sábado, 29 de março de 2014

Beata Restituta Kafka, Virgem e mártir - 30 de março

   

    
     Sua terra natal, Moravia, estava sujeita ao imperador austríaco Francisco José quando Helena nasceu, no dia 1º de maio de 1894; era a sexta dos sete filhos de Anton e Maria Kafka. A família mudou-se em 1896 da região nativa para Viena, a capital do império. Sua família era de um humilde sapateiro; Helena é pobre e além disso gaga. Era também um pouco teimosa, pelo menos a julgar pelo caráter forte e por sua maneira de fazer, rápida e decidida, que a acompanhou por toda a vida.
     Aos 15 anos, Helena desejaria continuar a estudar, mas mandaram-na trabalhar como empregada; aos 18 anos manifestou sua vocação de se tornar freira, mas os seus familiares se opõem fortemente. Então, ela resignou-se a esperar os 20 anos, e quando atingiu aquela idade fugiu de casa para ir para o convento. As Irmãs Franciscanas da Caridade Cristã de Viena lhe deram o nome de Irmã Restituta e designaram-na para a enfermaria, ocupação que sempre fora o seu maior desejo, porque ela gostava de servir Jesus nos doentes.
     No hospital regional de Mödling, perto de Viena, a religiosa tornou-se uma instituição para os médicos, para as outras enfermeiras, mas especialmente para os doentes, aos quais sabia como comunicar com extraordinária eficácia o seu amor pela vida, a sua própria e a dos outros, na alegria e no sofrimento. Ela era uma mulher, diriamos hoje, esplendidamente realizada.
     Aqui e ali continuou a demonstrar o seu caráter cordial, mas firme, de modo que Irmã Restituta logo foi chamada de "Irmã Resoluta". Na cabeceira dos doentes, no entanto, ninguém a podia superar, porque é de uma delicadeza e de uma ternura únicas. A Primeira Guerra Mundial eclodiu e a Irmã Restituta ficou ao lado dos feridos, solícita a cada chamada, pronta para qualquer emergência.
     Em 1938 os nazistas invadiram Viena e foram duas as primeiras disposições de Hitler: se livrar dos crucifixos de locais públicos e afastar as religiosas da ala da enfermaria do hospital. Irmã Restituta, no entanto, era tão indispensável devido sua experiência indiscutível, que pode mais ou menos secretamente continuar o seu trabalho de caridade na cabeceira dos doentes. O crucifixo nos quartos e enfermarias do hospital tornou-se quase uma questão pessoal: Irmã Restituta, resoluta como sempre, se ocupava da tarefa de ir pessoalmente substituí-los onde fossem tirados; ela sabia o risco que corria com o seu gesto provocativo, mas quanto mais crucifixos eram excluídos tanto mais ela os repunha.
     Entre ela e os nazistas se declarou uma incompatibilidade, porque ela não podia compartilhar a ideologia de morte e de racismo que Hitler vinha professando. E assim a fúria nazista se desencadeou até mesmo sobre ela: ela foi presa na Quarta-feira de Cinzas de 1942 e colocada na prisão, e em sua cela continuou a ajudar as mulheres grávidas e as companheiras debilitadas, além de consolar e apoiar as condenadas à morte.
     A sentença de morte veio quase um ano depois e Irmã Restituta foi decapitada em 30 de março de 1943. Antes de morrer, ela pediu ao capelão que traçasse na sua fronte o Sinal da Cruz, quase o selo de autenticidade de uma vida que esteve sempre inspirada pelo crucifixo. Às irmãs mandou um recado: "Tenho vivido por Cristo, por Cristo quero morrer".
     Em 21 de junho de 1998, Irmã Restituta Kafka, a mártir do crucifixo, foi proclamada beata e sua memória litúrgica foi fixada no dia 29 de outubro.
 

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