O
século XIII, em que viveu Santa Rosa, foi muito conturbado na Itália devido às
guerras que o imperador Frederico II movia contra o Papado para apoderar-se dos
Estados Pontifícios. Excomungado duas vezes, entretanto ele tomou parte na
Sexta Cruzada. Mas Inocêncio IV o destituiu no Concílio de Lião, e o papa
Gregório IX chegou a chamá-lo de Anticristo.
Era uma
época de grandes confrontos. De um lado surgia São Francisco de Assis, o irmão
menor de todos; do outro, o imperador Frederico II, o grande estadista, que
governava com mão de ferro. Em um extremo, o poder Espiritual, a Igreja, e de
outro o mundo, o Imperador.
Não se sabe muito bem o ano em que Rosa nasceu. Alguns biógrafos mencionam 1234
ou 1235. Mais provável é que tenha nascido em 1236, pois morreu em 1253 com 18
anos incompletos. Seus pais pertenciam a uma família humilde de Viterbo, então
uma comuna contestada dos Estados Pontifícios.
João e Catarina, seus pais, eram
agricultores em Santa Maria in Poggio. Eles trabalhavam em um mosteiro de
Clarissas, próximo de sua casa, o São Damião, primeiro convento das Clarissas,
onde viveu Santa Clara. Desde cedo Rosa recebeu influência da espiritualidade
franciscana em sua vida. Seus biógrafos afirmam que desde tenra idade ela já
manifestava experiências místicas. Viveu asceticamente e se impunha severas
penitências. À medida que ela crescia, aumentavam as suas orações. Muitas vezes
passava longas horas da noite em contemplação. Durante o dia procurava os
lugares onde poderia ficar em silêncio e entregar-se a oração.
Ela passou sua curta vida como que reclusa
na casa do pai, e foi incansável no apoio do papado. Apesar de viver em
isolamento, Rosa tornou-se conhecida por seus dons místicos de prever o futuro
e dom dos milagres. Um deles foi operado em favor de sua falecida tia materna,
quando a santa, com apenas três anos de idade, por suas orações, obteve sua
ressurreição.
No dia 23 de julho de 1247 foi atacada por uma forte febre. De repente,
ajoelhou-se em sua cama e balbuciou o nome de Maria, ficou ali por um longo
tempo. Então levantou-se e sorriu: estava sem febre. Contou então que a Virgem
lhe apareceu e lhe confiara uma missão: visitar as igrejas de São João Batista,
Santa Maria do Outeiro e São Francisco. E que depois da Missa fosse pedir sua
admissão na Ordem da Penitência de São Francisco, hoje chamada de Ordem
Franciscana Secular, e que pregasse a penitência em Viterbo.
Admitida na Ordem Terceira, passou a
vestir seu hábito, composto de uma simples túnica com uma corda na cintura.
Rosa também cumpriu o mandato de pregar recebido da Virgem, saindo pelas ruas
da cidade alçando um crucifixo, conclamando o povo a pedir perdão por seus
pecados e a fazer penitência.
Foi então que o imperador Frederico
invadiu a Toscana e entrou triunfalmente em Foligno e Viterbo, de onde
pretendia partir para a conquista de Roma. Mas o cerco foi em vão e ele teve
que voltar para o sul da Itália.
Em oração, Rosa teve uma visão do Crucificado e seu coração ardeu em chamas.
Ela não se conteve: saiu pelas ruas para pregar com um crucifixo nas mãos. A
notícia correu por toda cidade, muitos se sentiram estimulados na fé e vários
hereges se converteram; ela confundia até os mais preparados.
Devido a sua pregação diária, Rosa representava uma ameaça para as autoridades
da cidade. Então, em 1250, o prefeito assinou uma ordem condenando Rosa ao
exílio, afirmando que ela incitava a revolta entre o povo. Rosa e seus pais
foram morar em Soriano del Cimino onde sua fama já havia chegado. Nessa cidade
Rosa se tornou uma verdadeira apóstola, nas praças pregava o Evangelho a todos.
Na noite de 4 para 5 de dezembro, Rosa recebeu a visita de um anjo que
lhe revelou que o imperador morreria dentro de poucos dias. No dia 13 de
dezembro o imperador Frederico II faleceu.
Com a morte de Frederico II o poder dos hereges enfraqueceu e Rosa pode
retornar a Viterbo, no início de 1252. Entretanto, Rosa passou antes por
Vitorchiano, cujos habitantes tinham sido pervertidos por uma famosa bruxa.
Consta então que Rosa, para converter esse povo infiel, ficou durante três
horas nas chamas de uma fogueira, sem sofrer o menor dano. O milagre foi tão
incontestável, que não só a população, mas também a feiticeira se converteu.
Toda região voltou a viver em paz. Rosa
humildemente pode compreender que Deus a fizera "instrumento de sua
paz".
No dia 6 de março de 1252, "sem agonia", Deus a chamou. Foi sepultada
sem caixão, na terra nua, perto da Igreja de Santa Maria in Poggio.
No dia 25 de novembro de 1252, o Papa Inocêncio IV, por sua Bula Sic in Sanctis,
mandou instaurar oficialmente o processo de canonização de Rosa, nunca
terminado.
No dia 4 de setembro de 1257, o Papa Alexandre IV mandou exumar o corpo de Rosa
e, para a surpresa de todos, o corpo foi encontrado intacto, quase como se ela
estivesse viva. Rosa foi então transladada para o mosteiro das Clarissas, a
partir de então chamado Mosteiro de Santa Rosa.
O Papa Calixto III mandou retomar os trabalhos do processo de canonização. Em
1457 o processo ficou pronto, mas Calixto III morreu sem que chegasse a
promulgar o decreto de canonização. Curiosamente a canonização de Rosa nunca
foi oficializada, mas também nunca foi negada pelos Papas e pela Igreja. Tanto
que o seu nome já era mencionado na edição de 1583 do Martirológio Romano.
Pouco a pouco foram sendo dedicadas a ela igrejas, capelas e escolas por toda a
Itália e até na América Latina.
Em setembro de 1922, o Papa Bento XV declarou Santa Rosa de Viterbo padroeira
da Juventude Feminina da Ação Católica. No Brasil, Santa Rosa de Viterbo foi
escolhida como a padroeira da juventude franciscana secular.
Santa Rosa é festejada dia 6 de março, mas as festas mais notáveis em sua honra
acontecem em setembro. Em Viterbo, cidade da qual é padroeira, Santa Rosa é
festejada no dia 4 de setembro.
Todos os anos, no dia 4 de setembro, seu corpo, incorrupto e flexível, é levado
em procissão, desde o santuário dedicado a ela, pelas ruas de Viterbo pelos
chamados Macchini di Santa Rosa, num espetáculo monumental. Uma torre de
madeira e tecido renovada a cada ano, com uma estampa da Santa, é levada aos
ombros por 62 homens.
A mensagem de Santa Rosa de Viterbo continua atual, plenamente válida e
urgente: conversão, fidelidade ao Evangelho, à Santa Igreja e ao Papado.
Macchina di Santa Rosa |
Postado
pela 1ª vez neste blog em 5 de março de 2013
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