O que é, propriamente, a devoção ao Sagrado
Coração? É a devoção ao órgão de Nosso Senhor, que é o Coração.
Mas na
Escritura, o coração não tem o significado sentimental que tomou no fim do século
XVIII, mais ou menos, e certamente no século XIX. Não exprime o sentimento.
Quando
diz a Escritura: “A ti disse o meu coração: eu te procurei”, o coração aí é a
vontade humana, é o propósito humano, é propriamente, a santidade
humana. Aí quando Nosso Senhor diz isso, diz: “na minha vontade
santíssima, Eu quero”.
O
Evangelho diz: “Nossa Senhora guardou todas as coisas em seu coração e as
meditava”. Os senhores percebem que não é o coração sentimental, mas a vontade
dEla, a alma dEla que guardava aquelas coisas e pensava sobre elas.
O
coração é a vontade da pessoa, o seu elemento dinâmico que considera e pondera
as coisas.
O
Sagrado Coração de Jesus é a consideração disso em Nosso Senhor, simbolizado
pelo coração, porque todos os movimentos da vontade do homem podem ter no
coração uma repercussão. Nesse sentido, então, é o órgão adequado para exprimir
isso.
E é
nesse sentido, então, que se adora o Santíssimo Coração de Jesus.
Por
correlação, por conexão, existe a devoção imensamente significativa, do
Imaculado Coração de Maria. O Imaculado Coração de Maria é um escrínio dentro
do qual encontramos o Sacratíssimo Coração de Jesus (vide por exemplo o artigo
publicado no “Legionário” de 21-7-1940 e intitulado Nossa Senhora do Sagrado Coração).
A essa
devoção Nosso Senhor prometeu um caudal de graças. Comentei o ano passado as
promessas do Coração de Jesus a quem fizer as
nove primeiras sextas-feiras. A mais marcante delas, talvez, é que as
almas que fizerem as nove sextas-feiras não morrerão sem terem a graça especial
de se arrependerem antes.
Não quer
dizer que elas certamente irão para o Céu. Quer dizer que terão uma grande
graça antes de morrer; não quer dizer que vão perceber que vão morrer, mas no
momento relacionado com a morte, elas terão uma grande graça, tão grande que
todas as esperanças se podem ter de sua salvação.
Os
senhores compreendem quanto empenho há na Igreja em que essa devoção seja
conhecida, seja apreciada, seja medida com a razão, porque devoção sentimental
não tem sentido.
Devoção
varonil é a que procura conhecer a razão de ser da coisa e ama a coisa pela sua
razão de ser; assim é que um homem e uma mulher forte do Evangelho pensam a
respeito das coisas de piedade.
Então, pensar
nisso, querer isso, dirigirmos nossa alma ao Coração de Jesus como fonte de
graças calculadas para a época de Revolução, calculada para as épocas difíceis
que deveriam vir e pedir que o Coração de Jesus, regenerador pelo sangue e pela
água que dEle saiu, nos lave.
Isto é
propriamente a oração magnífica que nas sextas-feiras e, sobretudo, na primeira
sexta-feira do mês, e na Sexta-feira da Paixão se deve considerar. [...]
Se
queremos ter distâncias psíquicas para termos equilíbrio mental e nervoso e
para nos curarmos — o quanto possível — de molezas de toda ordem, podemos
e devemos recorrer ao Sagrado Coração de Jesus que, com uma graça jorrada dEle
— como a água que curou o centurião — possa eliminar a cegueira de nossas
almas, porque somos cheios de cegueiras de todos os graus e ordens.
Peçamos
ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do Coração Imaculado de Maria —
porque só assim, por intermédio de Nossa Senhora é que se obtém dEle as graças
que nos curem dessa múltipla cegueira —, e teremos feito um esplêndido pedido e
estaremos a caminho de conseguir uma magnífica graça.
Plínio
Correa de Oliveira – grande líder católico do século XX
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