Embora a Assunção (em latim: assūmptiō - "elevado") tenha sido definida em
tempos relativamente recentes como um dogma infalível pela Igreja Católica, a própria
Igreja interpreta o capítulo 12 do Apocalipse como fazendo referência ao evento.
A mais
antiga narrativa é o chamado Liber Requiei Mariae ("O Livro do
Repouso de Maria"), que sobrevive intacto apenas em uma tradução etíope. Provavelmente
composta no início do século IV, esta narrativa apócrifa cristã pode ser do
início do século III. Também muito primitivas são as diferentes tradições dos
"Narrativas da Dormição dos 'Seis Livros'". As versões mais antigas
deste apócrifo foram preservadas em diversos manuscritos em siríaco dos séculos
V e VI, embora o texto em si seja provavelmente do século IV.
A Assunção
também aparece no De Transitu Virginis, uma obra do final do século V atribuída
a São Melito que preserva uma versão teologicamente editada das tradições
presentes no Liber Requiei Mariae.
De Transitus
Mariae conta a história de como os Apóstolos teriam sido
transportados por nuvens brancas até o leito de morte de Maria, cada um vindo
da cidade em que estava pregando no momento.
Uma
carta em armênio atribuída a São Dionísio, o Areopagita, também menciona o
evento, embora seja uma obra muito posterior, escrita em algum momento do
século VI. São João Damasceno é a primeira autoridade eclesiástica de sua época
a advogar a doutrina pessoalmente (e não na forma de obras anônimas). Seus
contemporâneos, São Gregório de Tours e Modesto de Jerusalém, ajudaram a promover
o conceito por toda a Igreja.
Em
algumas versões da história, o evento teria ocorrido em Éfeso, na Casa da
Virgem Maria, embora esta seja uma tradição muito mais recente e localizada. As
mais antigas apontam que o fim da vida da Virgem Maria se deu em Jerusalém.
Pelo século VII, uma variação apareceu, que conta que um dos apóstolos,
geralmente identificado como sendo São Tomé, não estava presente na morte de
Maria Ssma., mas sua chegada atrasada teria provocado uma reabertura do túmulo
da Virgem, que então se descobriu estar vazio, com exceção de suas mortalhas. A
Virgem Maria teria lançado do céu sua cinta para o apóstolo como uma prova do
evento. Este incidente aparece muitas vezes nas pinturas sobre a Assunção.
A
doutrina da Assunção de Maria se tornou amplamente conhecida no mundo cristão,
tendo sido celebrada já no início do século V e já estava consolidada no Oriente
por volta de 600. O evento era celebrado no Ocidente na
época do Papa Sérgio I no século VIII e foi confirmada como oficial pelo Papa
Leão VI. O debate teológico sobre a Assunção continuou depois da Pseudo Reforma
Protestante e atingiu um clímax em 1950, quando o papa Pio XII o definiu como
dogma para os católicos.
Definição dogmática
Em 1º
de novembro de 1950, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, o Papa Pio XII declarou a Assunção da
Virgem Maria como um dogma:
“Pela autoridade de Nosso Senhor
Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e em nossa própria autoridade,
pronunciamos, declaramos e definimos como sendo um dogma revelado por Deus: que
a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, tendo completado o curso de sua
vida terrena, foi assumida, corpo e alma, na glória celeste”.
Desde a
declaração solene da infalibilidade papal pelo Concílio Vaticano 1º, em 1870,
esta declaração de Pio XII foi a única vez que um papa fez uso ex cathedra da prerrogativa. Pio XII
deliberadamente deixou em aberto a questão se Maria teria ou não morrido antes
da Assunção.
Antes
da definição dogmática, em Deiparae
Virginis Mariae, Pio XII buscou a opinião dos bispos católicos e um grande
número deles apontou para o Gênesis (Gen 3:15) como um suporte escritural para
o dogma. Em Munificentissimus Deus (item
39), Pio XII faz referência à "luta contra o inimigo infernal" como neste versículo e a "vitória
completa sobre o pecado e a morte", como em I Coríntios (I
Coríntios 15:54).
*
“À medida que Ela ia subindo, com certeza,
como numa verdadeira transfiguração, como num verdadeiro Monte Tabor, a glória
interior dEla ia transparecendo aos olhos dos homens. Falando dEla diz o Antigo
Testamento: omnis glória filia regis ab intos - toda [a] glória da filha do rei lhe vem de dentro, daquilo que está
dentro dEla. E com certeza essa glória interna que Ela tinha se manifestou do
modo mais estupendo quando, já no alto de sua trajetória celeste, Ela olhou uma
última vez para os homens, antes de definitivamente deixar esse vale de
lágrimas e ingressar diante da glória de Deus”.
(Conf. SD
de 10/8/1968, por Plinio Corrêa de Oliveira)
Nenhum comentário:
Postar um comentário