A Vita destas Santas, bem como a de São Gregório o Iluminador, também chamado São Gregório Armênio (1), são recordadas nas fontes da tradição armênia. As Actas destas virgens apresentam pormenores extravagantes, mas não há dúvida de que a veneração a estas virgens e mártires existe desde tempos imemoriais na Armênia. Ripsima é venerada no Egito com o nome de "Arepsima" (ver Analecta Bollandiana, vol. XIV (1927), pp. 157 e 395), como também nos textos em árabe e no Martirológio Sírio de Rabban Silba.
Segundo o testemunho dos historiadores armênios Fausto e Lázaro, podemos dizer que as mártires começaram a ser veneradas desde meados do século quinto (ver Tournebize, na Histoire politique et religieuse d´Armenie, pp. 452 e ss.). A versão grega das suas Actas, atribuída a Agatângelo, foi impressa na Acta Sanctorum sept. vol. VIII, junto com as de São Gregório, em 30 de setembro.
Todos os pesquisadores dessas legendas concordam em dizer que a parte atribuída a Ripsima é pura fábula, conforme também S. Weber, em Die katholiche Kirche in Armenien (1903), p. 117 e a Analecta Bollandiana, vol. LX (1942), pp. 102-114.
Mas, segundo a opinião do Pe. Paul Peeters "seria um atrevimento negar a existência destas mártires...".
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Em
306, em Roma, o imperador Maxêncio (278-312) tomou o poder e de acordo com o
historiador Eusébio, a princípio, usando de moderação, ordenou o fim da
perseguição aos cristãos, mas com o passar do tempo, seguindo sua natureza
perversa, começou a usar seu poder para roubar as esposas de seus maridos,
especialmente dos patrícios e senadores.As senhoras nobres de Roma passaram tempos difíceis e então Ripsima, que pertencia à nobreza imperial, mas vivia a vida monástica com outras companheiras sob a orientação de Gaiana, decidiu deixar a cidade para escapar a esta infâmia.
O grupo de mulheres decidiu mudar-se para o Oriente. A origem romana destas santas parece provável examinando seus nomes armênios: Gaiana certamente é o diminutivo de Gaia; Nune, nome de uma das companheiras, lembra o nome latino de Nona e o nome armênio de Hripsime parece ser uma alteração do nome latino Crispina.
Na Armênia os fatos ocorridos com Ripsima, Gaiana (priora) e as suas companheiras estão interligados com os de São Gregório o Iluminador, o apóstolo da Armênia.
O rei da Armênia, Tiridates III (+ 330), era inicialmente inimigo do Cristianismo e perseguia os cristãos. De acordo com o biógrafo, Ripsima e 33 companheiras foram decapitadas em 26 Hori (correspondente a 4 de novembro de 313) e Gaiana e duas virgens em 27 Hori (5 de novembro de 313).
Outra versão das Actas indica que ao descobrir o paradeiro de Ripsima, Diocleciano enviou uma carta a Tiridates insistindo para que ele a mandasse de volta ou a tomasse para si mesmo. Os servos do rei a encontraram entre suas companheiras, aqui descritas como freiras, e pediram que ela atendesse seus desejos. Ela respondeu que não podia se casar, pois estava noiva de Jesus Cristo, assim como as outras. Com isso, uma voz do céu foi ouvida, dizendo: "Seja corajoso e não tema, pois estou com você".
Diante disso, Tiridates ordenou que Ripsima fosse torturada e seu corpo foi cortado em pedaços. Inspirada por seu exemplo, Gaiana e duas outras freiras sofreram tratamento semelhante antes de serem decapitadas. O resto da comunidade foi morta pela espada, seus corpos jogados nos animais para serem comidos. Supostamente, Tiridates e seus soldados foram então punidos por Deus por suas ações: os soldados foram assolados por demônios e começaram a agir como animais selvagens, atravessar as florestas, roer a si mesmos e rasgar suas roupas, e o rei adoeceu.
A única coisa certa sobre a história de Ripsima é que ela e suas companheiros foram de fato martirizados na Armênia por volta de 290.
Poucos dias após o martírio das santas virgens São Gregório foi libertado da prisão. Depois da cura do rei, alcançada pela intercessão de São Gregório, e de sua posterior conversão, o santo bispo pegou as relíquias das mártires e construiu três capelas no local do martírio para guardar os túmulos das santas. Estas capelas foram completamente restauradas no século VII e naquela época as relíquias foram redescobertas. No século XVII, os missionários tentaram, sem sucesso, levar as relíquias para o Ocidente; elas permaneceram na Armênia e as três capelas, joias da arquitetura armênia, são objeto de um cuidado especial do governo.
A Igreja Armênia celebra as mártires em dois dias: na segunda e na terça-feira após a festa da SSma. Trindade. Como o martírio destas virgens está na origem da conversão da Armênia, grande é a popularidade delas naquela Nação. Elas são consideradas as primeiras mártires da Igreja Armênia.
Na tradição Católica estas mártires são comemoradas no dia 29 de setembro.
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A Igreja dedicada à Santa Hripsimé em
Echmiadzin é do século VII. A atual estrutura foi consagrada em 618 d.C. Muito
bonita a fachada, o interior e a cripta onde encontram-se diversas escrituras
em pedras e o túmulo com as relíquias desta Santa. Em um nicho na parede e
protegidas por um vidro, estão as pedras que provocaram a morte desta noviça
que teve que fugir de Roma por ter rejeitado o imperador Diocleciano e depois
encontrou o seu fim na Armênia após ter rejeitado também o rei Tiritastes III.
Segundo a nossa guia o local do martírio fica atrás da igreja.
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