O seu nome de batismo era Ioanna,
ou seja, Joana, e foi uma das filhas da numerosa família Haze. Ela nasceu na
cidade de Liège em 27 de fevereiro de 1782. Desde o berço apresentou uma
inteligência precoce, aos quatro anos sabia ler e escrever corretamente, porque
seu pai, professor de Letras, dedicava o seu tempo livre para ensinar os seus
sete filhos. A sua família era rica e importante, plena de religiosidade, pois
o pai era secretário do Príncipe-bispo de Hoensbroech.
A família conviveu com os perigos da
Revolução Francesa, pois a Bélgica foi ocupada até 1815, e teve de fugir para o
exterior em consequência do avanço do exército revolucionário. Foi nesta
circunstância que em 1795 seu pai veio a falecer em Düsseldorf. Depois, algumas
de suas irmãs se casaram. Joana e a irmã Fernanda, ao invés do matrimônio,
animavam o desejo de seguirem a vida religiosa, coisa impossível, por causa das
leis anticlericais da época.
Entretanto, permaneceram em casa levando
uma vida religiosa missionária, dedicadas ao trabalho e as orações; alfabetizavam,
catequizavam e atendiam os pobres, doentes e cuidavam da mãe, que morreu em
1820.
Quatro anos depois, foi oferecida para
elas uma escola paroquial em Liège, tolerada pelo governo holandês, ao qual
estava submetida à população belga. A escola de bordado anexa a escola
paroquial era frequentada pelas mulheres pobres da região.
Em 1830, quando a Bélgica adquiriu sua
independência, Joana decidiu fundar uma nova congregação religiosa, a qual
recebeu o nome de "Filhas da Santa Cruz de Liège".
Com a ajuda
e supervisão do deão da Igreja de São Bartolomeu de Liège, Jean Guillaume
Habets, redigiu as primeiras constituições. As atividades
iniciaram em agosto de 1832, com a finalidade de organizar as escolas privadas,
prestar assistência aos presos, aos hospitais dos carentes e dar atendimento às
missões.
Em 1833, na igreja de Potay, Joana e Fernanda fazem
seus votos perpétuos. Joana tinha mais de 50 anos de idade e foi
preciso uma autorização especial da Santa Sé para realizar sua vestição. Tomou
o nome de Maria Teresa do Sagrado Coração e administrou a sua Obra até a idade
bem avançada e com muita lucidez. Uma de suas motivações espirituais, que a
acompanhou por toda vida, foi: "O
Senhor apresenta a Cruz com uma mão e a consolação com a outra". A
palavra de ordem de Joana era: “Ide aos
pobres com um coração de pobre”.
O arcebispo reconheceu oficialmente a
Congregação em 1845 e aprovou as constituições em 1851.
A nova Congregação tinha como prioridade a
educação das jovens, mas também se dedicava aos doentes em suas casas, às
mulheres prisioneiras, à catequese, aos idosos, à confecção de bordados, à
ocupar as crianças durante o dia e os adultos nas noites. As religiosas
começaram a ser conhecidas na cidade: elas tinham o encargo da prisão das
mulheres, de uma casa para reabilitação de prostitutas, de uma casa de
acolhimento para os mendigos.
Logo foram abertas outras casas na
Alemanha (1849), na Índia (1861), na Inglaterra (1863), chegando a 50
comunidades e cerca de mil religiosas.
No dia 7 de janeiro de 1876, Maria Teresa
do Sagrado Coração Haze faleceu em Liège e foi sepultada no cemitério de
Chénée, na Bélgica. Cinquenta anos mais parte seu corpo foi exumado e estava
incorrupto.
A Congregação conta hoje com mais de 103
comunidades espalhadas em quatro continentes. O processo de sua beatificação se
iniciou em 1911, pelos vários milagres atribuídos à sua intercessão. Foi
aprovado pela Igreja em janeiro de 1991, sendo beatificada pelo papa João Paulo
II em abril de 1991.
Provavelmente a Beata Maria Teresa do
Sagrado Coração, Ioanna Haze, tenha se tornado a beata mais idosa da história
da Igreja Católica, pois morreu com noventa e quatro anos, em plena atividade.
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