Esta é uma das mais célebres mártires de
toda a Idade Média e o seu culto teve uma grande difusão. Entretanto, as
informações históricas relativas a ela estão repletas de legendas, inclusive a
própria Passio. Santa Colomba (ou
Comba) é venerada por ter sido martirizada em Sens, no tempo do Imperador
Aureliano (270-275).
As suas Actas, escritas no século VIII, relatam que ela teve sempre grande
horror aos ídolos. É apresentada como pertencente a uma nobre família pagã da
Espanha, onde nasceu no século III. Para afastar-se do culto aos ídolos, deixou
a família e entrou na França, inicialmente em Vienne, onde recebeu o Batismo,
depois foi para Sens. Parece que seu verdadeiro nome era Eporita e que foi
chamada Colomba devido sua inocência.
Ao passar por Sens, durante suas guerras
na Gália, o imperador Aureliano Lucio Domicio deu ordem para ser cumprida
naquela cidade a perseguição aos cristãos, lei em vigor em todo o Império
Romano.
Colomba, por ser cristã, foi feita
prisioneira e conduzida diante do imperador. A jovem de dezessete anos foi a
única pessoa que encontrou graça a seus olhos, tal a nobreza de suas feições,
reveladoras de ascendência ilustre. Foi em vão, porém, que ele tentou fazê-la
renunciar ao seu voto de virgindade. Encolerizado, deu ordem que a aprisionassem
em uma cela do anfiteatro, mas quando um libertino tentou violá-la, um urso do
anfiteatro interveio para protegê-la, pondo em fuga os soldados.
Como nenhum dos soldados quisesse
intervir, Aureliano, enfurecido, ordenou que tanto a virgem quanto o urso
fossem queimados, mas uma chuva providencial apagou o fogo já preparado. Após o
urso fugir para a floresta, o obstinado imperador condenou Colomba à
decapitação.
O martírio ocorreu entre os anos 270 e
275. A mártir foi sepultada por um homem que havia recuperado a visão ao
invocar sua intercessão.
Muitíssimo venerada na França, em 620 o
rei Lotário III fundou a célebre abadia real de Santa Colombe-les-Sens sobre o
túmulo da Santa mártir. Em 623 o bispo de Sens, São Lupo († 623), quis ser
sepultado aos pés da mártir; em 853 o bispo Wessilone, ao consagrar a nova
igreja, encontrou unidas as relíquias dos dois santos e mandou colocá-las em um
precioso tecido, cujos fragmentos foram encontrados no século XIX e são
conservados no tesouro da catedral.
A igreja da abadia foi construída uma
terceira vez e consagrada, em 1164, pelo papa Alexandre III, depois destruída
em 1792 pelos adeptos da abominável Revolução Francesa. As ruínas do complexo
abacial e da igreja foram adquiridas, em 1842, pelas religiosas da Santa
Infância de Jesus e Maria, que ali edificaram sua Casa-Mãe, salvaguardando os
restos da antiga cripta. As relíquias de Santa Colomba já haviam sido
transferidas para a Catedral de Sens em 1803.
São numerosas as igrejas dedicadas a esta
Santa mártir na França, Espanha, Flandres, Alemanha e Itália, onde o culto se
difundiu particularmente em Rimini.
No Martirologio Jeronimiano, bem como no
Romano, a festa de Santa Colomba é celebrada no dia 31 de dezembro. Em Sens,
devido a uma festa local que ocorre no último dia do ano, a sua celebração foi
transferida para o dia 27 de julho, data da transladação das relíquias e da
dedicação da sua igreja.
Santa Colomba é invocada para obter chuva
e é representada com um urso e uma pena de pavão substituindo a palma dos
mártires.
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