Úrsula Maria Ledóchowska nasceu no dia 17
de abril de 1865 em Losdorf na Áustria. Seu nome de batismo era Júlia Maria. Era
filha do Conde Antônio Ledóchowski e da Condessa suíça Josefa Salis-Zizers, um
casal muito austero que educou os nove filhos na fé cristã e teve a alegria de
dois deles serem elevados à honra dos altares.
A família Ledóchowski contava com vários
homens de Estado, militares, eclesiásticos e pessoas consagradas, comprometidas
na história da Europa e da Igreja. Seu tio, o Cardeal Miecislao Ledóchowski († 1902), se
opôs às medidas antirreligiosas de Bismarck.
Outros dois irmãos escolheram a vida
consagrada: Maria Teresa, fundadora da Congregação de São Pedro Claver, beatificada
em 1975; e o insigne
Geral dos jesuítas, Vladimiro Ledóchowski (1866-1942).
Dificuldades financeiras fizeram com que
no ano de 1874 a família se mudasse para Sankt Pölten. Júlia Maria completou
seus estudos em uma escola dirigida pelas Irmãs Religiosas do Instituto da
Bem-Aventurada Virgem Maria, fundado pela Beata Maria Ward (1585-1645).
Júlia Maria gozava de um afeto especial.
Sua mãe chamava-a de “Raio de Sol” e ela aceitou este nome como seu programa de
vida, queria como um raio depender continuamente do seu Sol Divino e com seu
amor iluminar a vida dos outros, para conduzi-los à fonte de todo o bem, que é
Deus.
Nos estudos se distinguia pela
inteligência, aplicação e comportamento de tal modo que seu nome foi escrito no
“Livro de Ouro” da escola. Cultivou suas capacidades artísticas de música,
pintura e línguas.
Em 1883 a família Ledóchowski retornou à
Polônia e se estabeleceu em Lipnica Murowana, próximo à Cracóvia. Os seus
numerosos contatos com o povo da localidade permitiram-lhe descobrir quais eram
suas dificuldades e sofrimentos, o que lhe deu oportunidade para colocar-se a
serviço dos mais necessitados. Júlia iniciou seus trabalhos de acolhimento e
ajuda aos mais necessitados na cidade.
Seu irmão, Vladimiro, declara: “Tinha um coração extremamente sensível e
terno para com cada miséria e cada desgraça. Cercava de cuidados e preocupações
especialmente os doentes e pobres; ia buscá-los em casa, providenciava
remédios, prestava diversos serviços, consolava-os”.
No ano 1885 assistiu a morte de seu pai,
vítima de varíola. Antes de morrer, ele concedeu-lhe a bênção para tornar-se
religiosa.
Em 18 de agosto 1886 Júlia entrou no
Convento das Ursulinas de Cracóvia. Em 1887 recebeu o hábito religioso e tomou
o nome de Úrsula Maria. "Soubesse só amar! Arder, consumar-se no
amor" - assim escreveu ela antes dos votos religiosos aos 24
anos de idade. Iniciou as
atividades de educadora e professora no ginásio dirigido pelas mesmas Irmãs.
Em 1904 foi eleita Superiora do convento.
Abriu o primeiro pensionato para as moças universitárias que estudavam longe da
família. Como professora unia o profundo conhecimento da matéria com uma
acessível e interessante forma de ensinar. Exercia uma profunda e duradoura
influência sobre as educandas. Não poupava esforços para aprofundar nas alunas
a vida espiritual. Com as irmãs, como Superiora, era paciente e compreensiva.
Em Cracóvia entrou em contato com muitas
jovens provenientes dos territórios ocupados pela Rússia. Sentia a necessidade
de abrir uma obra missionária na Rússia.
Em 1907, a pedido da colônia polonesa de
Petersburgo e com a bênção do Papa São Pio X, Madre Úrsula, vestida de leiga,
porque era proibida a existência de conventos naquele país, partiu com algumas
irmãs para Petersburgo e assumiu a direção do internato junto ao ginásio
polonês Santa Catarina.
Em Petersburgo, ela não se desencorajou
diante das numerosas dificuldades, do deplorável estado financeiro do
pensionato, dos educadores e professores mal dispostos para com as religiosas,
da falta de conhecimento da língua russa e da necessidade de esconder a própria
identidade religiosa, ao menos nos contatos oficiais.
A aproximação com as moças foi
relativamente fácil. Eis o que relata uma delas: “Rebeldes, esperávamos na grande sala, segundo o que nos foi dito, a
nossa nova e severa educadora. Entretanto, entrou uma pessoa serena e querida,
passou sobre nós um olhar bondoso e disse com um sorriso: ‘Então, daqui em
diante seremos uma família’. Viemos para perto dela. Rompeu-se o gelo”. Também
o corpo docente foi conquistado e algumas das professoras, entre elas a
responsável do pensionato, aumentaram a comunidade das irmãs, naturalmente no
maior segredo.
Madre Úrsula com toda a energia põe-se a
trabalhar. Tomou nas mãos a administração do internato e introduziu as mudanças
necessárias. Dedicou, porém a maior parte do seu tempo para as jovens. Fez
surgir uma capela dentro do internato. Fundou a Congregação Mariana, organizou
retiros estimulando nas educandas a necessidade de Deus.
A Madre e as Irmãs da comunidade viviam na
clandestinidade, sempre vigiadas pela polícia secreta, mas desenvolvendo um
intenso trabalho educativo e de formação religiosa, orientado também para a
aproximação das relações entre polacos e russos.
Em 1910 abriu na Finlândia (que se
encontrava sob o domínio russo) Merentähti, uma escola com pensionato para as
jovens polonesas. Merentähti se tornou o centro de ajuda e de atividade
religiosa também para a população local, na maior parte pobres pescadores.
Aprendeu a difícil língua finlandesa para traduzir o catecismo e os cantos
religiosos. Trouxe de Petersburgo uma enfermeira para cuidar dos doentes.
As autoridades russas percebem a atuação
da Madre e iniciam uma sequência de interrogações e perseguições. Com o estouro
da Primeira Guerra Mundial ela foi expulsa definitivamente do território russo
e da Finlândia, refugiando-se na Suécia. Criou ali a Congregação Mariana onde promovia
retiros com diversas senhoras; publicou a revista mensal Centelhas do Sol, primeira revista católica da Suécia, que existe
ainda hoje.
Entre outras atividades deu início a um
Instituto de Línguas Estrangeiras. Entrou no comitê de ajuda às vítimas da
guerra na Polônia, organizado por H. Sienkiewicz, realizando conferências nos
países escandinavos para angariar adesão àquela causa.
No ano de 1917, iniciou ainda outras obras
importantes: na Dinamarca (Djursholm, 1915 e Aalborg 1918) organizou a casa
para os órfãos dos operários poloneses que vinham aos países escandinavos para
trabalhar periodicamente e por causa da guerra ficaram separados do próprio
país. Fundou também uma escola de economia doméstica para as jovens.
Em 1920 retornou à Polônia com um grupo de
irmãs e de órfãos de famílias emigradas. Como as religiosas Ursulinas da
Polônia não aceitaram as Irmãs que voltavam da Rússia e da Dinamarca, Madre
Úrsula teve que dar início a uma nova Congregação: as Irmãs Ursulinas do
Coração de Jesus Agonizante, cujas Constituições ela mesma redigiu e Pio XI aprovou.
Madre Úrsula resumiu em uma frase o
espírito que deve animar os membros de seu Instituto: “Inflama-te na oração até arder e gasta-te no trabalho até dar a vida”.
A Congregação participou com dinamismo na
vida do país em reconstrução; depressa se desenvolveu, nascendo comunidades na
Polônia e nas fronteiras orientais do País. Em 1928, abriu a Casa Generalícia
em Roma e um pensionato para moças de poucas posses, para melhor conhecerem a
riqueza espiritual e religiosa do coração da Igreja e da civilização europeia.
O Instituto começou um trabalho entre os
pobres dos subúrbios de Roma e, em 1930, estabeleceu-se na França, sempre com
as mesmas preocupações de educação e de ensino. Entre os anos 1920 - 1939 foram
fundadas 35 casas na Polônia, Itália e França. O número de Irmãs chegou a 800.
Ela mesma escrevia livros e artigos;
procurava iniciar e apoiar organizações eclesiásticas para as crianças (em 1925
deu início na Polônia à Cruzada Eucarística, que em 1939 contava cerca de 200
mil crianças), para a juventude e para as senhoras. Participava ativamente na
vida da Igreja e do País, recebendo altos reconhecimentos, bem como
condecorações estatais e eclesiásticas.
Madre Úrsula morreu em Roma, no dia 29 de
maio de 1939, na casa geral da Congregação. Seu corpo foi sepultado no
cemitério de Verano. Em 22 de abril de 1959 foi realizada uma exumação e o
corpo intacto foi transferido para a casa geral.
Em 1989 foi realizada uma segunda exumação
e o corpo foi transladado para a Polônia, em Pniewy, atraindo um grande número
de peregrinos. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 20 de junho de 1983 e
canonizada em 18 de maio de 2003.
As Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante
estão presentes em 13 países: Polônia, Itália, França, Canadá, Argentina,
Brasil, Alemanha, Finlândia, Tanzânia, Rússia, Ucrânia, Filipinas e Bolívia.
Fontes: http://www.zenit.org/pt; http://alexandrinabalasar.free.fr/maria_ursula_ledochowska.htm;
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