Maria Teresa Demjanovich nasceu no dia 26 de março de 1901 em
Bayonne, Nova Jersey, Estados Unidos. Era a mais nova de sete filhos de
Alexander Demjanovich e Joana Suchy, os quais eram originários da Rutenia [1], hoje
o este da Eslováquia, e emigraram para os Estados Unidos. Recebeu o
batismo, a confirmação e a primeira comunhão no rito bizantino rutênio de que seus
pais eram fieis praticantes.
Os Demjanovich cresceram
junto às refinarias de petróleo que marcam a paisagem desta parte de Nova
Jersey. Teresa completou sua educação primária na idade de 11 anos e recebeu o
diploma da escola secundária em 1917 na Bayonne High School (situada onde hoje fica
a Robinson School).
Nesse tempo ela desejava
ser carmelita, porém permaneceu em casa para cuidar de sua mãe que se encontrava
enferma. Depois da morte de sua mãe na epidemia de influenza de 1918, sua
família a animou a ingressar no College of Saint Elizabeth, na Convent Station,
Nova Jersey, onde começou sua carreira universitária em setembro de 1919, graduando-se
com honra em julho de 1923 com especialidade em literatura.
Teresa anelava pela
vida religiosa, porém diversas circunstâncias tornavam incerta a decisão em que
comunidade devia entrar. Entretanto, ela aceitou um posto de professora na
Academia de Santo Aloisio na cidade de Nova Jersey (conhecida como Caritas
Academy até que encerrou suas atividades no ano 2008). Durante sua permanência
muitas pessoas comentavam sua humildade e genuína piedade. Era muito comum encontrá-la
rezando de joelhos na capela do colégio, era muito dedicada à recitação do Rosário.
Tomava parte do coro da
Paroquia de São Vicente de Paula, do Sodalício de Nossa Senhora e de uma
comunidade paroquial associada à National Catholic Welfare Conference. Durante
o verão e o outono de 1924, Teresa rezava para discernir o rumo de sua
vida. Visitou as Carmelitas Descalças do Bronx, Nova York, porém devido a
vários problemas de saúde, incluindo dores de cabeça, lhe sugeriram esperar uns
anos antes de ingressar.
Sua família lhe sugeria
que usasse sua educação para servir a Deus num instituto dedicado ao ensino.
Ela fez uma novena para a festa da Imaculada Conceição daquele ano e ao
conclui-la, no dia 8 de dezembro, decidiu ingressar nas Irmãs da Caridade de
Santa Isabel [2].
Ela esperava entrar no
convento em 2 de fevereiro de 1925, porém seu pai faleceu no dia 30 de janeiro,
o que a fez postergar seu ingresso ate o dia 11 de fevereiro, festa de Nossa
Senhora de Lourdes. Seu irmão Carlos Demjanovich, que era sacerdote, e duas
irmãs a acompanharam ao convento.
Foi admitida ao
noviciado e no dia 17 de maio de 1925 recebeu o hábito religioso e tomou o nome
de Miriam (Maria).
Nunca recebeu uma
transferência oficial de rito, portanto continuava sendo católica bizantina
enquanto servia como religiosa em uma congregação de rito latino.
Entre 1925 e 1926,
sendo postulante e noviça, Miriam continuou dando aulas na Academia de Santo
Aloisio. Em junho de 1926 seu diretor espiritual, o Padre Benedito Bradley, OSB
[3], lhe pediu que escrevesse as conferências para o noviciado. Irmã Maria
Teresa escreveu 26 conferências que foram publicadas em um livro.
Em novembro de 1926,
Miriam adoeceu. Depois de uma amigdalectomia, saiu da enfermaria e voltou para o
convento, porém apenas podia caminhar para sua habitação. Depois de uns dias,
ela perguntou se podia voltar para a enfermaria, mas sua superiora, pensando
que era estranho que alguém tão jovem podia estar tão doente, lhe disse: "Acalma-te".
Quando o Padre Bradley
viu quão doente ela estava, avisou seu irmão, que chamou uma de suas irmãs que
era enfermeira. Ela foi ao convento e a levou imediatamente para o hospital,
onde ela foi diagnosticada com "esgotamento físico e nervoso, com miocardite
e apendicite aguda". Os médicos não acreditavam que ela seria
suficientemente forte para uma operação e seu estado piorou.
A profissão de votos
permanentes foi feita "in articulo mortis" (perigo de morte) no dia 2
de abril de 1927. Ela foi operada de apendicite em 6 de maio de 1927 e faleceu dois
dias depois. Seu funeral ocorreu no dia 11 de maio de 1927 e foi sepultada no
Cemitério da Sagrada Família, em terrenos das Irmãs da Caridade de Santa
Isabel.
Sua beatificação deveu-se
ao reconhecimento da cura milagrosa de um menino cego de Newark, Estados
Unidos, que sofria uma degeneração macular bilateral e recuperou a vista em
1964 após rezar pedindo a intercessão da hoje Beata Miriam Teresa.
Irmã Maria Teresa foi beatificada no dia 4 de outubro de
2014, numa cerimônia na Catedral Basílica do Sagrado Coração, em Newark,
presidida pelo Cardeal
Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Esta foi a primeira beatificação realizada
em solo estadunidense.
No dia seguinte, D. Kurt Burnette, Bispo da Eparquia Católica Bizantina
de Passaic, à qual pertencia a família Demjanovich, presidiu uma Missa
celebrada na paróquia onde ela fora batizada, Igreja de São João Batista em
Bayonne.
De acordo com a Vice Postuladora da Causa da Irmã Miriam Teresa, Irmã Maria
José, S.C., a mensagem da nova beata é que “todos são chamados à santidade”. A jovem Beata
que viveu apenas 26 anos devido à sua precária saúde, após seu ingresso no
Instituto só viveu dois anos, mas se destacou por sua busca pela perfeição e
por uma extraordinária relação mística com Deus. De forma póstuma, foi publicado
um livro de sua autoria sob o título de “Maior Perfeição”.
________
Notas:
[1] Rutênia é a região da Europa que pertencia aos estados eslavos
orientais. Atualmente se encontra dividida entre vários estados. Na
atualidade podemos chamar de rutênio aos ucranianos orientais e, em muitos
casos, aos ucranianos que pertencem à Igreja Católica Bizantina Rutena ou à
Igreja Greco-católica Ucraniana, duas igrejas católicas orientais pertencentes
à atual Ucrânia.
[2] A Beata sentiu
o chamado à vida consagrada na mesma congregação que a educou, as Irmãs da
Caridade de Santa Isabel, fundada no ano de 1809, em Maryland, por Santa Isabel
Ana Seton, no espírito de São Vicente de Paula e Santa Luísa de Marillac, que
se dedica a educação, cuidados aos doentes, serviços sociais em 22 dioceses dos
Estados Unidos, e em El Salvador e Haiti.
[3] OSB: Ordem de São Bento (em latim: Ordo Sancti Benedicti).
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