sexta-feira, 9 de abril de 2021

Santa Maria de Cléofas – 9 de abril

Sta.. Maria de Cléofas a esquerda
   São Jerônimo identificou Alfeu com Cléofas que, segundo Hegesippus, era irmão de São José (Hist. eccl., III, xi). Neste caso Maria de Cléofas, ou Alfeu, seria a cunhada da Virgem Santíssima, e o termo "irmã", de Adelphe, em João, xix, 25, se referia a isso. Mas há sérias dificuldades no caminho dessa identificação de Alfeu e Cléofas. Em primeiro lugar, São Lucas, que fala de Cléofas (xxiv, 18), também fala de Alfeu (vi, 15; Atos, i, 13). Podemos questionar se ele teria sido culpado de um uso tão confuso de nomes, se ambos tivessem se referido à mesma pessoa. Novamente, enquanto Alfeu é o equivalente ao aramaico, não é fácil ver como a forma grega disso se tornou Cléofas, ou mais corretamente Clopas. Mais provavelmente é uma forma encurtada de Cleópatros. (Cf. Hugu Pope Enciclopédia Católica)
     Alfeu e Cléofas são formas gregas derivadas do mesmo nome em hebraico "Halphai" e aramaico "Claphai"
     Maria de Cléofas, também chamada “de Cleopas”, era, portanto, cunhada da Virgem Maria e mãe de três apóstolos: Judas Tadeu, Tiago Menor e Simão, também chamados de “irmãos do Senhor”, expressão semítica que indica também os primos, segundo o historiador palestino Santo Hegésipo (*110 – +7/4/180).
     Santa Maria de Cléofas acompanhou Jesus desde a gravidez da Virgem Maria até sua morte e ressurreição. É, portanto, uma testemunha ocular e preciosa dos fatos relativos à História da Salvação. Ela vivia em Nazaré com sua família e, provavelmente, tinha sua casa ao lado da casa de Nossa Senhora, como era o costume das famílias naquele tempo. Por isso, ela certamente acompanhou a Virgem Maria em todos os momentos. Como tia, carregou Jesus no colo, amparou-o, encantou-se com a bondade do sobrinho e alegrou-se ao ver seus filhos seguindo os passos de Jesus.
     Por sua santidade, ela uniu-se à Mãe de Deus também na dor do Calvário, merecendo ser uma das testemunhas da ressurreição de Jesus (Mc 16,1): “E passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo”. O mensageiro divino anunciou às piedosas mulheres: “Por que procuram o vivo entre os mortos?
     Esse é um fato incontestável: nas Sagradas Escrituras vemos Maria de Cléofas acompanhando Jesus em toda a sua sofrida e milagrosa caminhada de pregação. Estava com Nossa Senhora aos pés da cruz e junto ao grupo das “piedosas mulheres” que acompanharam seus últimos suspiros. Estava, também, com as poucas mulheres que visitaram o túmulo de Cristo para aplicar-lhe perfumes e unguentos, constatando o desaparecimento do corpo e presenciando, ainda, o anjo anunciar a ressurreição do Senhor.
     Assim, Maria de Cléofas tornou-se uma das porta-vozes do cumprimento da profecia. Tem, portanto, o carinho e um lugar singular e especial no coração dos católicos, neste dia que a Igreja lhe reserva para a veneração litúrgica.
Presente nos Evangelhos
     
Os Evangelhos atestam Santa Maria de Cléofas acompanhando Jesus em várias passagens. Encontramo-la fiel no sofrimento, aos pés da cruz de Jesus, ao lado da Virgem Maria: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena”. (Jo 19,25) São Mateus confirma esta presença (Mateus 27, 56 e 61). Depois, na madrugada do domingo da ressurreição (Mt 28,1).
     São Marcos relata a presença de Santa Maria de Cléofas aos pés da Cruz (Mc 15, 40 e 47) e também que Santa Maria de Cléofas foi uma das testemunhas da ressurreição de Cristo: “E passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo (...) O mensageiro divino anunciou às piedosas mulheres: Por que procuram o vivo entre os mortos?” (Mc 16,1 e seguintes).
     E depois, muito provavelmente, ela e seu marido Cléofas estiveram no Cenáculo no dia de Pentecostes quando o Senhor enviou o Espírito Santo, dando início à Igreja.
 
Adendo
Santo Hegésipo – 7 de abril
     Santo Hegésipo, é considerado o primeiro escritor cristão da época pós apostólica, viveu por volta do ano 110 a 180. O martirológio romano a ele se refere nestes termos: “Viveu em Roma, do papado de Aniceto até o papado de Eleutério; compôs com linguagem simples uma história da Igreja, da Paixão do Senhor até o seu tempo”. Pelo que se sabe, ele era um judeu que aceitou Jesus como o Messias esperado, tornando-se cristão. Da Palestina ele teria se transferido primeiro para Corinto e, depois, para Roma.
     Na cidade das sete colinas ele viveu por um período de vinte anos (157-177 d.C.), posteriormente se transferiu para o Oriente onde morreu, já ancião, provavelmente na cidade santa de Jerusalém (há outras fontes que dão como local de sua morte a cidade de Roma).
     Suas “Memórias” gozaram de grande popularidade e traziam elementos de história eclesiástica relativos particularmente à igreja de Jerusalém. Seus escritos são de grande importância para a história da Igrejas. Escre­veu cinco livros de Memórias, contra os gnósticos, infelizmente, a sua monumental obra está perdida, porém, no livro História Eclesiástica, Eusébio de Cesareia (265 a 339) citou alguns trechos do tratado de Hegésipo, que ainda não havia desaparecido.
     O mais importante de Hegésipo é ter-nos trans­mitido uma lista dos primeiros bispos de Roma. O fato de a mesma lista aparecer no livro sobre as Heresias (27,6) de Santo Epifânio (séc. IV) de­monstra que é a testemunha mais antiga dos no­mes dos bispos de Roma.
     Pelo ano 160, Hegésipo visitou as Igrejas mais importantes com a nobre intenção de conhecer a tradição da pregação apostólica. Após sua visita a Roma, escreveu: “Elaborei a ordem de sucessão até Aniceto”.

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