Isabel Canori Mora (1774–1825) foi uma
leiga romana beneficiada com extraordinários fenômenos místicos.
http://aparicaodelasalette.blogspot.com.br/2013/03/conspiracao-na-igreja-e-seu-castigo.html
Em 1996, a Libreria Editrice Vaticana, com o Imprimatur da diocese de Roma,
editou tais escritos na íntegra, seguindo a ortografia e a gramática italiana
moderna (La mia vita nel Cuore della
Trinità — Diario della Beata
Elisabetta Canori Mora, sposa e madre, Libreria Editrice Vaticana, 1996,
765 pp. Imprimatur do Vicariato de Roma, Pe. Luigi Moretti, secretário-geral,
31-8-1995). [...]
A nota dominante da vida
da bem-aventurada foi dada pelo pedido que Deus lhe fez, de oferecer-se como
vítima pela preservação do Papado em Roma. Tal pedido ocorreu no início do
pontificado de Leão XII (28.9.1823–10.2.1829), quando a beata teve uma
revelação sobre uma futura restauração da Igreja.
Deus, que costumava falar a ela com uma
franqueza não usual sobre o Papado, então lhe fez ver que essa renovação da
Igreja não dependia tanto dos ocupantes da Cátedra de Pedro quanto da
erradicação dos erros que envenenam a sociedades civil e eclesial.
Esses erros afiguravam-se na visão como
cinco imensas árvores que intoxicam e matam espiritualmente grandes multidões
de homens. A indispensável tarefa de erradicação desses erros tem um lado
angélico sobrenatural.
Essa visão reveste-se de interesse todo
especial para os nossos dias. Quando, afinal, a Igreja será restaurada?
No
dia 10 de janeiro de 1824 minha alma foi admitida para falar familiarmente com
meu Deus. Ele se deteve, na sua infinita bondade, para falar com minha pobre
alma sobre as circunstâncias de nossa santa religião católica e da Santa
Igreja.
Minha alma assim orava a meu Deus pelas
necessidades atuais da Santa Igreja:
– Meu Deus – dizia – quando acontecerá que
eu possa Vos ver honrado e glorificado por todos os homens como convém? Mas, oh
meu Deus, como são poucos os que Vos amam! Oh, como é grande o número dos que
Vos desprezam, meu Deus, que grande pena é isto para mim! Acreditava que com
esta eleição de um novo Papa [Nota: refere-se à eleição de
S.S. Leão XII] a Santa Igreja
seria renovada, e que o Cristianismo iria mudar de costumes; mas, pelo que eu
vejo, caminhamos de mesmo jeito.
Diante desta minha insistência, Deus me
respondeu assim:
– Minha filha, não recordas que Eu te
disse que a nave era a mesma, e que adiantaria pouco, para os marinheiros da
nave, mudar de piloto?
Minha alma respondeu:
–Ah sim, meu Deus, lembro-me que, três
dias após a eleição do sumo pontífice Leão, fizestes-me entender bem que a
série de perseguições não havia acabado. Meu Deus, se a nave será sempre a
mesma, nós ficaremos presos aos mesmos males! Ah! Senhor, reparai-a Vós, fazei
uma nave nova, que nos conduza ao porto da bem-aventurança eterna do Paraíso!
Sim, meu Deus, peço-Vos esta graça pelos
vossos méritos infinitos, sim, não m’a negueis. Vós me tendes prometido ouvir
minhas pobres orações. Sim, pela vossa bondade, ouvi-me, então, pois eu Vos
rogo por todo o Cristianismo: reponde-nos no bom caminho, Vos rogo, Vos
suplico, pelo vosso Sangue Preciosíssimo; para que fabriqueis a nave de nossa
salvação!
E assim ouvi responder:
– Minha filha, antes de construir essa
nave, devem tirar aquelas cinco árvores que estendem suas raízes pela terra.
Ouvindo estas palavras, minha alma
entristeceu muito, achando que demoraria muitíssimo tempo fazer esta nova nave.
– Portanto – eu dizia chorando – dois
séculos não serão suficientes para fabricar esta nave! Meu Deus, quanta pena
isso me causa. Se Noé demorou cem anos para fabricar a Arca, Vós, portanto, oh
meu Deus, continuareis a ser ofendido durante um tão longo período de tempo? Eu
não posso imaginar, eu me sinto desmaiar pela dor. Oh meu Jesus, tirai-me a
vida, pois eu não consigo Vos ver de tal maneira ofendido.
Chorava abundantemente e me sentia
esmagada pela grande aflição de espírito; mas, enquanto estava nessa situação
aflitiva, ouvi uma voz que dizia:
– Serena teu espírito, enxuga também tuas
lágrimas. Sabe que este não é um trabalho terrestre, como o de Noé, mas é um
trabalho celeste, porque os fabricantes desta minha nave são os meus anjos. Alegra-te,
oh minha filha, amada, e não te entristeças! O tempo está em minhas mãos, posso
abreviá-lo quanto quiser; reza, não te canses, que não será tão demorado como
tu pensas.
E minha alma respondeu assim:
– Oh meu Deus, quanto me alegrais
fazendo-me saber que Vos aprazará abreviar o tempo de vossas misericórdias;
venha logo este tempo bendito, oh meu Senhor, para que sejais conhecido, amado
e adorado como convém por todos.
Assim a Beata Isabel Canori Mora deixou
registrado no diário com suas revelações místicas, que escreveu por ordem de
seu diretor espiritual:
Os anjos lhe revelam a conspiração dentro da Igreja
Católica
No
dia 26 de janeiro de 1815, fui levada pelos santos anjos, que costumam me
favorecer, a um lugar subterrâneo, onde, pelas tochas acesas que conduziam nas
mãos, pude descobrir a perseguição oculta que é feita por muitos eclesiásticos
contra Deus. Sob o manto do bem, perseguem a Jesus crucificado e seu Santo
Evangelho. Eu os via como lobos enraivecidos que maquinavam derrubar o chefe da
Igreja de seu trono, procuravam por todas as formas jogar por terra a Igreja
Católica.
Mas porque foi do agrado de Deus, pela
valiosa intercessão do patriarca Santo Inácio, eu via surgir da nobilíssima
Companhia de Jesus um grande personagem, rico de virtudes e de doutrina, muito
insigne, dotado de celeste eloquência, que sustentava os direitos da Igreja
Católica, juntamente com outros seus companheiros, muitos dos quais davam seu
sangue por Jesus Cristo.
Diante deste conhecimento, minha pobre
alma apresentava ardentes orações ao Altíssimo, para que se dignasse libertar
nossa Mãe, a Santa Igreja, de uma perseguição tão funesta.
Subitamente, eu fui levada como por um
relâmpago a ver o duro estrago que está para fazer a justiça de Deus sobre
aqueles miseráveis. Com supremo terror, eu via relampaguear em volta deles os
raios da justiça irada. [...]
A Igreja Católica vivendo uma espécie de Paixão
No dia 1º de abril 1815, (...) depois do
jantar, eu estava na igreja, na adoração do Santíssimo Sacramento, quando me
pareceu ser transportada num instante a um local solitário onde tudo respirava
tristeza e aflição.
De improviso vi chegar muitos Anjos que,
pelos seus rostos e suas vestimentas, denotavam os gravíssimos padecimentos de
nossa Mãe a Santa Igreja. Depois vi chegar mais outros três Anjos, igualmente
vestidos de luto, muito mais tristes que os primeiros. Eles levavam sobre os
ombros uma pedra de um tamanho desmesurado e de uma beleza ímpar. Pousaram com
muito respeito solitário a referida grandíssima e belíssima pedra naquele
lugar, e todos os anjos mencionados formaram em volta dela uma coroa, e choravam
olhando-a cheios de tristeza.
Como foi lutuosa a impressão que recebeu
meu coração, não saberia repeti-lo. (...) E eis que vi de longe chegar outros
homens de santa vida, tristes nos rostos, penitenciais nas vestimentas, que
olhavam dita pedra e choravam. A aflição deles demonstrava muita coisa. Diante
deste comparecimento, meu espírito ficou muito aflito e angustiado. Mas não
acabou aqui a minha pena.
Eis que de novo vejo aparecer muitas
santas virgens, tristes e doloridas, com os rostos pálidos e vertendo muitos
prantos, seus corações estavam cheios de pesar. Estas virgens aflitas
acompanhavam uma venerável matrona, vestida de escuro, com a tristeza no rosto
e a aflição no coração.
Vendo isto o meu espírito ficou intrigado,
e cheio de temor procurava o significado de tudo quanto tinha visto, quando
desde o alto do céu percebi relampagueando os raios da justiça irritada.
Meu espírito ficou estupefato de medo,
privado de todo conhecimento.
Perseguições
atraem um caos e um castigo universal
No
dia 11 de abril de 1815, enquanto rezava pelas necessidades de nossa Mãe, a
Santa Igreja, e do Sumo Pontífice, me pareceu ter uma notícia interna que me
mostrou a grande manobra que é feita pelos perseguidores de nossa religião
católica. Estes tentam, com enganos sutilíssimos e argumentos dissimulados,
derrubar o chefe da Igreja. Imploremos ardentemente ao Senhor para que ninguém
seja enganado pelas fraudes deles.
No dia 7 de junho de 1815, durante a Santa
Comunhão, fui levada a um local solitário onde tive notícia das graves aflições
que deverá sofrer nossa santa Mãe a Igreja. Oh, quantas penas! Mas quantas
deveremos sofrer nós! Deus quer renovar todo o mundo. E isto não se pode fazer
sem uma grande destruição. (...)
Purificação
da Igreja Católica
O
mundo era proa de uma gravíssima desolação. A pequena grei de Jesus Cristo
apresentava ardorosas orações ao Altíssimo para que se dignasse suspender tanto
extermínio e tanta ruína. Em atenção aos votos deste pequeno número, cessava o
extermínio por parte dos homens e começava um outro da parte de Deus.
O céu ficou coberto de negras nuvens,
estourando os mais terríveis raios que aqui incineravam, lá incendiavam. A
terra estava abalada não menos que o céu. Terremotos mais
horríveis, as voragens mais ruinosas provocavam os derradeiros estragos sobre a
terra. Desta maneira foram separados os bons católicos dos maus cristãos.
Muitos daqueles que outrora negavam Deus
agora O confessavam e O reconheciam pelo Deus que Ele é.
Todos O respeitavam, O adoravam, O amavam.
Todos observavam sua Santa Lei. Todos os religiosos e as religiosas se
estabeleciam na verdadeira observância de suas Regras.
O clero secular era a edificação da Santa
Igreja. Nas Ordens religiosas floresciam homens de muita santidade e doutrina,
de vida muito austera. Todo o mundo estava em paz.
Escrito por obediência.
Fontes: Impresso:
—Bem-aventurada Isabel Canori Mora (1774–1825) "La mia vita nel Cuore
della Trinità — Diario della Beata Elisabetta Canori Mora, sposa e madre",
Libreria Editrice Vaticana, 1996, 765 pp. Imprimatur do Vicariato de Roma, Pe.
Luigi Moretti, secretário-geral, 31-8-1995" Manuscrito: MS 132, igreja de
San Carlo alle Quattro Fontane, Roma. Versão digital: — Intratext.
http://www.intratext.com/IXT/ITA1070/.http://aparicaodelasalette.blogspot.com.br/2013/03/conspiracao-na-igreja-e-seu-castigo.html
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