Clotilde
Micheli nasceu em Imer (Trento) no dia 11 de setembro de 1849. Seus pais eram
profundamente católicos. Com 3 anos, como era uso então, recebeu o Sacramento
da Crisma em Fiera di Primiero, do bispo-príncipe de Trento Mons. Tschiderer. Aos 10 anos recebeu
a Primeira Comunhão.
No dia 2 de agosto de 1867, com 18 anos,
quando estava em oração na igreja de Imer, Nossa Senhora manifestou-lhe que era
a vontade de Deus que fosse fundado um instituto religioso com a finalidade
especifica de adorar a Santíssima Trindade, com especial devoção a Nossa
Senhora dos Anjos, estes modelos de oração e de serviço.
Seguindo os conselhos de uma senhora sábia
e prudente, Constança Piazza, Clotilde dirigiu-se para Veneza para se
aconselhar com Mons. Domenico Agostini, futuro patriarca daquela cidade, que a
aconselhou a iniciar a obra desejada por Deus, começando por redigir a Regra do
Instituto. Mas temendo não conseguir levar adiante o projeto, Clotilde retornou
a Imer.
Em 1867, se transferiu para Pádua, onde
permaneceu por nove anos, sendo dirigida por Mons. Ângelo Piacentini, professor
do Seminário local, buscando compreender melhor a mensagem recebida.
Com a morte de Mons. Piacentini, em 1876,
Clotilde mudou-se para Castellavazzo, onde o arcipreste Jerônimo Barpi,
conhecedor das intenções da jovem, colocou à sua disposição um velho convento
para a nova fundação.
Em 1878, para fugir de um casamento
combinado, Clotilde vai para a Alemanha para onde seus pais tinham ido para
trabalhar. Ali permaneceu por sete anos, de 1878 a 1885, trabalhando
como enfermeira no Hospital das Irmãs Elisabetanas e tornando-se notável por
sua caridade e delicadeza com os enfermos.
Depois da morte da mãe em 1882 e do pai em
1885, decidiu deixar a Alemanha e voltar para Imer, sua terra natal.
Dois anos depois, aos 38 anos, Clotilde e
sua prima Judite, iniciam a pé uma peregrinação a Roma, fazendo visitas a
vários santuários marianos com devoção e espírito de penitência, sempre em
busca da vontade de Deus acerca da fundação idealizada.
Em agosto chegaram a Roma e se hospedaram
nas Irmãs de Caridade Filhas da Imaculada, fundação de Maria Fabiano. A
fundadora, conhecendo Clotilde mais profundamente, convenceu-a a tomar o hábito
de sua fundação nascente, prometendo deixá-la livre se o seu plano juvenil se
concretizasse.
Clotilde adotou o nome de Irmã Anunciada e
permaneceu naquela fundação até o início de 1891, ocupando inclusive o cargo de
superiora de 1888 a
1891 no convento de Sgurgola de Anagni.
Em 1891, Clotilde vai para Caserta,
atendendo ao convite do Pe. Francisco Fusco de Trani, franciscano conventual,
que queria propor a ela a realização de uma fundação idealizada pelo bispo Mons.
Scotti, mas ela constatou que o projeto do prelado não concordava com o que lhe
parecia ser a vontade de Deus.
Depois de permanecer em Caserta como hóspede
de uma família que a sustentava, Clotilde mudou-se para Casolla, com duas
jovens que a ela tinham se unido. Alguns meses depois, o bispo de Caserta,
Mons. de Rossi, príncipe de Castelpetroso, autorizou a vestição religiosa do
primeiro grupo de cinco irmãs.
No dia 28 de junho de 1891, com a presença
do Pe. Fusco, a nova instituição adotou o nome de Irmãs dos Anjos, adoradoras
da Santíssima Trindade. Clotilde Micheli, a fundadora, tinha 42 anos; ela adotou
então o nome de Irmã Maria Serafina do Sagrado Coração.
Um primeiro núcleo de irmãs foi enviado
para dirigir um orfanato em Santa Maria Capua Vetere (Caserta), o qual se
tornou a primeira Casa do Instituto, seguido de outras obras voltadas ao
serviço da infância e da juventude abandonada.
A
partir do fim de 1895, iniciou-se para Madre Serafina um período de sofrimentos
físicos. Após uma cirurgia muito delicada, solicitada pelo próprio bispo de
Caserta, sua debilidade era visível. Neste tempo, depois de vários problemas,
foi aberta a Casa de Faicchio (Benevento), em junho de 1899. Esta casa se
tornará o Instituto de formação da Congregação.
Madre Serafina empenhava-se em realizar
outras obras, mas a fragilidade da saúde a constrange a não mais sair de
Faicchio.
Como quase todas as fundadoras de
Congregações religiosas, ela também teve muito que sofrer moralmente pela incompreensão
até no interior de seu Instituto, e no dia 24 de março de 1911, consumida pelos
sofrimentos físicos, faleceu na Casa de Faicchio, onde foi sepultada.
As Irmãs dos Anjos introduziram a causa de
sua beatificação na Santa Sé em 9 de julho de 1990. A mensagem da Virgem
no longínquo ano de 1867 a
acompanhou por toda a vida e se difundiu na sua Congregação como um dom do
Espírito Santo: “Como os Anjos adorem a Trindade e sereis na terra como eles são nos céus”.
Madre Serafina foi beatificada em 28 de
maio de 2011.
A Beata Maria Serafina e a visão de
Lutero no inferno
Em 10 de novembro de 1883, a Beata passou
por Eisleben, na Saxônia, cidade natal de Lutero. Naquele dia se festejava o
quarto centenário do nascimento do grande herege que dividiu em duas a Europa e
a Igreja. As ruas estavam lotadas, as varandas enfeitadas com bandeiras. Entre
as numerosas autoridades presentes aguardava-se, a qualquer momento, a chegada
do imperador Guilherme I, que presidiria a celebração solene.
A futura beata, embora notasse o grande
tumulto, não estava interessada em saber a razão para aquele entusiasmo
inusitado: seu único desejo era procurar uma igreja para fazer uma visita a
Jesus Sacramentado.
Depois de caminhar por algum tempo,
finalmente encontrou uma, mas as portas estavam fechadas. Então ela se ajoelhou
na escadaria de acesso para fazer as suas orações. Sendo noite, não havia
percebido que não era uma igreja católica, mas protestante. Enquanto rezava, o
Anjo da Guarda lhe apareceu e disse: “Levanta-te,
pois esta é uma igreja protestante”. E acrescentou: “Mas eu quero fazer-te ver o local onde Martinho Lutero foi condenado e
a pena que sofreu em castigo do seu orgulho”.
Assim dizendo, mostrou a ela um terrível
abismo de fogo, no qual um incalculável número de almas eram cruelmente
atormentadas. No fundo deste precipício havia um homem, Martinho Lutero, que se
distinguia dos demais: estava cercado por demônios que o obrigavam a se
ajoelhar e todos, munidos de martelos, se esforçavam em vão para fincar em sua
cabeça um grande prego.
A Irmã pensou: “se o povo em festa visse esta cena dramática, certamente não
tributaria honra, recordações, comemorações e festejos para um tal personagem”.
Quando se apresentou a ocasião, recordou às suas irmãs que vivessem na
humildade e no recolhimento. Estava convencida de que Martinho Lutero fora
punido no inferno sobretudo por conta do primeiro pecado capital: o orgulho.
O orgulho o fez cair em pecado, conduziu-o
à rebelião aberta contra a Igreja Católica Romana. A sua conduta, a sua postura
para com a Igreja e a sua pregação foram determinantes para enganar e levar
muitas almas superficiais e incautas à ruína eterna. [...]
Cf.
Stanzione, Pe. Marcello: Futura beata viu Lutero no inferno. [tradução do site http://fratresinunum.com]
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