segunda-feira, 5 de maio de 2025

Santa Prisca ou Priscila, Protomártir romana - 5 de maio

      No dia 3 de maio de 1616, sendo então Arcebispo de Cagliari D. Francisco Desquivel, quando estavam sendo feitas escavações para encontrar o túmulo de São Esperate, descobriu-se também a sepultura de Santa Prisca (ou Priscila), Virgem e Mártir.
     Sobre seu túmulo havia uma inscrição que apenas mencionava que ela dera sua vida em sacrifício pela causa da Fé.  A lápide que cobria seu sarcófago continha a seguinte inscrição: “+ D(E)D(ICAVIMUS) F(IDE)L(I) MART(YRI) PRISCE NIMIS N(OBIS) D(ILECTAE)”, que traduzida significa: DEDICAMOS (ESTE SEPÚLCRO) À FIEL MÁRTIR PRISCA POR NÓS ARDENTEMENTE AMADA.
     Segundo a interpretação dos descobridores, esta epígrafe deve ter sido colocada pelo Bispo de Cagliari, Brumasio, no início do século VI. Pesquisas recentes do arqueólogo Mauro Dadea demonstraram que este bispo providenciara pessoalmente a colocação das relíquias de São Esperate, e de outros mártires seus companheiros, na antiga igreja do centro habitado de Valeria, depois conhecida como São Esperate. Esta jovem, portanto, viveu no tempo da perseguição aos cristãos pelos romanos, no século II d.C.
     As atas do descobrimento das relíquias, que se encontram no Santuário de Caller do Pe. Esquirro, relatam um fato extraordinário: quando o sarcófago de Prisca foi aberto, o seu corpo apareceu, para grande espanto dos arqueólogos, imerso em um mar de rosas. Os descobridores seiscentistas de seu túmulo supõem que a Santa tivesse origem sarda.
     As suas relíquias, conforme consta de documentos antigos do século XVII, foram deixadas em São Esperate. No decorrer dos séculos se perdeu a sua exata localização. Mas alguns fragmentos menores destas relíquias foram distribuídos a alguns expoentes da alta aristocracia, que os conservaram nas capelas privadas de seus palácios. Uma destas relíquias, depois do falecimento do último representante de uma família nobre de Cagliari, da qual era proprietário, retornou a São Esperate no ano jubilar de 2000, doada pelos seus descendentes.
     Todos os anos, no dia 5 de maio, data do "adventus", isto é, dia da trasladação do corpo da Santa para a cidade, no dia mesmo em que se celebra a solenidade de Santa Prisca, Virgem e Mártir, a relíquia é exposta ao culto público na igreja paroquial, para onde vem transportada numa procissão pelas ruas da cidade, que para a ocasião se enfeita com um tapete de pétalas de perfumadíssimas rosas.
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     De acordo com o teólogo católico Johamm Kirsh, narrativas relacionadas à Santa não são históricas. Segundo a legenda, Santa Prisca pertencia a uma família nobre e na idade de treze anos foi levada diante do imperador Cláudio acusada de ser cristã. Este imperador ordenou que ela sacrificasse ao deus Apolo e, diante de sua recusa, ela foi flagelada e colocada na prisão.
     Como ela persistia na sua fé em Jesus Cristo após a saída da prisão, foi novamente punida e aprisionada. Ela foi levada para o anfiteatro para ser morta por um leão, mas este se colocou aos seus pés sem feri-la. Após três dias na prisão, foi torturada, continuou viva, mas foi decapitada.
     Os cristãos sepultaram seu corpo na catacumba próxima ao local de seu martírio. Ainda existe, no Aventino, em Roma, uma igreja de Santa Prisca, no mesmo local em que uma antiquíssima igreja, a Titulus Priscoe, era mencionada no século V e construída provavelmente no século IV.
 
Etimologia:
Prisca, do latim Priscus = "prisco, antigo, velho". Na época imperial romana, na linguagem poética, tinha um matiz de respeito e veneração. Priscila = diminutivo de Prisca.

Outra versão
     No século VIII começaram a identificar a mártir romana com Prisca, mulher de Áquila, de que fala o Apóstolo São Paulo em sua Carta aos Romanos: “Saudai Prisca e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus; pela minha vida eles expuseram suas cabeças. A eles agradeço, não só eu, mas também todas as igrejas dos gentios” (Rm 16,3).
    Áquila e Priscila tinham uma vida unida, sempre em movimento, com o olhar fixo em Cristo. Seu dinamismo em dar testemunho de fé chamou a atenção de Paulo de Tarso, do qual se tornaram amigos íntimos. Os poucos dados sobre a vida deste casal podemos encontrar nas Cartas do Apóstolo dos Gentios e nos Atos, quando Paulo elogia seus amigos.
     Áquila era um judeu, nascido em Ponto, atual Turquia; ao imigrar para Roma casou-se com uma jovem romana chamada Priscila. Juntos, iniciam uma fábrica de tendas e, juntos, convertem-se ao cristianismo. Mas, não puderam permanecer por muito tempo na Cidade Eterna, por causa do edito, promulgado pelo Imperador Cláudio, no ano 49, que previa a expulsão de todos os judeus acusados de fomentar tumultos.
Amizade com Paulo
     Áquila e Priscila transferiram-se para Corinto, uma cidade cosmopolita, onde prosperava o culto a Afrodite. Ali, encontraram Paulo, que o hospedaram em sua casa, o envolveram em seu trabalho, para que pudesse providenciar o necessário para a sua subsistência.
     Naquela cidade, capital da Acaia, o apóstolo escolheu, como local de culto e pregação, a casa do prosélito, Tício Justo, próxima àquela dos cônjuges. A amizade deles, arraigada em Jesus, nunca se interrompeu, nem quando Paulo decidiu voltar para a Síria. Os dois esposos acompanham-no, em parte da viagem, e se estabeleceram em Éfeso.
Risco de vida
      Na cidade jônica da Anatólia, centro de intercâmbios culturais, religiosos e comerciais, os três encontraram-se novamente. Ali, Paulo morou por mais de dois anos e fundou uma Igreja. Áquila e Priscila, sem deixar suas atividades comerciais, ajudaram-no na formação de novos convertidos; de modo especial, acompanharam a iniciação cristã de Apolo, um judeu de Alexandria, profundo conhecedor das Escrituras; ele ficou fascinado pela catequese deles, que se tonou crível pelo testemunho reciprocidade e oblação conjugal.
     A grande casa em Éfeso, adquirida pelos cônjuges, tornou-se logo ponto de referência para a comunidade recém-nascida, que ali se encontrava para ouvir a Palavra e celebrar a Eucaristia. Ali, o Apóstolo se hospedou, recordando sempre, com gratidão, a calorosa acolhida dos dois amigos, que, para o salvar - escreve na Carta aos Romanos - "arriscaram a sua vida".
Testemunhas do amor conjugal, arraigado no Evangelho
     Ao cessar o edito imperial, concernente à expulsão dos judeus, Áquila e Priscila retornaram a Roma, sempre propensos ao zelo missionário e ao testemunho do Ressuscitado.
     Nada se sabe sobre a morte dos dois esposos. Há quem identifica Priscila com Prisca, a primeira mulher mártir, decapitada e venerada na igreja homônima do bairro romano do Aventino. Outros, com a Priscila, proprietária das catacumbas na Via Salária. A estas duas era ligada a gens Acilia, que alguns estudiosos intitulam o nome de Áquila.

Fontes:
SS. Áquila e Prisca (ou Priscila), discípulos de S. Paulo - Informações sobre o Santo do dia - Vatican News
História de Santa Prisca - Santos e Ícones Católicos - Cruz Terra Santa

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