, eu os venero com o mais profundo respeito e confesso que sois Filha de Deus Pai, Mãe do Verbo Divino, Esposa do Espírito Santo. 
     Sois a tesoureira e a distribuidora das divinas misericórdias. Por isso os chamamos de Mãe da Divina Piedade. Eu me encontro em aflição e angústia. Dignai-vos mostrar-me que me amais de verdade. Os peço igualmente que rogueis com fervor à Santíssima Trindade para que nos conceda a graça de vencer sempre ao demônio, ao mundo e as más paixões; graça eficaz que santifica aos justos, convertei aos pecadores, destruí as heresias, iluminai aos infiéis e conduzi os judeus à verdadeira fé.  
     Obtenha-nos que o mundo inteiro forme um só povo e uma só Igreja.  Amém! 
 
Revelações de Deus à Beata Ana Maria Taïgi
(das Atas de Beatificação de Ana Maria Taïgi)
 
     Deus enviará ao mundo duas espécies de castigos. Primeiro virão vários castigos terrenos: vão ser muito maus, mas serão mitigados e encurtados pelas orações e penitências das almas santas.  Haverá grandes guerras nas quais morrerão pelo ferro milhões de pessoas (as duas Grandes Guerras do séc. XX?). Mas depois destes castigos terrenos virá o celeste que será dirigido aos impenitentes. Este castigo será muito mais horroroso e terrível, não será mitigado por coisa alguma, atuará em todo seu rigor e será universal. Contudo, em que este castigo consistirá Deus não o revelou a ninguém, nem mesmo aos Seus mais íntimos amigos.
     Trevas excessivamente espessas se espalharão pelo mundo inteiro e envolverão a terra durante três dias e três noites. Durante essas trevas será absolutamente impossível distinguir-se qualquer coisa. O ar ficará empestado pelos demônios que aparecerão sob todas as formas, as mais odiosas. Essa pestilência atingirá não exclusivamente, mas bem principalmente, os inimigos da religião, ocultos ou conhecidos, com exceção de alguns poucos que Deus converterá logo depois.
     Enquanto durarem as trevas será impossível a luz natural. Aquele que por curiosidade abrir as janelas, olhar para fora, ou sair pela porta, cairá morto instantaneamente. Durante esses dias devemos ficar em casa rezando o Rosário e invocando a misericórdia de Deus. As velas bentas preservarão da morte, assim como a invocação a Maria e aos Anjos.
     Em outra ocasião Nosso Senhor comunicou a Beata o grande e próximo triunfo de Sua Igreja. Nosso Senhor disse-lhe: “Primeiro cinco grandes árvores têm de ser cortadas, a fim de que o triunfo possa vir. Essas cinco grandes árvores são cinco grandes heresias”. A Serva de Deus disse então: “Duzentos anos apenas serão suficientes para que tudo isto aconteça?” Nosso Senhor respondeu: “Não levará tanto tempo quanto tu julgas”.
 
Postado neste blog em 9 de junho de 2011

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