Santa
Branca ou Albina é a padroeira da cidade presépio, Santa Branca, e tem uma
trajetória belíssima e rica em detalhes históricos.
O nome original da jovem cristã de apenas
doze anos é Albina, que significa Branca em latim, língua oficial do período no
qual viveu, no Império Romano. Albina nasceu em Cesáreia da Palestina, que
atualmente seria uma região entre Tel Aviv e Haifa, duas das maiores cidades do
norte de Israel, localidade em que Jesus Cristo também percorreu em vida. Na
época de Santa Branca, Cesaréia da Palestina era uma importante cidade
portuária do Império Romano.
A jovem dedicou os seus dias à fé
católica, sempre em oração, jejum e caridade, tendo como bispo o padre grego
Orígenes, conhecido também como “Orígenes da Cesaréia”, um importantíssimo
teólogo, filósofo e escritor das primeiras décadas. Sua morte foi datada em 250
d.C., época de perseguição aos cristãos. O imperador Décio, que já havia
decretado em Cesáreia a obrigatoriedade de sacrifícios em idolatria aos deuses
romanos, condenou à pena de tortura e de morte quem recusasse oferecer tais
sacrifícios.
Para convencer Albina, o imperador, que
naquela ocasião visitava a cidade e presidia o tribunal, ofereceu para a jovem
casamentos nobres, riquezas, poder e tantas outras coisas para que ela negasse
a sua fé e oferecesse o sacrifício aos deuses. Recusando convicta as propostas,
Albina foi torturada e sobreviveu à inúmeras penas. Foi acusada de feiticeira e
do outro lado, levou inúmeras pessoas à conversão à fé católica. O imperador
decidiu decapitá-la por não conseguir matá-la com as torturas. Depois, mandou
recolher o corpo da jovem virgem colocando-o em uma velha barca e lançando-o ao
mar junto ao corpo de alguns homens martirizados. O barco aportou a costa
italiana, na cidade de Scauri, na Itália, onde o corpo da Santa Albina foi
recebido pelos cristãos e venerado nas catacumbas.
Quem foi pesquisar de perto a história da
padroeira de Santa Branca foi o santabranquense Rafael Cunha, hoje Frei Antônio
Rafael Magalhães da Cunha. De acordo com o Frei, não existiam imagens
naquela época. Dessa forma, os restos mortais de Albina e dos demais mártires
foram sempre venerados nas catacumbas e depois nas igrejas.
“Atualmente, os restos mortais da Santa
Branca encontram-se parte na cidade de Scauri, na Itália, na qual tive a graça
de estar em dezembro de 2015. E parte de seus ossos estão guardados no altar
principal da Catedral de Gaeta, diocese à qual pertence a paróquia. As
relíquias são verdadeiras, pois todos os registros históricos dos mártires
estão documentados da cidade”, conta.
A pesquisa realizada pelo Frei começou em
2012, quando ele entrou em contato com uma pesquisadora na Itália. “A história
foi encontrada por Anna Maria Lepone, senhora pertencente à paróquia daqui e
que escreveu um livro sobre isso. No ano que a procurei, em 2012, ela também
buscava os relatos do martírio de Santa Albina. Então, em visita à Abadia de
Monte Cassino, que foi fundado por São Bento, foi encontrado um livro do século
XI contendo a ‘Passio Sanctae Albinae Virginis et Martyris’ (Paixão de Santa
Albina Virgem e Mártir), no qual relata a história da santa”, explica Frei
Antonio.
Voltando para 1832, ano em que a cidade de
Santa Branca foi fundada, encontramos a resposta do batismo da cidade na
devoção dos familiares dos fundadores. “Antigamente, quando uma vila era
fundada, ela era dedicada ao santo ou santa de que a família era devota. Deste
modo, dedicaram a Igreja Matriz à Santa Branca e posteriormente, a cidade. Esta
informação pode ser comprovada nos registros de fundação da paróquia que
relatam a vinda da família fundadora de Minas Gerais à cidade. Não existem
muitos registros de onde se tinha a devoção em tais épocas. A pesquisadora da
história na Itália buscou mais informações e não encontrou nenhum relato, além
dos que temos no município”, relata o Frei.
Sobre a imagem que temos na entrada da
cidade, em que a Santa Branca está acorrentada e de joelhos, o Frei argumenta
ser uma homenagem à sua devoção em vida. “A explicação para a imagem ajoelhada
é que a Santa Branca estava sempre em oração, em especial nos momentos de
tribulação e do martírio. Já a corrente é devido ao seu aprisionamento. O texto
conta sobre o seu julgamento e execução, mas pode ser que tenha passado alguns
dias em prisão por não ter negado a sua fé”.
Fonte:
Natalee Neco http://www.santabrancaonline.com.br/artigo/colunas/quem-foi-a-padroeira-de-santa-branca
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