Em
25 de maio de 2007, celebrou-se o quarto centenário da morte de Santa Maria
Madalena de Pazzi (1566-1607), carmelita florentina e mestre de vida
espiritual. Tamanha era a fama de sua santidade entre o povo e o clero, que
muito cedo, em 1611, deu-se início a seu processo de beatificação. Importantes
estudiosos afirmam que “Maria Madalena de Pazzi, ao lado de Ângela de
Foligno e de Catarina de Sena, é, entre as italianas, a escritora espiritual
mais conhecida”.
Numa das famílias de maior destaque da nobreza florentina, Catarina nasceu em 2 de abril de 1566, segunda filha de Maria Buondelmonti e Camillo di Geri de’ Pazzi. Em dois períodos (de 1574 a 1578 e de 1580 a 1581), foi educanda em San Giovannino pelas Cavaleiras de Malta.
Antes mesmo de completar a idade requerida naqueles tempos para receber a Eucaristia, nutria ela excepcional devoção ao Santíssimo Sacramento. Certa vez, sua mãe, intrigada com as atitudes da filha, interrogou-a sobre a razão pela qual passava alguns dias inteiros a seu lado, sem separar-se sequer por um instante. Respondeu com candura a pequena: “É que nos dias em que comungais, sinto em vós o perfume de Jesus!”.
Considerando o fervor e a maturidade da menina, seu confessor consentiu em abrir uma exceção, concedendo-lhe fazer a 1ª. Comunhão em 25 de março de 1576, quando contava apenas 10 anos. A consolação e o gozo de Catarina não conheceram limites. Deste modo, obteve autorização para comungar todos os domingos, o que a levava a contar os dias e até mesmo as horas.
Dias depois de sua 1ª. Comunhão, se entregou para sempre ao Senhor com uma promessa de virgindade.
Quando contava doze anos, nos seus exercícios de mortificações, chegou a usar um hábito grosseiro e dormir no chão, a pôr uma coroa de espinhos na cabeça e a castigar por muitos modos o seu delicado corpo, manifestando assim o ardente desejo de tornar-se cada vez mais semelhante ao Divino Esposo. Quando diversos jovens se dirigiram aos pais de Maria, para obter-lhe a mão, ela pode declarar-lhes: “Já escolhi um Esposo mais nobre, mais rico, ao qual serei fiel até a morte”. Vencidas muitas dificuldades, ela conseguiu entrada no convento das Carmelitas em Florença.
Na idade de 16 anos entrou nas Carmelitas Descalças (17 de novembro de 1582) no convento de Santa Maria dos Anjos de Florença, bem pouco tempo depois do final do Concílio de Trento (1545-1563). Recebeu o hábito em 1583, tomando o nome Maria Madalena. Em 29 de maio de 1584, estando tão doente que se temia que não se recuperasse, fez sua profissão como religiosa.
Os
primeiros cinco anos de vida monástica são os mais conhecidos da biografia de
Santa Maria Madalena. No grande Carmelo de Santa Maria dos Anjos (o mais antigo
da ordem), com quase oitenta monjas no período em que viveu Madalena, várias
delas tinham um elevado perfil espiritual, desde a Madre Evangelista del
Giocondo até Pacífica del Tovaglia, amiga e uma das principais “secretárias” da
santa.
Desde que recebeu o hábito até sua morte experimentou uma série de raptos e êxtases. Depois de sua profissão experimentou êxtases diários por 40 dias consecutivos. Ao final deste tempo parecia estar perto da morte. Entretanto, se recuperou milagrosamente, pela intercessão da Beata Maria Bartolomea Bagnesi, dominicana, cujo corpo incorrupto estava sepultado no Convento de Santa Maria dos Anjos.
Daí em diante, apesar de sua saúde precária, pode cumprir com esmero as obrigações que lhe destinaram e praticar uma dura penitência.
Algumas características de seus raptos e êxtases: às vezes os raptos eram tão fortes, que a induziam a movimentos rápidos (por exemplo, em direção a um objeto sagrado); frequentemente podia, em êxtase, levar a cabo seu trabalho com perfeita compostura e eficiência; durante seus momentos de rapto expressava máximas do amor divino e conselhos para a perfeição das almas, especialmente para as religiosas - estas foram copiadas por suas irmãs religiosas e foram publicadas; às vezes ela falava em seu nome, outras em nome de uma ou de outra Pessoa da Santíssima Trindade; os estados de êxtases não interferiam no serviço da santa na comunidade - manifestava um forte sentido comum, um governo estrito e disciplinado, acompanhado por uma grande caridade, o que a fez muito amada até sua morte.
Na Quaresma de 1585, os fenômenos extraordinários chegaram a um auge de intensidade. No dia 25 de março, apareceu-lhe Santo Agostinho que gravou em seu peito as palavras “Et Verbum caro factum est”. Na segunda-feira da Semana Santa, recebeu os sagrados estigmas de Cristo, contudo não de forma visível.
Na ânsia de salvar almas, oferecia-se a Deus para sofrer todas as enfermidades, a morte e ainda os sofrimentos do inferno, se isto fosse realizável, sem precisar odiar e amaldiçoar a Deus. Em certa ocasião disse: “Se Deus, como a São Tomás de Aquino, me perguntasse qual prêmio desejo como recompensa, eu responderia: ‘Nada, a não ser a salvação das almas’”.
Os dias de Carnaval eram para Maria
Madalena dias de penitência, de oração e de lágrimas, para aplacar a ira de
Deus provocada pelos pecadores.
Para o corpo era de uma dureza implacável; não só o castigava, impondo-lhe o cilício, obrigando-o a vigílias, mas principalmente o sujeitava a um jejum rigorosíssimo; durante vinte e dois anos teve por único alimento pão e água. Por cerca de vinte anos ela viveu ocupada silenciosamente com essa mistura de oração e trabalho que é própria da vida monástica. Depois de ter sido responsável pela acolhida das jovens que vinham para o alojamento de forasteiras (1586-1589), ela esteve ligada, de várias maneiras, à formação das jovens a partir de 1589, até se tornar sub-prioresa a partir de 1604.
A Santa fez muitos milagres e possuía dons extraordinários. Como mestra de noviças era notável seu milagroso dom de ler as mentes, não apenas das noviças, como também de pessoas fora do convento. Com frequência via as coisas à distância. Conta-se que em uma ocasião viu milagrosamente Santa Catarina de Ricci em seu convento de Prato lendo uma carta que lhe havia enviado e escrevendo a resposta, embora nunca se tivessem conhecido de maneira natural. Tinha o dom de profecia e de cura.
Deus permitiu que ela sofresse a prova de uma terrível desolação interna, fortes tentações e ataques diabólicos externos por cinco anos (1585-90). Venceu a prova por sua valente adesão ao Senhor e sua humildade, cresceu em virtude e depois experimentou grande consolação.
Santa Maria Madalena de Pazzi era chamada a rezar e fazer penitência pela reforma de “todos os estados de vida na Igreja” e pela conversão de todos os homens. Ensinou que o sofrimento nos leva a um profundo nível espiritual e ajuda a salvar a alma. Por isso amava o sofrimento por amor de Deus e pela salvação das almas.
Nossa santa deu a sua contribuição para o bem da Igreja, primeiro como toda monja, ela contribuiu pela vida de oração, mas não foi só assim, ela interveio por meio de cartas ao Romano Pontífice para poder favorecer a reforma da Igreja, pedindo ao papa por meio de cartas, em torno de 21 cartas, com vários temas, entre eles pedindo a reforma da vida religiosa, e a reforma da Igreja. As cartas foram direcionadas ao Papa Sisto V.
A mística da Santa, na escola de Santa Catarina de Sena, é uma mística que chama à conversão todo o povo de Deus, não para “repreendê-lo”, como afirmam alguns, mas para que, diante do Espírito Santo que bate à porta, alguém “se abra a esse dom”.
Nos últimos três anos de vida, sofreu diversas enfermidades. Deus permitiu que nas dores ficasse privada ainda de consolações espirituais. Impossibilitada de andar era forçada a guardar o leito. Via-se então um fato extraordinário: quando era dado o sinal para a Missa ou Comunhão, ela se levantava, ia ao coro e assistia a Missa toda. De volta para a cela, caía de novo na prostração e imobilidade. Quando lhe aconselharam abster-se da Comunhão, declarou ser-lhe impossível, sem o conforto deste Sacramento, suportar as dores. No meio dos sofrimentos, o seu único desejo era: “Sofrer, não morrer”. Ao confessor, que lhe falou da probabilidade de um fim próximo dos sofrimentos, ela respondeu: “Não, meu padre, não desejo ter este consolo, desejo poder sofrer até o fim de minha vida”.
Santa Maria Madalena de Pazzi faleceu no
dia 25 de maio de 1607, aos quarenta e um anos de idade. Cinquenta e seis anos
depois, em 1663, quando se abriu o túmulo, foi-lhe encontrado o corpo sem o
menor sinal de decomposição, percebendo-se ainda o celeste perfume.
Inúmeros
milagres ocorreram depois de sua morte. Beatificada em 8 de maio de 1626 pelo
Papa Urbano VIII, foi canonizada em 28 de abril de 1669 pelo Papa Clemente IX.
Seu corpo incorrupto permanece na igreja de Santa Maria dos Anjos em Florença.
Fontes:
https://www.freimarceloocarm.com.br/index.php/2021/08/30/santa-maria-madalena-de-pazzi/
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2015/05/santa-maria-madalena-de-pazzi-virgem.html
Postado
neste blog em 24 de maio de 2013
Numa das famílias de maior destaque da nobreza florentina, Catarina nasceu em 2 de abril de 1566, segunda filha de Maria Buondelmonti e Camillo di Geri de’ Pazzi. Em dois períodos (de 1574 a 1578 e de 1580 a 1581), foi educanda em San Giovannino pelas Cavaleiras de Malta.
Antes mesmo de completar a idade requerida naqueles tempos para receber a Eucaristia, nutria ela excepcional devoção ao Santíssimo Sacramento. Certa vez, sua mãe, intrigada com as atitudes da filha, interrogou-a sobre a razão pela qual passava alguns dias inteiros a seu lado, sem separar-se sequer por um instante. Respondeu com candura a pequena: “É que nos dias em que comungais, sinto em vós o perfume de Jesus!”.
Considerando o fervor e a maturidade da menina, seu confessor consentiu em abrir uma exceção, concedendo-lhe fazer a 1ª. Comunhão em 25 de março de 1576, quando contava apenas 10 anos. A consolação e o gozo de Catarina não conheceram limites. Deste modo, obteve autorização para comungar todos os domingos, o que a levava a contar os dias e até mesmo as horas.
Dias depois de sua 1ª. Comunhão, se entregou para sempre ao Senhor com uma promessa de virgindade.
Quando contava doze anos, nos seus exercícios de mortificações, chegou a usar um hábito grosseiro e dormir no chão, a pôr uma coroa de espinhos na cabeça e a castigar por muitos modos o seu delicado corpo, manifestando assim o ardente desejo de tornar-se cada vez mais semelhante ao Divino Esposo. Quando diversos jovens se dirigiram aos pais de Maria, para obter-lhe a mão, ela pode declarar-lhes: “Já escolhi um Esposo mais nobre, mais rico, ao qual serei fiel até a morte”. Vencidas muitas dificuldades, ela conseguiu entrada no convento das Carmelitas em Florença.
Na idade de 16 anos entrou nas Carmelitas Descalças (17 de novembro de 1582) no convento de Santa Maria dos Anjos de Florença, bem pouco tempo depois do final do Concílio de Trento (1545-1563). Recebeu o hábito em 1583, tomando o nome Maria Madalena. Em 29 de maio de 1584, estando tão doente que se temia que não se recuperasse, fez sua profissão como religiosa.
A Santa aos 16 anos |
Desde que recebeu o hábito até sua morte experimentou uma série de raptos e êxtases. Depois de sua profissão experimentou êxtases diários por 40 dias consecutivos. Ao final deste tempo parecia estar perto da morte. Entretanto, se recuperou milagrosamente, pela intercessão da Beata Maria Bartolomea Bagnesi, dominicana, cujo corpo incorrupto estava sepultado no Convento de Santa Maria dos Anjos.
Daí em diante, apesar de sua saúde precária, pode cumprir com esmero as obrigações que lhe destinaram e praticar uma dura penitência.
Algumas características de seus raptos e êxtases: às vezes os raptos eram tão fortes, que a induziam a movimentos rápidos (por exemplo, em direção a um objeto sagrado); frequentemente podia, em êxtase, levar a cabo seu trabalho com perfeita compostura e eficiência; durante seus momentos de rapto expressava máximas do amor divino e conselhos para a perfeição das almas, especialmente para as religiosas - estas foram copiadas por suas irmãs religiosas e foram publicadas; às vezes ela falava em seu nome, outras em nome de uma ou de outra Pessoa da Santíssima Trindade; os estados de êxtases não interferiam no serviço da santa na comunidade - manifestava um forte sentido comum, um governo estrito e disciplinado, acompanhado por uma grande caridade, o que a fez muito amada até sua morte.
Na Quaresma de 1585, os fenômenos extraordinários chegaram a um auge de intensidade. No dia 25 de março, apareceu-lhe Santo Agostinho que gravou em seu peito as palavras “Et Verbum caro factum est”. Na segunda-feira da Semana Santa, recebeu os sagrados estigmas de Cristo, contudo não de forma visível.
Na ânsia de salvar almas, oferecia-se a Deus para sofrer todas as enfermidades, a morte e ainda os sofrimentos do inferno, se isto fosse realizável, sem precisar odiar e amaldiçoar a Deus. Em certa ocasião disse: “Se Deus, como a São Tomás de Aquino, me perguntasse qual prêmio desejo como recompensa, eu responderia: ‘Nada, a não ser a salvação das almas’”.
Para o corpo era de uma dureza implacável; não só o castigava, impondo-lhe o cilício, obrigando-o a vigílias, mas principalmente o sujeitava a um jejum rigorosíssimo; durante vinte e dois anos teve por único alimento pão e água. Por cerca de vinte anos ela viveu ocupada silenciosamente com essa mistura de oração e trabalho que é própria da vida monástica. Depois de ter sido responsável pela acolhida das jovens que vinham para o alojamento de forasteiras (1586-1589), ela esteve ligada, de várias maneiras, à formação das jovens a partir de 1589, até se tornar sub-prioresa a partir de 1604.
A Santa fez muitos milagres e possuía dons extraordinários. Como mestra de noviças era notável seu milagroso dom de ler as mentes, não apenas das noviças, como também de pessoas fora do convento. Com frequência via as coisas à distância. Conta-se que em uma ocasião viu milagrosamente Santa Catarina de Ricci em seu convento de Prato lendo uma carta que lhe havia enviado e escrevendo a resposta, embora nunca se tivessem conhecido de maneira natural. Tinha o dom de profecia e de cura.
Deus permitiu que ela sofresse a prova de uma terrível desolação interna, fortes tentações e ataques diabólicos externos por cinco anos (1585-90). Venceu a prova por sua valente adesão ao Senhor e sua humildade, cresceu em virtude e depois experimentou grande consolação.
Santa Maria Madalena de Pazzi era chamada a rezar e fazer penitência pela reforma de “todos os estados de vida na Igreja” e pela conversão de todos os homens. Ensinou que o sofrimento nos leva a um profundo nível espiritual e ajuda a salvar a alma. Por isso amava o sofrimento por amor de Deus e pela salvação das almas.
Nossa santa deu a sua contribuição para o bem da Igreja, primeiro como toda monja, ela contribuiu pela vida de oração, mas não foi só assim, ela interveio por meio de cartas ao Romano Pontífice para poder favorecer a reforma da Igreja, pedindo ao papa por meio de cartas, em torno de 21 cartas, com vários temas, entre eles pedindo a reforma da vida religiosa, e a reforma da Igreja. As cartas foram direcionadas ao Papa Sisto V.
A mística da Santa, na escola de Santa Catarina de Sena, é uma mística que chama à conversão todo o povo de Deus, não para “repreendê-lo”, como afirmam alguns, mas para que, diante do Espírito Santo que bate à porta, alguém “se abra a esse dom”.
Nos últimos três anos de vida, sofreu diversas enfermidades. Deus permitiu que nas dores ficasse privada ainda de consolações espirituais. Impossibilitada de andar era forçada a guardar o leito. Via-se então um fato extraordinário: quando era dado o sinal para a Missa ou Comunhão, ela se levantava, ia ao coro e assistia a Missa toda. De volta para a cela, caía de novo na prostração e imobilidade. Quando lhe aconselharam abster-se da Comunhão, declarou ser-lhe impossível, sem o conforto deste Sacramento, suportar as dores. No meio dos sofrimentos, o seu único desejo era: “Sofrer, não morrer”. Ao confessor, que lhe falou da probabilidade de um fim próximo dos sofrimentos, ela respondeu: “Não, meu padre, não desejo ter este consolo, desejo poder sofrer até o fim de minha vida”.
https://www.freimarceloocarm.com.br/index.php/2021/08/30/santa-maria-madalena-de-pazzi/
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2015/05/santa-maria-madalena-de-pazzi-virgem.html
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