Leiam a seguinte reflexão sobre esta festa:
“O Senhor Jesus, depois que lhes falou, foi assunto ao céu, e está
sentado à direita de Deus” (Mc. 16, 19).
O
lugar que competia a Jesus ressuscitado era o céu, que é a morada das almas e
dos corpos bem-aventurados.
Quis Jesus, todavia, permanecer quarenta dias sobre a terra, e aparecer
repetidas vezes a seus discípulos para os certificar de sua ressurreição e
instruí-los nas coisas relativas à Igreja: “Falando do Reino de Deus”.
Tendo desempenhado esta nobre missão, quis o Senhor, antes de deixar a
terra, mostrar-se mais uma vez aos apóstolos em Jerusalém; e depois de lhes
exprobrar suavemente a sua dureza, por não acreditarem na sua ressurreição,
ordenou-lhes que fossem para o Monte das Oliveiras, o lugar onde tinha começado
a sua Paixão,
a fim de que compreendessem que o verdadeiro caminho para ir ao céu é o dos
sofrimentos.
Depois, cercado de cento e vinte pessoas, repetiu-lhes mais uma vez o
que já lhes havia ordenado, especialmente que fossem pregar o Evangelho pelo
mundo inteiro; feito o que o divino Redentor levantou as mãos e os abençoou.
Em seguida, como medita São Boaventura, Jesus abraça sua santíssima Mãe
e aperta-a contra o coração, anima e conforta os seus discípulos, que, entre
lágrimas, lhe beijam os pés, e com as mãos levantadas e o semblante
extraordinariamente majestoso e amável, coroado e vestido como rei, se eleva
lentamente ao céu, levando em sua companhia as numerosíssimas almas justas,
livradas do limbo.
A esta vista, todos os presentes se ajoelham novamente e Jesus mais uma
vez os abençoa. Afinal uma nuvem subtrai o divino Triunfador à sua vista, e Jesus vai sentar-se à direita do Pai, onde não cessa de ser nosso medianeiro
e advogado.
Avivemos a nossa fé, e contemplemos o júbilo que a entrada triunfal de
Jesus causou no paraíso: alegremo-nos com o nosso divino Chefe, e unamos os
nossos afetos ao de Maria Santíssima, e dos santos discípulos.
Como a águia ensina seus filhos a voarem, assim, no
mistério de hoje, Jesus Cristo nos exorta a elevar o nosso voo e acompanhá-lo
ao céu, senão com o corpo, ao menos com os afetos.
Desprendamos os nossos corações da terra, e suspiremos pela pátria
celeste, onde se acha a nossa felicidade: esperando, como diz o
Apóstolo, a adoção de filhos de Deus, a redenção de nosso corpo.
Entretanto, tenhamos sempre diante dos olhos os exemplos da vida mortal
de Nosso Senhor; imitando a sua humildade de mansidão, o seu espírito de
mortificação, a sua caridade e o seu zelo pela glória divina.
Numa palavra, despojemo-nos do homem velho, revestindo-nos das
virtudes de Jesus Cristo, que são como que o manto, que, à imitação de Elias,
ele deixou para os seus discípulos, quando subiu ao céu.
Para vencermos todas as dificuldades que se encontram no caminho do
Senhor, recordemos muitas vezes a grande verdade que os anjos ensinaram aos
discípulos, que, arrebatados, olhavam o céu, para o qual acabava de subir o seu
amado mestre: Jesus Cristo voltará um dia à terra com a
mesma majestade e glória, como juiz dos vivos e dos mortos.
Meu querido Redentor Jesus, regozijo-me pelo vosso triunfo glorioso, e
rogo-vos que arranqueis do meu coração todo o afeto aos bens miseráveis desta
terra, para suspirar senão pelos do paraíso, que vós merecestes para mim com a
vossa paixão.
A mesma graça peço de Vós, ó Pai Eterno. Concedei-me que, assim como eu
creio firmemente que vosso Filho unigênito e nosso Redentor subiu hoje ao céu,
assim possa continuamente morar ali com o meu espírito e os meus desejos.
Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e pela intercessão de Maria
Santíssima.
Fonte: retirado do livro “Meditações para todos os dias e festas
do ano” de Santo Afonso de Ligório.
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