Bernadete
nasceu no dia sete de janeiro de 1844, na cidade de Lourdes, uma região
montanhosa da França. Sua família camponesa era numerosa, religiosa e muito
pobre. Desde a infância, a pequena tinha problemas de saúde em
consequência da asma. Era analfabeta, mas tinha aprendido a rezar o terço, o
que fazia diariamente enquanto cuidava dos afazeres da casa.
Numa tarde úmida e fria, enquanto recolhia
gravetos que seriam usados no aquecimento de sua casa, Bernadete foi atraída
por uma luz radiante: Nossa Senhora a chamava para rezar. Era o dia 11 de
fevereiro de 1858.
Durante vários meses a Virgem Maria lhe
apareceu, sempre pedindo que rezasse o terço. Apesar de sua honestidade, a
maioria das pessoas não acreditava na aparição, mas Bernadete ficava extasiada,
rezando e conversando com Nossa Senhora.
Bernadete chamava a atenção pela sua
modéstia, autenticidade e simplicidade. Compreendeu que tinha sido escolhida
como instrumento para a mensagem que a Virgem queria transmitir ao mundo: a conversão,
a necessidade de rezar o terço e o amor à sua Imaculada Conceição.
Na gruta onde a Virgem aparecia, brotou
uma fonte de água que jorra até hoje. O lugar tornou-se conhecido e
converteu-se num dos maiores santuários marianos do mundo.
Bernadete foi submetida a métodos de
interrogatórios, constrangimentos e intimidações pelas autoridades civis, que
seriam inadmissíveis nos dias de hoje. Não obstante, nunca vacilou em afirmar
com toda a convicção a autenticidade das aparições, o que fez até a sua morte.
Para fugir à curiosidade geral, Bernadete
refugiou-se como "pensionista indigente" no hospital das Irmãs da
Caridade de Nevers em Lourdes, em 1860. Ali recebe instrução e, em 1862, fez de
próprio punho o primeiro relato escrito das aparições (carta abaixo).
No dia 18 de janeiro de 1862, Mons.
Bertrand Sévère Laurence, Bispo de Tarbes, reconheceu pública e oficialmente a
realidade do fato das aparições.
Em julho de 1866, Bernadete iniciou o seu
noviciado no Convento de Saint-Gildard e, em 30 de outubro de 1867, fez a
profissão de religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Nevers. Enquanto
junto da milagrosa fonte ocorriam os primeiros prodígios e de toda a parte
acorriam multidão de devotos, ela só pedia para permanecer escondida e
esquecida de todos.
Na profissão religiosa tinha assumido o
nome de Irmã Bernarda, em homenagem a São Bernardo de Claraval, e durante 15
anos de vida conventual suportou em silêncio sofrimentos físicos e morais, como
a indiferença das próprias Irmãs, de acordo com o desígnio providencial que
priva as almas escolhidas da compreensão e frequentemente também do respeito
das almas medíocres. Dedicou-se à enfermagem até ficar imobilizada, em 1878,
pela doença que lhe causou a morte.
Às três horas da tarde do dia 16 de abril
de 1879, os olhos que tinham visto Maria Santíssima se fecharam para sempre.
Antes de expirar, exclamou emocionada: “Eu vi a Virgem. Sim, a vi, a vi! Que
formosa era!” Ainda na agonia ouviram
Bernadete dizer “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, pobre pecadora”.
Alguns momentos depois, soltou o último suspiro. Tinha pedido orações por si,
ainda mesmo depois que falecesse.
O
Papa Pio XI a canonizou em 8 de dezembro de 1933, dia da Imaculada Conceição,
designando sua festa para o dia de sua morte.
Uma imensa multidão assistiu ao seu
funeral no dia 19 de abril de 1879, que foi necessário ser adiado por causa da
grande afluência de gente totalmente inesperada.
O documento mais significativo acerca das
aparições e da própria Bernadete, é uma carta datada de 1862, onde Bernadete
relata com clareza todo o ocorrido durante as dezoito visões. Somente parte da
carta está disponível ao acesso público:
Eu tinha
ido com duas outras meninas na margem do Rio Gave quando ouvi um som de
sussurro. Olhei para as árvores e elas estavam paradas e o ruído não era delas.
Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco
com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor
das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o Sinal da Cruz, mas eu
não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o Sinal da Cruz
ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o Sinal da Cruz embora
minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as
contas com os dedos sem mover os lábios. Quando eu terminei a Ave-Maria, ela
desapareceu.
Eu
perguntei as minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas
responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu
estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma Senhora com um lindo
vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a eles para não dizer
nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança. Voltei no
domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali.
Na
terceira vez que fui a Senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para
retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então Ela disse para
dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a
água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez
realizar que não falava do Rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da
caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do liquido
sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e
na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu
e fui para casa.
Voltei
todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma segunda e uma sexta, a
Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os
padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela
conversão dos pecadores. Perguntei a Ela, várias vezes, o que queria dizer com
isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, Ela
olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias Ela
me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os
revelei.
Desde 1858 até hoje, contínuas multidões
se têm reunido em Lourdes, às vezes presididas por Papas ou seus Legados, e
muito mais frequentemente por Bispos e Cardeais. Os milagres de curas são
estudados com todo o rigor e só reconhecidos quando de todo certos. Mais
numerosas são as curas de almas, embora mais difíceis de contar.
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