Um documento conservado na Biblioteca
Antoniana descreve as vidas de Santo Antônio, do Beato Antônio Manzoni e da
Beata Helena Enselmini. Sicco Polentone, arquivista municipal, filósofo,
astrólogo, literato e escritor de numerosas obras, compôs o Códice 559 entre os
anos 1433 e 1437, e em 1439 ele foi copiado pelo Frei Joaquim.
Embora não seja uma obra de alto nível é um excelente documento realizado após cuidadosas investigações sobre seus biografados, dispondo de excelentes fontes no antigo Mosteiro de Arcella, antes que um incêndio ocorrido no inverno de 1494 e 1495 destruísse seu arquivo.
Arcella
No ano de 1220, seis anos antes de sua morte, retornando da Terra Santa, São Francisco desembarcou em Veneza e, a caminho de Assis, passou por Pádua onde fundou o Mosteiro de Arcella.
Naquele tempo Arcella era um povoado, não distante dos muros da cidade, chamado Capo di Monte, onde havia uma capela dedicada a Santa Maria de Cela (ou de Aracella: Ara Coeli, Altar do Céu). Ali foram fundados um mosteiro de Clarissas Pobres e um convento de Frades Menores, que as atendiam.
Em 1227, Santo Antônio foi eleito Ministro Provincial do norte da Itália e chegou a Pádua, iluminando com sua santidade a região. Nas suas sucessivas visitas à cidade fazia referência ao "conventinho da Santa Mãe de Deus", que constituiria o futuro núcleo primitivo da Basílica do Santo. Foi em Arcella que Santo Antônio chegou moribundo na tarde de 13 de junho de 1231, acompanhado do Frei Lucas Belludi, que o assistiu nos últimos instantes de vida.
O corpo de Santo Antônio mais tarde foi transferido para a Basílica de seu nome, mas Arcella continuou a ser um dos locais mais venerados da cidade, não só por ter sido o local onde o Santo falecera e por ter abrigado suas relíquias por um tempo, mas também por ser o local onde a Beata Helena, sua discípula e uma das patronas menores de Pádua, era venerada.
Durante a invasão da cidade pelos venezianos, no inverno de 1494 e 1495, o mosteiro foi muito danificado por um incêndio, mas foi restaurado graças aos donativos da população.
Em 1509, o Imperador Maximiliano de Habsburgo, à frente da Liga de Cambrai contra a República Vêneta, instalou seu quartel general no mosteiro. Mais tarde, durante a peste, o mosteiro foi transformado em lazareto.
Desde 1509 as religiosas haviam se transladado para o mosteiro de Santa Helena, em seguida para o de São Bernardino, levando o corpo da Beata. Entre 1674 e 1675, Arcella tornou-se uma pequena, mas digna igreja; em 1792 a Abadessa Elisabete Speroni promoveu uma campanha para restaurar o Santuário. Em 1810, aqueles dois mosteiros foram suprimidos e as religiosas confiaram seu tesouro à Basílica de Santo Antônio. Em 23 de maio de 1958, o corpo da Beata Helena foi devolvido à igreja de Arcella onde podemos venerá-lo sob o altar ainda atualmente.
A Beata Em sua passagem por Pádua, São Francisco de Assis entrou em contato com os Enselmini, nobre família da cidade de Pádua, e conheceu a filha do casal, Helena, uma jovenzinha de 13 anos. A jovem fora educada nos mais altos princípios religiosos e nos mais puros ideais de virtude. Quando ela manifestou seu desejo de seguir a vida religiosa, a família não se opôs, mas se alegrou com tal decisão.
São Francisco de Assis não hesitou em dar o hábito de Santa Clara àquela jovenzinha, hoje honrada como Beata. Helena deixou assim os pais segundo a carne para seguir um pai segundo o espírito, São Francisco, e uma nova mãe, Santa Clara, no Mosteiro de Arcella.
Anos depois Helena conheceu o taumaturgo de Pádua, Santo Antônio. Parece ter sido ele quem deu a ela uma formação teológica e moral, uma vez que a Beata tinha recebido uma sumária educação intelectual em família, tendo se afastado dela em tão tenra idade.
Santo Antônio tornou-se seu diretor espiritual e superior. Entre essas duas grandes almas estabeleceu-se logo uma profunda amizade espiritual, com uma ajuda mútua: Antônio dava à heroica dirigida o auxílio de seus conselhos; Helena oferecia seus sofrimentos espirituais, e os resultantes das enfermidades corporais, pelo apostolado de seu diretor espiritual, tornando-se ela também uma missionária de desejo, de amor.
Por seis anos a vida desta Beata fora uma experiência luminosa e alegre, apesar dos rigores materiais, das privações e da aspereza da vida no mosteiro. Mas, aos vinte anos caíram sobre elas os anos de trevas representadas por doenças, mas, sobretudo, por trevas da alma: provações interiores, tentações contra a Fé e aridez espiritual. Era tentada a crer que tudo era inútil, que a salvação eterna lhe era negada.
Helena, entretanto, se agarrava às certezas da Fé e à obediência aos superiores nos momentos de maiores provações. Com uma vontade tenaz conseguiu alcançar a paz e a certeza de que a Providência guiava seus passos.
O historiador diz: "Nenhuma mais diligente que ela na oração litúrgica, nenhuma mais obediente à abadessa, nenhuma mais observante da regra, nenhuma mais solícita em realizar as tarefas domésticas. Sua vida era tecida de jejuns e penitências, tomada pela santidade e pela austeridade. Tão áspera foi sua existência que caía enferma com frequência, vítima de febre".
Ficara-lhe a enfermidade do corpo, que não desanimava esta alma forte. Impossibilitada de falar nos últimos meses de vida, comunicava-se com as pessoas por meio de sinais correspondentes às letras do alfabeto. Nesta linguagem de surda-muda ditou a narração de numerosas visões com que foi favorecida.
O historiador se detém em descrever a visões celestiais de que gozou Helena, como indício de sua união com o Senhor, visões que ela dava a conhecer às Irmãs.
No dia 4 de outubro de 1231, arrebatada em êxtase, Helena viu os Santos Francisco e Antônio em atitude de louvor ao Senhor; contemplou, na glória do Paraíso, grande número de almas de religiosos, discípulos de São Francisco. O que a encantou foi que o maior título de glória fosse constituído dos rigores e das austeridades dos eremitas e dos penitentes. Foi-lhe revelado também que havia algo ainda mais precioso: a obediência, esta ascese diária dos que vivem em comunidade. A Beata visitou também o Purgatório, onde viu como as orações dos fiéis livram as benditas almas de seus sofrimentos.
Conta-se que a Beata viveu vários meses sem provar outro alimento que a Sagrada Comunhão. Sua morte ocorreu, quando tinha apenas vinte e quatro anos, no dia 4 de novembro de 1231.
Sicco Polentone conclui assim: "Desde o dia de seu trânsito até hoje, seu corpo se conserva tão bem, que não podemos vê-lo sem nos admirar, e isto por um privilégio divino que testemunha a santidade de Helena".
Leão X (1513-1521) a beatificou. O seu culto foi confirmado em 29 de outubro de 1695 por Inocêncio XII (1691-1700). Em 1956 foram iniciados os trâmites para sua canonização.
Fontes: www.santiebeati.it; www.franciscanos.org/santoral;
Embora não seja uma obra de alto nível é um excelente documento realizado após cuidadosas investigações sobre seus biografados, dispondo de excelentes fontes no antigo Mosteiro de Arcella, antes que um incêndio ocorrido no inverno de 1494 e 1495 destruísse seu arquivo.
Arcella
No ano de 1220, seis anos antes de sua morte, retornando da Terra Santa, São Francisco desembarcou em Veneza e, a caminho de Assis, passou por Pádua onde fundou o Mosteiro de Arcella.
Naquele tempo Arcella era um povoado, não distante dos muros da cidade, chamado Capo di Monte, onde havia uma capela dedicada a Santa Maria de Cela (ou de Aracella: Ara Coeli, Altar do Céu). Ali foram fundados um mosteiro de Clarissas Pobres e um convento de Frades Menores, que as atendiam.
Em 1227, Santo Antônio foi eleito Ministro Provincial do norte da Itália e chegou a Pádua, iluminando com sua santidade a região. Nas suas sucessivas visitas à cidade fazia referência ao "conventinho da Santa Mãe de Deus", que constituiria o futuro núcleo primitivo da Basílica do Santo. Foi em Arcella que Santo Antônio chegou moribundo na tarde de 13 de junho de 1231, acompanhado do Frei Lucas Belludi, que o assistiu nos últimos instantes de vida.
O corpo de Santo Antônio mais tarde foi transferido para a Basílica de seu nome, mas Arcella continuou a ser um dos locais mais venerados da cidade, não só por ter sido o local onde o Santo falecera e por ter abrigado suas relíquias por um tempo, mas também por ser o local onde a Beata Helena, sua discípula e uma das patronas menores de Pádua, era venerada.
Durante a invasão da cidade pelos venezianos, no inverno de 1494 e 1495, o mosteiro foi muito danificado por um incêndio, mas foi restaurado graças aos donativos da população.
Em 1509, o Imperador Maximiliano de Habsburgo, à frente da Liga de Cambrai contra a República Vêneta, instalou seu quartel general no mosteiro. Mais tarde, durante a peste, o mosteiro foi transformado em lazareto.
Desde 1509 as religiosas haviam se transladado para o mosteiro de Santa Helena, em seguida para o de São Bernardino, levando o corpo da Beata. Entre 1674 e 1675, Arcella tornou-se uma pequena, mas digna igreja; em 1792 a Abadessa Elisabete Speroni promoveu uma campanha para restaurar o Santuário. Em 1810, aqueles dois mosteiros foram suprimidos e as religiosas confiaram seu tesouro à Basílica de Santo Antônio. Em 23 de maio de 1958, o corpo da Beata Helena foi devolvido à igreja de Arcella onde podemos venerá-lo sob o altar ainda atualmente.
A Beata Em sua passagem por Pádua, São Francisco de Assis entrou em contato com os Enselmini, nobre família da cidade de Pádua, e conheceu a filha do casal, Helena, uma jovenzinha de 13 anos. A jovem fora educada nos mais altos princípios religiosos e nos mais puros ideais de virtude. Quando ela manifestou seu desejo de seguir a vida religiosa, a família não se opôs, mas se alegrou com tal decisão.
São Francisco de Assis não hesitou em dar o hábito de Santa Clara àquela jovenzinha, hoje honrada como Beata. Helena deixou assim os pais segundo a carne para seguir um pai segundo o espírito, São Francisco, e uma nova mãe, Santa Clara, no Mosteiro de Arcella.
Anos depois Helena conheceu o taumaturgo de Pádua, Santo Antônio. Parece ter sido ele quem deu a ela uma formação teológica e moral, uma vez que a Beata tinha recebido uma sumária educação intelectual em família, tendo se afastado dela em tão tenra idade.
Santo Antônio tornou-se seu diretor espiritual e superior. Entre essas duas grandes almas estabeleceu-se logo uma profunda amizade espiritual, com uma ajuda mútua: Antônio dava à heroica dirigida o auxílio de seus conselhos; Helena oferecia seus sofrimentos espirituais, e os resultantes das enfermidades corporais, pelo apostolado de seu diretor espiritual, tornando-se ela também uma missionária de desejo, de amor.
Por seis anos a vida desta Beata fora uma experiência luminosa e alegre, apesar dos rigores materiais, das privações e da aspereza da vida no mosteiro. Mas, aos vinte anos caíram sobre elas os anos de trevas representadas por doenças, mas, sobretudo, por trevas da alma: provações interiores, tentações contra a Fé e aridez espiritual. Era tentada a crer que tudo era inútil, que a salvação eterna lhe era negada.
Helena, entretanto, se agarrava às certezas da Fé e à obediência aos superiores nos momentos de maiores provações. Com uma vontade tenaz conseguiu alcançar a paz e a certeza de que a Providência guiava seus passos.
O historiador diz: "Nenhuma mais diligente que ela na oração litúrgica, nenhuma mais obediente à abadessa, nenhuma mais observante da regra, nenhuma mais solícita em realizar as tarefas domésticas. Sua vida era tecida de jejuns e penitências, tomada pela santidade e pela austeridade. Tão áspera foi sua existência que caía enferma com frequência, vítima de febre".
Ficara-lhe a enfermidade do corpo, que não desanimava esta alma forte. Impossibilitada de falar nos últimos meses de vida, comunicava-se com as pessoas por meio de sinais correspondentes às letras do alfabeto. Nesta linguagem de surda-muda ditou a narração de numerosas visões com que foi favorecida.
O historiador se detém em descrever a visões celestiais de que gozou Helena, como indício de sua união com o Senhor, visões que ela dava a conhecer às Irmãs.
No dia 4 de outubro de 1231, arrebatada em êxtase, Helena viu os Santos Francisco e Antônio em atitude de louvor ao Senhor; contemplou, na glória do Paraíso, grande número de almas de religiosos, discípulos de São Francisco. O que a encantou foi que o maior título de glória fosse constituído dos rigores e das austeridades dos eremitas e dos penitentes. Foi-lhe revelado também que havia algo ainda mais precioso: a obediência, esta ascese diária dos que vivem em comunidade. A Beata visitou também o Purgatório, onde viu como as orações dos fiéis livram as benditas almas de seus sofrimentos.
Conta-se que a Beata viveu vários meses sem provar outro alimento que a Sagrada Comunhão. Sua morte ocorreu, quando tinha apenas vinte e quatro anos, no dia 4 de novembro de 1231.
Sicco Polentone conclui assim: "Desde o dia de seu trânsito até hoje, seu corpo se conserva tão bem, que não podemos vê-lo sem nos admirar, e isto por um privilégio divino que testemunha a santidade de Helena".
Leão X (1513-1521) a beatificou. O seu culto foi confirmado em 29 de outubro de 1695 por Inocêncio XII (1691-1700). Em 1956 foram iniciados os trâmites para sua canonização.
Fontes: www.santiebeati.it; www.franciscanos.org/santoral;
http://coisasdesantos.blogspot.com/2016/11/beata-elena-enselmini.html
Postado
neste blog em 3 de novembro de 2011
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